As previsões agrícolas do INE, em 31 de maio de 2012, apontam para
quebras nas produtividades dos cereais praganosos, relativamente
amenizadas pelas chuvas dos últimos dois meses. Ainda assim, as
reduções do rendimento deverão variar entre os 15% na cevada e os 30%
no triticale. Também na cereja se perspetiva uma diminuição na
produtividade, mais evidente nas variedades precoces, e que rondará os
15%. As sementeiras/plantações das culturas de primavera/verão têm
decorrido com normalidade, prevendo-se a manutenção das áreas de
milho, arroz e girassol, e reduções no tomate para a indústria e
batata de regadio.
O mês de maio caracterizou-se, em termos meteorológicos, pelas
elevadas temperaturas registadas, em particular os valores máximos,
que apresentaram desvios acentuados face à normal. Ao longo da 2ª e 3ª
semanas deste mês ocorreu, em praticamente todo o território, uma onda
de calor (mais de 5 dias consecutivos com a temperatura máxima do ar
superior, em pelo menos 5ºC, ao respetivo valor da média da
temperatura máxima diária), que se prolongou por 12 dias em algumas
regiões do interior. A precipitação foi normal para a época,
concentrada especialmente na primeira década do mês, e mais abundante
nas regiões do Norte e Centro.
Estas condições proporcionaram, no plano meteorológico, um agravamento
da situação de seca, face ao mês anterior. No final de maio,
sensivelmente ¾ do Continente encontravam-se nas classes mais intensas
de seca meteorológica (44% em seca extrema e 30% em seca severa).
As precipitações ocorridas ao longo do mês de abril e no início de
maio contribuíram para uma recuperação significativa do aspeto
vegetativo dos prados, pastagens e culturas forrageiras. As condições
de pastoreio melhoraram consideravelmente, aproximando as necessidades
de suplementação alimentar dos efetivos às de um ano normal. Os
trabalhos de fenação decorrem com grande expectativa quanto às
quantidades produzidas e à consequente capacidade de repor as reservas
de alimentos para os níveis habituais. A qualidade dos fenos já
recolhidos é, de um modo geral, má.
Sementeiras de primavera/verão decorrem com normalidade
Os aguaceiros de abril e maio promoveram as condições favoráveis para
a realização das sementeiras, germinação e desenvolvimento das
culturas de primavera/verão. As sementeiras decorreram assim com
normalidade, embora com algum atraso, devido ao impasse originado
pelas condições de seca. De um modo geral, não se verificam restrições
na disponibilidade de água nos perímetros de rega, ao contrário do que
acontece em alguns regadios privados a sul do Tejo.
Superfície de milho para grão mantém-se
A cultura do milho tem sido impulsionada nos últimos anos pelas novas
áreas de regadio do Alqueva e pela tendência de aumento da cotação,
apesar de alguma volatilidade sempre presente nos mercados. No
entanto, na atual campanha não se espera um aumento da superfície de
milho face a 2011, em virtude das menores disponibilidades de água
verificadas nos regadios privados do Alentejo. As precipitações e a
subida das temperaturas têm contribuído para o bom desenvolvimento
vegetativo das plantas emergidas.
A superfície de arroz também deverá ficar próxima dos valores
registados na campanha transata (31 mil hectares).
Decréscimo na superfície de tomate para a indústria
A superfície de tomate para indústria deverá registar uma quebra de
10% face a 2011. Para este resultado poderão ter contribuído a
integração do pagamento transitório à transformação do tomate no
regime de pagamento único e as dificuldades sentidas na campanha
anterior, quer a nível agronómico quer económico. De referir que a
maior parte das áreas de tomate para indústria encontram-se plantadas,
apresentando as pequenas plantas um desenvolvimento normal.
Quanto ao girassol, apesar do início tardio dos trabalhos de
preparação das terras e do consequente atraso na conclusão das
sementeiras, prevê-se que a superfície semeada de girassol não registe
alterações, face ao ano transato.
