A subida do preço dos alimentos em 2011 atrasou o cumprimento dos
Objetivos do Milénio de redução da mortalidade infantil e da
mortalidade materna, alertou hoje o Banco Mundial (BM), acrescentando
que África e Ásia serão quem mais sofrerá.
No relatório Global Monitoring Report para 2012, onde o BM estuda os
"Preços dos Bens Alimentares, Nutrição e os Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio", a instituição admite que o mundo deverá
cumprir os objetivos de redução da pobreza extrema e de acesso a água
potável, mas não da mortalidade infantil e da mortalidade materna.
"Os preços dos bens alimentares elevados e voláteis não dão grandes
esperanças de cumprimento de muitos dos objetivos de desenvolvimento
do milénio, porque corroem o poder de compra dos consumidores e impede
que milhões de pessoas fujam à pobreza e à fome", disse Justin Yifu
Lin, economista-chefe do BM, em comunicado da organização.
De acordo com a instituição, a mortalidade infantil e a mortalidade
materna são os indicadores que mais se relacionam com o aumento do
preço dos bens alimentares, de entre todos que constituem os Objetivos
de Desenvolvimento do Milénio, oito indicadores que todos os países
das Nações Unidas se comprometeram a atingir até 2015, incluindo a
erradicação da fome e da pobreza extrema e a redução em dois terços da
mortalidade materna e infantil.
Segundo o BM, em 2011 os preços dos bens alimentares aumentaram 184
por cento entre 2000 e 2008 e, depois fortes quedas, voltaram em 2011
aos máximos de 2008, arrastando 48,6 milhões de pessoas para abaixo do
limiar de pobreza.
De acordo com o relatório que o BM hoje divulgou, este aumento deverá
afetar sobretudo os países importadores líquidos de alimentos, como os
do Médio Oriente, África do Norte e África Ocidental e beneficiar, no
logo prazo, a América Latina, a Europa de Leste e a Ásia Central.
No curto prazo, no entanto, diz o BM, os mais pobres de todos os
países vão sofrer mais, porque gastam em alimentos a maioria dos seus
rendimentos.
"Os preços mais altos afetam os consumidores com maior percentagem das
despesas familiares em alimentos, tal como na maioria de África e da
Ásia ", e não vai beneficiar as regiões agrícolas "porque os
agricultores mais pobres são compradores líquidos de alimentos",
refere o Global Monitoring Report.
"Os pobres sofrem desproporcionadamente com os altos preços dos bens
alimentares, sobretudo as famílias pobres urbanas e as que têm
mulheres à cabeça, que gastam, tipicamente, mais de metade dos seus
rendimentos em comida", acrescenta o relatório.
Seguindo o BM, o aumento dos bens alimentares provoca uma redução do
consumo de calorias e de comida nutritiva empurrando assim cada vez
mais pessoas para a fome e para a pobreza extrema.
Outros efeitos indiretos, segundo o banco, são o aumento da economia
informal e da criminalidade -- com efeitos destrutivos nas comunidades
-- , o aumento dos fenómenos migratórios e da dependência de agiotas,
bem como a venda dos poucos ativos que as famílias possuem, o que tem
como consequência o abandono escolar e o aumento do trabalho infantil,
que dificultam a recuperação quando passarem os aumentos dos bens
alimentares.
Diário Digital com Lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=569179
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