Por Fernando Melo. Fotografia de Leonel de Castro/GI
Os SYMINGTON estão ligados ao Douro há quatro gerações. O bisavô de
Paul chegou ao Porto em 1882, e desde então a família inglesa não
parou de produzir vinhos. Hoje estão entre os principais produtores de
vinhos do porto e do Douro e são proprietários de cerca de trinta
quintas no grande vale vinhateiro, com marcas como Dow"s, Graham"s,
Warre"s e Quinta do Vesúvio. Paul Symington está à frente de um
império com cerca de mil hectares de videiras e muitos anos de
história. Paul Symington apresenta-se como uma mistura de escocês,
inglês e português. A génese da família é escocesa, a educação é
inglesa e a terra de eleição é a portuguesa.
O pai, Michael, está
prestes a completar 87 anos, já nasceu no Porto e apesar de ter
combatido pela Inglaterra na Segunda Guerra Mundial nunca pôs sequer a
hipótese de sair de Portugal. Depois de uma deslocação recente ao país
de Sua Majestade, fez questão de dizer aos filhos: «Se eu morrer em
Inglaterra, por favor, não me deixem lá.» Os Symington adotaram
Portugal como a sua terra, é um facto indiscutível. E a resistência
que tiveram nas adversidades não deixa margem para dúvidas: nos
décadas de 1940 e 1950, quando o vinho do porto estava de rastos e
pouco vendia, a maioria das famílias britânicas com responsabilidades
no negócio regressou ao Reino Unido. «Nós não, a nossa vida é cá, não
temos refúgio em mais pais nenhum», explica Paul, 59 anos. Isto apesar
de todos os descendentes Symington estudarem sempre em países da
Commonwealth. «Essa é a grande diferença dos Symington em relação às
outras famílias britânicas em Portugal.» É uma história de amor, a que
está na origem da história desta família - que hoje é a maior
proprietária de quintas no Douro, e uma das maiores produtoras de
vinho do Porto - em Portugal - . Andrew James, bisavô de Paul, chegou
ao Porto com 18 anos, vindo de Glasgow. Inicialmente veio para
trabalhar no negócio dos têxteis da família Graham, mas em pouco tempo
tornou-se negociante de vinho do porto. Quando conheceu Beatriz
Atkinson, filha de mãe portuguesa e pai inglês, foi todo um mundo novo
o que se desenhou para o jovem empreendedor: não havia por que
hesitar. A família de Beatriz era católica e a de Andrew era,
naturalmente, anglicana. A força de permanecer e criar raízes em
Portugal impôs-se de tal forma que se tornou normal seguir os hábitos
e costumes dos locais em tudo. Até no culto religioso. «Não era a
religião em si que nos definia, mas, tornando-nos católicos,
sentíamo-nos mais enraizados no país.» Beatriz devia ser mulher de
coração e mãe carinhosa, a julgar pelas cartas dos filhos do casal
fundador, que Paul está agora a recuperar - começavam todas com «Dear
father and minha» e Paul acredita que «minha» significava «mãezinha»,
sinal especial de afeto. Beatriz morreu em 1916, deixando uma herança
de amor pela família e pela terra que ainda hoje se sente. E a raiz
portuguesa também se fortaleceu: «A minha mãe nasceu em Lisboa, a
minha avó era Ferreira Pinto Basto.» Portugueses bem portugueses. «Só
acho que somos, salvo raras exceções, torpes na pronúncia do
português», diz a rir, no seu gabinete, na sede da empresa em Vila
Nova de Gaia, na antiga casa do célebre barão de Forrester.Paul
Symington assistiu àquelas que podem ter sido as maiores mudanças no
Douro e no vinho do porto nas últimas décadas - e foi protagonista de
muitas delas. A mais determinante foi talvez a da renúncia da família
à tradicional permanência em Gaia, longe das vinhas. Se hoje isso
parece trivial para os proprietários, há uma geração não era comum ir
ao Douro ou acompanhar os lavradores. Os pais de Paul mudaram essa
filosofia. «Eles foram brilhantes. Lutaram na época em que todas as
adversidades aconteceram no vinho do porto.» A mentalidade da época
