Lusa
15 Jun, 2012, 18:17
As castas características portuguesas são desvalorizadas mas produzem
vinhos "maravilhosos" que dão prazer beber, afirmou hoje a crítica de
vinhos britânica Julia Harding.
Esta jornalista foi convidada no ano passado pela ViniPortugal a
eleger os 50 melhores vinhos portugueses, tendo visitado o país seis
vezes entre outubro de 2011 e abril de 2012 e provado cerca de 1.200
vinhos de todas as regiões.
"Eu queria centrar-me nas grandes castas portuguesas porque penso que
estão desvalorizadas e porque há demasiados vinhos feitos com as
mesmas castas em todo o mundo", afirmou à agência Lusa, durante uma
prova dos escolhidos em Londres.
Para esta especialista, "há algumas castas que só Portugal consegue
fazer de forma brilhante e elas condizem com o campo, com a paisagem,
com o clima e fazem vinhos maravilhosos".
Na lista estão representantes das várias regiões, desde o Douro, Dão,
Bairrada, Alentejo, Beira Interior ou Trás-os-Montes, que usam castas
como o Alvarinho, Baga, Trincadeira ou Touriga Nacional, sendo 27
tintos, um espumante, 18 brancos ou verdes e quatro fortificados.
"Quando provo um vinho, procuro sempre aqueles que me dão prazer
beber, e não apenas vinhos que impressionam em dois golinhos e que
depois se quer seguir para outro", explicou Harding, a propósito dos
critérios usados.
A jornalista saudou a variedade que encontrou no país e também o que
considera de vinhos com caráter e "personalidade bonita".
"O pior que um vinho pode ser é aborrecido", garantiu.
Esta é a oitava edição desta iniciativa da ViniPortugal e da
Associação de Importadores de Vinho Português britânica, que no
passado escolheram Richard Mayson, Charles Metcalfe, Tim Atkin, Simon
Woods, Jamie Goode, Sarah Ahmed e Tom Canavan.
Além de ser um "grande cartão de visita" para os seus vinhos, que
estiveram presentes em todas as listas, o produtor Luis Pato, refere o
papel pedagógico desta ideia.
Julia Harding, número dois da influente crítica de vinho Jancis
Robinson, "ficou com uma perspetiva da diferença, da diversidade das
castas portuguesas que não tinha antes" que será passada aos seus
leitores.
"Este é um trabalho de futuro, a dez, vinte anos, mas que terá os seus
resultados porque irá distinguir os vinhos portugueses da grande
globalização de vinhos do novo, mesmo do velho mundo, que não são
feitos com castas que não são portuguesas", argumentou o produtor.
O Reino Unido é o segundo maior destino das exportações de vinhos
portugueses em termos de valor, tendo nos últimos três anos duplicado
de 19,6 milhões de euros, em 2009, para 36,4 milhões de euros em 2011.
Depois da apresentação em Londres, o top 50 dos vinhos portugueses
será apresentando em Edimburgo a 20 de junho e em Manchester no dia
seguinte.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=562715&tm=6&layout=121&visual=49
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