quarta-feira, 17 de julho de 2019

Depois do “inferno”, teme-se pelas colheitas deste ano e do próximo


MARTA F. REIS
15/07/2019 08:51

Habitantes de Tó e de Peredo da Bemposta, em Mogadouro, não têm memória de granizada tão forte.

"A produção deste ano perdeu-se quase toda, agora precisamos de apoio para garantir que temos alguma coisa no próximo". Pedro Lopes, presidente da Junta de Freguesia de Peredo da Bemposta, uma das localidades mais afetadas pelo temporal de sábado no concelho de Mogadouro, recebeu ontem a visita da Direção Regional de Agricultura. Os prejuízos causados pelo granizo, do tamanho de bolas de pingue-pongue e que caiu durante cerca de 40 minutos, vão ser avaliados no início da semana. Ontem de manhã, ainda havia montes de gelo. "Tenho estado a falar com pessoas de 70 anos e todas dizem que nunca tinham visto nada assim", disse ao i.

O autarca estima que se tenha perdido 40% a 50% da produção de azeitona de conserva, havendo também perdas significativas na vinha, amêndoa e hortícolas. "90% da população não tem seguro agrícola", disse ao i, justificando o panorama na região com os encargos avultados para pequenos produtores e a baixa comparticipação do Estado. "Somos o Douro pobre: tal como é dado apoio na Régua, vamos precisar de ajuda com produto (sulfato) para garantir que a doença não fica nas plantas e as colheitas do próximo ano", afirma.

António José Marcos, presidente da Junta de Freguesia de Tó, surpreendida também pelas 15h de sábado com gelo do "tamanho de ovos de galinha", estima perdas nunca inferiores a 50% da produção. "Parecia o inferno", disse ao i o autarca. O tempo começou a escurecer durante a manhã de sábado, mas com as temperaturas na casa dos 20 oC – e embora tivesse sido declarado aviso laranja –, ninguém estava à espera de um temporal assim, explica. "Ninguém se magoou porque, àquela hora, as pessoas não andam no campo", explicou Marcos. Se os impactos foram de imediato notados, ontem tornaram-se ainda mais visíveis. "Os cachos das uvas que estavam em fase de crescimento ficaram partidos e já estão a ficar todos acastanhados, vão apodrecer". Nas hortas, feijoeiros e tomateiros não resistiram. A aguardar por diligências oficiais, espera que o Ministério da Agricultura apoie a região, havendo para já a garantia de uma avaliação dos danos já esta segunda-feira.

Fora do comum, mas não inédito Patrícia Gomes, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, explicou ao i que a instabilidade atmosférica do fim de semana se deveu a um campo depressionário com expressão em altitude, baixas pressões que causaram as temperaturas elevadas da última semana, que por sua vez contribuíram para maior evaporação e formação de nuvens, trazendo aguaceiros, trovoada e granizo.

Perante os relatos no distrito de Bragança, a especialista explica que granizo de 4 cm, não sendo um fenómeno comum no país, "não é inédito". E mesmo aqui ao lado, em Espanha, chega a haver gelo até 10 cm. Para os próximos dias, a tendência é para uma estabilização do estado do tempo, já com alguma influência das pressões altas do anticiclone dos Açores, habitualmente associadas ao bom tempo, mas também de uma depressão de origem térmica no interior do continente. Se, no início da semana, ainda são esperadas algumas nuvens, também junto ao litoral, a partir de quinta-feira prevê-se uma subida das máximas e temperaturas normais para a época, na casa dos 30ºC, explicou a meteorologista. 

Plantação de olival não está “proibida” diz Ministério


26 Junho, 2019

O Ministério da Agricultura esclarece que "não está proibida, nem existe base legal para tal, a instalação de novos olivais com recurso a investimento privado, excepto em eventuais áreas que colidam com planos de ordenamento do território que o refiram expressamente".

O Ministério reage assim às notícias sobre a alegada decisão do Ministro em "acabar com a concessão de apoios, no âmbito do actual quadro de fundos comunitários, a novos projectos para instalação de olival ou agroindústrias associadas no perímetro do Alqueva" e que motivaram as críticas das associações de agricultores.

O Ministério considera que a cultura da oliveira e a produção de azeite "são actividades da maior relevância sócio-económica para a região do Alentejo e para o País, além de constituírem uma importante componente do enorme sucesso que o EFMA – Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva conheceu nos últimos 20 anos, relevância que o Ministério tem reconhecido e apoiado através dos mecanismos de financiamento público disponíveis".

Contudo, adianta, "na presente campanha de rega, com abastecimento a partir de Alqueva, estão em utilização 95 mil hectares de regadio", sendo que destes 57 mil hectares (60%) estão ocupados com olival.

Neste quadro, o Ministério determinou a elaboração de um estudo fundamentado, a apresentar até ao final do 1º trimestre de 2020, sobre se se justifica ou não o eventual estabelecimento de limites máximos para a expansão desta cultura no perímetro de rega. A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva foi a entidade escolhida para coordenar o referido estudo, em colaboração com várias estruturas do Ministério da Agricultura.

