A nova taxa de segurança alimentar, aprovada em Conselho de Ministros,
é "injustificada, inoportuna e socialmente injusta", disse, esta
quinta-feira, à Lusa fonte oficial da Jerónimo Martins, dona da rede
de supermercados Pingo Doce.
foto GLOBAL IMAGENS/ARQUIVO
O valor da nova taxa vai situar-se entre os cinco e oito euros por
metro quadrado, aplicando-se apenas às grandes superfícies, anunciou,
esta quinta-feira, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, após a
reunião de Conselho de Ministros.
"Dado que ainda não conhecemos o texto final do diploma aprovado hoje
em Conselho de Ministros não podemos saber com rigor qual a base de
incidência da nova taxa nem o valor final que se aplicará. No entanto,
em nosso entender, e do pouco que se conhece sobre esta nova taxa,
parece-nos estarmos mais perante um novo imposto do que perante uma
taxa, na medida em que não nos parece existir um serviço efetivamente
prestado aos operadores sobre os quais a mesma incidirá", adiantou
fonte do grupo.
Nesse sentido, "é uma medida que nos parece injustificada, inoportuna
e socialmente injusta", acrescentou.
Isto porque "tememos estar perante o pior cenário, que é o de um novo
imposto sobre o consumo de bens alimentares, num momento
particularmente difícil para os consumidores portugueses, com especial
gravidade para os mais carenciados, que são, por definição, quem tem a
maior percentagem do rendimento disponível alocado à compra de
alimentação".
Segundo a mesma fonte, "será sobre o consumidor final que esta taxa
acabará por incidir também, por via indireta, na medida em que os
preços não poderão deixar de refletir o impacto económico desta
medida".
Também a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED)
considerou que a nova taxa de saúde e segurança alimentar vai ter um
impacto negativo no setor e prejudicar os consumidores.
"A medida aprovada recai não só sobre os associados da APED, mas
também sobre todos os consumidores e no preço final dos alimentos, num
contexto económico de já tão grandes dificuldades como o que vivemos,
com fortes penalizações sobre o rendimento e restrição do consumo das
famílias", escreveu a APED em comunicado.
A nova taxa, segundo a APED, vai acarretar efeitos negativos sobre
"todos os operadores económicos desde o setor agrícola, ao
agroalimentar até à distribuição, afetando toda a cadeia de
abastecimento".
A associação alertou, também, para a possibilidade de, ao utilizar
como critério o metro quadrado, o Governo ter que vir a garantir que a
taxa "só se poderá aplicar às áreas de venda de produtos alimentares,
excluindo toda a área afeta a outros produtos e mercadorias", ou seja,
deixando de fora os produtos não-alimentares.
Já o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal
(CCP), João Vieira Lopes, havia alertado hoje, em relação à nova taxa
sobre a distribuição, que esta vai ter impacto junto dos preços no
consumidor.
"Não vejo grande possibilidade de, em termos comerciais, se poder vir
a absorver essa margem, por isso a tendência vai ser para se
repercutir no consumidor", afirmou João Vieira Lopes à Lusa, depois do
anúncio feito em Conselho de Ministros pela ministra da Agricultura,
Assunção Cristas.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2443277&page=-1
Sem comentários:
Enviar um comentário