Nasceram para pôr os urbanos a cultivar framboesas, tomate e
courgettes, mas já ergueram muros de sete metros em Hong Kong
António Rodrigues, Minigarden
D.R.
11/05/2013 | 00:23 | Dinheiro Vivo
É dos que babam de inveja das fotos que os seus amigos publicam no
Facebook com canteiros a transbordar de morangos e vasos do manjericão
que ficava tão bem naquela pasta que lhe apetecia tanto jantar logo à
noite? Se sim, se é um urbano assumido que, depois de tantas ter
matado à sede, já as afoga em fertilizante, continue, porque há quem
trabalhe a pensar em sim, ou melhor, nas suas plantas.
Veja aqui a reportagem em vídeo
António Rodrigues, a irmã e o pai, o criativo de serviço, juntaram-se
na Minigarden e há seis anos que prometem tornar os maiores nabos em
verdadeiros profissionais da jardinagem e das hortas urbanas. "Basta
ir ao supermercado, a um garden centre ou a um do it yourself comprar
um [kit] Minigarden, o substrato e as plantas. Trata-se de um sistema
modular, que pode ir crescendo, os sistemas de rega já vêm
incorporados e as soluções de cultivo são mais simples ou mais
elaboradas, consoante se pretender. Pode nem sequer sujar as mãos",
explica o administrador.
A ideia é pôr as pessoas a cultivar, mas não porque está na moda,
adianta António Rodrigues, antes porque em menos de meio metro
quadrado de chão é possível ter mais de 200 plantas que consomem
dióxido de carbono e libertam oxigénio. E porque as crianças têm pouco
contacto com a agricultura e esta é uma forma de os pais lhes
ensinarem que os legumes não crescem nos frigoríficos. E porque é
muito simples apropriar-se de uma refeição com um pequeno gesto. E
porque as pessoas com mobilidade reduzida podem passar bem o seu tempo
a tratar do seu jardim. "Vivemos tempos difíceis, as pessoas também
podem pensar em cultivar os seus próprios alimentos. Além da
componente de gozo, também há a vertente económica", acrescenta o
gestor da Minigarden, que também é consumidor das suas hortas urbanas
("Eu lá seria capaz de fazer um produto de que não gostasse?!", diz).
Portugal é o laboratório
Desde 2007 que a Minigarden, que conta apenas com 11 pessoas e prevê
faturar mais de um milhão de euros este ano, já vendeu para mais de 50
países. Em entrevista ao Dinheiro Vivo, António Rodrigues explicou que
Portugal pesa muito pouco no volume de negócios da empresa: "Nós
estamos completamente focalizados no mundo. Portugal representa entre
2% e 4%. Só! Portugal é o nosso laboratório, devido à proximidade, é
aqui que testamos os produtos. O mundo é que interessa." Principais
mercados? México, que é um grande mercado. Alemanha, França, Japão,
Holanda, EUA, Noruega, Finlândia. Portugal pesa pouco, mas não é por
falta de interesse no verde: "Somos apenas 10 milhões", diz António
Rodrigues, que avisa com orgulho que "tudo o que está aqui dentro [da
embalagem] é 100% produzido em Portugal".
Com tanto negócio fora do país, a vida da Minigarden vai muito além
das hortas urbanas. Em Hong Kong, tem um muro de sete metros de altura
no Sha Tin Park, um dos maiores jardins da cidade; no Dubai, paredes
em hotéis de cinco estrelas; as embalagens estão escritas em
português, inglês, castelhano, francês, alemão, italiano, japonês,
russo e mandarim, as instruções, a mesma coisa. Nove línguas para
poder exportar para o mundo.
Os lucros chegaram há dois anos. Quanto será este ano? "Não sei, muito
sinceramente. Como empreendedores, não pensamos só no lucro. É
importante lucrar para reinvestir, mas todos nós somos pessoas, há o
lado da realização, pensamos no legado, no que deixamos. Fico muito
satisfeito quando chego a casa e as minhas filhas dizem: 'Oh pai,
gosto tanto do que tu fazes'. Os empreendedores pensam sempre em duas
coisas, em ganhar dinheiro e no legado. Mas não me preocupa, vamos
lucrar mais do que em 2012; grande parte do lucro servirá para
amortizar o investimento e para reinvestir", afirma António Rodrigues.
O gestor não acredita em negócios de geração espontânea e sublinha os
sacrifícios e o forte investimento em patentes - "os nossos produtos
são todos patenteados a nível mundial" -, no desenvolvimento do
produto e nos moldes.
http://www.dinheirovivo.pt/Faz/Artigo/CIECO156567.html?page=0
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