sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Jovens agricultores portugueses querem reforçar aposta na agricultura moçambicana


30/8/2017, 13:22
Uma associação de jovens agricultores portugueses quer continuar com parcerias com agricultores moçambicanos. A associação quer dar o "salto" que falta ao país para desenvolver este setor.


A Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) manifestou esta quarta-feira o desejo de consolidar a aposta em Moçambique, para ajudar o país africano a dar o "salto" que falta na agricultura, através de parcerias com os agricultores moçambicanos.

Falando durante o "Fórum Qualidade e Competitividade Agro-Alimentar", o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, afirmou que Portugal registou avanços no setor agrícola que podem ser colocados ao serviço de Moçambique, através de plataformas de cooperação eficazes. "A cooperação abre um campo em que é possível trazer mais tecnologia, promover mais formação profissional na agricultura e mais assistência técnica", afirmou Firmino Cordeiro.

A vocação da agricultura portuguesa para a exportação e os avanços na proteção da saúde animal e vegetal também são mais-valias que podem ser capitalizadas nas parcerias com os agricultores moçambicanos, assinalou o diretor-geral da AJAP. Firmino Cordeiro realçou que Moçambique terá de vencer obstáculos como as taxas de juro e a lentidão na burocracia, para se tornar mais atrativo ao investimento externo na agricultura.

Por seu turno, o secretário do Estado para a Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, afirmou que a agricultura é um dos setores que podem ajudar a cimentar a cooperação com Moçambique, devido ao grande potencial existente nos dois países. "Para vencer o défice que enfrentava na balança da agricultura, Portugal teve de olhar para o setor primário com uma atenção particular e é essa experiência que pode partilhar com Moçambique", declarou Eurico Brilhante Dias.

Eurico Brilhante Dias assinalou que Portugal está interessado num investimento que cria postos de trabalho para os moçambicanos, pois esta abordagem gera prosperidade e desenvolvimento.

Portugal não é um parceiro de ocasião para Moçambique, é um parceiro permanente e o investimento português tem sido o que mais postos de trabalho gera e são os postos de trabalho que melhoram as condições de vida da população", sublinhou o secretário de Estado da Internacionalização.

Elevado consumo de hidratos de carbono é pior para a saúde do que gordura

29/8/2017, 14:08671

Um estudo conclui que um elevado consumo de hidratos de carbono é pior para a saúde do que um elevado consumo de gorduras. A conclusão diz que não há ligação entre mais mortalidade com mais gorduras.

Os investigadores destacam que estes resultados são consistentes com vários estudos e ensaios clínicos conduzidos em países ocidentais nas últimas duas décadas
Antonio Cotrim/LUSA


Pessoas com dieta rica em hidratos de carbono correm maior risco de ter problemas de saúde do que as que consomem maiores níveis de gordura, revela um estudo apresentado esta terça-feira e que envolveu mais de 135 mil pessoas. A equipa de investigadores, liderada por uma universidade no Canadá, avaliou 135 mil pessoas de 18 países dos cinco continentes e os principais resultados são publicados hoje na revista científica The Lancet.

No estudo foram sendo questionados os hábitos alimentares das pessoas, que foram seguidas por uma média de sete anos e meio. Uma das conclusões mostra que uma dieta rica em hidratos de carbono (mais de 60% do total de energia consumida) está ligada a uma maior mortalidade, embora não surja relacionada com maior risco de doença cardiovascular. Quanto às gorduras alimentares, não foi associado um maior consumo a uma maior mortalidade nem a maior risco de ataques cardíacos ou morte por doenças cardiovasculares.

Os investigadores destacam que estes resultados são consistentes com vários estudos e ensaios clínicos conduzidos em países ocidentais nas últimas duas décadas. Segundo a principal autora do estudo, Mahshid Dehghan, uma diminuição de ingestão de gordura levou a um aumento do consumo de hidratos de carbono. Para a investigadora, as conclusões desta análise podem explicar porque é que certas populações que não consomem muita gordura mas que ingerem muitos hidratos têm maiores taxas de mortalidade.

Dehghan lembrou que durante décadas as diretrizes sobre hábitos alimentares foram no sentido de reduzir a gordura total para níveis abaixo de 30% da ingestão calórica diária, baseando-se na ideia de que reduzir a gordura deveria reduzir as doenças cardiovasculares. Contudo, não foi considerado como se substitui a gordura na dieta. No estudo, o menor risco de morte verificado foi nas pessoas que consomem três a quatro porções (um total de 375 a 500 gramas) de frutas, vegetais e leguminosas por dia.

Ou seja, uma dieta que inclua um consumo moderado de gordura e fruta e vegetais, evitando hidratos de carbono, está associada a um menor risco de mortalidade. A investigação revelou que a ingestão de frutas, vegetais e leguminosas é globalmente de entre três a quatro porções por dia, quando as atuais diretrizes recomendam um mínimo de cinco porções diárias.

Mas as frutas e vegetais são relativamente caros nalguns países, sobretudo nos menos desenvolvidos, e muitas das pessoas não conseguem alcançar os níveis de consumo recomendados. Na atual investigação, a ingestão de vegetais crus foi mais fortemente associada a menor risco de morte em comparação com o consumo de vegetais cozidos.

Marcelo vai participar em campanha "de apoio ao leite"



RUI FARINHA / LUSA
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Presidente da República anuncia iniciativa a começar em janeiro e afirma que o setor do leite é "prioritário" para Portugal

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o setor do leite é "prioritário" na economia portuguesa e anunciou que em janeiro vai participar numa "grande campanha" de apoio ao leite produzido em Portugal.

Marcelo Recebo de Sousa, que falava no final de uma longa visita à AgroSemana - Feira Agrícola do Norte que está a decorrer na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, disse que o setor do leite está "muito bem organizado", valorizando o facto de ter "resistido num período de crise que aconteceu por razões nomeadamente internacionais".

"Em janeiro vai entrar em vigor um novo diploma sobre a rotulagem que permite identificar o leite português e ao mesmo tempo eu próprio estarei a patrocinar uma grande campanha de apoio ao leite e ao leite produzido em Portugal. É muito importante para as crianças, jovens e para todos os setores da sociedade portuguesa", disse Marcelo Rebelo de Sousa.


