sexta-feira, 22 de junho de 2018

Exportações de frutas e produtos hortícolas aumentaram 26% em 2017


20/6/2018, 16:10
Segundo os dados revelados pela Informa D&B, Espanha é o primeiro país de destino das exportações de frutas e produtos hortícolas, assumindo uma quota que rondou os 40% em 2017.


O setor de frutas e produtos hortícolas apresentou uma tendência de crescente abertura ao exterior, o que originou um aumento de 26% das exportações em 2017, com um valor de cerca de 771 milhões de euros.

Segundo dados publicados pela Informa D&B, Espanha é o primeiro país de destino das exportações, assumindo uma quota que rondou os 40% em 2017. Também se destacam a Polónia, a França, a Holanda, o Reino Unido e a Alemanha.


Em 2017, as importações também aumentaram, até aos 853 milhões de euros, mais 11% do que em 2016, exercício no qual cresceram 22%. Relativamente à produção global portuguesa de frutas e produtos hortícolas, esta gerou um crescimento de cerca de 1,6%, situando-se em cerca de 2.250 milhões de euros.

A estrutura de oferta neste setor em Portugal integra cerca de 18.300 empresas.

Governo lamenta morte de Fernando Lobo Guedes



O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, lamentou, esta quinta-feira, a morte do presidente da empresa vinícola Sogrape, Fernando Lobo Guedes, que considerou ser uma "grande perda para o país e para um setor da maior relevância".

Em comunicado, a tutela informa que "o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, enviou hoje uma nota de condolências à família de Fernando Guedes, lamentando o seu desaparecimento".

Citado na nota, Capoulas Santos considera "a sua partida uma enorme perda familiar, mas também uma grande perda para o país e para um setor da maior relevância económica e social, através do qual deu um contributo inestimável para a promoção da imagem de Portugal no exterior".

O presidente do Conselho de Administração da Sogrape e filho do fundador da empresa sediada em Avintes (Vila Nova de Gaia), Fernando Lobo Guedes, morreu na quarta-feira aos 87 anos, disse à agência Lusa fonte da empresa.

Nascido a 29 de dezembro de 1930 em Penafiel, Fernando Lobo Guedes ingressou na Sogrape (então Sociedade Comercial dos Vinhos de Mesa de Portugal, fundada pelo seu pai) em 1952, tendo exercido os cargos de diretor técnico de produção e, mais recentemente, de presidente do Conselho de Administração, função que mantinha.

Entre as várias distinções que o empresário recebeu está a condecoração, em 2017, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Grupo de trabalho sobre gestão florestal deve apresentar relatório até ao fim de julho


O Governo criou um grupo de trabalho para elaboração de propostas sobre gestão florestal que deverá apresentar um relatório até 31 de julho, de acordo com um diploma publicado hoje no Diário da República (DR).

O grupo de trabalho "tem como missão promover uma análise do enquadramento e apoios à valorização do território florestal e à gestão florestal ativa atualmente existentes, e à elaboração de propostas de medidas complementares à recente reforma florestal", é explicado no diploma.

O diploma prevê a apresentação de "um relatório de diagnóstico e propostas de medidas de atuação até 31 de julho de 2018".

"Em particular, o grupo de trabalho deverá proceder à elaboração de propostas que estabeleçam regras e critérios para dimensionamento dos prédios rústicos, de benefícios e incentivos fiscais ao investimento no setor florestal", salientou o Governo.

Entre as medidas deverão estar "a criação de um sistema de contribuição sobre a limpeza das florestas, com o objetivo de incentivar a gestão de carga de combustíveis nos terrenos florestais, e a aprovação de um programa para estímulo ao financiamento da floresta e de fomento à criação de organismos de investimento florestal coletivos, visando a mobilização de meios financeiros".

De acordo com o diploma, o grupo é constituído por dois representantes do Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro, um dos quais coordena, um representante do ministro das Finanças, um outro do ministro do Ambiente e dois do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

A escolha de uma formação superior


Fontainhas Fernandes
19 Junho 2018 às 00:00


Os jovens que pretendem frequentar a Universidade estão em fase de preparação dos exames nacionais e, em breve, terão de escolher o curso e a instituição onde irão obter formação superior. Os indicadores comprovam que os diplomados pelas universidades têm maior capacidade de inserção no mercado de trabalho, pelo que a empregabilidade tem vindo a ganhar maior relevância como critério de escolha.

