08/04/2012 08h45 - Atualizado em 08/04/2012 08h46
Americanos são os maiores produtores mundiais de milho.
Quantidade de produtos que têm o grão como ingrediente impressiona.
Do Globo Rural
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Há quem diga que, se o DNA dos norte-americanos passar por uma
análise, o milho estará ali, marcado nos genes.
Num passeio pelo supermercado, dá pra entender porquê. Não é só o
milho em si que entra no cardápio, o grão está em muitos produtos,
basta olhar a composição. Refrigerante tem xarope de milho, no bolo de
chocolate tem amido de milho. O grão está presente na cerveja, no
catchup, na comida do cachorro e até na maquiagem. E em produtos ainda
mais inusitados como carvão, produtos de limpeza, antibióticos e fogos
de artifício.
E sempre pode aparecer um novo uso, já que o milho é uma das plantas
mais estudadas do mundo.
Pesquisas estão em andamento na Universidade Estadual de Iowa, na
cidade de Ames. No edifício de Ciências dos Alimentos, o cientista
Lawrence Johnson deu um passo além do laboratório e criou uma
mini-fábrica. "Nós queremos ser capazes de produzir tudo o que se pode
fazer com milho e soja. Quase tudo que podemos fazer com o petróleo,
podemos fazer com o milho também. Podemos fazer a maioria dos químicos
que vêm do petróleo e usar para comida, para alimentar o rebanho...
Provavelmente é a cultura que tem mais usos".
Mas será que há milho suficiente para tudo isso? Andando pelas
estradas, parece que sim. O estado de Iowa é o maior produtor
nacional, responsável por quase 1/5 de toda a safra americana.
Enquanto os agricultores brasileiros colhem duas safras de milho por
ano, nos Estados Unidos, a safra é única, mas tem alta produtividade.
A lavoura brasileira rendeu em 2011 perto de 57 milhões toneladas de
milho. Nos Estados Unidos, só o estado de Iowa produziu mais que isso:
quase 60 milhões de toneladas em uma área que corresponde a menos da
metade da área cultivada no Brasil.
Na Cooperativa de Agricultores de Greene, o trabalho não para nem aos
domingos, caminhões chegam carregados de grãos a todo momento.
A capacidade total de armazenamento é de 33 mil toneladas e até o
final da colheita, a cooperativa espera a produtividade de cerca de
100 fazendas da região.
O local onde está instalada é estratégico, a cooperativa fica bem ao
lado da ferrovia para escoamento fácil da safra. A maioria do milho
vai para usinas de etanol.
Se compararmos o rendimento do milho e da cana, a cana ganha de longe.
Enquanto o etanol produzido no Brasil rende cerca de sete mil litros
por hectare de cana plantado, o etanol de milho tem rendimento de
3.600 litros por hectare.
O processamento do milho também gera gás carbônico, que será usado no
congelamento de alimentos e na fabricação de refrigerantes e óleo para
ração animal.
Um dos argumentos de defesa de produtores de milho e de etanol na
discussão em torno do desvio dos grãos para a produção de combustível
é o chamado DDGS, dried distillers grains with solubles. É a parte
sólida do grão de milho, vendida como ração.
Há 10 anos, 7,5% do milho produzido nos Estados Unidos ia para as
indústrias de etanol, hoje são 40%. Ao longo desses anos a produção de
milho cresceu, mas não tanto quanto a demanda das usinas. O resultado
é que cada vez sobra menos milho para a fabricação de outros produtos
como alimentos e ração.
Em 1917, um pôster do arquivo da biblioteca do Congresso Americano
trazia um recado enfático do Tio Sam: "Economize semente de milho
agora. Há uma alarmante escassez".
Quase um século depois, uma nova luz vermelha começa a piscar. Dados
do Ministério da Agricultura americano mostram que o estoque de milho
no país vem caindo ano a ano.
Na Associação dos Produtores de Milho de Iowa, o executivo-chefe,
Craig Floss, diz que não acredita em falta de produto no mercado. "O
que as pessoas não olham é que nós aumentamos a capacidade de cultivar
milho. Há 10 anos, nós podíamos colher cerca de 200 milhões de
toneladas de milho e hoje estamos cultivando cerca de 300 milhões de
toneladas. Nossos estoques estão mais apertados, mas ainda somos
capazes de suprir o mercado porque nós tínhamos uma quantidade muito
grande de milho extra", justifica.
Com uma área plantada de 140 milhões de hectares cultivados nos
Estados Unidos, não há mais espaço para novos plantios. A produção de
milho só pode aumentar com áreas migrando de outras culturas e aumento
de produtividade.
Mas o que falam sobre isso os representantes do governo americano?
Confira o vídeo com a reportagem completa e a entrevista com o
economista-chefe do Ministério da Agricultura, Joseph Glauber, que
fala sobre a polêmica do desvio do milho da indústria de alimentos
para a produção de etanol.
http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2012/04/desvio-do-milho-para-producao-de-combustivel-divide-opinioes-nos-eua.html
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