O chefe de Estado chegou ao espaço cerca das 17:00, tendo sido recebido quer por autarcas locais, quer por responsáveis do setor agropecuário e leiteiro, com os quais esteve reunido cerca de 40 minutos acompanhado do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

Seguiu-se o descerramento de uma placa alusiva à visita e uma visita pelos pavilhões e 'stands' da feira, não tendo faltado tempo para as já habituais fotografias e beijinhos.

Quem mais prendeu as atenções do governante foram mesmo as crianças dos jardins-de-infância que visitavam a feira e ouviram-se elogios quando o Presidente da República sugeriu juntar o 'staff' da feira - "os trabalhadores que tornam isto possível", como referiu - para tirar uma fotografia.

Após vários brindes, a maioria com leite, e provas de petiscos, Marcelo Rebelo de Sousa parou para comprar um queijo que, ainda que a dona da banca quisesse oferecer, pagou retirando prontamente uma nota do bolso.

No final da visita Marcelo Rebelo de Sousa foi convidado a discursar tendo cumprimentado os produtores por estes, disse, "revelarem uma coragem e capacidade de olhar para o futuro notáveis e que merece a compreensão de todos os portugueses".

"A minha presença aqui, a presença do Presidente da República, tem esse significado. É um apoio e um apoio claro a um setor que todos consideramos fundamental, cá dentro e lá fora. É um setor que merece uma compreensão maior da parte de todas as portuguesas e portugueses", referiu.

O Presidente da República procurou frisar uma "mensagem positiva": "Houve anos de crise. Estamos a ultrapassar essa crise num setor que sofreu muito com o estreitamento dos mercados internacionais. Houve que repensar a produção, atualizar, montar novos esquemas de distribuição e tudo isso foi feito pelas mãos sobretudo dos produtores".

Sobre a iniciativa, o governante referiu que a "AgroSemana é o exemplo de acreditar no presente e apostar no futuro".

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Floresta: Capoulas Santos lembra críticas a sapadores hoje tidos como peça-chave da prevenção


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O ministro da Agricultura considera o lançamento de equipas de sapadores florestais a medida mais marcante da sua anterior presença no Governo e refere que, embora muito criticada na altura, hoje "todos" dizem ser peça-chave na prevenção dos incêndios.

Atual ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos já tinha ocupado esta pasta entre 1998 e 2002, num dos governos de António Guterres.

A medida foi avançada "comprometendo-me a financiar 50% do seu custo e atribuindo o resto do financiamento às organizações de produtores e às autarquias locais", explicou, em entrevista à agência Lusa.

"Hoje, todos consideram que os sapadores [são] a peça-chave da prevenção e todos reclamam o aumento das suas equipas", apontou.

O melhor do Diário de Notícias no seu email

Quando foi ministro pela primeira vez, os críticos à sua decisão "diziam que estava a querer criar uma força paralela de bombeiros, que [os] ia pôr em causa, se bem que sapadores florestais não tinham nada a ver com bombeiros", salientou.

Segundo Capoulas Santos, o problema dos incêndios florestais, no que ao Ministério da Agricultura dizia respeito, "só podia ser minimizado, já que suprimir os fogos florestais num país mediterrânico é impossível, com uma atitude preventiva".

No entanto, a preocupação com a prevenção esteve sempre presente e a noção de que "deveria envolver não só o ministério, a administração pública, mas também os agentes económicos e as autarquias locais", justificou a ideia de lançar os sapadores florestais.

O governo da altura entendeu também ser necessário apostar nas fileiras e no crescimento das áreas florestais.

"Penso que, nos últimos dois ou três séculos, foi o único período em que a área do montado aumentou em Portugal. Nessa altura, sustivemos o declínio do montado e invertemos a situação - o montado passou a crescer", um trabalho que Capoulas Santos indica como aspeto mais positivo.

Nos últimos 15 anos, "fui assistindo ao crescimento dos sobreiros", salientou o ministro, referindo-se a estes temas - a criação dos sapadores florestais e a aposta no montado -, como "as marcas" de que se pode orgulhar.

As dificuldades que encontrou quando chegou ao então chamado ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Capoulas Santos foram as mesmas que encontrou no atual Governo, mas "agora agravadas".

"Não só o fenómeno das alterações climáticas se acentuou, como se acentuou o êxodo rural, o chamado 'abandono da floresta'", explicou.

A mudança do clima, com subida da temperatura média do planeta, e, em algumas regiões, como o sul da Europa, a maior frequência de fenómenos extremos afeta praticamente todas as áreas da vida, e tem impacto direto na agricultura e nas florestas, não só pelas condições meteorológicas, mas também por tornar mais difícil a luta contra os incêndios, acrescentou.

A par das alterações climáticas e do abandono das terras, principalmente do interior do país, Capoulas Santos fala de uma questão que "já na altura se punha como premente": a elaboração do cadastro florestal.

O assunto, defendeu, está "praticamente na mesma", tanto no desconhecimento da propriedade como na capacidade de intervir, a que se acrescenta "a inexistência de quaisquer estímulos ou incentivos" que promovam a gestão da floresta.

"De facto, avançou-se muito pouco neste período e os problemas agravaram-se, fruto das circunstâncias decorrentes da evolução da sociedade e das alterações climáticas", resumiu o ministro da Agricultura do XIII Governo.

Capoulas Santos falou também da responsabilização no que respeita à gestão do espaço florestal, que é repartida nomeadamente entre proprietários, administração local, administração central e sistemas de fiscalização.

"Tudo tem uma lógica encadeada", referiu e questionou a forma de responsabilizar proprietários - "muitos dos quais não se conhece, e [entre] os que são conhecidos, uma boa parte deles não conhece os limites das suas propriedades" - e exercer um poder coercivo.

Quando, em janeiro de 2002, fazia um balanço do trabalho do Governo neste setor, Capoulas Santos apontava, como principais investimentos estatais, o lançamento do "mais ambicioso programa de regadios que alguma vez existiu em Portugal, ou seja, 70 mil hectares entre 2000 e 2006", referindo-se ao Alqueva, e salientava que "sem água disponível para os agricultores nunca há agricultura competitiva".

Segundo o ministro realçava na altura, a estratégia do Governo socialista naqueles anos estabeleceu como prioridade a criação de condições para que os agricultores realizassem o seu trabalho de forma mais competitiva.