Madeira: setor agroalimentar produz 514,6 milhões de euros


Laura León 16 Julho 2019, 10:35

O setor empregava mais de 22 mil pessoas, representando cerca de 18,3% da economia total.

Os dados são da Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM) e dizem que a produção do setor agroalimentar representou 8,2% da produção total da economia madeirense. No total gerou 514,6 milhões de euros.

Este setor contribuiu 6,8% para o VAB (Valor Acrescentado Bruto), o que corresponde a um contributo de 263,6 milhões de euros.

O comércio e as atividades de embalagem concentram metade do VAB do setor agroalimentar, com 3,4% do VAB total, gerando 131,3 milhões.

A agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca geraram 80,8 milhões, com 2,1% do VAB. As indústrias alimentares foram responsáveis por 0,9% do VAB, com uma receita de 33,2 milhões de euros, e as indústrias das bebidas e da captação, tratamento e distribuição de água concentrou 0,5% do VAB, gerando 18,3 milhões.

Quanto ao emprego, em 2016 o setor empregava mais de 22 mil pessoas, representando cerca de 18,3% da economia total.

No setor, 55,8% dos postos de trabalho pertenciam à agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, 23,7% ao comércio e atividades de embalagem, 15,2% às indústrias alimentares e 5,3% à indústria das bebidas e da captação, tratamento e distribuição de água.

Mais um mês para candidaturas a apoios à reestruturação das vinhas


O Governo alargou em um mês, para começar em 15 de setembro, o período de candidaturas a apoios à reestruturação e reconversão das vinhas, no âmbito do programa VITIS, de acordo com uma portaria hoje publicada.

 Mais um mês para candidaturas a apoios à reestruturação das vinhas

16/07/19 11:14 ‧ HÁ 20 HORAS POR LUSA


O período de submissão de candidaturas, que desde 2018 ocorre anualmente entre 15 de outubro e 15 de novembro, é antecipado para o período entre 15 de setembro e 15 de novembro, segundo a portaria do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que entra em vigor na quarta-feira.

No preâmbulo do diploma, o Governo esclarece que o objetivo desta alteração ao regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas (VITIS), na campanha vitivinícola de 2020-2021, é o de "dar continuidade ao regime de apoio" à reestruturação e reconversão da vinha, "por forma a não comprometer a dinâmica de investimento" no setor.

Outra alteração introduzida pela portaria é o agravamento da penalização no apoio por incumprimento do prazo de apresentação do pedido de pagamento das ajudas e da compensação financeira por perda de receita, que é apresentado depois dos investimentos integralmente executados.

Atualmente, o incumprimento do prazo de apresentação do pedido de pagamento implica uma penalização, por cada dia útil de atraso, de 1% do valor do apoio a que o beneficiário tem direito, sendo o pedido recusado quando o atraso for superior a 25 dias.

A partir de quarta-feira, com a entrada em vigor da nova portaria, este incumprimento mantém a penalização de 1% por cada dia de atraso quando o pedido de pagamento for apresentado até 30 de julho, mas é agravada para uma penalização de 30% quando for apresentado de 31 de julho a 30 de setembro, sendo o pedido de pagamento recusado apenas quando apresentado depois do mês de setembro.

A portaria procede ainda a pequenos ajustamentos da ajuda atribuída à reestruturação e reconversão das vinhas, no âmbito do programa VITIS.

O VITIS abrange a concessão de uma comparticipação financeira para os investimentos realizados, através do pagamento de uma ajuda financeira e não reembolsável ou uma compensação pela perda de receita inerente à reestruturação e reconversão, quando a candidatura inclua parcelas de vinha no terreno.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Agricultores de Coimbra exigem ao Governo pagamento dos prejuízos causados pelos javalis


Penela, Coimbra, 02 jul 2019 (Lusa) - Os agricultores com prejuízos causados por ataques de javalis e veados no distrito de Coimbra vão exigir ao Ministério da Agricultura o levantamento e pagamento dos estragos, foi hoje anunciado em conferência de imprensa.


Lusa
02 Julho 2019 — 13:13

Isménio Oliveira, coordenador da Associação Distrital de Agricultores de Coimbra (ADACO), disse à agência Lusa que existem dezenas de agricultores lesados nos concelhos de Soure, Condeixa-a-Nova, Penela, Miranda do Corvo e Lousã, com vinhas e terras de cultivo completamente devastadas.

"No Rabaçal (Penela), um hectare de estufas de produção de caracóis está inoperacional desde janeiro, com a produção suspensa, depois de um ataque de javalis que causou largos milhares de euros de prejuízo", revelou.