levava as produtores «a estar em Gaia e receber os lavradores que
percorriam com as suas amostras as casas mais importantes, para lhes
vender os vinhos». Hoje o pensamento é outro e é impossível estar
longe da vinha, com viagens frequentes entre as quintas e as cidades
de Gaia, onde estão os escritórios, e do Porto, onde vivem e convivem
socialmente. É aqui que o líder da Symington Family Estates, a holding
familiar, deixa cair uma das máximas da família: «Estar no Douro como
lavradores.» O próprio Paul tem uma quinta em Provesende, junto ao
Pinhão, onde comprou também uma pequena casa à mulher, Jane, para
fazer uma loja de produtos tradicionais portugueses.O negócio do vinho
do porto começou a descolar nos anos 70 e 80 do século passado e,
mesmo com o 25 de Abril de permeio, o negócio foi fortemente
impulsionado, não só em rendimento mas também em qualidade. «Os nossos
lucros de então foram totalmente investidos no Douro.» A família
conseguiu sempre decidir e fazer as coisas em sintonia. «Somos três
ramos da família, e cada um continua hoje a deter exatamente um terço
do capital. E as decisões são tomadas por todos e com o mútuo
consentimento de todos.» [Ver árvore genealógica] Na família
Symington, a primeira pessoa do singular não se conjuga. «Utilizamos
sempre o "nós".» E a ideia era essa, desde o início. «Tínhamos a
Quinta do Bomfim [Pinhão], bem como a da Senhora da Ribeira [Carrazeda
de Ansiães] e a do Zimbro [Régua]. Nos anos 1950 tivemos de vender a
Senhora da Ribeira e o Zimbro, com grande tristeza.» Mais tarde
recuperaram as duas primeiras, voltando a ter, também, a estabilidade
emocional necessária para continuar o caminho de crescimento e
consolidação.«Quando eu comecei, muitas famílias já cá estavam. Mas
hoje já não.» Cálem, Barros, Burmester e outras marcas viram-se
forçadas a perder o controlo e a propriedade para grupos e empresas
mais sólidos ao longo da última década. «Nós conseguimos, com a nossa
estratégia, vencer e assegurar um crescimento sustentado.» Qual é a
diferença, então? Como conseguem? «Manter a família unida, custe o que
custar. Uma família unida é imbatível.» Quanto à liderança no setor do
vinho do porto, «reconhecemos que não podemos estar quietos e
sozinhos, temos de seguir em frente». A compra da Cockburn, em 2006,
custou muito caro à empresa. «Foi de longe o maior negócio da história
da Symington», por valores ainda não revelados. Uma opção defensiva
«porque alguma empresa familiar que comprasse a Cockburn ficaria de
repente muito forte». A Symington antecipou-se, comprando assim os
ativos da empresa que produzia o Special Reserve, tido como o vinho do
porto mais vendido no mundo. Não foi, como muitos interpretaram, para
reforçar uma espécie de império, «até porque a Gran Cruz, a Fladgate,
a Sogevinus e outros são grandes players deste mercado». Mas não há
dúvida de que o peso da empresa é assinalável no seio da mais antiga
vinícola demarcada e regulamentada do mundo. Com um volume de negócios
anual na ordem dos oitenta milhões de euros e com marcas emblemáticas
como Dow"s, Graham"s, Cockburn"s, Altano, Quinta do Vesúvio, a
Symington é um nome incontornável no meio. Conquistado com muito
esforço. «Estamos aqui para trabalhar duro e não para ter uma vida
faustosa e relaxada.» Todos os dias, o primeiro funcionário a chegar à
sede da empresa é sempre um Symington. «Temos 360 empregados a tempo
inteiro, vinte por cento dos quais já estão em permanência no Douro.»
E muitos trabalhadores rurais também, claro. «A empresa é muito
exigente e, no entanto, quando estamos num convívio com clientes ou
visitantes, temos de estar totalmente relaxados, como se não
tivéssemos mais nada para fazer.» Noblesse oblige.São conhecidos e
reverenciados os contratos de aperto de mão que os Symington fazem no
Douro com os lavradores. A sua palavra é, ainda hoje, um valor seguro.
