sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Farmacêutica quer investir €16 milhões para produzir canábis em Campo Maior



13:32 por Lusa 0
Empresa com capitais canadianos e israelitas está interessada numa exploração de canábis para fins medicinais.
 
Uma empresa de capitais canadianos e israelitas prevê investir 16 milhões de euros em Campo Maior, no Alto Alentejo, numa exploração de canábis para fins medicinais, revelou hoje à agência Lusa o presidente do município.

"O projeto nasceu há nove meses e a empresa fez testes agrícolas nos terrenos e foram superados", disse Ricardo Pinheiro, indicando que "já foram realizadas várias reuniões com o Governo e que se aguarda o licenciamento" da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Segundo o autarca, o projeto da empresa Sababa Portugal vai arrancar numa área de quatro hectares e prevê, nos próximos cinco anos, um investimento de 16 milhões de euros, devendo criar, numa primeira fase, 50 postos de trabalho.


 Bloco de Esquerda propõe venda de canábis em lojas licenciadas Bloco de Esquerda propõe venda de canábis em lojas licenciadas Ricardo Pinheiro adiantou que o projeto será depois completado com a instalação de um centro de extração de óleo de canábis naquela vila do distrito de Portalegre, não estando ainda definido o montante que deverá implicar.

"Estamos a falar de uma transformação agroindustrial, embora o fabrico do medicamento possa não ficar em Campo Maior", frisou.

Ricardo Pinheiro sublinhou que a empresa tem desenvolvido uma "intensa investigação", ao longo dos últimos anos, e que conta com uma "grande experiência" no estudo e aplicação de canábis medicinal.

Com o avanço deste projeto em terras alentejanas, autarca considerou que o solo da região poderá ser no futuro "rentabilizado de uma forma totalmente diferente" do habitual, tornando-se numa "janela de oportunidade".

A utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de canábis foi aprovada pelo parlamento em 15 de junho, na sequência da apresentação de projetos de lei do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN).

A lei foi depois promulgada pelo Presidente da República em 10 de julho. 

O quadro legal para utilização de canábis na preparação de medicamentos foi aprovado no dia 13 deste mês em Conselho de Ministros.

O documento explica que a regulamentação teve por base os programas já existentes em países como Dinamarca, Holanda e Itália. 

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Governo aprovou um decreto-lei que "estabelece o quadro legal para a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis para fins medicinais, nomeadamente a sua prescrição e a sua dispensa em farmácia". 

A regulamentação, acrescenta, foi baseada numa "análise pormenorizada dos Programas de Canábis Medicinal já existentes em outros Estados-membros da União Europeia, nomeadamente na Dinamarca, Holanda e Itália, bem como a avaliação da sua exequibilidade na realidade nacional".

Alqueva vai ter unidades para transformar subprodutos agrícolas em fertilizante


A empresa do Alqueva vai criar uma rede de unidades para recolha e posterior transformação de subprodutos orgânicos que sobram de culturas agrícolas em fertilizante para aplicação nos solos na área do empreendimento, foi hoje anunciado.


Lusa
17 Dezembro 2018 — 13:26

A rede será criada no âmbito do projeto URSA - Unidades de Recirculação de Subprodutos de Alqueva, que já está em curso com a primeira unidade experimental, situada no concelho de Serpa, no distrito de Beja, explicou a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA).

Segundo a EDIA, num comunicado enviado à agência Lusa, a criação da primeira unidade do projeto já tem financiamento aprovado pelo Fundo Ambiental Português, através do programa Apoiar a Transição para uma Economia Circular, e está a ser desenvolvida pela empresa em parceria com o Instituto de Soldadura e Qualidade.

As unidades da rede irão recolher subprodutos orgânicos de origem agrícola junto de agricultores da área de influência do Alqueva para os transformarem em fertilizante orgânico através do processo de compostagem.

O fertilizante orgânico produzido será depois entregue aos agricultores que doarem subprodutos orgânicos para ser aplicado no solo.

De acordo com a EDIA, a aplicação de fertilizante orgânico vai permitir reabilitar gradualmente as diversas funções ambientais do solo, aumentar a resiliência do território perante as alterações climáticas e promover a qualidade da água e a sustentabilidade económica e ambiental do regadio do Alqueva.