Apresentado como uma "revolução" agrícola no Alentejo, até 2025, o projeto do Alqueva deveria ter 110 mil hectares de novos regadios.

A história do Alqueva começou muitos anos antes, mas, em 1998, iniciavam-se as betonagens na barragem, no ano seguinte era adjudicada a empreitada de construção da nova aldeia da Luz e, em março de 2002, Capoulas Santos inaugurava o primeiro bloco de rega do empreendimento, para servir cerca de dois mil hectares de regadios no concelho de Ferreira do Alentejo.

Em 2012, a área de regadio e exploração estava nos 52 mil hectares.

No ano anterior a Luís Capoulas Santos deixar o Governo como ministro da Agricultura, ou seja, em 2001, a área florestal ardida foi 112,3 mil hectares, subindo aos 124,6 mil hectares em 2002.

Governo admite alargar apoios para captação de água a todo o país


 31.08.2017 17h01

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, admitiu esta quinta-feira alargar os apoios para captação e fornecimento de água a animais a todo o território.

Segundo o ministro, as medidas de apoio têm vindo a ser alargadas "em função da informação" que é recebida sobre a seca. "Logo que se verifique que há explorações sem acesso de água para o gado, a medida será imediatamente alargada, no limite a todo o território", frisou.

Capoulas Santos considerou o setor do leite como estratégico para o país e disse tratar-se de uma fileira que "o Governo sempre acarinhou e continuará a acarinhar".

O ministro respondia assim ao presidente da Agros - União das Cooperativas dos Produtores de Leite, que manifestou esta quinta-feira, na abertura da AgroSemana - Feira Agrícola do Norte, preocupação com a seca no país e apelou ao alargamento dos apoios às regiões do Douro, Minho e Trás-os-Montes.

"Os prejuízos estão ainda por apurar e neste momento já tem impacto nas produções agropecuárias", disse José Capela.

O responsável sublinhou que uma vaca, "em dias quentes, bebe até 100 litros de água".

A feira agrícola, que decorre até domingo, conta ainda esta quinta-feira com a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Lusa


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Um ano "fora do normal" para setor do vinho em Portugal


29 DE AGOSTO DE 2017 - 17:20
As vindimas foram antecipadas como não há memória, devido ao calor e à seca. A produção deverá aumentar. Ainda é cedo para avaliar os tintos, mas os vinhos brancos deste ano são de excelência.


Os primeiros sinais não podiam ser melhores. A época de vindimas ainda não acabou, mas para o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Frederico Falcão, a qualidade da colheita está à vista.

"Os vinhos brancos já estão colhidos e a qualidade é excelente. A produção é das melhores dos últimos anos. Quanto aos tintos ainda é cedo, mas tudo indica que também será um ano de qualidade".

Frederico Falcão, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, fala num "ano anormal" para o setor do vinho

O Presidente do Instituto da Vinha e do Vinho fala num ano com mais qualidade e com mais quantidade. No início do verão, o instituto estimava um aumento da produção de vinho, na ordem dos dez por cento. A seca pode ter baralhado as contas. Frederico Falcão sublinha que as contas finais vão refletir a singularidade de cada região.

"Na região centro, na Bairrada e no Dão, a estimativa é de um crescimento entre 17 a 20 por cento e achamos que se vai concretizar. No Alentejo, devido à seca, a produção deverá ficar abaixo das previsões".

2017 fica, ainda, marcado pela antecipação das vindimas. O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho não se lembra de um ano assim. "As vindimas começaram muito mais cedo. Nesta altura todas as regiões do país estão a vindimar. Não me lembro de um ano assim. As vindimas começaram com duas a três semanas de antecedência".

Frederico Falcão explica as causas deste calendário antecipado, "a primavera foi muito quente, sobretudo o mês de maio. Depois veio o calor e a seca. O ciclo das plantas adiantou com estas condições".

Em algumas regiões, as vindimas começaram logo nos primeiros dias de agosto, alastrando depois de forma gradual ao resto do país. Por tudo isto, Frederico Falcão fala num "ano fora do normal" para o setor do vinho.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

APED aposta na cooperação com fileira da batata


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A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) defendeu hoje que as práticas colaborativas entre a distribuição e a fileira da batata são essenciais para a reorganização do setor, tornando-o mais competitivo e eficiente.

Em declarações à Lusa, a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo de Morais, explicou que a associação "aposta na cooperação com a fileira da batata", que atravessa "um problema conjuntural" de excesso de oferta no mercado nacional.

No curto prazo, diz a diretora-geral da APED, a estratégia para dar resposta ao atual contexto de excesso de batata e dificuldade de escoamento no mercado interno e externo, nomeadamente para Espanha e França, "onde a conjuntura é semelhante", passa por "chamar a atenção do consumidor para a qualidade da batata nacional".

"A batata nacional prima pela sua qualidade e características únicas, pelo que, por isso mesmo, tem estado sempre presente, e continuará a estar, entre a oferta disponibilizada pelos operadores do setor da distribuição aos consumidores", reforçou a responsável, lembrando ainda que serão efetuadas "ações promocionais e de destaque" deste produto.


De acordo com a APED, há que dar "uma resposta imediata" às dificuldades em vender a batata no mercado nacional, mas as iniciativas a tomar devem ser complementadas por "uma estratégia de colaboração" a médio e longo prazo, que visa a valorização deste produto.

Neste sentido, a APED e a Porbatata -- Associação da Batata de Portugal juntaram esforços para a promoção e consumo da batata nacional com vista à sua valorização junto do consumidor, ao mesmo tempo que estabelecem laços de cooperação para a reorganização do setor, refere hoje a associação das empresas de distribuição em comunicado.

A cooperação entre a APED e a Porbatata é, a par da linha de crédito de três milhões de euros criada pelo Governo para auxílio dos produtores de batata no armazenamento de produção deste ano, uma iniciativa que "resulta do esforço de todos" para fazer face à crise do mercado, segundo esclarece a associação.

"A APED tem como um dos focos do seu trabalho o apoio à produção nacional e este acordo está em linha com a política dos seus associados", refere, adiantando que o setor da batata "é bastante relevante no contexto da economia agrícola, dada a transversalidade do cultivo em todo o território nacional".

Assim, a diretora-geral da APED diz que a associação "está totalmente empenhada e disponível para desenvolver sinergias com a fileira da batata".

