quarta-feira, 22 de maio de 2019

Ministra da agricultura da Áustria alerta para desafio que pede beijos a vacas


Iniciativa partiu de uma aplicação suíça com o objetivo de angariar fundos para a caridade

2019-05-16 20:07 / AG

A ministra da agricultura da Áustria, Elisabeth Kostinger, condenou, nesta quinta-feira, o desafio lançado por uma aplicação na Suíça, que incita pessoas a beijarem vacas. O desafio lançado na quarta-feira insere-se numa ação de angariação de fundos para a caridade.

A responsável do governo austríaco avisa que este tipo de ações "pode trazer graves consequências", apontando a possível agressividade das vacas e as potenciais doenças dos animais.

A aplicação Castl pede a todos os utilizadores que beijem as vacas, "com ou sem língua".

A ministra é apoiada pela federação de agricultura da Áustria, que, inclusivamente, alertou para "o fim dos pastos" austríacos, se o desafio continuar.

O governo da Áustria já publicou regras de conduta para as pessoas que passem nas zonas montanhosas, que têm bastante gado.

Simplesmente não percebo", disse a ministra da agricultura da Áustria

 
 Kostinger relembrou que os pastos "não são um jardim zoológico", avisando que as vacas que tenham crias podem tornar-se bastante agressivas para os proteger.

Ao jornal Kurier um veterinário diz que esta prática "coloca em risco a pessoa e o animal".

Rangel defende veto a cortes nos fundos europeus


16.05.2019 às 15h34
 
Paulo Rangel campanha europeias Sernancelhe

RUI DUARTE SILVA

Não o disse quando discursou, mas quando foi abordado por um senhor que tocava concertina e o questionava sobre fundos europeus. "Connosco não haverá cortes no fundo de coesão, isso não vai haver. Porque nós exerceremos o veto se for caso disso"
Mariana Lima Cunha
MARIANA LIMA CUNHA
A notícia surgiu de forma, no mínimo, inesperada. Já Paulo Rangel tinha discursado num almoço em Sernancelhe, já tinha falado de fundos europeus e já se preparava para passar ao porco no espeto quando foi abordado por um homem que tocava concertina. Às perguntas deste sobre fundos europeus, feitas em forma de rima, respondeu com uma novidade: com o PSD, não haverá cortes nestes fundos porque o partido exercerá o direito de veto se for preciso - caso vença as eleições e forme Governo depois de outubro. Aliás, Marisa Matias defendeu exatamente o mesmo em entrevista ao Expresso: "Se se mantiver esta tendência, o Governo português não terá outra opção a não ser vetar o orçamento europeu", disse em fevereiro.

Paulo Rangel tinha acabado de fazer um discurso em que os fundos europeus foram, precisamente, o foco principal.O eurodeputado candidato à reeleição dizia que "85% do investimento público" em Portugal é europeu e acusava: "Este Governo, pela mão do cabeça de lista, aceitou, está a dizer que é um bom tratado, que Portugal perca 7% dos fundos de coesão, 1600 milhões de euros". No entanto, essa é a proposta da Comissão Europeia e o acordo ainda não está fechado.

E prosseguiu, dirigindo-se ao público que o ouvia: "Muitos [de vocês] têm as vidas ligadas à agricultura. Mas os agricultores portugueses vão perder, nos pagamentos diretos, 10% - 500 milhões de euros. Nas ajudas do segundo pilar, para o desenvolvimento rural, a perda éde 1200 milhões, 25%. Isto faz uma perda de 1700 milhões na agricultura". Conclusão? É preciso "castigar, penalizar, censurar o PS, que não tem dó nem piedade com o interior e a agricultura. São vocês os primeiros prejudicados com as negociações que foram feitas em Bruxelas e nós nunca vamos aceitar isso".

O social-democrata disse que nunca aceitaria, mas não concretizou. No entanto, logo a seguir, foi abordado pelo homem que tocava concertina e improvisava rimas sobre fundos europeus: "Quero-lhe fazer uma pergunta/o que nos pode trazer/ Não leve a mal/ eu digo isto a cantar/mas é com honestidade que lhe estou a perguntar". Rangel esclareceu que não responderia a cantar ("estou rouco"), mas completou: "Há uma coisa que posso garantir: connosco não haverá cortes no fundo de coesão, isso não vai haver. Porque nós exerceremos o veto se for caso disso".

