Centenas desapareceram em Bragança
06.04.2012 - 19:24 Por Helena Geraldes
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Só este ano já desapareceram 610 colmeias em Bragança (Paulo Ricca)
A Federação Nacional dos Apicultores prepara estratégia nacional para
evitar roubo de colmeias. Já há vigias à noite em Trás-os-Montes e no
Algarve propõe-se alterar os apoios comunitários.
Tudo acontece sempre na calada da noite, quando as abelhas estão
dentro das colmeias. Nas últimas semanas, ao longo de uma extensão de
cerca de 80 quilómetros do IP4 - entre Quintela de Lampaças (Bragança)
e Franco (Mirandela) - pelo menos 300 colmeias foram roubadas de
apiários em várias aldeias. Os apicultores começaram a dar por falta
das suas abelhas na semana passada.
Só este ano, à Guarda Nacional Republicana, em Bragança, já chegaram
cinco queixas, correspondentes ao desaparecimento de 610 colmeias - um
número muito superior aos quatro roubos reportados o ano passado de
165 colmeias.
Manuel Gonçalves, presidente da Federação Nacional dos Apicultores de
Portugal (FNAP), considera que este não é um caso normal. "O roubo de
colmeias sempre existiu, há pessoas que levam uma ou duas colmeias de
um apiário", conta. Mas agora é bem diferente. "Roubaram dez a 20
colmeias de cada apiário, num total de, pelo menos, 300."
Com base nas queixas dos associados da FNAP, com 31 organizações de
todo o país, entre cooperativas e associações, Manuel Gonçalves
acredita que o roubo do IP4 "foi premeditado, concertado e preparado
ao pormenor". "Foi selectivo. Identificaram as colmeias com maior
movimento durante o dia para as roubar à noite."
E roubar colmeias "não é fácil". Quem assaltou os apiários - que podem
ter até 100 colmeias - teve de carregar com colmeias cheias de mel, a
pesar mais de 40 quilos cada uma. "Encher, por exemplo, uma carrinha
pick-up, que não leva mais de 20 colmeias cheias. Significa
transportar cerca de 700 quilos. Os responsáveis deviam ser pessoas
que conhecem a zona, que também trabalham com colmeias e conhecem o
sítio delas."
Manuel Gonçalves adianta que, "em breve", vai ter uma reunião com uma
empresa multinacional de segurança para "propor aos associados uma
estratégia a nível nacional".
Segundo dados de 2010, existem em Portugal cerca de 17 mil
apicultores, responsáveis por 38 mil apiários e 562 mil colmeias.
"Esta é uma actividade que tem vindo a crescer e a
profissionalizar-se. Longe vão os tempos em que era apenas um hobby a
que ninguém ligava", contextualiza o presidente da FNAP. Desde há
cerca de 15 anos, a apicultura começou a ganhar importância e
"tornou-se um negócio como outro qualquer".
Os roubos de colmeias não se explicam, na opinião de Manuel Gonçalves,
com o declínio populacional. "Com o crescimento rápido da actividade,
as abelhas têm mais valor económico e os roubos podem tornar-se mais
aliciantes", considerou. Motivos? Quem rouba pode fazê-lo pelo
comércio de mel, para repovoamento ou para responder a uma encomenda.
Perdas muito grandes
A GNR concorda que os motivos se prendem com o valor económico, mas
julga que a diminuição do número de enxames também é um factor, uma
vez que levou o valor das abelhas a subir. Além disso, o major
Henrique Armindo, do gabinete de imprensa da GNR, lembra que,
normalmente, os enxames estão em zonas isoladas, difíceis de serem
controladas.
Para já, na região de Bragança, onde foram detectados os últimos
furtos, a GNR está na estrada onde procura identificar pessoas,
veículos, de maneira a poder detectar possíveis irregularidades ou
suspeitos.
As perdas são "muito grandes", admite o Manuel Gonçalves. "Nesta época
do ano começa a produção do mel. Os apicultores esforçaram-se por
manter as abelhas durante o Inverno. E agora, quando se preparavam
para, finalmente, tirar o mel e algum proveito, as colmeias são
roubadas."
http://www.publico.pt/Sociedade/aumento-de-roubos-de-colmeias-preocupa-apicultores-1541088
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