algumas bebidas alcoólicas, não ser o segredo do sucesso de um bom
vinho, é graças a uma colecção de relíquias extraterrestres formadas
há mais de quatro mil milhões de anos que os chilenos têm agitado o
mercado vinicultor.
Trata-se do vinho Meteorito, cujo criador não é um especialista em
enologia, mas um cientista. Trata-se do escocês Ian Hutcheon, director
do Centro Astronómico Tagua Tagua, um dos mais importantes do Chile,
instalado próximo ao município de San Vicente de Tagua Tagua, na
região central do país – cerca de 60 quilómetros da capital Santiago.
O nascimento do novo produto foi inusitado. Na intenção de criar uma
atracção para os visitantes do Centro Astronómico, Hutcheon pensou em
misturar as suas maiores paixões: a astronomia e a vinicultura, o que
o levou a pensar num vinho modificado a partir de um meteorito.
«Queria oferecer ao público algo feito com elementos oriundos do
nascimento do Sistema Solar», afirma o cientista, que contou com a
ajuda da vinha Tremonte e de um colega norte-americano, coleccionador
de meteoritos, para idealizar o seu novo processo de produção
vinícola.
Os primeiros resultados experimentais alcançados pelo vinho com
meteorito demonstraram «uma leve diferença no sabor, felizmente para
melhor», segundo o seu criador. Nas provas realizadas na Tremonte
comparando a experiência com o meteorito com vinhos convencionais, os
especialistas destacaram o sabor mais intenso como a principal
diferença do vinho cósmico.
Lançado no ano passado como atracção do Centro Astronómico, a primeira
safra do vinho Meteorito (2010), com 14,6º de teor alcoólico,
disponível somente na variedade Cabernet Sauvignon (tinto), não só fez
sucesso entre os visitantes do observatório como também despertou a
atenção da imprensa mundial e de muitos compradores de diversos
lugares do mundo.
A boa repercussão levou Hutcheon e a vinha Tremonte a lançar o produto
no mercado chileno e a projectar uma colheita de 2011, visando como
primeiros destinos de exportação o Brasil e os EUA, os dois mercados
mais receptivos para os vinhos chilenos.
O vinho Meteorito deverá ser lançado no Brasil entre Abril e Maio, mas
devido à produção limitada, a disponibilidade ficará restrita a poucos
Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, segundo os
importadores brasileiros que foram a San Vicente de Tagua Tagua.
«Actualmente, não podemos produzir mais de um lote por ano. Estamos a
estudar outras variedades, mas não nos interessa, pelo menos por
enquanto, criar uma linha de vinhos Meteorito», comentou Hutcheon.
O sucesso do vinho Meteorito aumentou o interesse de turistas chilenos
e estrangeiros no Centro Astronómico. Com o produto disponível no
mercado, Hutcheon passou a fazer novas experiências, com bebidas mais
fortes. «Não se trata da quantidade de visitantes, porque temos uma
capacidade limitada, mas porque a atracção exclusiva dá-nos uma opção
a mais de entretenimento para o público», explicou o astrónomo.
Nas primeiras provas com uma aguardente produzida por pequenos
artesãos da região, o contacto da bebida com o meteorito fê-la perder
muito da agressividade do seu sabor natural. «Muitos que provaram o
vinho comparam o seu sabor ao de um uísque», comentou Hutcheon. A
bebida também adquiriu uma peculiar e apelativa cor escura.
A aguardente negra está disponível somente para o público do Centro
Astronómico Tagua Tagua (para realizar uma visita, deve-se reservar
entradas através do site), que promove eventos para turistas todas a
sextas e sábados às 21:00, onde se pode conhecer o trabalho
astronómico ali realizado e degustar as bebidas com meteorito.
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