Na manhã de hoje, numa conferência de imprensa em Penela, a ADACO e uma comissão de agricultores lesados de Penela, Miranda do Corvo e Condeixa-a-Nova exigiram medidas ao Ministério da Agricultura, que passam pelo levantamento e pagamento dos prejuízos, alterações à lei para que o Governo passe a assumir as indemnizações aos agricultores e controlo da densidade da população de javalis e veados.

"Existe uma lei que obriga as zonas de caça associativa a assumir os prejuízos aos agricultores, mas, como elas não têm essa capacidade, a lei é inoperacional e ninguém resolve o problema da compensação pelos estragos causados", frisou Isménio Oliveira.

Para o dia 31, está agendada uma concentração de lesados dos distritos de Coimbra, Viseu e Leiria, em Lisboa, frente ao Ministério da Agricultura, para entregarem uma exposição e reclamarem "o levantamento e pagamento dos prejuízos aos agricultores afetados".

Desde o início do ano, a ADACO já realizou quatro reuniões com lesados dos ataques de javalis e veados, a primeira em Penela, em janeiro, que reuniu três centenas de agricultores.

No início de maio, a pedido da associação, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) promoveu uma reunião também no concelho de Penela, em que estiveram presentes agricultores e responsáveis das zonas de caça associativa.

Segundo Isménio Oliveira, na reunião ficou decidido que o ICNF iria reunir com os responsáveis das zonas de caça associativa e Direção-Geral de Veterinária para se encontrar uma solução para que a carne de javalis e veados abatidos pudesse ser comercializada em restaurantes.

"Até não hoje não soubemos mais nada", queixou-se o coordenador da ADACO.

No início de abril, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural determinou a elaboração de um estudo para determinar a real dimensão e impacto do alegado aumento da população de javalis e dos eventuais prejuízos daí decorrentes.

"Estamos muito céticos quanto a esse estudo, mas o que queremos é que sejam tomadas medidas", sublinhou Isménio Oliveira.

domingo, 14 de julho de 2019

Mais de metade dos imigrantes tailandeses vivem em Beja


Beja tem mais de metade dos tailandeses do país. E, com os imigrantes naturais do subcontinente indiano, representam 31 % dos estrangeiros no distrito. Vêm trabalhar na agricultura e são das nacionalidades que mais estão a crescer, segundo o SEF.



Tailandeses que trabalham na Herdade Vale da Rosa, em Alfundão (distrito de Beja) Nong bau Lampho (ao centro), chegou há oito anos a Portugal© João Silva/ Global Imagens

Em 2018, 93.154 estrangeiros obtiveram a autorização de residência em Portugal, totalizando 480.300, o maior número de sempre de imigrantes e que representou um acréscimo de 13,9% em relação a 2017. Dados publicados no Relatório Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) 2018, e que, também, demonstra que há nacionalidades cuja representação cresceu muito acima da média, como os oriundos da Ásia.

É a mão-de-obra que substitui os operários agrícolas que Portugal não tem, nomeadamente no Alentejo. E Beja é disso um exemplo. Está longe de ser um distrito com mais população estrangeira (9731 imigrantes), mas é particularmente representativo no que diz respeito a determinadas comunidades, em especial à tailandesa, nepalesa e indiana.

São 851 os tailandeses que têm residência legal em Beja, o que representa 53,4 % do total dos habitantes oriundos da Tailândia. É a quarta comunidade estrangeira no distrito alentejano, depois dos nacionais da Roménia (1279), da Bulgária (1117) e do Nepal (1031) e antes da Índia (825).

Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.

Endereço de e-mail

SUBSCREVER
O RIFA 2018, destaca, em termos de crescimento, os nacionais do Bangladesh, que são 5325 (165,1%), Brasil, totalizam 105.423 (143,7%), Nepal, 11.489 (141,2%), Índia, 11.393 (127,3%) e Venezuela, 4740 (83,2%).

Também os estrangeiros oriundos da UE se têm tornado mais representativos no país, com destaque para o aumento do número de italianos, mais 32,7% (18 862), britânicos, mais 32,5% (26 445) e alemães, mais 29,1% (12 817). São estas entradas que, segundo o SEF, explicam "em grande parte o aumento dos novos títulos de residência", mais 51,7 do que em 2017.

Os europeus são, também, a explicação da presença considerável de estrangeiros com 65 e mais anos, 9,8 % dos imigrantes, uma percentagem superior à dos jovens, entre os 0 e 14 anos (9,1 %).

A população potencialmente ativa representa 81,1% dos cidadãos estrangeiros residentes no país, ligeiramente menos do que em 2017 (81,6% em 2017),

Em termos geográficos, 68,9% dos estrangeiros vivem nos distritos de Lisboa (213.065), seguindo-se Faro (77.489) e Setúbal (40.209).

Na tabela das dez comunidades mais representadas, o Brasil destaca-se (105.423), sendo que as restantes estão abaixo dos 35 mil residentes: Cabo Verde (34.663), Roménia (30.908), Ucrânia (29 218), Reino Unido (26.445), China (25.357), França (19.771), Itália (18 862), Angola (18.382) e Guiné-Bissau (16.180).

