de Marina Pimentel
Não há seguradora que faça um seguro contra situações de seca e
incêndio aos agricultores portugueses. 20-03-2012 13:20 por Marina
Pimentel
Ao contrário do que acontece em Espanha, não há seguros em Portugal
que cubram os efeitos das secas ou dos incêndios. A culpa é de uma
dívida de 80 milhões de euros do Estado às seguradoras.
O problema arrasta-se há anos e vai sendo empurrado com a barriga
pelos sucessivos governos. O presidente da Confederação de
Agricultores de Portugal (CAP), João Machado, explica que Espanha tem,
há 30 anos, um sistema de seguros agrícolas sustentável.
"É um sistema em que participa o Estado, as confederações e as
companhias de seguros. É um sistema tripartido e tem todas as
coberturas. Infelizmente, o nosso sistema de seguros é caro para o
Estado, porque comparticipa directamente às companhias de seguros e
não tem quase coberturas nenhumas, nomeadamente seca e fogos
florestais", afirma à Renascença.
Em Portugal, mesmo que um agricultor decidisse fazer, por sua conta e
risco, um seguro contra a seca, não haveria nenhuma companhia
portuguesa ou estrangeira que lho fizesse.
Mas porque é que as coisas não mudam? A resposta já se adivinha: o
Estado tem um passivo de 80 milhões de euros às seguradoras e,
enquanto essa verba não for paga, as companhias não aceitam mudar as
regras do jogo.
"Neste momento, provavelmente, o Orçamento do Estado não comportará
esse pagamento e não poderá mudar o sistema de seguros e esta é sempre
uma espiral que não muda. Cada Governo tenta mudar o sistema, mas como
não tem dinheiro para pagar o passado, não muda", explica João
Machado.
A seca é um fenómeno que ocorre, em média, em Portugal, de cinco em
cinco anos. É mais um problema que se eterniza, com o pretexto da
crónica falta de dinheiro. Quando há situações de seca grave, a
alternativa são as ajudas directas aos agricultores, que, a longo
prazo, acaba por sair mais caro aos cofres do Estado.
Hoje, o Governo pede ajuda em Bruxelas para os agricultores portugueses.
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