por LusaHoje
Perto de 30 famílias carenciadas vão receber hoje "hortas sociais" e
voltar a cultivar aquela que já foi a zona de maior produção hortícola
de Mirandela, em Trás-os-Montes, e que agora promete a subsistência e
algum rendimento a novos agricultores.
Este é propósito do projeto promovido pela Escola Profissional de
Agricultura e Desenvolvimento Rural de Carvalhais e pela Câmara
Municipal de Mirandela, um dos vencedores do programa EDP Solidária
Barragens 2011.
A elétrica nacional financia o projeto que envolve, além dos
promotores, 28 famílias e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do
Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Mirandela.
Os talhões de terra serão entregues hoje à tarde aos beneficiários,
numa cerimónia seguida de uma visita às futuras hortas, que prometem
ajudar a suavizar os efeitos da crise.
Trata-se de terrenos públicos pertencentes à Escola de Agricultura que
se encontra instalada naquela que já foi "a zona onde se produziu mais
hortícolas na região", segundo disse à Lusa o presidente da Câmara de
Mirandela, António Branco.
O autarca acredita que este projeto pode "garantir às famílias algum
equilíbrio financeiro, aproveitando terrenos públicos".
Para Sérgio Figueiredo, da Fundação EDP, com este projeto
"Trás-os-Montes pode dar um bom exemplo ao país de como a fome em
Portugal não se ataca distribuindo alimentos por quem precisa, mas,
sobretudo, pondo as pessoas a fazer a sua própria atividade e de
preferência transformar isso numa atividade económica que permita
também ter rendimento".
O projeto de Mirandela destaca-se, segundo Sérgio Figueiredo, das 13
"hortas sociais" que a EDP ajudou a criar, no último ano, por todo o
país, "pelo facto de haver uma coisa que é pouco comum, que é o
funcionamento em rede".
A escola de Agricultura ficou também com um talhão para a prática
pedagógica e vai dar apoio técnico aos novos "cultivadores", assim
como outras entidades que ajudarão a "tratar da qualidade dos
produtos, dos canais de distribuição para futura venda e acesso aos
mercados".
"Fixar as pessoas a uma atividade, prende-las à terra, não transformar
a migração numa fatalidade" é o objetivo transversal a este e outros
projetos que a EDP tem em curso nas zonas onde está a realizar
investimentos em barragens.
Os promotores acreditam que o projeto poderá garantir, além da
subsistência, algum rendimento às famílias, e "atacar custos" em
instituições como a associação de apoio à deficiência que receberá
hoje também uma horta.
"Uma fonte de despesa grande das instituições tem a ver com a
alimentação dos beneficiários e este talhão visa, sobretudo, a auto
subsistência a uma instituição de solidariedade que vai produzir muito
daquilo que os seus próprios beneficiários consomem nas suas
refeições", referiu.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2429432&page=-1
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