Açores investem 168 mil euros em drones para monitorização da floresta


5/7/2019, 12:45

O Governo dos Açores vai adquirir quatro dones, num investimento de 168 mil euros, não apenas para monitorização da floresta mas também para a "atualização do Inventário Florestal nos Açores".

O Inventário Florestal, que "começou por São Miguel, vai estender-se às restantes ilhas"
EDUARDO COSTA/LUSA

O Governo dos Açores vai investir 168 mil euros na aquisição de quatro drones para a monitorização de projetos florestais privados e apoiar o trabalho de atualização do Inventário Florestal na região, foi esta sexta-feira anunciado.

Uma nota do executivo açoriano adianta que "o secretário regional da Agricultura e Florestas autorizou a adjudicação destes quatro drones de asa fixa e peças de manutenção para a produção de ortofotomapas, na sequência do concurso público promovido pela Direção Regional dos Recursos Florestais tendo em vista o reforço da monitorização da floresta".


"Além da monitorização dos projetos florestais privados aprovados no âmbito do PRORURAL+, os drones são muito importantes para dar cumprimento ao trabalho em curso de atualização do Inventário Florestal nos Açores", sublinha o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, citado na nota do governo açoriano.

Estes drones são aparelhos não tripulados capazes de realizar voos programados em tempo real e a altitudes mais elevadas, o que permite cobrir uma área maior, explica ainda a nota.

O Inventário Florestal, que "começou por São Miguel, vai estender-se às restantes ilhas", adianta a secretaria regional da Agricultura e Florestas.

A Direção Regional dos Recursos Florestais "já procedeu à cobertura fotográfica de mais de 45% da área de São Miguel", incluindo as grandes áreas florestais dos concelhos do Nordeste e da Povoação, da zona central da ilha e da zona das Sete Cidades, num total de área coberta que ultrapassa os 34 mil hectares nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.

O Inventário Florestal "é um instrumento de ordenamento do território muito importante ao nível da gestão e do apoio à decisão política neste setor", salienta a nota do Governo Regional

"Pretende-se com este documento ficar a conhecer, por exemplo, as espécies existentes na floresta, a sua composição, volume e idade", acrescenta João Ponte.

Governo determina proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa


O Governo determinou que seja conferida, a nível nacional, proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa, segundo despacho do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural publicado hoje em Diário da República.
 Governo determina proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa

"Determino que seja conferida, a nível nacional, proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa como Indicação Geográfica, com efeitos a partir de 08 de maio de 2019, data de apresentação do pedido de registo à Comissão", despachou Miguel Freitas.

O uso desta indicação geográfica fica reservado aos produtos que obedeçam às disposições constantes no respetivo caderno de especificações depositado na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

A azeitona galega da Beira Baixa é produzida numa área geográfica que abrange os concelhos de Covilhã, Belmonte, Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã, Vila de Rei e Mação.

"O clima da região com temperaturas moderadas, pluviosidade média e a profundidade e fertilidade dos solos, confere características boas para a produção de azeitona de mesa de qualidade", garante a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Na página dos produtos tradicionais portugueses da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Azeitona Galega da Beira Baixa é apresentada como possuindo "propriedades que lhe permitem ter dupla aptidão: tanto é utilizada para a produção de azeite como para a produção de azeitona de mesa, sendo este o seu principal destino".

As azeitonas de mesa são acondicionadas com salmoura de forma a cobrir as azeitonas, garantindo a conservação do produto por um período de tempo que pode ir até aos dois anos.

Crise hídrica em Portugal já é um cenário real


Jéssica Sousa 13 Julho 2019, 10:13

O World Resources Institute estima que, em 2040, Portugal ocupe a 44º posição na lista de países que enfrentará níveis elevados de 'stress hídrico'

Um verão com precipitação muito escassa poderá conduzir facilmente Portugal, de uma situação confortável, para situações de escassez de água "alguma severidade", alertam os especialistas consultados pelo Jornal Económico.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no final de maio, 98 % do território estavam situação de seca meteorológica, sendo que cerca de 37,5 % estava nas classes de seca severa e extrema. Em fevereiro, os números eram apenas de 4,8%.

Em maio deste ano, a Associação Natureza de Portugal, representante do Fundo Mundial para a Natureza (ANP/WWF), alertou que Portugal "está a viver além da água que tem". De acordo com o World Resources Institute, em 2040, estim-se que 161 países entrem num estado de stress hídrico.

A Cidade do Cabo, foi a primeira metrópole mundial em risco de ficar sem água. No dia 19 de março, 2018, os habitantes da capital sul-africana viram as torneiras secas. Nesse dia, o nível das seis principais barragens da região fixava-se em 22,7%. Se chegar aos 13,5%, é o chamado Dia Zero, já que aos 10% torna-se impossível tirar águas das barragens. Desde então, os habitantes da Cidade do Cabo só podem gastar por dia 50 litros de água. Em Portugal, o consumo médio diário doméstico ronda os 200 litros por pessoa.

