Vasco de Campos
2012-06-14
A associação Caule – de gestão florestal da Beira Serra gere 12 Zonas
de Intervenção Florestal numa das áreas mais críticas dos incêndios no
país, e viu aprovado em Abril o Plano de Gestão Florestal de uma das
ZIF. O AmbienteOnline falou com o presidente, Vasco Campos, que
defende a discussão da fiscalidade e sanções para quem não cumpre a
lei, no que toca à gestão florestal. Defende ainda que não há falta de
biomassa, mas neste momento a tarifa não é rentável para os
produtores.
Concorda com a nova estratégia para a Biomassa, inscrita no PNAEE e PNAER?
Tudo o que promova o uso energético de biomassa é bom, mas depende das
tarifas. Uma série de centrais não arrancaram porque não são
economicamente viáveis e os resíduos florestais não chegam.
Uma coisa
é a limpeza de mato outra é os sobrantes da exploração de florestas,
que ainda têm alguma rentabilidade. Em termos de limpeza de matos, a
maioria das máquinas reduz os matos a matéria orgânica, portanto não
faz sentido e não é rentável. Mas há madeira de desbastes de invasores
que pode ser aproveitada, o que podia acontecer se os preços subissem.
Será que alguém já se questionou porque é que os projectos não
avançaram?
Mas se estas estivessem todas a funcionar, não haveria falta de matéria-prima?
Há muita floresta abandonada, acho que não haveria falta de
matéria-prima. Há milhares de hectares que não estão a ser devidamente
geridos, o que resta fazer é compensar o proprietário e o
operador...No caso das culturas energéticas, não se aplica a todas
regiões do País, como por exemplo na nossa. Não é para ser feita em
solo de montanha, e a maior parte será para solos de aptidão agrícola.
Desde que os planos de gestão o prevejam a mim não me incomoda.
depende das particularidades.
E as ZIF são um caminho a fazer, para uma gestão florestal correcta e
pensada a longo prazo?
Eu acredito nas ZIF, acho que este é o caminho, mas vai levar alguns
anos. Há o problema da sensibilização dos proprietários, que são
milhares. Aqui, por exemplo, temos 12 ZIF e 6500 proprietários
aderente. O fundo Florestal Permanente apoiou o funcionamento das ZIF,
mas entretanto deixou de apoiar. Espero que volte esse apoio, até
porque há ZIF que o necessitam, principalmente me zona de minifúndio,
já que os custos administrativos são elevados, e a capacidade de
resposta é reduzida, devido à enorme quantidade da interlocutores. A
floresta está extremamente dividida.
O que deveria então ser feito para melhorar a gestão florestal?
O modelo pode ser melhorado, até porque é um produto novo. A primeira
ZIF da região vai fazer seis anos. Temos agora uma série de
candidaturas ao PRODER e vamos pode começar finalmente a ver qualquer
coisa no terreno. A floresta é um bem público, toda a sociedade ganha
com o serviço que a floresta presta e não pode ser só o proprietário a
pagar. Muitas vezes nem é rentável. Creio que a questão do abandono de
terras e a fiscalidade têm de ser discutidas e trabalhadas, não
podemos continuar a ter proprietários que não fazem , não querem e nem
deixam fazer. Têm de acabar as situações de quem não cumpre os mínimos
e não tem qualquer penalização.
Autor / Fonte
Diana Catarino
http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=12275
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