O projeto tem uma estrutura "assente" no uso eficiente de recursos, na proteção do solo e da água e na valorização de subprodutos, "contribuindo para acelerar a transição para a economia circular, através de uma agricultura em linha com os princípios deste novo paradigma", explicou a EDIA.

Segundo a empresa, o projeto URSA foi distinguido, no dia 07 deste mês, com o 1.º lugar do Prémio Economia Circular nas Empresas do Baixo Alentejo e Litoral.

O prémio é promovido pela Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.

Mais de metade de Portugal em risco de desertificação extrema


Jéssica Sousa 18 Dezembro 2018, 17:36


Portugal foi um de oito países membros da União Europeia visitados por uma auditoria do Tribunal de Contas Europeu para avaliar a resposta da UE ao risco crescente de degradação e desertificação dos solos. Conclusão não é benéfica para o território nacional.

Mais de metade de Portugal continental corre o risco extremo de desertificação, mas a resposta a este risco "não está a ser eficaz e eficiente", segundo um relatório do Tribunal de Contas Europeu.

Num relatório especial para o Parlamento Europeu, o Tribunal de Contas aponta para os efeitos nefastos da agricultura intensiva e da insistência em políticas desajustadas para o país como a insistência no regadio num país onde a água vai ser cada vez mais escassa, explica o comunicado enviado às redações esta terça feira.

Segundo o estudo, Portugal foi um de oito países membros da União Europeia visitados por uma auditoria do Tribunal de Contas Europeu para avaliar a resposta da UE ao risco crescente de degradação e desertificação dos solos. A conclusão: "Embora a desertificação e a degradação dos solos representem uma ameaça crescente, as medidas tomadas para combater a desertificação carecem de coerência e não existe uma visão harmonizada".

No caso concreto de Portugal, o Tribunal de Contas Europeu critica a falta de sustentabilidade dos projetos.

O Tribunal refere ainda que o "Programa de Ação Nacional" de combate à desertificação, supostamente atualizado em 2014, ainda não foi publicado, e mesmo os projetos nacionais que apresentam resultados positivos não são replicados ou minimamente integrados numa visão estratégica para combater esta grave ameaça.

Este relatório reforça o que a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e outras organizações de ambiente têm vindo a dizer: "esta não é uma questão para a biodiversidade, é uma ameaça grave para o nosso futuro com implicações a todos os níveis: do desaparecimento de espécies e habitats à perda de solo, falta da água, e problemas de saúde pública", lê-se no documento.

"É preciso procurar verdadeiras soluções para evitar que grande parte do nosso país se torne num deserto – soluções que passam por práticas verdadeiramente responsáveis e sustentáveis, não pela insistência em medidas de curto prazo e desajustadas como o regadio e a agricultura intensiva." diz Joaquim Teodósio, Coordenador do Departamento Terrestre da SPEA.

Para a SPEA, Portugal tem de abandonar as monoculturas florestais e agrícolas intensivas. "Tem de abandonar igualmente os regadios intensivos, que geram receitas milionárias para os investidores nos primeiros anos, mas não trazem emprego, nem qualidade de vida, e geram destruição e um passivo ambiental que será pago pelas gerações futuras. O nosso país tem de investir na floresta nativa, na agricultura diversificada, no pastoreio extensivo, nas variedades de plantas e nas raças de gado nativas, e valorizar a biodiversidade e o carácter único da sua paisagem. Só assim será possível gerar emprego e rendimento económico no mundo rural nos anos próximos e no futuro", conclui.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Quando a pegada é grande, talvez o sapato esteja muito largo

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

António Cláudio Heitor
19/12/2018, 0:25243

Porque razão tratam o Mundo Rural com selvagem e fora da lei? Porque razão perseguem as actividades rurais e tudo fazem para terminar e extinguir modos de vida e desrespeitam os nossos valores?

Que a agricultura, a pecuária e a silvicultura têm uma pegada parece-me óbvio, o que não posso aceitar é que nos forcem a usar um sapato vários números acima das nossas necessidades.

Não sou daqueles que afirma que tudo está bem e que as alterações são uma invenção. Mas também não pertenço ao grupo dos que vaticinam a catástrofe se não regressarmos a modos de vida de outras eras. Muito menos pertenço ao grupo dos que, armados com varinhas mágicas, procuram na floresta escura e sombria os ogres, os basiliscos e os dragões que ameaçam a "Terra Média".