Sobre se este cenário algum dia pode ser vivido em Portugal, o climatologista e investigador da UTAD, João Santos não nega e vinca que "é muito provável", relembrando as dificuldades sentidas no ano passado no abastecimento de àgua em Viseu. "O défice híbrido vai-se manter. Não estamos livres de situações como essas", alerta.

"Analisando a situação que estamos a presenciar, podemos dizer que a escassez de água em Portugal é relativa," afirmam os professores departamento de Geociências da Universidade do Porto (UP), António Guerner Dias e Joaquim Esteves da Silva, "uma vez que as reservas de água até agora acumulada poderão suprir cerca de 80% das nossas necessidades em água durante o verão".

No entanto, as alterações climáticas (AC) continuam a ser o principal vilão da história.Tanto a poluição nos oceanos como a emissão crescente dos gases efeitos estufa, resultam num aumento da temperatura do globo que por sua vez conduzem a uma escassez de água, causada também pela falta de percipitação durante longos períodos de tempo. Este ano, o período da chuva durante a primavera ficou muito abaixo da média, o que prolongará o período de seca durante o verão. Mas as AC não são o único fator.

Entre os especialistas ouvidos pelo JE, verificou-se um consenso sobre o agravamento desta problemática em Portugal através da agricultura.

"Tanto a produção agrícola como o consumo doméstico vão agravar a situação de seca em Portugal", esclarece o docente da UTAD. "Vamos ter menos precipitação e mais evapotranspiração, nas plantas e nos solos. Vamos ter uma maior necessidade de rega, o que pode levar a uma prática pouco sustentável", conclui João Santos.

De acordo com os professores da UP, as necessidades de água ocorridas na agricultura, podem ser superiores a 60% do total necessário, enquanto as necessidades de água para consumo humano poderão não chegar aos 10% do total.

Desta forma, o especialista de Trás-os-Montes defende ser necessário tomar medidas urgentes no caso da viticultura e na produção de arroz e milho, que não são feitas em ambientes naturais. "Estas práticas devem ser repensadas", realça.

Já a profesora Maria do Rosário Carvalho da Universidade de Lisboa, argumenta que também a população deve ser sensibilizada.

A falta de água conduzirá a uma maior competição nos setor de abastecimento público e consumo doméstico. A docente do departamento de Geologia, refere que o agravamento populacional e o o crescimento de centros urbanos vai tornar a àgua mais cara e transformar o ecossistema aquático e a quantidade de àgua disponível.

" O grande desafio está em compatibilizar as necessidades de água com as disponibilidades hídricas existentes", vinca.

Histórias de quem vive com receio da exposição a pesticidas no Alqueva


O Plano Director Municipal de Beja determina uma faixa de protecção sanitária que condiciona a intensificação de uso do solo no espaço circundante a perímetros urbanos, mas existem várias plantações junto a habitações e escolas.

Lusa 13 de Julho de 2019, 13:36

Catarina luta contra um olival quase à porta de casa e Cláudia contesta um amendoal perto da escola da filha. São histórias de quem vive apreensivo no Alqueva com receio da exposição a pesticidas usados na agricultura intensiva.

Adeus, conchas. Olá, plástico. Como viveria a Pequena Sereia no século XXI?
A pergunta "Olival dentro da aldeia?" e a resposta composta por quatro cruzes como sinal de morte, escritas por desconhecidos num muro perto do olival e da casa de Catarina Valério, numa entrada da aldeia de N. Sra. das Neves, em Beja, reflecte a sua inquietação. "Os receios são principalmente para a saúde dos meus dois filhos menores", explica à agência Lusa Catarina Valério, preocupada com a "exposição sistemática" da família "aos produtos químicos que utilizam no olival" situado "a 15 metros" da sua casa e "ainda a menos" da aldeia.

Catarina tem horta e pomar onde produz legumes e frutos para consumo próprio e rega com água de um poço, que teme que fique "contaminada" por agro-químicos usados no olival "a meia dúzia de metros" e que "se vão introduzindo na terra". Na aldeia de Alfundão, no concelho vizinho de Ferreira do Alentejo, não é um olival a dar "dores de cabeça", mas sim um amendoal intensivo plantado perto da escola básica, frequentada por cerca de 20 crianças, e de casas, o que inquieta pais e outros habitantes.