Nos últimos anos, temos assistido a conhecidas mudanças e a novas tendências na escolha do curso. Vejamos o caso particular do setor agroalimentar, cuja procura de formação superior deverá aumentar nos próximos anos.

A agricultura era considerada uma atividade económica pouco relevante e sem futuro, fruto de políticas públicas erradas. No presente, o posicionamento é diferente e o setor agroalimentar e florestal tem revelado dinamismo, propulsor de novas tecnologias, estratégico e com futuro sustentável.

As projeções sobre o mercado de trabalho na União Europeia até 2025 confirmam também novas oportunidades de emprego em Portugal no setor da agricultura. Segundo os dados da FAO, a população mundial deverá atingir 8 biliões em 2025 e 9,6 biliões em 2050, o que irá exigir um aumento significativo da produção alimentar.

Por outro lado, Portugal traçou como meta atingir o equilíbrio da balança agroalimentar, em valor, o que exige aumentar a competitividade e a sustentabilidade do setor. O aumento das exportações portuguesas neste setor sugere que há mais produção, mais gente a trabalhar, a inovar, a acrescentar valor e, acima de tudo, tende a ser competitivo numa economia cada vez mais global e aberta.

O alcance desta ambição exige uma nova visão para a agricultura, com mais incorporação de conhecimento, recorrendo a tecnologias inovadoras, novos serviços de informação e a sistemas de decisão que recorram a tecnologias de comunicação. Indubitavelmente, esta agenda exige recursos humanos qualificados com competências em soluções tecnológicas, envolvendo a robótica, a imagem assistida por computador, a sensorização e a monitorização ambiental, na linha da chamada agricultura de precisão.

Em suma, a decisão de escolher uma formação superior obriga a uma reflexão prospetiva sobre as tendências do mercado de trabalho e os desafios da sociedade.

REITOR DA UTAD

Já há massa 100% nacional com cereais de Beringel, Brinches, Beja, Ferreira e Elvas


20.06.2018 às 10h48


Fernando Carpinteiro Albino, dos Cereais do Alentejo, Capoulas Santos, ministro da Agricultura e Rui Amorim de Sousa, presidente executivo da Cerealis, juntos no lançamento das massas 100% alentejanas, ontem à noite, em Lisboa

No ano em que a cultura de cereais atingiu o mínimo histórico, os produtores uniram-se e convenceram a indústria de que o que se faz em Portugal pode ser pouco, mas é de elevada qualidade. A marca Nacional, que já tem 165 anos, acreditou e fez massa com cereais do Alentejo

Está já no mercado a primeira marca de massas alimentícias 100% nacionais, feitas à base de cereais exclusivamente alentejanos.

Uma edição limitada da Nacional que foi buscar trigo duro especialmente selecionado às searas de Brinches, Beja, Beringel, Ferreira do Alentejo e Elvas.

Na verdade, os pacotes de massas linguine e gemelli, em que a Nacional colocou a sub-marca 'Alentejo', são o resultado de 20 de investigação e organização de produtores, em estreita colaboação com o Politécnico de Beja e com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

"Começámos a pensar nisto ainda durante o primeiro governo de Cavaco Silva. Estamos a falar dos anos oitenta. Mas a organização mais sistematizada deste trabalho começou há 20 anos. É verdade que os alentejanos são lentos, mas isto também era nada fácil, pois nós, os produtores de cereais, não temos o hábito de nos juntarmos para trabalhar", explica Fernando Carpinteiro Albino, promotor da marca Cereais do Alentejo.

UM PASSO EM FRENTE EM ANO DE QUEBRAS HISTÓRICAS
Este passo em frente, na ligação entre a produção e a indústria, surge num momento em que a produção de cereais em Portugal bateu no fundo. Os últimos números do Instituto Nacional de Estatística revelam que este é já o quinto ano consecutivo de diminuição da área semeada, prevendo-se que nesta campanha se atinja um mínimo histórico de 121 mil hectares, a menor área dos últimos cem anos (desde que existem registos sistemáticos).

"Mas o lançamento destas massas, com cereais alentejanos, podem ser o ponto de viragem. Este é um dia muito importante para a produção", enfatizou ainda Carpinteiro Albino, no evento ontem realizado ao final da tarde no Convento do Beato, em Lisboa.

