domingo, 4 de agosto de 2019

Valorizar o Pão!…

Nuno Pires
3/8/2019, 0:27

Os agricultores devem ser referências a ter em conta, não só pela labuta produtiva, mas também pela inegável contribuição para sustentabilidade ambiental.

Talvez por ter nascido e crescido no meio rural/agrícola, tenho por esta atividade uma especial atenção e interatividade. Que valorizo e respeito, admirando as pessoas, sobretudo jovens, que ousam nesta área empreender e levam a peito. Pelo sacrifico e dedicação que implica, porque a tarefa é exigente e o risco permanente, os agricultores devem ser referências a ter em conta, não só pela labuta produtiva, mas também pela inegável contribuição para sustentabilidade ambiental. Acabam, até, por ser os verdadeiros jardineiros da natureza, contribuindo de forma inegável para a economia nacional, para o turismo e cultura tradicional.


Mas nem sempre a sua atividade é tida em conta desta forma, ou se valoriza o fruto que seu labor transforma. Por isso, entendo que toda a gente deveria saber quanto é difícil trabalhar e viver da agricultura. Quanto custa produzir o pão, as batatas, o azeite, vinho e demais produtos da terra. Ora, o reconhecimento pessoal destes retratos naturais e vivências retroativas, levam-me a escrever sobre o meio rural. Naturalmente que, além de me chegarem diretamente, são diversas a reações/comentários ao que escrevo e às opiniões que emito, expressas, até, noutros contextos. Confesso, com algum orgulho não pecador, que as reações/comentários me deixam satisfeito e motivado, acabando por ficar, nalguns casos, o assunto mais esclarecido e complementado. Neste contexto deixo aqui um comentário ao um meu texto anterior, sobre as Segadas, expresso pela izedense da diáspora, Deolinda Remondes, na minha página do Facebook:

"Desde épocas imemoriais que o pão é o alimento sempre presente nas mesas de todos os povos. Talvez seja o alimento com mais ancestralidade. Creio que os egípcios já o utilizavam mais ou menos 4000 anos A. C. Não sou historiadora e o que digo é somente fundamentado nos livros que tenho lido e porque me interesso muito pela história que, afinal, é o relato da vivência do Ser Humano. As segadas fazem parte das recordações da minha infância. Ainda criança, assistia com grande interesse à faina da ceifa e via, embora não avaliasse, o trabalho árduo de todos aqueles que participavam nessa tarefa. Assistia a tudo e o que me fazia mais confusão era o trabalho dos malhadores que batiam no cereal com os malhos que eram paus articulados com o que me parecia serem tiras de cabedal. Admirava-os porque era um trabalho que exigia muita força e muito tempo. Depois vinha a limpa, onde eu achava que o vento tinha um papel muito importante porque o cereal, já malhado e feita a separação da palha e do grão, este era passado e abanado com crivos e as cascas mais leves o vento encarregava-se de as levar num bailado muito bonito. Mais tarde, apareceram as debulhadoras (davam-lhe o nome de malhadeiras) que facilitaram a vida dos malhadores. Para mim era uma festa assistir a tudo isto, não avaliando ainda quanto custava ter na mesa o alimento essencial que é o "Pão-nosso de cada dia"

Importa, pois, valorizar o PÃO que nos chega à mesa, que comemos e nos sacia a fome que temos. Não esquecendo a simbologia do DIVINO!.. Para além do trabalho e das canseiras que a colheita do mesmo implica, que muitas pessoas desconhecem e outras esquecem, devemos ter em conta a quantidade que, tantas vezes, desperdiçamos, ao mesmo tempo que milhões de seres humanos nem uma migalha têm para se alimentarem.

Agricultores querem postos prioritários durante greve dos motoristas


Jornal Económico com Lusa 03 Agosto 2019, 17:43

A Confederação dos Agricultores de Portugal considerou que é "fundamental" que sejam assegurados postos de abastecimento prioritários, de gasóleo rodoviário e agrícola, em todas as sedes de concelho, durante a greve dos motoristas

Carlos Barroso / Lusa
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considerou este sábado que é "fundamental" que sejam assegurados postos de abastecimento prioritários, de gasóleo rodoviário e agrícola, em todas as sedes de concelho, durante a greve dos motoristas.

"A CAP considera fundamental que haja postos de abastecimento prioritários em todas as sedes de concelho. Pelo menos um posto em cada sede de concelho, com capacidade para facultar gasóleo rodoviário, mas também gasóleo agrícola", defenderam, em comunicado os agricultores.

Por outro lado, conforme indicou a confederação, existem locais específicos, em particular nas regiões onde já decorrem as colheitas, como associações agrícolas e cooperativas, "que possuem depósitos apropriados e que poderão servir de locais específicos de abastecimento para os agricultores em colheita e seus transportadores".

Adicionalmente, "é crucial" garantir o funcionamento das fábricas, assegurando que estas têm como abastecer-se.

"As fábricas de transformação de tomate funcionam com nafta, ou gasóleo, e têm de ser abastecidas numa base quase diária. Tem que se garantir que a cadeia de valor da agricultura em colheita é assegurada", exemplificou.

De acordo com a CAP, regiões como o Douro, Minho, Oeste, Lezíria do Tejo, Alqueva, Sudoeste Alentejano, Mondego e Fundão "possuem locais próprios que, se forem devidamente abastecidos, retiram da circulação das estradas centenas de viaturas na busca de postos onde o cidadão comum procurará o seu abastecimento".

Estes locais integram uma lista já enviada ao Governo e que terá sido objeto de análise na última reunião do Conselho de Ministros, "aguardando-se, a todo o momento, que as conclusões sejam oficialmente anunciadas".

A CAP "continuará a colaborar ativamente com o Governo, por forma a garantir que o setor agrícola em colheita, incluindo as necessidades específicas da pecuária, sejam atendidas", concluiu.

Na segunda-feira, a confederação já tinha alertado para as consequências desastrosas que a greve dos motoristas terá para as colheitas, considerando que o Governo não teve em conta os agricultores na rede de emergência.

Em declarações à Lusa, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, afirmou, à data, que uma greve em pleno mês de agosto, altura da colheita de vários produtos, como por exemplo o tomate, a pera-rocha e a uva para o vinho, "pode constituir um desastre" e não sabe se "o Governo está consciente" quanto à sua gravidade.

"Pretendemos que o Governo tome a devida consciência da situação, porque em pleno mês de agosto com temperaturas elevadas, com culturas perecíveis, que têm de ser colhidas em períodos de tempo muito curtos que estão programados há meses, [as culturas] não podem de maneira nenhuma ficar no terreno", disse Eduardo Oliveira e Sousa.

O dirigente da CAP considerou ainda que a rede de emergência para abastecimento dos postos de combustíveis anunciada pelo Governo não contempla as zonas rurais.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa no dia 12, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.