Área de batata em regime de regadio decresce 5%
A melhoria das condições de humidade do solo permitiu que a plantação
de batata de regadio decorresse sem contratempos, facilitando ainda a
regular emergência das plantas. Face a 2011, prevê-se uma diminuição
de 5% da área plantada com batata de regadio.
Chuvas de abril e maio aligeiram quebras na produtividade dos cereais praganosos
A precipitação dos dois últimos meses permitiu alguma recuperação no
desenvolvimento vegetativo das searas de cereais de outono/inverno,
sobretudo nas instaladas em solos com maior aptidão para estas
culturas e que foram beneficiadas com adubações de cobertura. No
entanto, registaram-se muitas situações em que o grau de desidratação
das searas se revelou totalmente irreversível ou em que os produtores
optaram por desviar a cultura para a alimentação animal, em detrimento
da produção de grão, pelo que se continua a prever quebras
consideráveis nos rendimentos destas culturas (-30% no triticale, -25%
no centeio, -20% no trigo mole, trigo duro e aveia e -15% na cevada).
De referir que o aumento dos teores de humidade do solo favoreceu o
desenvolvimento de espécies infestantes que inevitavelmente irão
dificultar as ceifas/debulhas e diminuir as produtividades destas
searas.
Batata de sequeiro com menores produtividades
As precipitações e o aumento da temperatura dos últimos meses criaram
condições favoráveis ao desenvolvimento de doenças criptogâmicas na
cultura da batata, nomeadamente do míldio, o que obrigou a um reforço
substancial dos tratamentos preventivos. A apanha já se iniciou em
algumas zonas, estimando-se que o rendimento unitário seja
ligeiramente inferior (-5%) ao registado na campanha anterior. Os
tubérculos apresentam calibres bons a médios, os últimos com
dificuldade de colocação no mercado.
Variedades precoces de cereja com baixas produtividades
A intermitência da precipitação e as oscilações térmicas tiveram um
efeito negativo nas variedades precoces de cereja, que se encontravam
em plena fase de maturação, provocando o fendilhamento de alguns
frutos com consequências na capacidade de conservação e
comercialização. As variedades intermédias e tardias não terão sido
tão afetadas por estas condições atmosféricas, pelo que, apesar da
quebra face a 2011, se prevê que o rendimento unitário desta cultura
se mantenha próximo da média alcançada no último quinquénio.
Os pomares de pessegueiros apresentam um bom aspeto vegetativo. A
polinização/vingamento dos frutos foi moderadamente afetada por
algumas geadas tardias nas zonas baixas do interior Centro,
contratempo que poderá ser compensado pelo maior desenvolvimento dos
frutos que vingaram. Ainda assim, prevê-se uma redução de 5% na
produtividade, face à campanha anterior.
Quanto à uva de mesa, os baixos teores de humidade do solo registados
por altura da época normal de abrolhamento desta cultura conduziram a
um atraso, que se tem prolongado ao longo do seu ciclo de
desenvolvimento. O aspeto vegetativo é bom mas, apesar da resistência
que as vinhas normalmente apresentam aos baixos teores de humidade, é
com alguma expectativa que os produtores aguardam pela resposta da
cultura a esta adversidade climática, principalmente nos casos em que
as vinhas não são regadas. Estimam-se produtividades abaixo do normal
dos últimos anos, mas ainda assim 10% acima da registada na passada
campanha (a pior da última década, severamente condicionada por
intensos ataques de míldio).
Climatologia em Maio de 2012
Os valores da percentagem de água no solo, em relação à capacidade de
água utilizável pelas plantas, diminuíram a partir da segunda década
de maio, encontrando-se, no final do mês, entre os 50% e 70% na maior
parte das regiões do Norte e Centro e abaixo dos 30% em grandes
extensões do Sul do Continente.
Fonte: INE
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/06/21b.htm
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