Governo instala em Elvas laboratório de combate aos efeitos das alterações climáticas

15/5/2019, 9:40

Um laboratório corporativo vai ser instalado em Elvas de forma a encontrar soluções "para uma agricultura sustentável, mais amiga do ambiente e mais capaz de responder aos desafios".

Por outro lado, esta iniciativa vai contribuir para a "fixação de quadros de elevada competência" no interior
NUNO VEIGA/LUSA

O Governo, em parceria com instituições científicas, empresas e associações agrícolas, vai instalar, em Elvas, distrito de Portalegre, um laboratório corporativo que visa desenvolver soluções para uma agricultura capaz de responder a desafios provocados pelas alterações climáticas.

"A iniciativa envolve vários parceiros como […] um conjunto de instituições do mundo científico, empresarial e associativo agrícola que vão, em conjunto, cooperar. O espaço físico é na estação nacional de melhoramento de plantas, [em Elvas], onde vão ser investidos 2,4 milhões de euros em termos de equipamento e melhoramento de instalações, a que se associará a contratação de um conjunto de cientistas", afirmou o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, em declarações à Lusa.

A iniciativa é da responsabilidade do Ministério da Ciência, sendo o Ministério da Agricultura um dos parceiros envolvidos no projeto.

De acordo com o governante, o objetivo da instalação deste laboratório passa por juntar todos os intervenientes para que "sejam equacionados problemas e, a partir dessa equação, lançados projetos que deem resposta a cada um deles".


Trata-se de encontrar soluções "para uma agricultura sustentável, mais amiga do ambiente e mais capaz de responder aos desafios", explicou.

Por outro lado, esta iniciativa vai contribuir para a "fixação de quadros de elevada competência" no interior.

"Nós estamos confrontados com uma realidade incontornável que são as alterações climáticas, cujas consequências começam a ser percecionadas e para as quais a ciência tem que encontrar respostas", notou Capoulas Santos.

Nesse sentido, é necessário "encontrar variedades de plantas que consumam menos água, que sejam mais resilientes às doenças […] e encontrar instrumentos que nos permitam combater pragas e doenças sem ser pelas formas convencionais, pela utilização de pesticidas e agroquímicos", defendeu.

O responsável pela pasta da Agricultura assegurou ainda que o laboratório está "numa fase avançada" e que está agora em construção a agenda de investigação, no âmbito da qual serão contratados os cientistas.

"Gostaria de demonstrar o meu apreço por todos aqueles que trabalham na estação de melhoramento de Elvas e por todos os agricultores que têm, ao longo dos anos, contribuído para que vamos paulatinamente encontrando soluções que nos permitam responder aos grandes desafios com que o setor agrícola se defronta e que têm permitido que a agricultura portuguesa seja hoje o setor que cresce acima do resto da economia", concluiu.

Nuno Banza é o novo presidente do ICNF

21-05-2019

O até aqui inspetor-geral do Ambiente assumiu esta terça-feira o novo cargo à frente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, substituindo Rogério Rodrigues

Nuno Banza, que ocupava o cargo de Inspetor-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT) desde maio de 2014, assumiu esta terça-feira a presidência do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, apurou o Expresso. O engenheiro do Ambiente, doutorando em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, substitui o engenheiro florestal Rogério Rodrigues.

No novo conselho diretivo do ICNF — que passou a instituto de regime especial com a lei orgânica publicada a 29 de março — mantêm-se Paulo Salsa (gestor) como vice-presidente e Nuno Sequeira (engenheiro florestal fica com a área dos incêndios rurais), Sandra Sarmento (arquiteta paisagista, fica com a região Norte) e Rui Pombo (engenheiro florestal, passa a tutelar a região de Lisboa e Vale do Tejo). A estes vogais regionais juntam-se Teresa Fidélis (doutorada em ciências do Ambiente que fica com o Centro), Olga Martins (especialista em recursos hídricos que fica com o Alentejo) e Castelão Rodrigues (engenheiro zootécnico que passa a tutelar o Algarve).

Ao que o Expresso apurou, a nova orgânica "aposta na desconcentração territorial, com o reforço das direções regionais e uma aposta na cogestão das áreas protegidas em articulação com as autarquias e outras entidades locais ou regionais, assim como novas atribuições de combate aos incêndios rurais, consignadas no sistema de gestão integrada de fogos rurais (SGIFR)".