Em pleno verão quente de 1975, a seguir à revolução de abril de 1974,
a banca foi nacionalizada e não emprestava dinheiro. «Durante as
quatro semanas de vindima temos de desembolsar muito dinheiro e
naquele tempo vimo-nos num grande embaraço, porque não podíamos pagar
com a prontidão que gostávamos.» O pai e os tios de Paul explicaram
isso aos lavradores com quem tinham relações nessa altura
dizendo-lhes, em jeito de garantia: «Vamos produzir o vinho e ele fica
registado em vosso nome.» Isso foi um sinal único de confiança, e as
coisas funcionaram. «Em janeiro de 1976 estávamos a pagar a toda a
gente e ao mesmo tempo ficávamos eternamente gratos aos lavradores do
Douro.» A dívida continua a ser paga - com o trabalho que continuam a
garantir a muita gente. A sustentabilidade do negócio permitiu novas
estratégias. Como a do desinvestimento do vinho Madeira, tendo a
Symington e a Blandy posto termo a cerca de duas décadas de trabalho
conjunto. A lógica foi recentrar esforços no Douro. E os grandes
investimentos sucedem-se, especialmente em vinhas e tecnologia. A
Quinta dos Canais, em Carrazeda de Ansiães, é o exemplo mais recente.
«Foi uma das razões principais para a compra da Cockburn: tem umas
vinhas fantásticas e de grande qualidade, com as castas corretas
plantadas nos locais mais adequados.» O encanto que sentiram pela
vinha e pela propriedade acabou por ter, contudo, um contrapeso na
adega. «Ficámos um pouco chocados com o equipamento que encontrámos.»
Enquanto isso não foi sanado, a vinificação das melhores uvas foi
feita na Quinta Senhora da Ribeira, a cinco quilómetros.A preocupação
com o equipamento é, atualmente, uma das imagens de marca da
Symington. Fica para a história do vinho do porto a introdução, levada
a cabo pela empresa, há cerca de uma década, de lagares robotizados no
processo de vinificação, num processo que custou milhões de euros - da
investigação à implementação. Não é que quisessem desativar os lagares
tradicionais Queriam era produzir mais, nos mesmos sítios. «Mantemos
lagares tradicionais de pedra, com pisa a pé, em muitas das nossas
propriedades. Com os robotizados é menos romântico, já que não há as
rogas, o acordeão, as vozes nem todos os outros aspetos clássicos da
produção de vinho do porto.» Mas tudo isto é para manter, nos locais
onde é possível. «Sou um apaixonado pela história do vinho do porto e
nunca poderíamos renunciar a ela num aspeto tão fundamental.»As
movimentações nas vinhas também são cuidadosamente planeadas para
preservar o valor da tradição. «O facto de o vintage só acontecer
quando tudo corre muito bem torna-o de facto um produto único. Há que
fazer tudo o que estiver ao nosso alcance por ele.» Mas é aqui que
surgem alguns dos problemas de perceção de valor que continuam a
dificultar um pouco as coisas em termos de negócio, acredita Paul.
«Enquanto a garrafa de vinho do porto vintage continua a valer cerca
de cinquenta euros quando vai para o mercado, em Bordéus um grand
château já custa hoje em dia cerca de mil.» Próximo grande desafio do
setor? Fazer o vinho do porto valer mais dinheiro.«O vintage nunca foi
tão bom.» Viticultura cuidada, acompanhamento de perto dos tempos
ótimos de vindima e vinificação por terroir - solo e clima - e castas
são alguns dos fatores que catapultaram a qualidade do porto vintage.