PÚBLICO - Catarina Valério, observa o olival intensivo recentmente instalado a poucos metros da sua casa. A "invasão" do Alentejo por culturas intensivas "atraídas" pelo regadio do Alqueva está a gerar polémica, com populações e ambientalistas a terem receios de impactes negativos e agricultores a dizerem que são infundados
PÚBLICO - A pergunta "Olival dentro da aldeia?" e a resposta composta por quatro cruzes como sinal de morte, escritas por desconhecidos num muro perto do olival encostado à aldeia de N. Sra. das Neves, em Beja, reflecte a inquietação da população.
Cláudia Figueira, cuja filha de sete anos frequenta a escola, conta à Lusa que os pais "sabem" que são "pulverizados produtos químicos" no amendoal quando "crianças estão no recreio" e sem aviso prévio. Por isso, frisa, os pais estão preocupados, porque a situação "não é benéfica, de forma alguma, para a saúde" dos filhos e temem possíveis efeitos da exposição a agro-químicos nas crianças.

Perto de Beja, Catarina, quando comprou a casa em ruínas do Monte da Cruz do Meio, em 2005, que depois recuperou e onde vive com o marido e dois filhos, não imaginava que iria ter um olival intensivo como "vizinho". "Resolvi que era aqui que queria fazer a minha vida e criar os meus filhos", diz, contando que tudo "correu bem" até que ficou a saber, em Abril de 2018, que um agricultor queria plantar um olival no terreno "encostado" à sua casa e, dois meses depois, expôs o caso à Câmara de Beja.

No início, "na câmara, disseram-me que era impossível culturas intensivas" no terreno, porque o Plano Director Municipal (PDM) "não prevê", pois está na Área de Edificação em Solo Rural Periurbano (AESRP) do concelho e fora da área de regadio do Alqueva, conta. O PDM de Beja determina uma faixa de protecção sanitária que condiciona a intensificação de uso do solo no espaço circundante a perímetros urbanos e numa extensão radial de 250 metros no caso de uma aldeia.

Também determina que alterações de uso do solo que impliquem intensificação de actividades agrícolas estão sujeitas a projectos de avaliação paisagística e sanitária com identificação de impactes na saúde pública a cargo dos promotores e que devem ser aprovados pelo município. Após a exposição, a Divisão de Administração Urbanística da Câmara de Beja emitiu um parecer, em Junho de 2018, reconhecendo que o olival "compromete" o regulamento do PDM e "poderá estar em causa uma violação à lei geral", porque "a execução de projectos de instalação de olival que envolvam a alteração do relevo natural ou das camadas de solo arável devem ser licenciados pela câmara".

PÚBLICO - Amendoal intensivo recentemente instalado em Alfundão, a poucos metros da povoação e de uma escola primária.
Amendoal intensivo recentemente instalado em Alfundão, a poucos metros da povoação e de uma escola primária. LUSA

No parecer, a divisão propôs ao executivo municipal intervir junto do agricultor para não instalar o olival e pedir-lhe um projecto de avaliação paisagística e sanitária com identificação dos impactes na saúde pública para o submeter à aprovação da autarquia. "Isto não aconteceu", ou seja, o executivo não interveio junto do agricultor, diz Catarina, referindo que o município pediu um parecer à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA).

No parecer, de Agosto de 2018, a ULSBA diz ser "necessário e obrigatório estabelecer medidas de intervenção e correcção" à instalação do olival, como distâncias mínimas em relação a perímetros urbanos e casas isoladas. A ULSBA corrobora "na totalidade" com as medidas propostas no parecer da divisão e pede ao município para intervir junto do agricultor para implementar as medidas.

Apesar do PDM e dos pareceres, a autarquia "não actuou" junto do agricultor e "deixou avançar" a plantação do olival, em Outubro de 2018, lamenta Catarina, que espera uma solução do município e, em "último recurso", admite avançar para tribunal.

A Lusa tentou, várias vezes, mas sem sucesso, obter uma reacção do presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, sobre o caso.

Continente investiu 250 milhões em frescos nacionais em 2018


Nuno Miguel Silva 09 Julho 2019, 21:37

Este valor representa um aumento de cerca de 10% relativamente a 2017.

Em 2018, a Sonae MC investiu 250 milhões de euros na compra de frescos nacionais, entre frutas e legumes, peixe e carne, queijos, enchidos, vinho e até mesmo farinha do Alentejo.

Esta foi uma das principais conclusões do 'Clube de Produtores Continente', cujo 2º encontro se realizou na passada sexta-feira, dia 5 de julho, no terminal de cruzeiros do porto de Leixões.

"Neste evento, que foi dedicado ao 'Melhor de Portugal', marcaram presença cerca de 300 participantes – produtores individuais, associações de produtores e quadros da Sonae MC", tendo sido o principal  objetivo "o reforço das parcerias entre o Continente e a produção nacional", destaca um comunicado do grupo.

Segundo esse mesmo documento, "em 2018 foram investidos 250 milhões de euros na compra de frescos (frutas e legumes, peixe e carne, queijos, enchidos, vinho e até mesmo farinha do Alentejo) à produção nacional, um aumento de cerca de 10% relativamente a 2017. O investimento na produção nacional passa não só por garantir produtos nacionais de elevada qualidade nas lojas Continente como também pela capacitação e valorização dos seus produtores e membros do'Clube de Produtores Continente'".