Recorde-se que durante a presidência de Rogério Rodrigues, o ICNF foi multado pela Guarda Nacional Republicana (GNR) por ter falhado os prazos de limpeza da Mata Nacional de Leiria e as respetivas faixas de proteção rodoviária em 2018. O ICNF foi então alvo de várias contraordenações por ter violado as normas do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios.

De alicate na mão, Melo e Cristas defendem Erasmus para agricultores

16.05.2019 às 18h53


NUNO VEIGA/LUSA

"Alentejo num dia" resume a passagem do CDS por Portalegre, Évora e Beja. Para falar de agricultura, a líder do partido encontrou-se com Nuno Melo nas vinhas das uvas sem grainha, na Herdade Vale da Rosa, onde há trabalhadores de oito nacionalidades. O maior problema, defendem, é o envelhecimento no sector agrícola - e para isso querem intercâmbio europeu de jovens agricultores

Cerca de 300 pessoas trabalham nas vinhas da Herdade de Vale da Rosa, em Ferreira do Alentejo. Têm em média 37 anos, a maioria é de nacionalidade portuguesa, mas também há quem venha do Nepal, Bangladesh e Tailândia, além de 40 lusovenezuelanos, que o proprietário da herdade quer que venham a ser 400. Foi com esses trabalhadores que Nuno Melo e Assunção Cristas se cruzaram nas vinhas, na tarde desta quinta-feira, onde andaram a cortar as pontas dos futuros cachos de uvas.

"É um trabalho de extrema delicadeza", concluiu Assunção Cristas, enquanto "mondava" as pontas dos cachos para que possam fortalecer. "E é um trabalho à sombra", acrescentou Nuno Melo, debaixo das vinhas tapadas por plásticos, enquanto guardava na mão as pontas dos cachos que ia cortando. "O senhor deputado compreende-nos bem porque também é agricultor", rematou António Silvestre Ferreira, comendador e proprietário da herdade que produz 8 mil toneladas de uvas por ano e exporta 30%.

Nuno Melo aproveitou a visita à herdade para plantar na campanha às Europeias o tema da agricultura, reforçado com a presença de Cristas, responsável por essa pasta no anterior Governo. "Na União Europeia, por cada agricultor com menos de 35 anos há nove agricultores com mais de 55 anos. Isto dá uma ideia do envelhecimento dos agricultores. Não está a haver renovação do ponto de vista geracional", explicou o cabeça de lista do CDS às Europeias.

"A agricultura não se renova porque os jovens não veem este como um sector apelativo. Mas pode ser estratégico." E é por isso que propõem um Erasmus para agricultores: uma espécie de intercâmbio de jovens agricultores europeus que possam estagiar em diferentes países. "Como temos o projeto 'Plástico Zero', criámos o 'Semente Europa'. Passaria a ser possível ter agricultores irlandeses, franceses, polacos ou espanhóis a estagiar aqui, como os universitários de Erasmus".

Sob as vinhas e quando questionado sobre que tipo de grainha tiraria desta campanha, Nuno Melo disse que seriam as 'fake news'. E aproveitou para voltar a criticar os 'fake rankings', como o ranking da influência dos deputados. "Quando não se avalia o trabalho, avalia-se a influência. Se fosse o trabalho, o CDS estava no início. E não sei o que é isso da influência. Só a simples circunstância de se ser socialista já dá mais pontos."

FIXAR OS LUSOVENEZUELANOS NO ALENTEJO
A mão de obra é uma das preocupações de António Silvestre Ferreira e isso também fez com que criasse uma fundação destinada a dar formação a futuros trabalhadores. "Não temos quadros de comando aqui, porque esta era uma região onde se achava que não se precisava de gente", apontou António Silvestre Ferreira. "Os trabalhadores que vêm da Ásia são fantásticos, só que acabam por não ficar um segundo ano. Já os lusovenezuelanos tentam fixar-se aqui e é bom trazê-los para o concelho, com as suas famílias, para fazer crescer a população. Como diz o presidente da câmara, Ferreira do Alentejo tem agora menos de metade dos habitantes que tinha em 1950."