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, também marcou presença para lembrar que está para breve a aprovação da Estratégia Nacional para os Cereais, em Conselho de Ministros. Um documento que não é mais que a cobertura institucional e política a um dos sectores que tem vindo a perder relevância no panorama agrícola nacional.

Carpinteiro Albino lembrou ao ministro que a adesão de Portugal à União Europeia (na altura ainda CEE) teve efeitos muito maus nos cereais. "Aliás, até a última reforma da Política Agrícola Comum (PAC) foi altamente prejudicial para nós".

É 'REVOLTANTE' TER DE IMPORTAR PÃO
O representante da marca Cereais do Alentejo – que é também um dos maiores produtores nacionais – lamenta que "isto de viver num país que tem de andar a importar pão e massas revolta-me profundamente, mas isto a que agora estamos a assistir é um sinal de esperança".

Rui Amorim de Sousa, presidente executivo da Cerealis – empresa que detém a marca Nacional – disse que há uma recetividade extraordinária do mercado e dos clientes a este novo produto 100% alentejano. Lembra que "a cadeia de distribuição reconheceu o simbolismo e o valor acrescentado, garantindo assim a presença destas duas variedades de massas Nacional Alentejo na maioria das lojas do retalho alimentar em Portugal".

CEREALIS VENDE ALIMENTOS NOS CINCO CONTINENTES
O mesmo responsável acrescenta ainda que, "ninguém melhor do que a Nacional poderia dar corpo a este ambicioso e simbólico projeto. Uma marca Portuguesa com uma longa e riquíssima história que, uma vez mais, promove o que de melhor se faz no nosso país."

A Cerealis tem um volume de negócios anual da ordem dos 200 milhões de euros. Processa 440 mil toneladas de cereais todos os anos, para fazer mais de 160 produtos que distribui por 3000 clientes nos cinco continentes. Aliás, 25% da sua produção segue para o estrangeiro. Emprega 700 pessoas em cinco unidades de produção. A empresa não só transforma como, depois, comercializa os seus produtos alimentares à base de cereais.

Neste momento, e ainda segundo o seu presidente, a Cerealis tem em curso um investimento na República Checa que, assegura, "pode ser o embrião da nossa estratégia de internacionalização em termos de atividade transformadora".

Pinhal de Leiria vai ter mais 35 assistentes operacionais



Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas

Foto: Rui Manuel Ferreira / Global Imagens


19 Junho 2018 às 00:02

O Pinhal de Leiria, grande parte destruído pelos incêndios de outubro de 2017, vai ter mais 35 assistentes operacionais, disse, esta segunda-feira, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas.

"Abrimos já concurso para mais 35 assistentes operacionais para o Pinhal de Leiria. Significa um primeiro grande sinal de que vamos ter cá mais gente para trabalhar", declarou à agência Lusa Miguel Freitas, após uma reunião do Observatório Local do Pinhal do Rei e da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais, na Marinha Grande, distrito de Leiria.

Atualmente, o Pinhal de Leiria tem cerca de dez operacionais.

Reiterando que "as matas nacionais são uma prioridade do Governo", daí o reforço dos recursos humanos, o secretário de Estado reafirmou que "a receita que virá da venda da madeira" destas matas "será para ser aplicada nas matas públicas", ao referir-se ao financiamento.

"É esse o compromisso que foi assumido pelo Governo, é esse o compromisso que nós esperamos vir a cumprir", garantiu.

Sobre a reunião, Miguel Freitas destacou que esta abriu "um canal entre comissão científica e a população local", admitindo que esta "está com uma forte expectativa no trabalho que está a ser desenvolvido".

Segundo Miguel Freitas, o Executivo tem procurado neste âmbito "três ideias-chave" para o que está a ser desenvolvido no Pinhal de Leiria, exemplificando com a transparência.

"Tudo aquilo o que é feito é do conhecimento público, vamos ter um site onde vamos divulgar toda a informação que está a ser produzida permanentemente", referiu, acrescentando o conhecimento como outra ideia.

Neste âmbito, referiu-se à comissão científica, cujo trabalho "credibiliza as soluções a executar".

"O terceiro elemento é a avaliação", explicou, precisando que a execução do plano "requer meios financeiros e humanos para os pôr em prática e uma avaliação permanente por parte do observatório local".

O acordo de cooperação para a criação da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais e o protocolo de criação do Observatório Local do Pinhal do Rei foram assinados em 22 de janeiro último, na presença do primeiro-ministro, António Costa.