Que algo está em mudança parece-me claro. Mas os agricultores e proprietários florestais desde sempre conviveram com a incerteza climatérica e adaptaram-se. Fizeram-no porque assim teve de ser e não por imposição cega de alguns.

Aliás o simples facto de não reconhecer essa capacidade de adaptação dos agricultores e proprietários diz muito sobre os reais objectivos dessa "irmandade do anel" que procura salvar o mundo desses malvados que o estragam só para produzir alimentos.

E para perceber isso basta perguntar a um agricultor quantas vezes não atrasou a sementeira, com consequências severas na produção, por falta de chuva na altura certa. Ou a um produtor pecuário quantas vezes não teve de comprar feno devido aos maus anos de pastagem. A um proprietário florestal quantas árvores viu morrer repentinamente devido a secas severas. Ou mesmo a um gestor cinegético quantos ninhos perdeu nas trovoadas primaveris. Ou a um fruticultor quantas vezes viu a floração estragada por fenómenos climatéricos extremos.

E o que fizeram todos eles? Procuraram, procuram e continuarão a procurar formas de atenuar esses efeitos, mantendo a actividade e melhorando e eficiência da gestão dos diversos recursos. Ou seja, continuando a produzir alimentos de qualidade, seguros e gastando os recursos de forma mais eficiente. Será sempre um trabalho contínuo com avanços e recuos, mas será feito.

Poderia continuar a dar exemplos, mas infelizmente os advogados da "pegada" não estão interessados nesses bons exemplos. E a prova está na forma como ultimamente se referem aos agricultores, aos proprietários rurais e às suas actividades. Sempre como se estivessem perante "os bandidos" que vivem constantemente à margem da lei.

Começou com os animais e a necessidade urgente em assegurar um estatuto adequado, pois os animais estão em risco devido à forma como são criados e tratados. Tudo serviu para comprovar essa necessidade e é claro que, à cabeça desses relatos, surgiram centenas casos relacionados com a tauromaquia e a cinegética, demonstrando a necessidade de acabar com essas actividades e costumes.

Mas os autores desses relatos conhecem as actividades que acusam? Conhecem a fundo a forma como são geridas as explorações onde tais actividades se praticam? Reconhecem a evolução no maneio dos animais e dos seus habitats? Não me parece. É fácil reconhecer a culpa e os erros dos outros. Não custa tanto acabar com tradições e costumes que não conhecemos e que não são os nossos.

É claro que um Verão como o de 2017 deu a estes grupos ânimo para mais uma catadupa de intervenções a favor do "bem comum". O eucalipto precisa de ser erradicado a bem da nação e dos passeios de fim-de-semana dos defensores da nostalgia depressiva urbana. E na verdade a bola de neve cresceu tanto que até gente importante arregaçou as mangas e foi para o campo arrancar árvores. Seriam acácias? Não me pareceu até porque essas provavelmente não são tão perigosas, visto que poucos se queixam delas.

Pelo meio temos as famosas limpezas obrigatórias de milhares de hectares de faixas, feita quanto mais cedo melhor pois assim dá-se oportunidade para que cresça mais uma vez antes do fim da Primavera. E se não for feita há que "castigar e punir" esses infractores que tanto mal fazem à nação e ao Mundo.

Agora junta-se a tal pegada de carbono e a necessidade de reconverter o campo e o Mundo Rural para uma coisa que não "tenha tantas emissões". E para tal é fundamental diminuir a área agrícola e a quantidade de animais. O que será a seguir? Deixarmos de produzir para não emitir? Transformarmos o nosso campo nas paisagens pristinas dos contos de fadas, se possível sem gente a incomodar os passeios de Verão dos defensores do bem comum?

Recentemente por ocasião da apresentação de um livro e ao ouvir as palavras da jornalista que nos meus tempos de juventude me relatava ao domingo à noite as vitórias (e as derrotas) do meu clube, não pude deixar de notar no estranho país em que nos estamos a tornar.

Por um lado estava numa sala a ouvir falar de amizade, cumplicidade, civismo, respeito pelos outros, respeito pelos animais e prazer em desfrutar o os produtos e paisagens do nosso Mundo Rural. Por outro recordei tudo o que se disse sobre todos os agricultores, proprietários e gente do campo nos últimos anos. Até sugeriram que precisaríamos de ser mais "civilizados".