Sobre a questão do regresso a Portugal dos emigrantes lusovenezuelanos, Assunção Cristas disse que o partido "tem estado mais atento à forma de os acolher". "Muitos pedem oportunidades para trabalhar. E é bom ver uma empresa com essa preocupação em particular."

Entre junho e novembro, na altura da colheita das uvas, o Vale da Rosa chega a ter mil trabalhadores. No caso dos que vêm de fora, é-lhes dado apoio no alojamento, nos contentores de casas localizados perto da herdade, e é-lhes pago o transporte entre a casa e o trabalho. Os operadores agrícolas ganham o salário base - que corresponde ao salário mínimo - a que são acrescentados os subsídios de férias e de almoço.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Aberto novo concurso ao programa de regadios com 60 ME de dotação


Lisboa, 13 mai 2019 (Lusa) -- O Governo anunciou hoje que está aberto um novo concurso ao programa de regadios, com uma dotação de 60 milhões de euros para financiar projetos no Algarve e Sudoeste Alentejano, Litoral Norte e Centro e Interior Norte e Centro.

Este montante junta-se aos 93 milhões de euros para financiar projetos situados no Alentejo, cujas candidaturas já estão abertas desde 02 de maio.

"Trata-se da segunda fase do PNRegadios [Programa Nacional de Regadios], financiada pelo Estado através dos empréstimos negociados com o Banco Europeu de Investimento (BEI) e com o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (CEB)", indicou, em comunicado, o Ministério da Agricultura.

Os projetos podem ser submetidos até ao final de maio e deverão ser titulados pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), pelas Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) ou por outros organismos da Administração Pública, como Câmaras Municipais, em parceria com a DGADR ou com as DRAP.


De acordo com o Governo, o nível de apoio a conceder, a fundo perdido, é de até 100% do valor de investimento, sendo limitado a 40% para as instalações de produção de energia hídrica ou fotovoltaica.

"Serão valorizadas as infraestruturas de armazenamento já construídas e operacionais que tenham, ou garantam, a implementação de um regime de caudais ecológicos", lê-se no documento.

Não há limite para o número de candidaturas apresentadas, isoladamente ou em parceria, por cada beneficiário, sendo o valor máximo de cada candidatura de 15 milhões de euros.

"São elegíveis despesas com estudos ligados à elaboração do projeto, expropriações e indemnizações decorrentes da implementação da obra e as obras de execução de projeto", avançou o ministério tutelado por Capoulas Santos.

O Programa Nacional de Regadios, cuja primeira fase está em execução, tem por objetivo mitigar os efeitos das alterações climáticas sobre a agricultura, "dotando o país de mais reservas de água e de melhores e mais eficientes sistemas de aproveitamento".

Este plano prevê ainda aumentar a produtividade e a competitividade da agricultura nacional, "contribuindo para o aumento das exportações e para a substituição de importações por produção nacional".

A primeira fase do PNRegadios deverá estar concluída até 2023 com a criação de 100 mil novos hectares de regadio, a que corresponde um investimento público de 560 milhões de euros e a criação de 10 mil novos postos de trabalho permanentes.

Ministros do G20 acordam liderar redução do desperdicio de alimentos

12.05.2019 09:25 por Lusa 11

Representantes da Agricultura também concordaram em intensificar os esforços para aumentar a produtividade através do uso de novas tecnologias, a fim de enfrentar a alimentação da crescente população mundial.

Os ministros da Agricultura dos países do G20 prometeram este domingo liderar a redução do desperdício de alimentos, no final de uma reunião de dois dias realizada na província de Niigata, no noroeste de Tóquio.

Numa declaração conjunta, os representantes da Agricultura também concordaram em intensificar os esforços para aumentar a produtividade através do uso de novas tecnologias, a fim de enfrentar a alimentação da crescente população mundial.


 Desperdício em Lisboa alimentou cerca de 6.500 famílias Desperdício em Lisboa alimentou cerca de 6.500 famílias
"Inovação e conhecimento são críticos para o crescimento sustentável da produtividade no setor agroalimentar", lê-se num comunicado divulgado pela agência de notícias japonesa Kyodo.

Os ministros e outros representantes que participaram nas negociações destacaram "o enorme potencial" das tecnologias inovadoras, como a robótica ou a inteligência artificial, como meios a aplicar no setor para atingir esses objetivos.

Os participantes da reunião também pediram colaboração para enfrentar os desafios globais, como a fome e o desenvolvimento da agricultura sustentável.