Então porque não há mudança no preço? A dúvida persiste. Tanto entre
os produtores em Portugal como pelo mundo inteiro. «Estive em Londres
com o arquiduque do Luxemburgo, proprietário do château Haut-Brion, em
Bordéus, França, e com o atual proprietário da casa Louis Jadot
[Borgonha]. Provámos um Warre vintage 1983, num grande jantar na Royal
Opera House, e o dono da Louis Jadot disse que queria uma caixa
daquele vinho. Tínhamos o maior gosto em enviar o vinho como oferta,
mas ele recusou, insistindo em pagar.» Para Paul, isto é um sinal
claro de reconhecimento e respeito pela qualidade do porto vintage,
quando o gesto vem de alguns dos melhores produtores do mundo. As
regras do vinho do porto estão a mudar, até porque a vida das pessoas,
os seus padrões, também estão a mudar. «Hoje em dia já não temos
garrafeiras em nossas casas para guardar vinhos ao longo de muitos
anos. Almoçamos e jantamos na mesa da cozinha e vivemos de uma forma
impensável há duas gerações. Acho que hoje se come muito melhor, mas
como se passou para uma sala mais informal, o vinho do porto tem de ir
buscar esses novos padrões e estilo de vida.» Menos cerimónia,
portanto. «O vinho do porto corre o risco de se confinar a um gueto de
adeptos fervorosos, quando ele merece e precisa estar em todas as
mesas.»Mas não é só de vinho do porto que se faz o trabalho da
Symington. Com os projetos de vinho de mesa (os DOC Douro) Chryseia,
Vesúvio e Altano, a Symington fez uma aposta clara na diversificação
de produto, demarcando-se dos rivais da Fladgate, que continuam
estritamente concentrados nos portos. Por outro lado, a empresa
inglesa proprietária das marcas Taylor e Fonseca, entre outras,
investiu forte no turismo, com o megaprojeto do Hotel Yeatman, em
Gaia, enquanto a empresa liderada por Paul Symington tem sido
relativamente modesta neste ramo. Mas em breve haverá novidades.
«Estamos a ultimar uma obra grande nos armazéns da Graham"s, em Gaia,
com um investimento real de dois milhões de euros.» Esse espaço dará
brevemente lugar ao novo Wine Lodge da Graham"s, com outra novidade:
um restaurante «em modelo de concessão, mas com a família a ter sempre
uma palavra a dizer em relação a pratos, menus e degustações». No
Pinhão, compraram à Real Companhia Velha a Quinta do Curval, junto à
Quinta do Bomfim. «Entregámos há duas semanas o projeto na Câmara de
Alijó, para fazer no piso de baixo oito lagares e em cima sala de
receção para turismo.»A aposta no turismo passa primeiro pela formação
de recursos humanos. «Temos a melhor equipa de guias turísticos em
Gaia.» Fazem formação ali, no Douro, nas vinhas, provam os vinhos e
conhecem tudo. É ponto de honra da casa. «A qualidade é muito
importante e sem recursos humanos não há qualidade.»Mas há outra coisa
que faz a diferença, além da qualidade e das pessoas: o
reconhecimento. No mês passado, Paul Symington foi considerado, pela
revista inglesa de vinhos Decanter, «Man of the Year». O
reconhecimento da publicação, uma das mais legitimadas no meio, deixou
o homem forte da família a pensar. «Quando comecei a ver a lista das
pessoas que me antecederam, fiquei abismado.» O homem magro com ar
sempre juvenil e brilho quase infantil no olhar chegou a pensar que a
Decanter não tinha mais ninguém para eleger, mas estava naturalmente
enganado. «Depois pensei nas pessoas que me tinham acompanhado até
aqui: João Nicolau de Almeida, Adrian Bridge, Cristiano van Zeller,
Dirk Niepoort, John Graham e tantos outros. De certa forma, achei que
o trabalho que tínhamos feito na família, afinal, sendo semelhante ao
que outras famílias fizeram, foi reconhecido internacionalmente.» No
fundo, sente que foi sobretudo uma forma especial de estar no negócio
do vinho que foi premiada pela revista britânica. E compara,
inevitavelmente, com o caso de Fernando Nicolau de Almeida (criador do
mítico Barca Velha) e o filho, João, que lhe tinha telefonado uns dias
antes a dar os parabéns pelo galardão. Face ao que eles fizeram, «eu
não fiz praticamente nada». Claro que não é bem assim. Fez. E não foi
pouco. E continua a fazer. O consumo do vinho do porto, analisado nas
suas diversas vertentes, ocupa constantemente o pensamento de Paul
Symington. «Há dois grandes desafios que enfrentamos, ambos cruciais
para o vinho do porto: mantê-lo relevante para o consumidor de hoje e
regulamentar o setor.» O primeiro desafio passa, sobretudo, por
proporcionar condições e produtos atraentes para quem pretende entrar
no universo fascinante do vinho do porto. O aspeto mais importante
será porventura conseguir figurar no topo das prioridades em termos de
investimento ou gastos com vinho nos lares, restaurantes e comércio.
