O distrito de Beja pode vir a receber a plantação de papoilas brancas
destinada à produção de morfina, um alcalóide opiáceo utilizado em
medicina para o controlo da dor e outras patologias.
O projecto está ainda em fase de experimentação e é da
responsabilidade da McFarland Smith, empresa ligada ao universo da
multinacional britânica Jonhson Mathey PLC, sediada em Londres mas a
operar em 30 países, tendo interesses nos sectores da tecnologia
ambiental, dos metais preciosos e dos produtos farmacêuticos.
Já homologado pelo Infarmed, a autoridade nacional do medicamento e
produtos de saúde, o cultivo de papoilas brancas (Papaver somniferum)
está a ser desenvolvido desde Fevereiro de 2011, no âmbito de um
protocolo de parceria entre a empresa britânica e a Direcção Regional
de Agricultura e Pescas do Alentejo (Drapal) aprovado por Rui Pedro
Barreiro, secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural
no executivo de José Sócrates.
A cultura está a ser ensaiada em todo o Alentejo, num total de
perto de 100 hectares, sendo que no caso do distrito de Beja estão
abrangidos quase 30 hectares e vários agricultores, num processo
"assessorado" tecnicamente pela EDIA através do Centro Operativo para
as Tecnologias do Regadio (COTR).
Apesar de já levar mais de um ano, o projecto de plantação de
papoilas brancas no Alentejo está ainda envolto em grande secretismo e
o silêncio parece ser a "regra de ouro", até porque a cultura está
igualmente a ser testada pela multinacional inglesa na Eslováquia.
Contactado pelo "CA", o director regional de Agricultura do
Alentejo disse apenas que "a cultura da papoila está inserida no
projecto Drapal/ Macfarland Smith e encontra-se em fase experimental,
de modo a averiguar se efectivamente poderá vir a constituir uma
alternativa para o Alentejo".
"Neste momento não poderemos por isso adiantar mais dados sobre a
cultura e a evolução do referido projecto. Pensamos no entanto que,
decorrida mais esta campanha de experimentação aplicada, venha a ser
possível tirar conclusões que permitam uma boa divulgação do projecto
e da cultura", acrescentou Francisco Murteira.
Bem mais expansivo foi o seu antecessor, que em Agosto de 2011
adiantou ao jornal "Público" que se tudo correr como previsto, a
partir de 2013 poder-se-ão ter no distrito de Beja cerca de sete mil
hectares de terra a produzir papoilas brancas, regadas com água da
barragem de Alqueva.
João Libório frisou ainda que o projecto prevê para 2014 a
construção de uma fábrica para a primeira fase de transformação (a
separação de sementes e palha e respectiva "paletização"), seguindo
depois em contentores devidamente selados e percorrendo todo o
percurso das alfândegas até a cidade escocesa de Edimburgo.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Plantação de papoilas para produção de morfina medicinal avança em Beja
Segunda-feira, 09 de Abril de 2012
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