A reunião em Niigata, região conhecida pelo cultivo de arroz, foi a primeira reunião ministerial anterior à cimeira do G20, que ocorrerá entre 28 e 29 de junho em Osaka, no oeste do Japão.

A próxima reunião ministerial é a dos titulares das pastas das finanças e dos governadores dos bancos centrais, de 8 a 9 de junho.

O grupo dos países mais desenvolvidos e emergentes (G20) inclui Argentina, Austrália, Brasil, Reino Unido, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia e os Estados Unidos e a União Europeia.

A reunião da agricultura, que terminou hoje, contou com a participação de representantes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e de países não-membros, como Chile e Tailândia.

PAN quer mais apoios comunitários para agricultura tradicional


19 mai, 2019 - 15:10


O cabeça de lista do PAN às europeias visitou este domingo o mercado de agricultura tradicional de Alvor, em Portimão, para apresentar as medidas de política europeia que defendam e apoiem os pequenos produtores de agricultura familiar.

"Os agricultores estão muito desiludidos com os partidos tradicionais, que durante várias décadas dizem defender esta agricultura familiar, mas que não o fazem. Daí querermos debatermo-nos na Europa por medidas mais concretas de apoio a estes pequenos agricultores", disse aos jornalistas Francisco Guerreiro, candidato do PAN - partido Pessoas-Animais-Natureza.

O cabeça de lista do PAN às eleições europeias e André Silva, porta-voz do partido e deputado, percorreram as cerca de duas dezenas de postos de venda de produtos agrícolas biológicos instaladas na zona ribeirinha de Alvor, onde distribuíram documentos e apresentaram algumas das medidas europeias defendidas pelo partido.
O candidato explicou que o objetivo da visita ao mercado que se realiza todos os domingos na zona ribeirinha de Alvor, "tem ver a com a sua importância a nível de agricultura familiar e mostrar que o partido tem propostas concretas para apresentar à Europa".

"Queremos garantir que estes pequenos produtores, que beneficiam toda uma economia local, conseguem ter apoios comunitários para conseguir ter resiliência na sua atividade diária", sublinhou.

Segundo o candidato, a escolha de Alvor, no concelho de Portimão, no distrito de Faro, para a ação de campanha, pesou também por ser uma vila piscatória, "atividade económica que tem problemas que necessitam de resolução, nomeadamente ao nível da sobrepesca".

Francisco Guerreiro considera que "existe a incapacidade dos Estamos membros em chegarem a um acordo para terminarem com o problema da sobrepesca no espaço europeu", para o qual defende uma "resposta mais clara e concisa dos riscos do aumento de sobrepesca".

"Temos de ser audazes e perspicazes e falar diretamente com a comunidade piscatória e alertar para os perigos de ficarmos sem 'stocks' piscícolas. É importante que eles percebam que fazem parte da solução", destacou o candidato do PAN, defendendo mais apoio para os pescadores para que estes "consigam realmente viver no dia a dia sem ter de pescar".

O candidato aproveitou também a deslocação à vila de Alvor para falar de política ambiental, "mais concretamente de uma medida apresentada pelo partido, que é a possibilidade de recolha de resíduos plásticos do mar pelos pescadores".

"Queremos que haja apoio à comunidade piscatória para retirar artes de pesca e resíduos plásticos do mar e que os consigam encaminhar para um sistema de resíduos. Temos que trazer os pescadores para esta temática da poluição marítima e fazer com estes resíduos consigam vir para terra e incorporem na economia circular, porque há uma poluição muito generalizada nos oceanos", concluiu.

Por seu turno, André Silva, o deputado do PAN que acompanhou o cabeça de lista do partido às europeias, disse que as expectativas quanto a um resultado eleitoral "são boas, devido ao maior conhecimento do partido e ao reconhecimento do trabalho que tem sido feito".

"Temos sentido ao longo dos últimos dias, um maior reconhecimento do trabalho e também o facto de serem cada vez mais as pessoas que pensam como nós e que aderem às ideias que temos para passar, nomeadamente de um partido com sensibilidade ambiental na Europa ", destacou.

O mundo precisa de cem milhões de campos de futebol para a agricultura


16/5/2019, 16:20

Novo estudo avalia o que é preciso fazer para que a população mundial satisfaça necessidades de água e alimentos até 2050 de forma sustentável.

