PÚBLICO
26/04/2013 - 17:44
A proibição do uso de insecticidas suspeitos de estarem a reduzir a
população de abelhas vai ser novamente submetida à votação na União
Europeia na segunda-feira, depois de uma tentativa falhada no mês
passado.
Os produtos na mira de Bruxelas são os neonicotinóides, uma família de
pesticidas largamente utilizada em culturas agrícolas. Estudos
recentes sugerem que estes produtos, uma vez absorvidos pelas abelhas
através do néctar e do pólen das plantas, prejudicam a sua capacidade
de navegação e resultam na produção de menos rainhas. Esta poderia ser
uma das causas das colmeias ficarem vazias – uma tendência que se tem
observado em vários países europeus e nos Estados Unidos.
Em Janeiro passado, a Agência Europeia de Segurança Alimentar
considerou que o uso de tais produtos só seria aceitável em culturas
onde as abelhas não se alimentam. A Comissão Europeia propôs suspender
o uso dos insecticidas, mas a ideia não obteve consenso dos
Estados-membros. Alemanha e Reino Unido, dois dos países que não
concordam com a proposta, abstiveram-se de uma primeira votação em
Março.
Centenas de pessoas, muitas vestidas de abelhas, concentraram-se esta
sexta-feira diante do Parlamento britânico, exigindo que o Reino Unido
vote favoravelmente à proposta, que regressa a Bruxelas na próxima
segunda-feira. "O Governo britânico está a cometer um suicídio
político ao não apoiar a proposta", disse a estilista Katharine
Hammet, que se juntou ao protesto.
"Se há alguma hipótese de estarem a matar as abelhas, [os
insecticidas] deveriam ser proibidos, como medida de precaução",
completou Hammet, citada pela agência Reuters. Uma petição com 300 mil
assinaturas a favor da proposta da Comissão foi entregue ao Governo
britânico.
Banir os insecticidas não agrada, porém, aos agricultores britânicos,
que temem prejuízos de 750 milhões de euros por ano em perdas nas
culturas, segundo números da Associação Nacional de Agricultores,
citados pelo jornal The Telegraph.
O conselheiro científico do Governo, Mark Walport, também se opõe à
medida, por poder levar ao uso de pesticidas antigos, com muito maior
risco para as abelhas e para o ambiente em geral.
A proposta de Bruxelas também é contestada pelas multinacionais Bayer
e Syngenta, fabricantes dos insecticidas, que argumentam não haver
evidências científicas de que o seu uso em condições normais na
agricultura cause problemas às abelhas.
Activistas da organização ambientalista Greenpeace colocaram esta
sexta-feira faixas de protesto no local onde a Bayer realiza a sua
assembleia anual de accionistas, em Colónia, Alemanha.
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/ue-volta-a-apreciar-proibicao-de-insecticidas-suspeitos-de-matar-abelhas-1592601#/0
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