Ora algo não está certo. Se cada vez mais turistas no visitam e mais prémios recebemos o que vêm cá fazer? Serão os portugueses bandidos? Serão os nossos produtos maus e pouco seguros? Serão as nossas paisagens assim tão feias?

Não me parece. Se cada vez são mais os que atestam a excelência da nossa gastronomia, das nossas paisagens, dos nossos costumes e da nossa maneira pacata de viver a vida, porque razão insistem em nos apelidar de "pouco civilizados"? Porque razão nos tratam como bandidos que não respeitam a lei? Porque razão perseguem as actividades rurais e tudo fazem para terminar extinguir modos de vida e desrespeitam os nossos valores?

Talvez para satisfazer vontades de um eleitorado mais urbano. Ou para tentar que não reparemos noutras actividades extrativas, essas sim com um impacto bem visível. Talvez porque seja mais fácil castigar um sector que conta pouco para as contas políticas do orçamento de estado. Talvez por ser um sector que não dá tantas audiências.

Ou seja, tenho de concluir que é mais fácil arranjar um sapato excessivamente largo para o pé do Mundo Rural, pois assim compensamos o sapato apertado dos outros sectores e actividades.

Técnico florestal

Produtores querem que preço mínimo do leite ascenda a 37 cêntimos em 2019

Produtores de leite pretendem que o preço mínimo para o leite suba para 37 cêntimos por quilo em 2019, um valor que, dizem, se aproxima do custo de produção.
Produtores querem que preço mínimo do leite ascenda a 37 cêntimos em 2019
Reuters

27 de dezembro de 2018 às 15:27
A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) defendeu esta quinta-feira que o preço mínimo do leite pago aos produtores deve ascender a 37 cêntimos em 2019, aproximando-se do custo de produção, para colmatar as dificuldades do sector. 

"Desafiámos a indústria a transformar e a valorizar mais o leite para reduzir importações [...]. E desafiámos a distribuição a seguir o exemplo que adoptou na França e negociar com a indústria transformadora para assegurar aos produtores um preço mínimo de 37 cêntimos", disse, em comunicado, a direção da Aprolep. 

De acordo com os dados do Observatório Europeu do Leite, avançados pela associação, em Outubro, o preço médio do leite fixou-se em 31,1 cêntimos por quilo, cinco cêntimos abaixo do preço médio na União Europeia, enquanto o custo de produção mantém-se superior a 37 cêntimos. 

Os produtores desafiaram também o Governo a "avaliar o resultado da rotulagem da origem do leite para verificar porque não chegou ainda valor acrescentado aos produtores e a bater-se a nível europeu por um mercado responsável que impeça futuras crises de excesso de produção". 

Em causa está o aumento da procura do leite, as ajudas da Política Agrícola Comum (PAC) que não compensam a diferença entre o preço e custo de produção, a perda de produtores e a "falta de visão e falta de ambição" no sector. 

"Assistimos [em 2018] à implementação da rotulagem da origem do leite, mas ainda não vimos o resultado dessa opção no rendimento dos agricultores. Sentimos um aumento da procura de leite por parte das grandes superfícies comerciais que procuram garantir o abastecimento regular das suas lojas com leite nacional, respondendo assim à preferência dos consumidores, mas continuámos durante todo o ano com preços abaixo dos custos de produção e da média europeia", afirmou. 

A Aprolep indicou ainda que, face às dificuldades do sector, os agricultores têm adiado investimentos e não retiram "um salário digno e compensador do trabalho necessário para o cultivo dos campos" e para o cuidado dos animais. 

"A cada ano que passa Portugal perde produtores. Em Agosto já só éramos 4.578, menos 200 que [no período homólogo]. O abandono é mais significativo no continente, onde o número de produtores passou a ser inferior ao número de produtores açorianos desde Fevereiro", acrescentou. 

Segundo a Aprolep, as famílias que resistem têm "cada vez mais dificuldade" em encontrar mão-de-obra para trabalhar no sector e "a situação irá agravar-se à medida que os salários sobem, muito justamente, enquanto o preço do leite ao produtor continua injustamente congelado". 