Como é que o mundo pode aliviar a pressão sobre a necessidade de água no futuro, se cerca de 70% da água doce a nível global é usada para culturas agrícolas irrigadas e se, segundo as Nações Unidas, a população mundial avança para os 9 mil milhões de habitantes até 2050? Um estudo publicado na revista Nature Sustainability avança com a solução.

"Para produzir a nossa alimentação de forma sustentável e respeitando as necessidades ambientais, será necessário expandir a área de terra utilizada para agricultura em 100 milhões de hectares – aproximadamente 100 milhões de estádios de futebol – até 2050", explica Amandine Pastor, autora do estudo e colaboradora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Em comunicado, o centro da Faculdade de Ciências diz que o estudo tem em conta as necessidades globais de alimentos e água até 2050, e a forma como estes recursos se relacionam entre si, e quantifica o efeito da proteção dos ecossistemas aquáticos nas captações de água, na produção global de alimentos e nos fluxos comerciais.

Os investigadores usaram "cenários de mudanças climáticas e cenários de mudanças socio-económicas desenvolvidos pela comunidade científica para o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas".

Amandine Pastor, que também integra o Instituto de Investigação para o Desenvolvimento, em França, entende que "será necessário reduzir as culturas intensivas em áreas secas, redistribuir a produção agrícola de alimentos em regiões abundantes em água" e aumentar o comércio internacional de alimentos.

"Os resultados do estudo indicam que será necessário um fluxo adicional de 10% a 20% de comércio desde regiões abundantes em água para regiões com escassez de água a fim de respeitar as regulações ambientais que asseguram a saúde dos ecossistemas", adianta. Os principais fluxos vão da América Latina para o Médio Oriente e China.

Apesar da crescente poluição e dos impactos das mudanças climáticas, Amandine Pastor acredita que será possível manter a segurança alimentar e os requisitos de conservação dos ecossistemas de água doce até 2050. Mas apenas se forem adotadas "práticas sustentáveis e inovadoras, como cultivar em zonas agro-climáticas apropriadas". Por exemplo, "plantar culturas menos intensivas em água em áreas secas -, desenvolver a agricultura urbana e vertical e reduzir o consumo de carne na dieta humana", conclui a investigadora.

“Irrigação gota a gota é chave na agricultura inteligente e é importante para melhorar o destino dos povos e das comunidades”


16.05.2019 às 18h04

 
Naty Barak, diretor de Sustentabilidade da Netafim, abre a série de artigos de opinião e mini-entrevistas, que publicaremos até à próxima segunda-feira, e antecipam o arranque do "Portugal Smart Cities Summit 2019", evento com 11 conferências divididas por três dias, 21 a 23 de maio, para discutir que "O Futuro Passa Aqui" quando falamos de cidades inteligentes. Naty Barak é um dos principais oradores do painel dedicado à "Água e Cidades do Futuro: construindo a realidade" e fala-nos do bom exemplo de Israel. Acompanhe o debate aqui no Expresso, parceiro do evento

NATY BARAK, DIRETOR DE SUSTENTABILIDADE DA NETAFIM

Em locais de escassez de água, o foco não é apenas na gestão do abastecimento de água, mas no uso eficiente dos recursos hídricos disponíveis. Uma vez que mais de 70% da água que consumimos em todo o mundo vai para a agricultura, e que haverá cerca de 11 mil milhões de bocas para alimentar até 2100, melhorar a eficiência de irrigação terá um impacto potencialmente significativo no uso global de água.

Os sistemas de irrigação gota a gota, desenvolvidos pela Netafim no deserto de Negev, em Israel, envolvem a focalização precisa de água e nutrientes para a planta e raiz. Isso evita que a água seja desperdiçada no resto do solo e otimiza as condições de humidade e ventilação, resultando numa maior produtividade e significativa poupança de água, energia e fertilizantes. Assim, a irrigação gota a gota é um componente chave na agricultura inteligente que é importante para melhorar o destino dos povos e das comunidades.

Em Israel, mais de 75% da agricultura irrigada utiliza a irrigação gota a gota. Quase 85% dos efluentes de Israel são reciclados, posteriormente purificados em bacias por oxidação aeróbia e anaeróbia e enviados para reservatórios de armazenamento para as necessidades agrícolas, melhorando a resistência contra a seca.

