Por Agência Lusa, publicado em 24 Abr 2013 - 17:05 | Actualizado há 1
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As temperaturas médias em Portugal aumentaram, em 40 anos, a uma taxa
de 0,5 graus por década, duas vezes o ritmo mundial, levando um
especialista a dizer que o país está vulnerável ao impacto destas
alterações.
De acordo com o estudo "O clima de Portugal nos séculos XX e XXI",
realizado pelo projeto SIAM ("Cenários, Impactos e Medidas de
Adaptação", na sigla em inglês) no começo do século, reunindo
investigadores de diversas universidades, "são estimados aumentos
sistemáticos da temperatura, que podem atingir três a sete graus
centígrados no verão, com aquecimento mais forte do interior Norte e
Centro e um forte incremento da frequência e intensidade das ondas de
calor", enquanto nas ilhas a subida das temperaturas é mais
"moderada".
"É hoje em dia consensual que os aumentos de temperatura e o maior
número e intensidade das ondas de calor são atribuíveis ao aumento da
concentração atmosférica de gases com efeito de estufa provocado por
algumas atividades humanas, especialmente a combustão dos combustíveis
fósseis - carvão, petróleo e gás natural - e a desflorestação",
explicou à Lusa o professor da Faculdade de Ciências da Universidade
de Lisboa Filipe Duarte Santos, membro de diversas comissões e
delegações sobre alterações climáticas nacionais e internacionais.
Segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)
disponibilizados pela Pordata, a temperatura média do ar em Lisboa era
de 15,7 graus em 1972, valor que subiu para 17,5 em 2012.
No Porto, a subida de temperatura média foi de 13,2 graus em 1972 para
14,9 40 anos depois, enquanto em Faro se registou um aumento de 16,3
para 18,2 graus.
No Funchal, a média subiu de 17,9 graus em 1972 para 20,4 quatro
décadas depois, enquanto Angra do Heroísmo passou de 16,6 para 17,9,
segundo dados do IPMA.
Para Filipe Duarte Santos, para além da temperatura as alterações
climáticas em Portugal "caracterizam-se ainda por um maior número e
intensidade das secas e de eventos de precipitação extrema associados
ao risco de cheias e deslizamentos de terras".
"Portugal é mais vulnerável às alterações climáticas devido a ter uma
orla costeira relativamente longa e com uma parte dunar e estuarina
com extensão significativa. As pequenas praias encastradas, que têm um
grande valor paisagístico e turístico, são especialmente vulneráveis à
subida do nível médio do mar", sublinhou o académico.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico
http://www.ionline.pt/portugal/temperaturas-portugal-aumentam-duas-vezes-ritmo-mundial-1970
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