17.06.2012 - 14:08 Por Patrícia Carvalho
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O espaço tem uma matriz ligada ao vinho do Porto (Reuters)
Instituto dos Vinhos do Douro e Porto afirma que este espaço
apresenta "uma situação deficitária enorme e condições estruturais
debilitadas que deveriam já ter obrigado a equacionar a sua
viabilidade".
Na porta fechada do Solar do Vinho do Porto são parcas as explicações
fornecidas a quem pretendia passar algum tempo neste espaço turístico
da cidade do Porto. Há apenas uma folha de papel a anunciar, em
português, inglês e francês, que o espaço está "Encerrado
Temporariamente". A verdade é que o Solar do Vinho do Porto está
fechado desde Janeiro e não há qualquer previsão para a sua
reabertura.
Há turistas a visitar o Museu Romântico, mas se algum deles descer as
escadas da Quinta da Macieirinha para visitar o Solar do Vinho do
Porto, instalado no piso inferior do edifício, não terá sorte. Junto à
porta envidraçada do espaço, acumulam-se exemplares da revista Porto
Menu e algum lixo. E deste ponto intransponível é difícil imaginar o
espaço que o reconhecido guia de viagens da Lonely Planet, dedicado a
Portugal, descreve como "o maravilhoso Solar do Vinho do Porto" (em
contraste com o "modesto Museu Romântico"), dono de um jardim "com
vistas pitorescas do Douro" e onde "há centenas de portos disponíveis
bem como aperitivos, para se refrescarem, como um portôncio (vinho do
Porto branco com água tónica)".
O edifício pertence à Câmara do Porto, mas a gestão do solar cabe ao
Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), que confirma o
encerramento do espaço, por questões económicas. "O Solar do Vinho do
Porto, no Porto, tem vindo a apresentar, ao longo dos anos, uma
situação deficitária enorme e condições estruturais debilitadas que
deveriam já ter obrigado a equacionar a sua viabilidade", explica, em
resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a assessoria de imprensa do
instituto.
Segundo a mesma fonte, no ano passado, o défice de exploração do
espaço foi de 44 mil euros, o que, associado à falta de pessoal e
falta de condições do Solar do Vinho do Porto no Porto (SVP-Porto) -
existem solares congéneres na Régua e em Lisboa - tornaram inevitável
a decisão de "encerrar temporariamente" este espaço, por "absoluta
falta de condições". No mesmo comunicado, o IVDP explica que, no final
de 2011, o SVP-Porto sofreu "uma ruptura de colaboradores
especializados" - motivada pela aposentação de um dos funcionários e
pela doença prolongada de outra - que se tornou difícil de colmatar,
dado o actual "quadro restritivo de admissões na função pública". A
este problema associou-se a urgência na realização de obras que
onerariam o IVDP em 300 mil euros - o que, a julgar pelo comunicado,
não seria comportável.
No mesmo documento enviado ao PÚBLICO, o instituto explica ainda: "A
cozinha, para cumprir os requisitos mínimos exigidos pelas autoridades
competentes, necessita de uma reformulação global e o espaço público
precisa de trabalhos de manutenção profundos (no imóvel e mobiliário);
para corrigir estas situações, estima-se a necessidade de aplicar uma
verba superior a 300 mil euros."
Feitas as contas, o IVDP entendeu não ter meios para manter o
SVP-Porto. E nesta decisão pesou também o facto de o serviço prestado
pelo solar aos turistas não ser, no entender do instituto, muito
significativo. O IVDP garante que, "embora não existindo registos do
movimento de pessoas", o número de perguntas sobre o encerramento do
SVP-Porto, desde Janeiro, "não chega aos dois dígitos". Uma situação
que leva mesmo o IVDP a classificar o espaço como "excêntrico
relativamente aos circuitos turísticos".
A juntar-se a essa excentricidade (ou, talvez, justificando-a) está,
para o IVDP, um outro motivo: "O Grande Porto tem muitos
estabelecimentos que cumprem bem a função de apresentar e divulgar o
vinho do Porto, a começar pelas caves do vinho do Porto, situadas em
Vila Nova de Gaia, anualmente visitadas por mais de 800 mil turistas."
Ainda assim, o instituto defende que, "na perspectiva do interesse
público", seria útil "manter aquele bonito espaço da cidade e da
região aberto ao público, preservando a sua matriz ligada ao vinho do
Porto". Para tal, refere, assim que foi tomada a decisão de encerrar o
SVP-Porto, iniciaram-se "de imediato (...) conversações com a Câmara
do Porto, proprietária do imóvel, no sentido de encontrar a solução
mais adequada" para o espaço.Contactada pelo PÚBLICO, a Câmara do
Porto rejeita qualquer responsabilidade pelo encerramento do SVP-Porto
e diz que "tomou recentemente conhecimento da decisão do instituto em
encerrar aquele espaço por falta de condições financeiras para a sua
manutenção". Em resposta escrita, a assessoria de imprensa do
município confirma as conversações entre o IVDP e responsáveis da
autarquia, na tentativa de encontrar uma solução para o espaço. "A
câmara admite fazer um esforço para, no futuro, tentar encontrar uma
solução em parceria com o IVDP." Tanto quanto foi possível apurar, não
há qualquer data em perspectiva para a eventual reabertura do
SVP-Porto.
http://www.publico.pt/Local/solar-do-vinho-do-porto-fechou-em-janeiro-e-nao-tem-data-de-reabertura-1550755?all=1
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