Os vinhos de mesa do Douro estão a conseguir maior mobilização do que
o vinho do porto propriamente dito, com a consequente subida de preços
e valorização do mercado. Há um nível de aviso dos vinhos do Douro que
está a sobrepor-se ao dos vinhos do porto. Além disso, a
estratificação de categorias e níveis de qualidade não é clara para o
consumidor, especialmente a partir da leitura simples de um rótulo -
quem nunca ficou baralhado com os Vintage, LBV, tawny, ruby reserva ou
outras designações? O consumo continuado de vinho do porto pressupõe a
iniciação prévia ou aconselhamento profissional. Por outro lado,
iniciativas felizes como os concursos de gastronomia com vinho do
Douro e portos estão a dar frutos, colocando restaurantes de todo o
país na função de promotores dos vinhos do grande vale do Douro.
Fundamental é que o vinho do porto entre nos hábitos de consumo e
lazer dos consumidores.O segundo desafio, o da regulamentação do
setor, já levanta questões mais complexas. O atual sistema de
benefício, conjugado com a regra do terço [ver caixa], «não tem feito
bem ao negócio do vinho do porto», defende Paul. «As reuniões da Casa
do Douro são mais para discutir a dívida e questões ligadas à lavoura
do que propriamente para falar sobre regulamentação e revisão de
regulamentos.» Não há aí lugar nem sede para discutir a longevidade e
a sanidade do negócio do vinho do porto e os tempos são hoje
particularmente adversos. «Penso que há uma consciência de que o
benefício deve ser planeado com algum tempo de antecedência. Mas a
crise é de tal maneira grave que temos de repensar as coisas com
profundidade e maturidade.» Dentro da Associação de Exportadores de
Vinho do Porto, o assunto tem sido discutido de forma construtiva. Por
isso, e ao contrário do que se passava até ao início da década de
1980, em que apenas se podia exportar vinho do porto a partir de Gaia,
hoje a concorrência é um fenómeno que os produtores como Paul
Symington consideram desejável e saudável. «Quando estou nas feiras,
agora vejo produtores do Douro, que levam orgulhosamente os seus
produtos para mercados exteriores, sem ter de passar pelo crivo de
Gaia. O pior que podia acontecer era ficar tudo na mão apenas dos
grandes.» Entretanto, enquanto esta revolução tranquila se impõe
vagarosamente - e pelo menos até aos 65 anos, idade em que os membros
da família se retiram de funções ativas na empresa, de acordo com a
tradição - Paul Symington, o irmão Dominic e os primos John, Charles,
Clare e Rupert [ver árvore genealógica] continuarão unidos a produzir
vinho de extraordinária qualidade no vale do Douro. Tal como os pais
deles, os avós e o bisavô fizeram antes. E tal como os filhos farão
também.
A causa de Paul
São regras antigas no Douro: o sistema de benefício, uma espécie de
licença para produzir vinho do Porto; e a lei do terço, que estabelece
que dois terços da produção devem ficar armazenados e apenas um terço
pode ser vendido. As duas imposições têm criado distorções de leitura
e estratégia comercial. «Com os números de 2009, era como se houvesse
uma empresa fantasma», diz Paul Symington. Os stocks excedentários
implicavam cerca de 95 mil pipas em Gaia, a deturpar a natureza e
resultados do negócio do vinho do porto.» Os excedentes de todas as
empresas produtoras valiam cerca de cem milhões de euros. Paul defende
que «a fixação anual do benefício tem de ser regulada de outra
maneira». A palavra final é sempre do Instituto dos Vinhos do Douro e
Porto. «Tenho feito força no sentido de que o benefício seja planeado
a três anos.» Isso já permitiria um horizonte diferente, em que
produtores e lavradores saberiam com o que podem contar. No formato
atual, de reuniões com pouca antecedência, «quase tudo é discutido
entre todos no próprio dia, em cima do joelho, supostamente por não
haver tempo nem lugar para fazer de outra forma». O excesso de
reservas leva necessariamente a situações do tipo dumping, porque os
produtores se veem na necessidade de escoar stocks e as grandes
cadeias de distribuição servem-se dessa necessidade para comprar mais
barato. «Isso pode, a prazo, matar o negócio do vinho do porto.»
http://www.jn.pt/revistas/nm/Interior.aspx?content_id=2418258
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