A irrigação gota a gota converteu o deserto israelita em terrenos agrícolas e está a fazer o mesmo um pouco por todo o mundo. Por exemplo, a irrigação gota a gota foi adotada para prevenir a seca/inundações na Califórnia, e para a prática de agricultura economicamente viável na Índia.

A integração da irrigação gota a gota nas tecnologias digitais agrícolas reforça ainda mais as vantagens sustentáveis deste sistema. A plataforma NetBeat da Netafim™ é um exemplo de tecnologias de 'agricultura inteligente'. Usando sensores em campo, o sistema recolhe em tempo real dados de colheitas e meteorológicos, analisa-os na nuvem utilizando modelos de colheita sofisticados e, em seguida, dá aos agricultores recomendações automatizadas que permitem otimizar as decisões de irrigação, fertirrigação e proteção das culturas. O resultado é uma melhoria da capacidade dos agricultores de produzirem mais, utilizando menos água e outros.

O EXEMPLO DE ISRAEL
60% de Israel é deserto. O resto é semiárido. A economia hídrica está sempre à beira da catástrofe. Nos últimos anos, as reservas de água de Israel têm caído abaixo de todas as linhas vermelhas e foram tomadas medidas drásticas de curto prazo: Taxação diferencial da seca e proibição de irrigação por outros meios que não a água residual reciclada. Israel adotou uma política coordenada para superar os desafios da escassez de água. Isto incluiu um enquadramento jurídico claro, uma gestão integrada da água, uma sociedade de poupança de água, Economia de água, Tecnologia e Inovação.

A irrigação gota a gota está dentro da Tecnologia & Inovação. Bem como a reutilização de águas residuais e a dessalinização.

Israel é líder em dessalinização da água do mar através da Osmose Inversa (OI). 80% da nossa água potável vem da dessalinização. O processo de dessalinização com utilização intensiva de energia usa bombas de pressão para empurrar a água do mar filtrada através de membranas delicadas, produzindo água doce e salmoura grossa. Para evitar o impacto ambiental negativo grave sobre a vida marinha, são construídas fábricas de dessalinização ao lado de centrais elétricas onde se adiciona lentamente a salmoura às águas de refrigeração da central, diluindo o efluente antes de o devolver à água do oceano. A dessalinização também tem um impacto económico: o consumo de energia para a dessalinização da água do mar, normalmente, opera de 3 a 4 kWh/m3. A maior fábrica de dessalinização do mundo, em Sorek, Israel, produz 150 Mm3/a a um custo de 0,52 dólares/m3.

RECICLAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS
60% da água de irrigação vem de águas residuais. Israel reutiliza 90% dos seus efluentes. As razões para a reciclagem são óbvias: Novos recursos hídricos limitados, alívio na procura de água potável, reduzir a poluição de rios e estuários e oferecer o fornecimento fiável de água à prova de seca. Existem obstáculos à reutilização de águas residuais, tais como o custo, a perceção do público, a falta de orientações regulamentares, mas não há aqui nenhum problema técnico, e as cidades precisam de fornecer uma solução para os seus efluentes.

A água é essencial para as smart cities, em diversos aspetos: parques e jardins, segurança alimentar e agricultura urbana, edifícios verdes, uso de água urbana. Em parques e jardins, utilizamos a irrigação. Acompanhamos e controlamos a humidade do solo e plantas, utilizando dados cloud-based. Em edifícios verdes recolhemos a água da chuva, tratamos a água, gerimos lagoas, telhados verdes e jardins de chuva. Monitorizamos e controlamos a nossa água potável, águas pluviais e águas residuais.

A agricultura urbana é uma resposta à crescente urbanização e responde à urgente questão da segurança alimentar. Quintais e hortas comunitárias, estufas - residenciais, comerciais ou comunitárias, jardins nos terraços, paredes verdes e quintas verticais.

Existe uma relação clara - comida - água - energia. As cidades inteligentes precisam seguir os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). É nosso dever fazer andar a economia circular. A tecnologia e a inovação são necessárias. A oferta de tecnologias climáticas inteligentes e disruptivas podem ser disseminadas para outras cidades.

Os ODS devem ser a nossa bússola. Eles ajudam-nos a construir a nossa estratégia e alcançar o nosso objetivo.