A APED considera que "todos [os intervenientes] têm o seu papel a desempenhar" em termos de cooperação e que o Governo "agiu rapidamente", sendo que se trata de uma medida que visa estabilizar o mercado.

Na terça-feira, o Governo anunciou uma linha de crédito, que já está em vigor, e que visa resolver situações de dívida à banca e aos fornecedores, numa altura em que a descida do preço de venda no produtor chegou a valores abaixo do custo de produção.

A linha de crédito apoia necessidades de tesouraria e é dirigida aos operadores do setor da batata, "quer nas fases de produção, transformação ou comercialização", quer se disponham a armazenar batata de conservação produzida em território nacional na campanha de 2017, estabelecendo um valor individual garantido de 60 euros por tonelada de batata armazenada, refere o diploma.

Para ter acesso à linha de crédito, o agricultor tem de ter a situação regularizada perante a administração fiscal e a Segurança Social. O empréstimo é concedido pelo prazo máximo de um ano, a contar da data de celebração do contrato, e amortizável em prestações, vencendo a primeira prestação no período mínimo de um mês e máximo de um ano.

Esta linha de crédito, aprovada em 27 de julho pelo Conselho de Ministros, pretende retirar parte da produção de batata do circuito comercial, uma medida que o Ministério da Agricultura, em comunicado divulgado na terça-feira, considera "adequada para restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a procura", tendo em conta que os produtores de batata de conservação "estão confrontados este ano com um forte desequilíbrio de mercado, que impôs uma descida do preço" de venda do produtor para valores abaixo do custo de produção.

Há vindima na cidade. Lisboa quer produzir o melhor vinho do mundo


Corvos de Lisboa é o nome do vinho que nasce em plena capital, ao lado do aeroporto. Foram apanhadas 15 toneladas de uvas

Enquanto milhares de pessoas vão chegando e partindo de Lisboa, ali tão perto do aeroporto cerca de 20 madrugaram para uma vindima em plena capital. Alheios ao barulho de uma Segunda Circular movimentada, mesmo numa manhã de agosto, e dos aviões que vão aterrando e levantando voo, todos mantêm um ritmo e uma destreza de quem sabe bem o que faz. São dois hectares de vinhas e tentar acabar num só dia é o objetivo. Num local onde não há muito tempo dominava a sujidade, agora poderá ser a fonte de um vinho de qualidade e há quem acredite mesmo com potencial para ser o "melhor do mundo".

Vinhas em plena capital pode ter causado alguma estranheza inicialmente, mas diz quem sabe que "as uvas estão muito bonitas". "As uvas estão boas. Vai ser um bom vinho. Devíamos provar", brinca Joaquim Ferreira. Diz ser um homem do campo que considera "gira" a ideia de fazer as vindimas numa cidade. No entanto, as preocupações e responsabilidades são as mesmas. Era carpinteiro, mas a falta de trabalho levou-o à Casa Santos Lima há três anos. Desde então que se dedica a esta atividade e com gosto. "Faz-se bem, mas quando está calor custa um bocadinho", admite ao DN. O ritmo é elevado e pausas, só para comer. Não o preocupa as horas de trabalho e mostra-se bem-disposto quando diz que, se começar a faltar luz, pode ser que a que chega do aeroporto ajude a acabar o trabalho. Olha para as uvas e considera que sim, que se pode estar perante mais um vinho com qualidade a nível mundial: "Pelo menos tem boas uvas para isso."

Às 06.30 estes 20 trabalhadores saíram de Merceana, Alenquer, rumo a Lisboa, e começaram o trabalho por volta das 08.00. Nos dois hectares estão plantadas três castas: Arinto, Tinta Roriz e Touriga Nacional. Vinho tinto, branco e, "se a qualidade se justificar, mais cedo ou mais tarde, um reserva". É satisfeito por ver as suas expectativas superadas que José Luís Santos Lima Oliveira da Silva, administrado da Casa Santos Lima, assiste à primeira vindima neste terreno em plena Lisboa. A tendência é que nos próximos anos a qualidade seja ainda melhor, mas o administrador da Casa Santos Lima garantiu que "neste ano já vai ser muito bom", apesar da seca que se atravessa.


A vinha nasceu por um desafio lançado pela Câmara Municipal de Lisboa e, sendo a primeira vindima, o vereador José Sá Fernandes não faltou ao momento e até aproveitou para mostrar como também sabe como é apanhar as uvas. Foi ele quem lançou a ideia de "melhor vinho do mundo" que deixou Oliveira da Silva a sorrir. "A Casa Santos Lima tem produzido vinhos de qualidade, a bons preços e coloca--os no topo dos ranking s internacionais. Esperamos que este vinho venha a ajudar a reforçar essa posição", salientou. Se o vinho de Lisboa, neste caso mesmo da cidade e não apenas da região, estiver entre os melhores, então "será uma boa recompensa pelo trabalho feito", segundo o responsável.

Enquanto Sá Fernandes apanha descontraído as uvas, é concentradas no trabalho que Maria Adelaide (56 anos) e Elena Munteanu (32) vão cumprindo a função. "Estar na cidade é diferente. Nós somos lá do campo. Mas acho que o vinho pode ser bom. As uvas são bonitas", realçou Maria Adelaide, que já apanha uvas desde os 12 anos. Confessa não beber vinho, mas tal não lhe retira o gosto pelo que faz. Já Elena, mais tímida, veio da Roménia para Portugal há 13 anos e nos últimos três dedica-se às vindimas. "Gosto de trabalhar ao ar livre", diz, enquanto elogia as uvas: "Estão bonitas."

Aqui e ali veem-se alguns cachos menos bonitos. A culpa é dos pardais, que não se fazem rogados a uma uva de qualidade. Porém, há muitas para apanhar e poderão ultrapassar as 15 toneladas. "É absolutamente extraordinário apanhar um cacho de uvas em Lisboa", frisou Sá Fernandes. "É o aproveitamento de um terreno que não tinha aproveitamento nenhum", acrescentou. Esta vinha acaba por ser a recuperação de uma tradição que se foi perdendo com a expansão urbana na capital. Para o vereador da CML, "não faz sentido nenhum" não existir uma vinha em Lisboa.