O primeiro tem, entre outros objetivos, a recolha e sistematização da informação técnica e científica relativa à gestão das matas litorais, e a avaliação do procedimento atual de elaboração e implementação de Planos de Gestão Florestal e de estabilização de emergência, reabilitação e recuperação de longo prazo, apresentando propostas para o seu melhoramento.

Já o observatório visa, por exemplo, avaliar o plano de recuperação do Pinhal do Rei ou apresentar propostas de ordenamento para usos, atividades e serviços que possam ser nesta mata.

O Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria ou Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro bravo.

Nos incêndios de outubro de 2017 ardeu 80 por cento da sua área.

Gestor dos Cereais do Alentejo queixa-se. “Para fazer um ‘penico’ é preciso um estudo de impacto ambiental”


20.06.2018 às 15h54
 
ALBERTO FRIAS

"O ano até acabou por ser de chuva, mas o problema da falta de água é estrutural". Se nada for feito, vamos ter repetidamente problemas na agricultura. O gestor da marca Cereais do Alentejo, Fernando Carpinteiro Albino, deixa o alerta e diz que a burocracia esgota a paciência

Já se pode considerar 2018 como um ano de chuva mas, na verdade, continua a haver falta de água em algumas zonas do país – nomeadamente na região de Beja e Elvas - e Fernando Carpinteiro Albino, gestor da marca Cereais do Alentejo, diz que não se pode dormir sobre o assunto, pois é demasiado grave para ser ignorado.

"Precisamos de mais água nas barragens e de construir mais, muitas mais, pequenas barragens e charcas. Caso contrário vamos ser confrontados com graves problemas para a produção de alimentos", sublinha aquele gestor, que é também um dos maiores produtores de cereais do país, com mais de 1000 hectares cultivados.

ASSIM "NÃO VAMOS A LADO NENHUM"
O problema, porém, segundo o mesmo responsável, é que, "para se fazer um 'penico' é preciso um estudo de impacto ambiental e, senhor ministro, não há paciência para isto. Esta espécie de burocracia arrogante ou ignorante tem de acabar, pois assim não vamos a lado nenhum".

O gestor e empresário Carpinteiro Albino falava ontem ao início da noite, em Lisboa, perante uma plateia onde estava Capoulas Santos, ministro da Agricultura – num evento dedicado ao lançamento de massas alimentícias 100% nacionais, à base de cereais alentejanos.

"Eu sei que esta mensagem é mais para o seu colega do Ambiente mas, como não está aqui, por favor transmita-lhe o recado", pede o responsável da marca Cereais do Alentejo.

MINISTRO DIZ QUE OS JIPES COMPRADOS COM SUBSÍDIOS FORAM 'UM MITO'
Capoulas Santos ouviu, acenou que sim com a cabeça, e depois subiu ao palanque para discursar. Elogiou a atitude de luta e persistência dos produtores de cereais alentejanos, destacou a importância do produto 100% nacional que ali estava a ser lançado mas, sobre a questão da burocracia, nem uma palavra. Falou de água na agricultura, mas para dizer que vai continuar a haver apoios ao regadio – e que vêm aí mais de 500 milhões de euros para o efeito.

O ministro infletiu depois o discurso no sentido do que está a correr bem na agricultura em Portugal, que agora conhece níveis de investimento nunca vistos, com os pedidos de acesso aos fundos comunitários a ultrapassarem largamente as verbas disponíveis.

Regou abundantemente de números as frases que lhe foram saindo de forma solta mas enfática e recordou que, afinal, "o mito dos jipes que se compravam com os fundos comunitários e de que os apoios eram mal aplicados" não colhe. É que, "tendo em conta o que hoje se está a passar na agricultura – a crescer mais que o resto da economia – então é porque os fundos foram bem aplicados em Portugal".

Morreu Fernando Guedes, o histórico líder da Sogrape


20/6/2018, 19:381.419
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Começou como aprendiz de tanoeiro e ascendeu a presidente de uma das maiores empresas portuguesas de vinhos. Fernando Guedes faleceu esta manhã. Tinha 87 anos.

Fernando Guedes, um dos homens responsáveis pelo sucesso da Sogrape, morreu esta quarta-feira de manhã, aos 87 anos.