Na sequência da entrega dos 'Prémios Clube de Produtores Continente 2019', foram atribuídos dois 'Prémios Inovação', para sublinhar a inovação dos produtores, em associação com a sustentabilidade e com a economia circular: os troféus foram entregues à Beirabaga, um produtor de pequenos frutos, com o projeto 'lascas de frutos vermelhos'; e para a Estrela Artesanal Queijaria, um produtor de queijo da Serra da Estrela), com um gin feito à base de um subproduto do requeijão da Serra da Estrela.

"A Academia Clube de Produtores Continente consiste num programa de capacitação, lançado em 2017, destinado aos produtores nacionais, e que tem como principal objetivo a partilha de conhecimento, uma visão mais ampla do mercado e das suas oportunidades e a inovação! Esta 2ª edição do programa teve a sessão de encerramento e apresentação de projetos, no passado dia 19 de junho, no Ministério da Agricultura contando com o alto patrocínio do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos", explica o referido comunicado

O 'Clube de Produtores Continente' atribuiu ainda o 'Prémio Excelência', entregue anualmente com o propósito de distinguir associados que marcam a história do clube pela forte relação de parceria estabelecida ao longo dos anos. Este ano, o prémio foi para a SOMA – Sociedade Agro Comercial da Maçã, organização de produtores das maçãs da Beira Alta e dos pêssegos da Cova da Beira.

Desperdício alimentar acabou. Projeto apoiado por Bill Gates garante que a fruta dura mais tempo


Inês Pinto Miguel 09 Julho 2019, 13:59

"A Apeel é completamente comestível, insípida e segura para comer. Pode ser utilizada numa variedade de matérias-primas vegetais para criar formulações, e a fonte de matéria-prima pode variar de acordo com a sazonalidade e disponibilidade geral", explica a empresa

Um terço dos alimentos produzidos a nível mundial para consumo humano é desperdiçado, aproximando-se de 1.300 milhões de toneladas anuais, segundo estudos da Organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura.

O excesso de desperdício gerou assim uma consciencialização entre os supermercados e consumidores individuais, que criaram formas para aproveitar o máximo dos produtos cuja validade já terminou, noticia o 'El Economista' esta terça-feira, 9 de julho.

Por essa razão a empresa Apeel Sciences, apoiada pela fundação de Bill Gates, desenvolveu um revestimento comestível sem sabor para manter as frutas e vegetais mais frescos durante mais tempo, solucionando grande parte do problema da validade destes alimentos e uma grande causa do desperdício.

A abordagem desta empresa conquistou  investimentos de outras empresas que investiram mais de 110 milhões de dólares (98 milhões de euros), devido ao sucesso dos primeiros testes entre agricultores e supermercados.

Aqui, o alimento em questão é pulverizado com uma solução líquida, obtida a partir de derivados de plantas, que cria uma camada adicional no produto, reduzindo assim as perdas de água, e o início da oxidação, que são as principais causas de deterioração de alimentos.

"A Apeel é completamente comestível, insípida e segura para comer. Pode ser utilizada numa variedade de matérias-primas vegetais para criar formulações, e a fonte de matéria-prima pode variar de acordo com a sazonalidade e disponibilidade geral. Estes ingredientes existem nas cascas, sementes e polpa de todas as frutas e legumes, literalmente, em cada mordida de fruta que comemos ", explicam os responsáveis, citados pelo El Economista.

O tratamento em frutas e verduras é sempre aplicado depois do produto ser apanhado, o que permite criar um microclima ideal dentro de cada peça, resultando em "alta qualidade, vida mais longa e melhor portabilidade", indica a empresa que pretende "promover práticas de cultivo mais sustentáveis, alimentos de melhor qualidade e menor desperdício de alimentos".

Até aos dias de hoje, a empresa desenvolveu soluções para morangos, abacates, espargos, citrinos, cerejas e bananas. Nos testes, os morangos duraram 45 dias, os abacates chegaram aos 25 dias, enquanto a vida dos citrinos era estendida em 60%.

Um dos segredos revelados pela Apeel Sciences é que a solução não é a mesma para todos os produtos, embora consigam "preparar a Apeel a partir de qualquer tipo de fruta ou vegetal". A empresa explica que as componentes variam entre os produtos, embora os componentes utilizados na preservação sejam provenientes das casas dos frutos e vegetais.

Governo já está em Mogadouro para avaliar estragos provocados por granizo

Queda de granizo provocou danos avultados principalmente na agricultura ao nível das vinhas, olivais e soutos em vários pontos do concelho.

 Governo já está em Mogadouro para avaliar estragos provocados por granizo
13/07/19 20:00 ‧ HÁ 21 HORAS POR NATACHA NUNES COSTA


Os serviços do ministério da Agricultura já se encontram em Mogadouro, distrito de Bragança, para fazer a avaliação dos estragos causados pela queda de chuva e de granizo que, este sábado, atingiu diversos pontos do concelho.