Mais do que produzir vinho, este projeto tem também o seu lado pedagógico. "Crianças e idosos têm a oportunidade de aprender a poda", ainda que neste ano tenha acabado por não se realizar na melhor altura, neste aspeto. Ali se realizam visitas e será mais uma forma de promover a região, que Sá Fernandes não quer que se concentre em Lisboa, mas que também se estenda a Alenquer, Cadaval e não só.

As condições do terreno, "que retém a humidade", dispensa "a rega gota a gota", como explicou Oliveira da Silva, e a exposição solar são dois fatores que potenciam este vinho lisboeta. E não há aviões, carros ou poluição que perturbem. Para Sá Fernandes, não restam dúvidas de que, estando perante "as melhores castas" e as condições da vinha - usando uma expressão mais popular -, "sai uma pomada de primeira categoria". E esta pode ser apenas a primeira, pois Sá Fernandes não afasta a possibilidade de surgirem mais vinhas na cidade.

Atualmente, já milhões de garrafas têm no rótulo a cidade de Lisboa, mas a partir de 2018, quando se vir o nome Corvos de Lisboa, será um vinho que nasceu mesmo em plena capital.

Oito ministros juntos para fazer estatuto da pequena agricultura familiar


A Comissão Interministerial para a Pequena Agricultura Familiar, que entra em vigor na quinta-feira, reúne ministros de oito áreas, sendo coordenada pelo responsável pela Agricultura, Capoulas Santos, para elaborar o estatuto para aquelas explorações.



      
O despacho hoje publicado em Diário da República cria a comissão com vista à elaboração do Estatuto para a Pequena Agricultura Familiar, "composta por membros do Governo cujas áreas governativas se revelam fundamentais para garantir o enquadramento nacional necessário aos desafios que a agricultura familiar enfrenta".

Assinado pelos ministros das Finanças, do Trabalho, da Saúde, Planeamento e Infraestruturas, Economia, Ambiente e Mar, além da Agricultura, a nova iniciativa pretende "suster e inverter" a tendência de diminuição da agricultura familiar em Portugal, registada nos últimos anos.

No diploma, o Governo considera fundamental promover o reposicionamento da agricultura familiar no seio das políticas agrícolas, ambientais e sociais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança que conduza a um desenvolvimento mais equitativo e equilibrado.

A nova comissão surge no âmbito do "apoio reforçado" à pequena agricultura e ao rejuvenescimento do tecido social das zonas rurais, tentando promover a ocupação de territórios maioritariamente despovoados e o exercício de práticas ambientais que contribuam para a preservação da biodiversidade e da paisagem.

Nos últimos 20 anos, segundo o Governo, tem desaparecido um elevado número de pequenas explorações, quer por motivos exteriores à atividade, quer porque o rendimento obtido não permite compensar "os custos de oportunidade atribuídos ao seu trabalho e outros recursos próprios".

Cerca de 284.000 explorações podem ser qualificadas como familiares, representando 93% do número total de explorações e 49% da superfície agrícola útil, segundo os dados citados no despacho que salienta também o peso do trabalho familiar nessas explorações, representando cerca de 82% do trabalho total nas explorações agrícolas.

Em maio, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural referia na Assembleia da República que o estatuto para a pequena agricultura familiar iria ser anunciado em breve e visava concentrar ajudas e apoios a este setor.

Capoulas Santos respondia a críticas de comunistas e bloquistas quanto às dificuldades da agricultura portuguesa no quadro da Política Agrícola Comum (PAC).

O objetivo, dizia o ministro, era "concentrar um conjunto de ajudas possíveis para defender e revitalizar este importante setor económico e social".

Vespa asiática ensombra "ano excepcional" de produção de mel no Caramulo



25 ago, 2017 - 16:14

Abelhas já deram 60 toneladas de mel, mas as vespas asiáticas "já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas".

Foto: Estela Silva/Lusa (arquivo)
A produção de mel na Serra do Caramulo atingiu as 60 toneladas naquele que é considerado um "ano excepcional", mas que está a ser ensombrado pela propagação da vespa velutina, que pode por em risco muitas colmeias.

"As condições climatéricas no Caramulo permitiram médias fantásticas nas colmeias e vai ser difícil haver um ano igual", disse à agência Lusa Isidro Ferreira, da Associação de Apicultores da Serra do Caramulo, acrescentando que, no entanto, este é também um ano marcado pelo crescimento abrupto da vespa velutina (asiática) na região.

Segundo o apicultor, "no ano passado foram detectadas as primeiras velutinas" e este ano "já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas".

Só Isidro Ferreira já identificou "sete ninhos de velutina num raio pequeno" e tem um colega que "apanhou mais três ou quatro".

"Mas serão muitos mais. Quando chegar o outono as folhas vão cair e serão mais fáceis de identificar. Com uma mata com esta densidade é quase impossível descobrir ninhos", afirmou.

Com a perspectiva de haver cada vez mais colmeias bloqueadas - ou seja, com vespas velutinas a pairar à entrada, impedindo as abelhas de trabalhar e de recolher alimento - a associação decidiu promover uma acção de esclarecimento sobre esta praga, que decorrerá no domingo de manhã, durante a Festa do Mel.

Segundo Isidro Ferreira, "os apicultores vão ter que viver com a velutina quer queiram, quer não", mas, para isso, terão que "mudar completamente o seu maneio".

Por exemplo, explicou, vão "ter que começar a espalhar armadilhas na primavera", porque é a altura do ano em que as fundadoras dos ninhos vão "andar à caça para alimentar as suas crias".

"Cada fundadora que caçarmos é menos um ninho em Agosto/Setembro. Só que é um trabalho ingrato, espalhamos armadilhas e muitas vezes não caçamos nada", lamentou.

Aplicar os fitossanitários "contra os parasitóides que a colmeia tem, como a varroa", e alimentar as colmeias que estão bloqueadas "com alimento bastante diluído", são algumas das medidas a tomar, explicou.

Isidro Ferreira disse que a presença da vespa velutina "aumenta os custos em todos os aspectos: é o tempo que se gasta, as deslocações que se fazem e o próprio alimento para as colmeias".

Na sua opinião, a situação será complicada sobretudo para os apicultores "que têm um apiário com quatro ou cinco colmeias" e um ninho de vespa velutina perto.

"Nos apiários de 30/40 colmeias será mais diluído e o apicultor irá tratar aquelas colmeias de outra forma. Mas vai ter sempre perdas", acrescentou.