Fernando Guedes era o mais velho dos sete filhos de Fernando van Zeller Guedes e de D. Maria Amália Cabral Lopo de Vasconcelos van Zeller Guedes. Nasceu a 29 de dezembro de 1930, na Quinta da Aveleda, na região dos vinhos Verdes. O nascimento, segundo disse à Notícias Magazine em 2012, ter-se-á precipitado depois de a mãe ver "um ratito". Do susto veio um filho que, anos mais tarde, até viria a passar pela Faculdade de Economia de Lisboa. Longe dos números, foi no vinho que encontrou uma profissão e uma carreira para a vida.


A entrada na Sogrape acontece em 1952, já a empresa era conhecida por produzir o famoso vinho Mateus Rosé. O futuro presidente começou como aprendiz de tanoeiro. Lavava, apertava e pintava barris, tal era a vontade do pai. Um ano depois rumava para territórios franceses para tirar o curso de Enologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Dijon. Regressado, em 1956, assumia a direção técnica da empresa — coube-lhe a responsabilidade sobre novas tecnologias, compra de vinhos e desenvolvimento de infra-estruturas, incluindo a construção e o equipamento de novas adegas. "O curso em Dijon rasgou-me perspetivas", recordou em vida, para depois assegurar que fora com a ajuda do pai, juntamente com "alguns homens extraordinários", que aprendera a servir a empresa. Os elogios ao pai, fundador da empresa que Fernando serviu durante toda a vida, eram constantes. Repetidos com orgulho.



Fernando Guedes reformou-se aos 70 anos, tranquilo com a decisão de pôr o futuro da empresa nas mãos dos filhos — Salvador, Manuel Pedro e Fernando, atual CEO do grupo. Achou, então, que os filhos estavam à altura do desafio e melhor preparados tecnicamente. Uma década depois, somando 80 anos no BI e oficialmente afastado da empresa, fazia por manter a rotina de trabalho e, todos os dias pela manhã, marcava presença no escritório. As visitas às quintas e às adegas da empresa mantinham-se regulares, não só aquelas em território nacional, mas também as que ajudou a construir e a equipar no Chile e na Argentina. Fernando Guedes gostava de estar "por dentro das coisas", como ressalva uma nota biográfica enviada pela Sogrape à redação — empresa que não fará qualquer comunicado.

Em vida foi colecionador de títulos — em 2010, foi eleito "Produtor Europeu do Ano" pela revista norte-americana Wine Enthusiast; mais recentemente, foi considerado o "Sr. Vinho" pela revista Grandes Escolhas e recebeu o "Prémio Homenagem" da Revista de Vinhos. A Associação Empresarial de Portugal, que já lamentou a morte de Guedes, descreve-o como "um dos maiores empresários portugueses das últimas décadas".

Além do percurso já descrito, Fernando Guedes foi um dos três primeiros enólogos portugueses diplomado. Diploma esse que o permitiu, nas décadas de 60 e 70, contribuir para o crescimento "exponencial" das vendas em todo o mundo do Mateus Rosé. Foi o sucesso comercial deste vinho diferente, por vezes criticado, que permitiu à empresa liberdade financeira para criar e adquirir outros rótulos — incluindo o duriense Barca Velha, tido como o vinho português mais caro (valor que varia consoante o ano de colheita).



A revista Grande Escolhas, dedicada em exclusivo ao universo do vinho, assegura que Fernando Guedes, que assumiu a presidência da Sogrape em 1987, é um dos arquitetos daquela que é uma das maiores empresas de vinhos no país. Entre os muitos rótulos que facilmente se identificam no vasto espólio da empresa está o Legado, que resulta precisamente do desafio que o próprio incutiu à equipa de enologia em 2008. O vinho nascido nos socalcos do Douro — cuja colheita mais recente data de 2013 — pretende simbolizar a obra que o pai de Fernando Guedes, o fundador da Sogrape, iniciou em 1942. "Este vinho retrata tudo aquilo que aprendi e recebi de meu Pai", reforçou em tempos.

Ministério da Agricultura avalia estragos do granizo que caiu quarta-feira no norte


21/6/2018, 6:55

A queda de granizo nos concelhos de Lamego, Armamar e Resende provocou vários estragos na quarta-feira, pelo que o Ministério da Agricultura enviou técnicos para o terreno por forma a avaliar os danos

O Ministério da Agricultura anunciou que está a avaliar os estragos provocados pela queda de granizo na quarta-feira em vários concelhos da região norte. Vila Real, Armamar, Lamego e Resende são os locais onde os técnicos do ministério já estão no terreno, lê-se num comunicado da tutela, enviado à agência Lusa.

