sexta-feira, 20 de abril de 2012

Nova chefe da EMD assume como prioridade zelar pelo Património Mundial

Lusa
19 Abr, 2012, 16:43

A nova chefe de projeto da Estrutura de Missão do Douro (EMD) assumiu
hoje como prioridade zelar pelo Douro Património Mundial da UNESCO,
considerando que é possível compatibilizar a barragem de Foz Tua com a
salvaguarda da paisagem.
Célia Ramos foi nomeada há cerca de um mês para a EMD, substituindo no
cargo Ricardo Magalhães.

Em declarações à Agência Lusa, a responsável afirmou hoje que ainda
está a estudar os dossiês. No entanto, adiantou que a missão principal
da EMD é "manter o valor" que levou à classificação em 2001.

"Temos uma área que é Património Mundial que nos compete zelar, e é aí
que nós vamos centrar a nossa atenção. Mas com a certeza absoluta de
que essa paisagem depende das pessoas e das atividades", frisou.

Célia Ramos reconheceu a existência de ameaças ao Douro Vinhateiro. "A
barragem e outras ameaças, aliás como tudo hoje em dia está ameaçado",
acrescentou.

Um relatório elaborado pela Icomos, uma associação de profissionais da
conservação do património, alertou que a construção da barragem, na
foz do rio Tua, terá "um impacto irreversível" e constitui uma "ameaça
ao valor excecional universal".

Nesse documento, concluído no final de junho e remetido ao governo
português em agosto, a Icomos aponta os impactos negativos e graves da
construção do empreendimento e sublinha que o Estado português não
adotou todos os procedimentos a que está obrigado perante a UNESCO no
processo de análise e aprovação do projeto da barragem.

Célia Ramos lembrou que há outras áreas Património Mundial que vivem
no seu seio com centrais nucleares. "Portanto, nós temos é de perceber
de facto que contrapartidas é que poderemos obter por essa via",
salientou.

A responsável disse acreditar que é possível fazer a "compatibilidade
das coisas".

"O Douro Vinhateiro é uma paisagem cultural, evolutiva e viva, não é
nenhum fóssil, cristal. É uma paisagem feita pelos homens e pelas
atividades. Eu acredito que é possível compatibilizar as coisas, o
aproveitamento dos recursos naturais e a conservação e valorização da
paisagem", salientou.

Na dependência do ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do
Ordenamento do Território, a EMD tem por objetivo dinamizar ações para
o desenvolvimento da região duriense e impulsionar parcerias com
municípios, empresas e centros de investigação para a valorização
económica do território e fomento da competitividade.

Célia Ramos sublinhou que o trabalho da estrutura de missão terá que
ser desenvolvido em parceria. "A EMD é uma peça no meio de muitas
peças", sublinhou.

Nesse sentido, lembrou a Rede Empreendouro, que une 26 entidades
durienses no apoio a iniciativas empreendedoras e inovadoras e que vai
realizar entre 02 e 03 de maio, em Vila Real, um fórum dedicado ao
empreendedorismo.

Célia Ramos, de 52 anos, é licenciada em Geografia e Planeamento
Regional pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa e tem uma pós-graduação em Instrumentos e Técnicas de
Apoio ao Desenvolvimento Rural.

Exerceu funções como diretora dos serviços de Planeamento e
Ordenamento do Território na CCDR-Norte, desde abril de 2006.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=546467&tm=6&layout=121&visual=49

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