Apicultores preocupados com consequências dos fogos para o sector

24 ago 2017 15:05

Os apicultores estão preocupados com o efeito dos incêndios na redução da área de alimento para as abelhas e consequentemente na diminuição da produção de mel, disse hoje o presidente da associação florestal Aguiarfloresta.

 
Este é precisamente um dos assuntos que vai estar em debate no Fórum Nacional da Apicultura que decorre entre 07 e 10 de setembro, em Vila Pouca de Aguiar.

Duarte Marques, presidente da Aguiarfloresta e um dos organizadores do fórum, disse hoje à agência Lusa que os incêndios representam "uma grande ameaça" para a apicultura porque destroem diretamente colmeias, mas também porque estão a reduzir a área de pasto - ou seja, de alimento das abelhas.

"O que se traduz em maiores dificuldades a nível de produção de mel e derivados e da sustentabilidade e viabilidade das explorações apícolas", afirmou.

Nas últimas semanas têm sido relatados vários estragos causados pelos fogos em colmeias.

"Muitos incêndios destroem apiários e abelhas. Mesmo que não consumam as caixas e as colmeias, o excesso de calor acaba por afetar as abelhas que acabam muitas vezes por morrer por sobreaquecimento", explicou Duarte Marques.

O responsável destacou também que os incêndios têm implicação direta na redução da área de floração, logo de pólenes e néctares.

"Quando arde o mato está-se a perder área de pasto, de alimento, para as abelhas. É uma perda efetiva para a apicultura", frisou.

Duarte Marques explicou que as abelhas têm uma área de ação limitada, podendo ir buscar alimento apenas a três ou quatro quilómetros de distância.

Isso implica que, por vezes, seja necessário mudar a localização das colmeias ou recorrer à alimentação artificial para se manterem as colónias vivas.

"É um esforço e há custos acrescidos, com implicações na rentabilidade das explorações. Os custos de produção tornam-se mais elevados do que os proveitos", salientou.

O dirigente referiu que, para além dos incêndios, este setor possui outras "ameaças e fragilidades", desde o clima, as doenças e pragas, como a vespa asiática que "está em crescendo em Portugal".

A seca teve, este ano, um efeito direto na produção de mel.

Duarte Marques referiu que 2017 "foi um ano mau". "Depende das regiões mas aqui, no Alto Tâmega, a quebra de produção andará à volta dos 50% comparativamente a um ano normal", sustentou.

O fórum nacional é considerado o "grande evento da apicultura" em Portugal, que serve fazer o "ponto de situação do setor".

"É um momento de encontro em que se faz uma avaliação das dificuldades do setor e as novas oportunidades, também as investigações e as inovações", frisou.

O evento inclui a realização da XVI Feira Nacional do Mel e da Feira de Inovação da Apicultura.

O fórum é promovido pela Federação Nacional dos Apicultores de Portugal e conta com vários parceiros institucionais na região, como a associação florestal e ambiental Aguiarfloresta, com sede em Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real.

Cristas queria ter avançado mais no cadastro e sensibilização para a floresta


Lusa 27 Ago, 2017, 11:47 | Política

Cristas queria ter avançado mais no cadastro e sensibilização para a floresta | Paulo Novais - Lusa
Em declarações à agência Lusa, a líder do CDS-PP sublinhou que a floresta não é causa dos incêndios, é "vítima", admitindo enquanto ex-ministra da Agricultura que gostaria de ter avançado mais nas áreas de cadastro e sensibilização.

"Temos que perceber que a floresta não é a causa dos fogos, é a vítima dos fogos, é a vítima das ações negligentes, das ações intencionais e depois [podemos falar de] responsabilidade na medida em que há estes problemas estruturais na propriedade", disse Assunção Cristas em declarações à agência Lusa.

A atual líder do CDS-PP foi ministra da Agricultura e do Mar entre 2011 e 2015, nos governos de Passos Coelho e refere que "a floresta não produz o fogo por si, sozinha", insistindo que "não há fogos se não houver ignições e os estudos mostram que a grande maioria dos casos, para não dizer quase todos, têm a ver com causas humanas, negligentes ou intencionais. As causas naturais são uma franja mínima". 
 
Para enfrentar a negligência, Assunção Cristas defendeu "mais envolvimento dos meios de comunicação social, mais visibilidade e mais recursos para alocar a essa área, porque uma grande campanha custa muito dinheiro. Parece que estamos sempre a correr atrás do prejuízo", referiu.  
 
A sensibilização para a defesa da floresta, associada à prevenção de fogos, é um dos pontos que Assunção Cristas destaca na sua passagem pelo Governo, além das questões fundiárias estruturais - incentivos à agregação e ao trabalho conjunto como forma de ultrapassar as desvantagens da pequena dimensão das propriedades, cadastro e terras abandonadas ou sem dono conhecido - e do combate aos incêndios. 
 
"O que é mais rápido, apesar de tudo, é a mudança dos comportamentos, por isso, as ações de sensibilização, por um lado, e, por outro, as ações mais fortes em relação à mão criminosa, têm de ser também um foco prioritário", apontou.    
Setor florestal "desprezado"

Quando chegou ao ministério, em junho de 2011, Assunção Cristas encontrou o setor florestal "muito desprezado, porque se achava que era o parente pobre da agricultura (...), os fundos comunitários não estavam devidamente adequados" às suas necessidades, a execução era baixa e "uma parcela muito relevante de verbas estava em risco de ser devolvida a Bruxelas".  

Segundo a ex-ministra, não havia resistência do setor, mas sim disponibilidade para as preocupações da diversificação do uso da floresta, de ter uma escala adequada, incentivos a uma gestão conjunta e reforço das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF).  
 
Porém, lembrou, deparou-se com "um individualismo enorme da parte [tanto] dos proprietários florestais como dos agrícolas, uma dificuldade em fazer trabalho em conjunto", o que se refletia numa resistência nomeadamente a decisões estratégicas de instalação de povoamentos, corte e venda em grupo. 
 
Os proprietários aceitavam alguma gestão conjunta na defesa contra incêndios ou questões fitossanitárias, mas "com muita dificuldade", acrescentou. 
 
