sábado, 18 de maio de 2013

Amêndoa e figo importados da Turquia e Estados Unidos

Uma delegação do PCP visitou pequenas fábricas familiares, onde são
fabricados os afamados doces regionais algarvios de amêndoa e figo
(frutas de amêndoa, queijinhos de figo, estrelas de figo e amêndoa,
entre outros). Contastaram, então, que as amêndoas e os figos usados
na confeção da doçaria regional não são de produção nacional, mas
importados da Turquia (figo) e dos Estados Unidos da América
(amêndoa).

Como é possível que se tenha chegado a esta situação, em que uma
região com características muito favoráveis à produção de amêndoa e
figo de elevada qualidade, se veja forçada a importar esses frutos de
mercados distantes para poder continuar a produzir os seus doces
regionais à base de amêndoa e figo?






O Algarve goza de vantagens climáticas peculiares à zona
mediterrânica, possuindo condições privilegiadas para a produção de
amêndoa e figo. Num passado remoto e próximo, as amêndoas e os figos
algarvios eram consideradas de elevada qualidade, gozando de grande
aceitação e preferência, quer no mercado nacional, quer nos mercados
internacionais.

Contudo, nas últimas décadas, a produção de amêndoas e figos algarvios
entrou em profundo declínio, em resultado do abandono a que o setor
agrícola nacional tem sido votado por sucessivos governos do PSD, PS e
CDS. O número de explorações agrícolas e as áreas afetas aos amendoais
e figueirais reduziram-se drasticamente e muitos dos pomares de
sequeiro que ainda subsistem encontram-se abandonados. A produção
regional de amêndoa e figo registou uma quebra acentuada, sendo hoje
praticamente residual quando comparada com o volume destes frutos
secos importados da Turquia e dos Estados Unidos da América. Para este
declínio contribuiu ainda a desertificação humana de parcelas
significativas do território rural regional, fruto de um modelo de
desenvolvimento regional que apostou quase exclusivamente no turismo
de sol e praia.

Os produtores algarvios de amêndoa e figo debatem-se com custos
crescentes dos fatores de produção e, simultaneamente, com uma
diminuição acentuada do preço de comercialização. Acresce ainda que os
métodos tradicionais para secar as amêndoas e figos (ao sol, em
tabuleiros cobertos de uma fina rede) não são admitidos, obrigando a
avultados investimentos em estufas próprias para a secagem. Às
debilidades nas infraestruturas de apoio ao escoamento da produção,
soma-se a política de esmagamento das margens dos produtores
praticadas pelas grandes superfícies comerciais.

Assim, o Grupo Parlamentar do PCP questionou o Governo, exigindo
medidas para proteger e valorizar os produtos agrícolas regionais, em
particular a amêndoa e o figo, garantindo o seu escoamento e as
condições de comercialização que assegurem a necessária rentabilidade
aos produtores agrícolas.

17 de Maio de 2013 | 07:10
barlavento

http://www.barlavento.pt/index.php/noticia?id=56386

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