Um grupo de jovens agricultores de S.Miguel manifestaram-se hoje junto
a uma exploração leiteira alertando para "dificuldades" devido a
quebras no rendimento face "ao baixo preço de leite pago pelas
industrias e elevados fatores de produção".
"Como é que conseguimos manter uma exploração com preços mais baixos
no leite? Há mais gastos e custos e o preço do leite a descer",
apontou Nelson Furtado, proprietário de uma exploração situada na
Covoada, ilha de S.Miguel, em declarações aos jornalistas.
A Associação de Jovens Agricultores Micaelenses reuniu hoje os
jornalistas numa exploração na Covoada para "dar a conhecer no
terreno" as dificuldades dos agricultores, na sequencia do "baixo
preço praticado pela industria de laticínios e aumento dos fatores de
produção".
Com uma média de 50 vacas, o proprietário da exploração, Nelson
Furtado, contabilizou no seu caso prejuízos que "rondam os 750 a 800
euros mensais", salientando que "de dia para dia aumentam as
dificuldades".
"Um filho está a ver que o pai só trabalha e não traz dinheiro e nem
tem tempo para ir passear com eles. O que é que vai fazer com isto?
Não quer. E trabalha sábados domingos feriados", lamentou, ao admitir
que a tradição de uma profissão de pais para filhos se esteja "a
perder" face "aos problemas" que os agricultores enfrentam
diariamente.
Eugénio Massa, outro agricultor que tem uma exploração com cerca de 60
vacas, admitiu que existem "centenas em dificuldades", mas que se vão
"remediando e fazendo verdadeiros milagres para conseguirem
sobreviverem".
O agricultor disse que já tem "as contas feitas em relação ao que
ganhava antes e os prejuízos que acumula" na ordem dos "1.000 euros
por mês".
"Os agricultores sempre foram obrigados a fazer milagres. Não sei como
conseguimos. Estou a ver que estou a trabalhar não para aquecer, mas
para os outros", desabafou, ao pedir aos industriais "uma atualização
justa" do preço do leite pago ao produtor e ao Governo regional para
que "olhe pela lavoura".
Para o presidente da Associação de Jovens Agricultores Micaelenses,
Hélio Carreiro, "a indústria deve dar a mão aos produtores" e defendeu
"um valor mais justo" no preço do leite pago aos produtores para que
os agricultores "consigam fazer face às despesas, geral alguma
sustentabilidade e ter alguma margem de manobra que permitisse
investimentos".
Segundo Hélio Carreiro, existem industrias que "pagam mais que outras"
no preço do leite e disse que os fatores de produção "são cada vez
mais elevados", desde "rações, fertilizantes, os gasóleos que estão a
preços insuportáveis".
O presidente da Associação de Jovens Agricultores justificou a
concentração de hoje com a necessidade de "sensibilizar e reivindicar"
preços "mais justos" no leite.
"Era bom que o secretário regional também tivesse uma palavra sobre
isto no sentido de sentar ambas as partes para alcançar um valor mais
justo e concreto para os produtores", referiu.
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