"Quando chegámos, os sapadores não tinham feito nenhum investimento nos anos anteriores, havia intenção de continuar a criar equipas, mas uma exiguidade enorme de recursos", apontou ainda.  
 
Assunção Cristas referiu, no entanto, que gostaria de ter ido "mais longe" na aprovação e concretização do funcionamento do cadastro e no desenvolvimento da sensibilização. 
 
"Tenho pena de algum trabalho não ter tido continuidade, como [nas medidas relativas a] terras abandonadas e sem dono conhecido", acrescenta a ex-ministra a quem se associa o avanço da reforma fiscal da floresta, "criando incentivos para que houvesse investimento".  
 
Acerca da prevenção, defendeu que, se as faixas de contenção - 50 metros à volta das casas e 100 metros em redor das aldeias - "estivessem sempre limpas, era uma garantia para que os bombeiros pudessem dedicar-se mais cedo às frentes florestais e impedir" o avanço do fogo. 
 
"As autarquias, no caso das casas particulares, não levantavam autos (...) ou não aplicavam coimas" e uma das medidas da ex-ministra foi "retirar essa competência às autarquias e colocá-la na secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, através da GNR, para que [pudesse] ter mais eficácia".  
 
"Uma das grandes bandeiras" do anterior Governo, "que veio provocar uma reforma profunda", descreveu, foi a legislação para as terras abandonadas e sem dono conhecido, levada "ao limite do que era possível do ponto de vista constitucional", salvaguardando direitos de propriedade, mas permitindo que pudesse haver uma identificação progressiva e inclusão na bolsa de terras.  
Cadastro florestal

O cadastro florestal, tema que atravessou vários executivos, chegou a ser discutido, mas "entendeu o Governo que estava demasiado em cima das eleições para aprovar uma legislação tão relevante". Porém "ficou tudo pronto", garante. 
 
Recusando as críticas acerca do incentivo à expansão dos eucaliptos, a ex-ministra referiu que o regime aprovado visou "passar a ter um sistema de informação para saber, em cada momento, o que está a ser colocado no terreno". 
 
Além disso, garantiu, o seu Governo equipou, em 2014, os sapadores e deixou preparada para 2015 a tarefa de reequipar todos com equipamento individual, tendo também sido iniciada a reposição do parque automóvel, com 20 jipes, deixando "o concurso para mais 59 e mais 20 novas equipas". 
 
As forças de segurança detiveram este ano 102 pessoas suspeitas do crime de incêndio florestal, quase o dobro do número registado em 2016, segundo o comandante da Autoridade Nacional de Proteção Civil.  
 
No ano anterior à chegada de Assunção Cristas ao Governo, em 2010, a área florestal ardida atingiu 133 mil hectares, enquanto em 2011 desceu para 73,8 mil hectares e em 2012 foi de 110,2 mil. No ano seguinte, o fogo destruiu 152,7 mil hectares. 

PSD acusa António Costa de "ignorância" sobre floresta

Foto: Lusa

27 Agosto 2017 

COSTA GARANTE QUE ESCALÕES DO IRS VÃO AUMENTAR

Em declarações à Lusa, via telefone, o deputado social-democrata Nuno Serra analisou o discurso com que o primeiro-ministro assinalou a rentrée socialista, em Faro, no sábado à noite, como "um muito mau exercício político", "no registo da conversa fiada, que, no fundo, tenta branquear alguns maus momentos do Governo".

Em Faro, o secretário-geral do PS acusou os líderes do PSD e do CDS-PP de nada terem feito pela floresta quando estavam no Governo. "Foi preciso chegar a tragédia para que os outros acordassem e viessem ao debate, não com propostas, mas simplesmente criticando e votando contra grande parte do pacote florestal", afirmou.

Costa disse ainda que o cadastro florestal está "há séculos parado", tendo a direita "votado contra os diplomas" referentes.

"Não é verdade", retorquiu Nuno Serra, frisando que tais declarações revelam "uma enorme ignorância em relação ao tema da reforma da floresta" por parte do primeiro-ministro e aconselhando-o a "falar mais" com o ministro da Agricultura.

"Os partidos de direita viabilizaram o cadastro, aliás, os partidos de direita apresentaram uma proposta de cadastro bem antes do dia 27 de outubro de 2016, que o senhor primeiro-ministro ontem [sábado] referiu como quase o dia zero para a floresta em Portugal", ironizou o deputado, referindo-se ao dia em que o Governo socialista apresentou no Parlamento a reforma da floresta.


A proposta da direita "foi totalmente rejeitada pelos partidos de esquerda", recordou Nuno Serra.

Sobre as afirmações de que só agora os partidos de direita teriam acordado para a reforma da floresta, o deputado social-democrata entende que Costa "só pode estar a falar para o seu próprio partido e para o Bloco de Esquerda, porque foram os únicos dois partidos que pediram a baixa à especialidade, a dia 20 de março, das propostas vindas do Governo e que, até essa data, não tinham sequer suscitado a discussão das mesmas".

Durante o discurso em Faro, Costa proferiu "um conjunto de tricas, que mostraram, nalguns aspetos, uma grande ignorância (...) relativamente a um assunto tão importante para Portugal como a floresta", considerou o deputado.

"O que esperávamos era que, nesta rentrée política, o senhor primeiro-ministro viesse dizer aos portugueses os problemas que tem havido na coordenação da Proteção Civil, que tem sido mais descoordenação que coordenação, que têm posto em causa um património ambiental, social e económico enorme no nosso país", frisou.

O PSD considerou ainda "lamentável" que Costa volte "a usar a tragédia de Pedrógão Grande", onde um incêndio em junho fez 64 mortos e duas centenas de feridos, para "tricas políticas".

Em vez de falar de Pedrógão Grande e da reforma florestal, "que já está em curso e já foi aprovada", o PSD gostava de ter ouvido o primeiro-ministro explicar os fogos "de grande dimensão, que têm sido de difícil controlo por parte dos meios" disponíveis e dizer o que o Governo "está a pensar fazer no futuro para mitigar esses problemas".

