Roubo de colmeias
06.04.2012 - 19:32 Por António Gonçalves Rodrigues
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A lua cheia espreita por cima das nuvens, dando à noite um
lusco-fusco quase de final de tarde. Pouco depois das 22h, um dos
postos de combustível da cidade de Mirandela enche-se, subitamente, de
gente. É quando cerca de 20 apicultores saem à rua para mais uma noite
de vigia às suas colmeias.
Os roubos das últimas semanas, sobretudo, no Nordeste transmontano,
Estarreja e Algarve, puseram os produtores em sentido. "A união faz a
força", diz Paulo Vilarinho, de Macedo de Cavaleiros, que soma um
prejuízo superior a três mil euros.
Este enfermeiro aproveita as horas antes de entrar ao serviço para
vigiar colmeias, numa das rotas criadas pelos produtores. "Vigiamos as
colmeias uns dos outros. Vamo-nos revezando", explicava José Domingos
Cordeiro, o presidente da Cooperativa de Apicultores da Terra Quente,
que tem cerca de 300 associados.
No seu caso, vem de Jerusalém do Romeu para vigiar apiários na zona de
Mirandela. Todos os dias, até às duas. "A partir daí fica o meu
filho", explica. Outros espalham-se pelos concelhos de Vila Flor e
Macedo de Cavaleiros.
Francisco Saldanha também traz a família. Para o primeiro turno veio a
mulher, Alfredina. Depois serão substituídos pelo filho e pela
namorada. No seu caso, foi mesmo por uma questão de solidariedade que
se juntou ao grupo. É dos poucos que ainda não foi assaltado. Por via
das dúvidas, tirou três meses de licença sem vencimento na Câmara de
Mirandela para se dedicar à vigilância. É que a operação é para manter
até ao final de Maio. "Com isto, já conseguimos fazer com que
abrandassem ou talvez parassem. Apanhá-los em flagrante vai ser
difícil, pois já estão à defesa", acredita Vilarinho.
Alguns dos vigilantes, para enfrentarem a noite, levam o que está à
mão: roçadouras, uma ferramenta agrícola de cabo comprido e lâmina
curta, machados, paus e mesmo caçadeiras. Mas também há quem não
concorde com tamanho arsenal. O enfermeiro Vilarinho acredita que,
antes de "fazer pior do que eles", os ladrões, é preciso ligar à GNR.
Até porque se pode "apanhar um inocente".
José Domingos também apela à calma. Vigiar, sim, mas sem armas. O
mesmo conselho deixa o major Rui Pousa, da GNR de Bragança, que diz
que já referenciaram um suspeito. Até ontem não foi feita qualquer
detenção.
http://www.publico.pt/Sociedade/em-trasosmontes-vigiase-o-mel-a-noite_1541089
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