quinta-feira, 14 de junho de 2012

Água salgada invade os campos no Baixo

13.06.2012 - 17:35 Por Lusa
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Mais de 12 mil hectares de terrenos agrícolas aguardam a decisão
política do Governo de concluir o dique do Baixo Vouga, para os
proteger da invasão da água salgada.

A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em Janeiro, duas
resoluções - uma do PSD e outra do CDS-PP -, no sentido de serem
conseguidas verbas comunitárias para acabar o dique, apenas construído
em quatro quilómetros, pelo que a água salgada continua a invadir os
campos, tornando-os improdutivos.


Prestes a expirar a Declaração de Impacte Ambiental, emitida em 2002 e
que caduca em 2013, os autarcas do Baixo Vouga estão preocupados com a
situação e vão pedir uma audiência à ministra da Agricultura, Assunção
Cristas, e agendaram a discussão do assunto para a próxima reunião da
Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA).

José Eduardo Matos, presidente da Câmara de Estarreja, município onde
se situa a maior área abrangida pelo projecto hidroagrícola do Baixo
Vouga, disse à agência Lusa que pode ser pedida a prorrogação da
Declaração de Impacte Ambiental, mas as informações recebidas na
terça-feira, numa reunião com a Direcção Regional de Agricultura, em
Castelo Branco, "não são animadoras".

O que terá sido transmitido aos autarcas aponta no sentido de o dique
ter de esperar pelos próximos fundos comunitários, se o Governo lhe
reconhecer prioridade política, para desespero dos mais de 3.800
beneficiários do Baixo Vouga Lagunar, que têm assistido ao avanço da
água salgada.

Devido às sucessivas obras na barra e porto de Aveiro, para aumentar a
capacidade da estrutura portuária, tem vindo a aumentar a amplitude
das marés vivas, que em 1905 era de 1,45 metros e em 2006 estava já
nos 3,73 metros.

As defesas tradicionais dos campos e canais, feitas de torrões e
vegetação (motas) sucumbiram em vários pontos da Ria, perante a maior
amplitude das marés, e franquearam à água salgada o que antes eram
domínios de água doce.

Foi para estancar a invasão salgada que o dique avançou, mas parou
quando uma queixa de uma associação ambientalista a Bruxelas
questionou o seu impacto. Apesar de ultrapassados os entraves europeus
e mitigados os efeitos, a obra não prosseguiu.

A falência do empreiteiro e depois a falta de articulação entre os
então ministérios da Agricultura e do Ambiente, deixaram no Baixo
Vouga um paredão que de pouco serve, com a água salgada a contorná-lo.

"Já tentámos tudo para ver quem pega na criança", desabafou José
Eduardo Matos, lamentando que, durante uma década, o Baixo Vouga tenha
ficado esquecido, no meio de outras prioridades políticas como o
Alqueva, o Baixo Mondego e a Cova da Beira.

O autarca do PSD espera que desta vez as resoluções do Parlamento,
propostas pelo seu partido e pelo CDS-PP, sejam consequentes, tanto
mais que no actual Governo Ambiente e Agricultura estão no mesmo
Ministério.

http://www.publico.pt/Sociedade/agua-salgada-invade-os-campos-no-baixo--1550182

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