sábado, 24 de março de 2012

Florestas mistas resistem mais a impactos das alterações climáticas

2012-03-22


Para avaliar de que forma as alterações climáticas vão afectar a
biodiversidade e a produtividade das florestas europeias, foi lançado
em 2009 o projecto Baccara, num consórcio de 15 entidades mundiais.

O projecto de quatro anos, que conta com um apoio de 3 milhões de
euros por parte da União Europeia, visa criar uma ferramenta de apoio
à decisão para avaliar o impacto das alterações climáticas na
produtividade florestal através da alteração da biodiversidade. Para
tal está a ser desenvolvida uma análise de decisão multi-critério
(MCDA), para ajudar os gestores florestais a decidir que espécies de
árvores devem plantar, e que tipo de pragas e doenças devem ser
monitorizadas actualmente para que não se tornem um problema, num
futuro que se prevê com grandes mudanças climáticas.

Assim, no próximo ano, o projecto deverá propor um conjunto de
critérios que relacione os efeitos das alterações climáticas na
produtividade económica da floresta, fornecer uma base de dados com
valores de vulnerabilidade para as principais categorias florestais
europeias (composições florestais, por exemplo), entre outros
objectivos.

Com esta ferramenta os usuários finais poderão adicionar os seus
próprios critérios, escolher os valores de preferência para cada
critério, deliberar sobre o peso que deseja aplicar a cada critério,
obter classificação de toda a floresta que se pretende comparar, e ter
a possibilidade de avaliar a robustez da classificação por vários
parâmetros (peso, ganho de capital de preferência, entre outros).

De entre as várias descobertas feitas já pelos investigadores está o
facto da própria complexidade das florestas poder ser o melhor seguro
para lidar com as alterações climáticas.

«A plantação de diferentes espécies de árvores, por exemplo, pode
ajudar a proteger as florestas dos ataques dos insectos, tornando-as
mais resistentes do que com a plantação de uma única espécie», segundo
Hervé Jactel, do Instituto Nacional Francês de pesquisa agrícola,
líder do projeto de investigação. Por isso, «esta poderá ser uma
estratégia a considerar caso as alterações climáticas causem um
aumento das pragas de insectos».

O problema para todos os envolvidos na gestão de florestas da Europa é
que muitas espécies podem viver ao longo de séculos, portanto, uma
árvore plantada hoje poderá ter de enfrentar alterações climáticas por
um período de tempo muito longo. Desta forma, o desafio, é a concepção
de florestas "mistas" com multi-espécies que são mais resistentes
contra os riscos de alterações climáticas, conclui Hervé Jactel.

Os riscos económicos associados à floresta são altos para a Europa,
cujo sector florestal está avaliado em 25 mil milhões de euros por ano
e emprega 4 milhões de pessoas. Com um total de cerca de mil milhões
de hectares, a Europa tem mais floresta do que qualquer outra região
do mundo – desde florestas de sobreiros e ciprestes ao longo do
Mediterrâneo, a vastas extensões de árvores coníferas na Escandinávia
e ainda florestas mistas no Cáucaso.


Autor / Fonte
Lúcia Duarte

http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=11910

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