O Ministério acrescenta que "a queda de granizo e chuva são riscos cobertos pelos seguros agrícolas, que o Estado financia a 60%, o que significa que há mais de 11 milhões de euros para esses estragos".


Uma "precipitação anormal, sob a forma de granizo de grande calibre", registada às 15h00 de quarta-feira, provocou perto de 50 ocorrências no concelho de Lamego, metade das quais já estavam resolvidas às 17h45, anunciou a autarquia.

Segundo a mesma fonte, esta situação provocou "diversas inundações e infiltrações pelos telhados das habitações, bem como a queda de árvores e cortes de abastecimento elétrico". Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu, além de Lamego, foram também afetados pelo mau tempo os concelhos de Armamar e Resende.

Só os Estados-membros podem resolver cortes no orçamento da UE para a agricultura


O comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, disse este sábado que só os Estados-membros podem aligeirar os cortes previstos nas verbas para o segundo pilar da política agrícola comum no próximo orçamento da União Europeia (2021-2027).
Só os Estados-membros podem resolver cortes no orçamento da UE para a agricultura
Miguel Baltazar

16 de junho de 2018 às 18:51

A saída do Reino Unido deixa um "buraco" de 12 mil milhões de euros no orçamento da União Europeia que afecta as verbas para a agricultura, sendo Portugal abrangido com cortes no segundo pilar da política agrícola comum (PAC), que apoia o desenvolvimento rural em co-financiamento.

Para o comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, há agora três hipóteses e todas dependem dos Estados-membros.

A primeira passa por "um reforço das transferências nacionais para o orçamento, sendo a agricultura um dos sectores que podem beneficiar com isso", mas o responsável lembrou que há seis países que se recusam a pagar mais.

As outras duas hipóteses levantadas por Hogan são o reforço, também pelos Estados-membros, das verbas para o segundo pilar ou ainda a transferência de verbas do primeiro pilar (os pagamentos directos aos agricultores) para o segundo (desenvolvimento regional).

"A nossa preocupação foi manter as verbas para Portugal no primeiro pilar, o dos pagamentos directos aos agricultores, que não terá cortes", adiantou, falando aos jornalistas na inauguração da sexta edição do evento "O melhor de Portugal", organizado em Bruxelas pela Confederação dos Agricultores de Portugal, com o apoio do eurodeputado Nuno Melo (CDS-PP).

 "Há seis anos, nas melhores e nas piores alturas, que por dois dias Bruxelas vê o que de melhor há em Portugal", acrescentou Hogan, referindo-se ao evento que reúne hoje e domingo cerca de 60 empresas do sector agro-alimentar.

No dia 1, a Comissão Europeia propôs uma verba de cerca de 7,6 mil milhões de euros no quadro financeiro plurianual (QFP) 2021-2027, a preços correntes, abaixo dos 8,1 mil milhões do orçamento anterior, com uma ligeira subida nos pagamentos directos e cortes no desenvolvimento rural.

A preços correntes, para o QFP 2021-2027, está prevista uma verba de 4,2 mil milhões de euros no primeiro pilar e de 3,4 mil milhões no segundo.

No arranque da PAC 2014-2020, Portugal recebeu 4,1 mil milhões de euros no âmbito do primeiro pilar e 4,082 mil milhões no segundo pilar.

terça-feira, 19 de junho de 2018

PAC. Alemanha apoia países que exigem mais dinheiro para a agricultura


18.06.2018 às 19h08


 
Julia Klöckner, ministra alemã da Agricultura, considera que o orçamento da Política Agrícola Comum (até 2027) está aquém das necessidades. Um apoio de peso aos países que exigem um reforço das verbas propostas por Bruxelas

ADAM BERRY

Portugal pode perder 500 milhões de euros no financiamento da Política Agrícola Comum até 2027. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, formou um grupo de pressão para exigir mais dinheiro a Bruxelas e hoje ganhou uma aliada de peso: a sua colega alemã Julia Klöckner

A Alemanha considera que o orçamento da Política Agrícola Comum (PAC) está aquém das necessidades. O Expresso sabe que Julia Klöckner, ministra da Agricultura alemã, está solidária com o grupo de países que hoje se juntaram no Luxemburgo para fazer pressão sobre a Comissão, quanto às verbas a atribuir ao sector, para o período 2021/2027.

