15.06.2012 11:06
ECONOMIA
O risco de colapso da indústria refinadora de açúcar da Europa, por
falta de matéria-prima, levou a que 62 eurodeputados de 11 países
escrevessem à Comissão Europeia pedindo alteração de normas, estando
em Portugal 600 postos de trabalho em causa.
A carta ao comissário europeu da Agricultura, Dacian Ciolos, surgiu
da eurodeputada britânica Marina Yannakoudakis, mas iniciativas no
mesmo sentido já tinham sido colocadas pelos eurodeputados
portugueses Mária do Céu Patrão Neves (PSD) e Capoulas Santos (PS).
A carta foi assinada por 62 eurodeputados, de 11 países, e contou com
o apoio dos portugueses Luís Paulo Alves, Regina Bastos, Capoulas
Santos, Correia de Campos, Diogo Feio, José Manuel Fernandes, Maria
do Céu Patrão Neves, Paulo Rangel e Nuno Teixeira.
Em declarações à Agência Lusa, Mária do Céu Patrão Neves explicou que
"quando se fez a última reforma do setor do açúcar, em 2006, ficou
previsto que o fornecimento de ramas para a indústria europeia seria
feito por países em via de desenvolvimento", sem impostos adicionais,
não estando estes países a conseguir fornecer a quantidade suficiente
para manter a indústria europeia e portuguesa a laborar.
"Como consequência, nós temos todas estas indústrias já estabelecidas
em risco de entrarem em colapso. Na situação económico-financeira em
que está a Europa e nomeadamente o nosso país, a última coisa que nós
queremos é que indústrias que já estão no terreno, que têm estado a
funcionar, que colapsem por falta de matéria-prima e que façam
engrossar a lista dos desempregados", advertiu, acrescentando que em
Portugal são 600 os postos de trabalho que podem estar em causa.
Segundo a eurodeputada do PSD, "a preocupação é a de insistir junto
da Comissão Europeia no sentido das normativas que foram estabelecidas
em 2006 sejam alteradas para que a indústria portuguesa e europeia
possa importar rama", afirmando, no entanto, que a comissão "tem sido
sempre muito renitente".
À agência Lusa, Capoulas Santos explicou que "a matéria-prima tem
vindo a ser cada vez mais cara, o que coloca sérios problemas à
indústria de transformação de ramas de canas-de-açúcar europeias, uma
vez que podem adquirir com ausência de direitos ou com direitos
alfandegários mais baixos até certas quantidades, mas a partir daí os
direitos são extremamente elevados o que torna muito difícil a
competitividade do setor".
"Aquilo que eu tenho procurado é que a comissão, atempadamente,
desbloqueie a possibilidade de importação de matéria-prima em volumes
que permitam à indústria europeia de transformação ser competitiva no
mercado", disse.
O ex-ministro da Agricultura dos Governos de António Guterres apontou
para a existência de "um lóbi europeu a partir dos produtores de
açúcar de beterraba sacarina que pretendem, para defender as suas
próprias produções, que as importações sejam dificultadas o mais
possível", alertando para a necessidade de "se encontrar um justo
equilíbrio entre ambas as indústrias".
O eurodeputado do CDS-PP Diogo Feio, salientando os 600 postos de
trabalho que estão em causa em Portugal, considerou à agência Lusa
que esta é "uma ação que dá força política alargada a preocupações de
associações do setor, porque são vários deputados, de diferentes
famílias políticas e de bastantes Estados".
"Como é óbvio, a partir do momento em que o assunto ganha esta
repercussão, também se está a chamar a atenção não só do Governo
português como também da própria Assembleia da República e portanto
acredito que esta intervenção vai ter consequências", respondeu.
Lusa
http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2012/06/15/eurodeputados-alertam-para-risco-de-colapso-da-industria-refinadora-de-acucar-600-empregos-em-causa-em-portugal
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