Num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, o ministério da Agricultura diz estar "focado na identificação de prejuízos materiais relacionados com situações que possam dar origem à necessidade de restabelecimento do potencial produtivo (infraestruturas de apoio à atividade agrícola e equipamentos), uma vez que, no que diz respeito às culturas, a queda de chuvas intensas e de granizo constitui um risco coberto pelo sistema de seguros agrícolas".

No mesmo documento, os Governo explica que, "para proteger os agricultores de aleatoriedades climatéricas", como a queda de granizo que este sábado afetou a região de Mogadouro, foi criado um sistema de seguros agrícolas de colheitas que cobre este risco e que está disponível para todos os agricultores.

O sistema de seguros é subsidiado em 60% pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e tem como objetivo proteger o rendimento dos agricultores, tendo em conta a vulnerabilidade das colheitas face a fenómenos como o que acaba de ocorrer.

Entretanto, foi já emitida uma carta circular destinada aos fruticultores e aos viticultores, indicando o tipo de intervenção que devem fazer nas culturas, bem como os tratamentos a aplicar, a fim de minimizar os efeitos de eventuais problemas que possam afetar as árvores de fruto e as vinhas na sequência da queda de chuva e granizo.

Nações Unidas: Governos são pouco ambiciosos no combate a alterações climáticas e desigualdades


09.07.2019 às 21h15

Alerta surge num relatório apresentado hoje na inauguração do Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas, onde cerca de 2.000 participantes vão discutir até 18 de julho, em Nova Iorque, os avanços e desafios para atingir os 17 objetivos que a organização internacional definiu em 2015

A ONU alertou esta terça-feira que a resposta internacional para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030 não está a ser "suficientemente ambiciosa" e destacou que ainda há muito para fazer para combater as alterações climáticas e reduzir desigualdades.

O alerta surge num relatório apresentado hoje na inauguração do Fórum Político de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU), onde cerca de 2.000 participantes vão discutir até 18 de julho, em Nova Iorque, os avanços e desafios para atingir os 17 objetivos que a organização internacional definiu em 2015, adiantou a agência espanhola, Efe.

Em comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que "é evidente que é necessário uma resposta muito mais profunda, rápida e ambiciosa para provocar a transformação social e económica imprescindível para alcançar" os objetivos para 2030.

"O relógio para tomar ações decisivas está a contar. Este relatório apela a todos os governos a aumentar os esforços para a aplicação" das medidas necessárias, disse o secretário-geral adjunto de Assuntos Económicos e Sociais, Liu Zhenmin, durante a apresentação do texto aos meios de comunicação social.

O texto destaca os progressos em algumas áreas, como a redução da pobreza extrema, o aumento da imunização, a descida da mortalidade infantil e o acesso à eletricidade, mas aborda vários temas, como as alterações climáticas e as desigualdades, que "requerem atenção urgente e um progresso mais rápido".

Para Liu, as "alterações climáticas continuam a ser o maior obstáculo para o progresso", já que tem consequências diretas sobre outros objetivos, como a agricultura e o combate à fome.

Alertou ainda que se continuar a aumentar a acidificação dos oceanos, a erosão costeira, as condições meteorológicas extremas, a degradação dos solos ou o colapso dos ecossistemas "os efeitos combinados serão catastróficos e irreversíveis".

António Guterres, por seu lado, destacou os avanços na proteção do meio ambiente e recordou que desde 2010 duplicaram as zonas marinhas protegidas e ações concertadas contra a pesca ilegal, para lá do marco do Acordo de Paris sobre alterações climáticas, assinado em 2016 por cerca de 150 países.

Os progressos "geram grande otimismo para a próxima década", disse Guterres, que acrescentou que o relatório "identifica muitas áreas que precisam de atenção coletiva urgente".

As Nações Unidas reúnem-se anualmente para avaliar os progressos e obstáculos para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável até 2030.

No encontro deste ano, celebrado sob o tema "Dar poder às pessoas e garantir a inclusão e igualdade", a ênfase foi colocada em seis pontos: educação de qualidade, trabalho decente e crescimento económico, redução da desigualdade, ação pelo clima, paz, justiça e instituições sólidas e alianças para alcançar os objetivos.

Ainda que o relatório mostre uma redução considerável da pobreza extrema, que a taxa de mortalidade infantil até aos cinco anos tenha caído 49% ou que entre 2000 e 2017 as vacinas tenham salvado milhões de vidas, a incidência destes problemas regista-se nas regiões mais pobres, o que levou Liu a alertar que "muitas pessoas estão a ser deixadas para trás" e que o mundo continua a ser "muito desigual".

O texto da ONU aponta que a luta contra as alterações climáticas pode favorecer a redução da pobreza e das desigualdades.