Cinco cavalos morreram em prova equestre



28.08.2017 

Mortes aconteceram no campeonato nacional de resistência. PAN pediu esclarecimentos ao ministério da Agricultura, que rejeitou exaustão como causa da morte dos animais

Cinco cavalos morreram, em Abril deste ano, durante o campeonato nacional de resistência equestre. Suspeitando que as mortes se deveram a exaustão dos animais, O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) enviou um requerimento ao Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, pedindo esclarecimentos. No requerimento assinado pelo deputado André Silva, o partido relatou ter tido conhecimento através de "várias denúncias" que lhe são endossadas a relatarem "as inúmeras mortes de cavalos neste tipo de provas, as quais são ocultadas na esmagadora maioria das vezes".

O PAN relembrou ainda que, em países como Inglaterra, as regras para estas corridas protegem a "integridade física e vida dos animais em crise", aspecto que, para os representantes do partido, parece ser "ignorado por completo" em Portugal.

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 Cães admitidos em apenas duas praias portuguesas Cães admitidos em apenas duas praias portuguesas Por esta situação, o PAN pediu "a imediata intervenção Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural no sentido de efectivar uma averiguação sobre os factos alegados" deixando ainda o apelo de que seja analisadas as normas dos campeonatos de forma a verificar se estas se "coadunam com as regras de bem-estar animal".

Na resposta, o ministério  respondeu que a Direcção-Geral de Alimentação teve conhecimento dos factos, suspeitando que a morte dos cinco cavalos esteja relacionada com a toxicidade de plantas consumidas, "não se tendo verificado nenhuma situação de exaustão", informando ainda que esperava o relatório final da investigação promovida pela Comissão de Inquérito da Federação Equestre Portuguesa.

O gabinete do ministro Capoulas Santos revelou ainda que durante o raide em causa foram cumpridas as "regras internacionais que estão estabelecidas para o efeito, nomeadamente as questões do bem-estar animal". 


segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Água salgada pode substituir água doce e afetar agricultura, alertam especialistas

26/8/2017, 10:40113

A seca está a provocar a diminuição dos caudais dos rios e a substituição da água doce por água salgada, que afeta terrenos agrícolas e mesmo aquíferos, alertam especialistas ouvidos pela Lusa.


A seca está a provocar a diminuição dos caudais dos rios e a substituição da água doce por água salgada, que afeta terrenos agrícolas e mesmo aquíferos, alertam especialistas ouvidos pela Lusa.

Em 2004/2005 a maré alta no rio Tejo chegou a Valada do Ribatejo, concelho do Cartaxo, e em Vila Franca apanhavam-se corvinas e robalos (peixes de água salgada que toleram água de baixa salinidade), recordou à Lusa Eugénio Sequeira, ambientalista e antigo presidente da Liga de Proteção da Natureza.

E agora, acrescenta, está a acontecer de novo, "em qualquer rio, em Aveiro, em Coimbra, na foz do Guadiana…".

Mas além da entrada da água do mar rios dentro a especialista em recursos hídricos Carla Graça, da associação ambientalista Zero, aponta "a introdução salina nos aquíferos" (reservas de água subterrâneas) como outra consequência da seca.

Na página da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), dados do final de julho indicam que parte das massas subterrâneas observadas "se apresentam, na generalidade, inferiores às médias mensais" e que em 25 delas os níveis de água são "significativamente inferiores" aos valores médios mensais.

Também questionado pela Lusa, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) admitiu que diminuindo o caudal dos rios "há uma maior intrusão de sais vindos do mar, que podem originar mais sais na água de rega e, consequentemente, provocar a sua acumulação no solo".

No entanto, acrescenta, se no inverno seguinte à seca chover normalmente os sais acumulados são lixiviados e a água dos rios também volta à sua salinidade normal. "Só um ano de seca não irá tornar os terrenos improdutivos", conclui o INIAV.

Eugénio Sequeira entende no entanto que "a rega, a longo prazo, vai ser um problema complicadíssimo". E fala da seca mas também dos fogos e das cinzas depositadas nas albufeiras. "Que água vamos beber quando começar a chover?", questiona.

O especialista fala de outro problema que os solos vão enfrentar, a alta concentração de sódio. O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas diz, em informação disponível 'online' que a sodização é a maior ameaça da salinização e que o sódio tem um efeito negativo no crescimento das plantas.

A solução é "lavar" os terrenos e para isso é preciso mais água, que não há, diz Eugénio Sequeira. "Quanto mais seca mais água é necessária. Estamos a caminhar a passos largos para a catástrofe", por causa da seca, das alterações climáticas, do desordenamento e da incapacidade dos portugueses de trabalharem em conjunto, resume Eugénio Sequeira.

Filipe Duarte Santos, investigador e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, resume assim os problemas: já estamos a sofrer as consequências das mudanças climáticas.

Em toda a região mediterrânica houve nos últimos 55 anos uma redução da precipitação de 40 milímetros por década, e "isto afeta muito tudo o que depende dos recursos hídricos, a disponibilidade de água, a qualidade, a agricultura, a intrusão salina", diz o professor.

Em resumo também, diz Filipe Duarte Santos: "a situação é grave". E em Portugal, se não chover nas próximas semanas a água que vem dos rios que nascem em Espanha será menos e com menos qualidade.

A seca, as ondas de calor, é algo a que temos "de nos adaptar", afirma, admitindo que o futuro possa passar pela dessalinização da água do mar.

Até lá "estamos a brincar com coisas sérias", afirma Eugénio Sequeira, assumidamente irritado com o que vê, ou que não vê, que cita estudos que admitem que o deserto do Saara vai chegar ao rio Tejo, que alerta para as cinzas dos incêndios que são hidrófobas (impedem a infiltração da água).

"A prioridade é reter as águas nas encostas, é o que se deveria fazer onde houve fogos. É preciso fazer charcos onde a água se infiltrasse. E isso não está a ser feito em lado nenhum", avisa. Não há, conclui, ordenamento, medidas de fundo.

E Carla Graça ainda acrescenta outro dado: "nos incêndios há a queima de biomassa que provoca a formação de compostos voláteis que são cancerígenos. Vão para a atmosfera e depois depositam-se no solo. No ano passado foram encontrados concentrados elevados em Vila Velha de Ródão".

O INIAV sugere que em anos de seca se faça uma melhor gestão da água de rega mas a Zero diz que o Programa Nacional para o uso Eficiente da Água está "na gaveta há quatro anos", e que as medidas preconizadas pela Comissão de Acompanhamento da Seca de 2012 não foram implementadas. Sobre isso Eugénio Sequeira teria uma pergunta a fazer.