13.04.2012
Lusa
A Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz (ADIM) contestou nesta quinta-feira o "abate de oliveiras centenárias", com entre 600 a 800 anos, naquela zona alentejana, considerando tratar-se de "um atentado ambiental" e "uma lamentável perda patrimonial" para o concelho.
"São duas ou três oliveiras centenárias que estão prontas a 'abalar' de um olival muito antigo onde, há uns anos, foram arrancadas outras oito ou nove", disse à Agência Lusa o presidente da associação, Jorge Cruz.
Segundo o responsável - que referiu que as oliveiras, "ao que consta", vão ser "vendidas para Itália" -, trata-se de "um atentado ambiental e patrimonial".
"Fala-se da qualidade daquele olival, que tem oliveiras muito antigas. Mas quando é necessário evitar uma situação destas não há meios para actuar. Estas árvores já deviam estar classificadas e os proprietários deveriam ter sido sensibilizados para não as arrancarem", defendeu.
A denúncia da ADIM diz respeito ao Olival da Pega, na posse de vários privados e situado próximo da vila medieval de Monsaraz, no concelho alentejano de Reguengos de Monsaraz.
A associação diz que nesta "zona sensível do ponto de vista patrimonial, onde inclusive existem antas que aguardam classificação como Monumento Nacional, "estão a ser arrancadas oliveiras centenárias" que são "exemplares bastante invulgares, pela sua dimensão e antiguidade".
Contactado pela Lusa, o presidente do município de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, lamentou igualmente a situação, precisando que estão em causa duas oliveiras.
"São exemplares belíssimos" e que "devem ter 600 a 800 anos", disse o autarca, referindo que as árvores ainda estão no local e não foram abatidas, mas que decorrem trabalhos preparatórios para as arrancar.
O Olival da Pega, referiu José Calixto, ocupa 145 hectares e em 2009 foi arrancada "pelo menos uma dezena" de outras árvores centenárias, sem que o município o pudesse impedir.
O Plano Director Municipal de Reguengos de Monsaraz, aprovado em 1999, especificava que, em áreas de interesse cultural, como o Olival da Pega, "qualquer alteração do uso do solo carecia de parecer das entidades competentes e da câmara".
Só que, frisou o autarca, nesse mesmo ano "o Conselho de Ministros anulou" essa obrigatoriedade definida no plano.
Em 2002, a autarquia também pediu a classificação daquele olival às direcções regionais de Agricultura e do Ambiente e Ordenamento do Território, mas, apesar das insistências e passada uma década, "nada foi feito".
"Estamos a tentar sensibilizar os proprietários. Mas não são apenas as duas oliveiras que nos preocupam. São estes 145 hectares de uma paisagem com valor patrimonial que já deviam, há muito, estar classificados."
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1541942
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