No que diz respeito a Portugal, Bruxelas propõe-se efetuar cortes nos apoios que implicam uma perda de 500 milhões de euros, face ao Quadro Comunitário ainda em vigor. Ou seja €7,6 mil milhões contra €8,1 mil milhões, com uma ligeira subida nos pagamentos diretos aos agricultores mas incluindo cortes nos subsídios ao investimento.

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, disse ao Expresso que ainda decorre no Luxemburgo (em conselho de ministros da Agricultura) a discussão de um documento que hoje foi apresentado por um conjunto de 15 Estados-membros, incluindo Portugal, em que é exigido uma maior dotação orçamental para o sector.

ALEMANHA DEFENDE "POSIÇÃO MAIS CONSTRUTIVA"
O ministro português insiste que é necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre os países que são contribuintes líquidos e os beneficiários líquidos – da PAC – que seja satisfatório para todos.

Explica que o grupo de 15 países (que arrancou com Portugal, Espanha e França) ganhou hoje mais cinco aliados e, para além destes, contou hoje com o apoio de peso da Alemanha, com a ministra Julia Klöckner a assumir publicamente que é necessário mais dinheiro para a PAC.

Para além disso, a responsável alemã defende que é necessária uma "posição mais construtiva" nas negociações que agora decorrem entre os vários países e a Comissão Europeia.

Recorde-se que até maio de 2019 – altura das eleições para o Parlamento Europeu - terão de ficar fechadas as negociações no que respeita ao próximo orçamento da Política Agrícola Comum (PAC).

Segue-se mais um ano de negociação das regras de aplicação da PAC, "que irão ser decisivas", nota Capoulas Santos. O ministro admite que ao longo de todo o período negocial vai ter de haver cedências de parte a parte, mas com a certeza de que, a longo prazo, os apoios serão encaminhados para os agricultores "cada vez mais para os serviços ambientais que acabam por prestar à comunidade em geral".

Internamente, o Governo tem sido acusado por quase todos os partidos da oposição de estar a ter uma posição frouxa na negociação das verbas da PAC com Bruxelas.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Incêndios: Cristas critica tratamento diferenciado de setor agroindustrial


A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, lamentou hoje que o setor agroindustrial pague impostos como se fosse indústria, mas receba os mesmos apoios da agricultura, concretamente no que respeita à reconstrução após os incêndios do ano passado.

Assunção Cristas visitou hoje duas empresas da zona industrial de Oliveira de Frades que foram afetadas pelos incêndios florestais de outubro, nomeadamente a Sopil - Sociedade Produtora de Pintos SA e a Revilaf - Construção Civil e Revestimentos, Lda.

"Não é compreensível o tratamento diferenciado entre uma empresa do setor da construção, que tem um apoio de 85%, e uma empresa do setor primário, da produção de galinhas, que só tem um apoio de 50%", afirmou aos jornalistas.

A líder do CDS-PP considerou que a situação ainda é pior quando se sabe que a Sopil "paga o mesmo tipo de IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] que os outros pavilhões industriais".

"Para uns casos, este setor paga como se fosse indústria, para outros, para ter apoios do Estado, já vale como agricultura, e aqui por opção exclusiva deste Governo, porque poderia ter aprovado outro tipo de apoios", criticou.

As chamas destruíram seis pavilhões da Sopil, tendo já sido recuperados dois deles.

Assunção Cristas frisou que "as pessoas perderam tudo com os incêndios" e "tiveram que começar a reconstruir com os seus recursos e com algum dinheiro que tinham de seguros".

"O Governo, quando tem oportunidade de apoiar mais, escolhe não apoiar e nós achamos que isso é inadmissível", lamentou, lembrando que o CDS-PP levou esta questão da desigualdade de apoios ao Parlamento, mas que a recomendação que foi aprovada "não foi seguida pelo Ministério da Agricultura".

Nas visitas que tem feito às áreas ardidas, a líder do CDS-PP tem constatado que "há muita reconstrução em marcha, nomeadamente na área industrial, há muitas coisas que poderiam andar mais rápido se os apoios também viessem mais rápido e há outras questões que são de grande injustiça, como esta de tratar de maneira diferente o setor primário, a produção de aves".

Assunção Cristas lembrou que esta atividade foi a base do tecido produtivo da região "e que permitiu que outro tipo de atividade económica se desenvolvesse", lamentando que, neste momento, esteja "a ser tão pouco acarinhada" pelo Governo.