Em 12 de Dezembro, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, vincou, no parlamento, que o preço do leite pago ao produtor manteve-se estável até Outubro, podendo aumentar com a abertura de novos mercados.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A agricultura biológica é pior para o planeta


Por ZAP - 20 Dezembro, 2018
Yen Strandqvist / Chalmers University of Technology


Os alimentos cultivados organicamente têm um impacto climático maior do que os alimentos cultivados convencionalmente, devido à necessidade de maiores áreas de terra para cultivar.

A agricultura biológica, ou agricultura orgânica, tem como principal objetivo maximizar o "natural" e minimizar a interferência química quando os alimentos são produzidos, mas será mesmo a melhor opção para o meio ambiente?

Uma equipa internacional de cientistas defende agora que, como as culturas orgânicas produzem muito menos, porque não são usados fertilizantes para impulsionar as colheitas, é necessária muita mais terra para produzir a mesma quantidade de alimentos biológicos que as culturas convencionais.

A equipa de especialistas concluiu ainda que os alimentos biológicos têm um impacto maior no clima do que os alimentos convencionais devido às emissões extras de dióxido de carbono produzidas pelo desmatamento exigido como resultado de uma produção orgânica menos eficiente.

Stefan Wirsenius, um dos autores do estudo publicado recentemente na Nature, afirmou que "o maior uso da terra na agricultura biológica leva indiretamente a maiores emissões de dióxido de carbono, graças ao desmatamento".

Para o estudo, os cientistas concentraram-se na produção de ervilhas e trigo orgânicos na Suécia. A equipa descobriu que as ervilhas cultivadas de forma biológica têm um impacto 50% maior no clima do que as cultivadas através de métodos convencionais. Para outros alimentos, depararam-se com uma diferença ainda maior, com o trigo a ter um impacto de 70%.

"Este é um grande descuido", afirma o cientista, adiantando que, "como mostra o nosso estudo, este efeito pode ser muito maior do que os efeitos dos gases com efeito de estufa".

Os cientistas salvaguardam que é também provável que haja um efeito indireto para a carne orgânica e produtos lácteos, dado que esses animais são alimentados com alimentos orgânicos, cultivados em fazendas que ocupam mais espaço. Mas, como não foi estudado, ainda não passa de uma hipótese.

Com este estudo, os cientistas não estão a sugerir que a agricultura biológica deva ser posta de lado. Em vez disso, acreditam que o seu uso deve ser cuidadosamente considerado.

"Alimentos orgânicos tem várias vantagens em comparação com os alimentos produzidos por métodos convencionais. Mas quando se trata do impacto climático, o nosso estudo mostra que a comida orgânica é uma alternativa muito pior", adianta Wirsenius.

ZAP // ScienceAlert

O bacon provoca cancro? Chefe de agência da ONU defende os seus estudos


Conclusões de Christopher Wild têm merecido críticas por ligar a carne processada e o glifosato ao cancro. O diretor da agência de pesquisa sobre o cancro diz que tem havido mal-entendidos e aponta o dedo aos críticos.

DN
26 Dezembro 2018 — 10:19

O chefe da agência da ONU que provocou protestos, e foi mesmo ridicularizado por alguns setores, quando declarou que o bacon, a carne vermelha e o herbicida glifosato provocam o cancro, veio defender o seu trabalho, negando que essas conclusões sejam desajustadas e insistindo na independência do seu trabalho.

De saída do cargo, Christopher Wild defendeu afincadamente as decisões e a transparência da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC), e passou ao ataque - falou nos interesses dos seus críticos, muitos dos quais são de corporações multinacionais.

Wild, um cientista britânico que está no comando da IARC há dez anos, admitiu agora numa entrevista ao Guardian que pode haver necessidade de explicar melhor ao público o que tem procurado com os seus estudos: evidências científicas sobre o que, de telemóveis (provavelmente) a café (sem provas), causa cancro. Reconheceu que o seu trabalho às vezes é mal compreendido.


"O público mudou. Se recuar 10 a 15 anos, a audiência dos estudos era profissional - agências reguladoras, cientistas, legisladores de diferentes tipos. Agora há tanto interesse no cancro e nas suas causas que há um público mais geral", disse.

Em reação à notícia de que carne processada era cancerígena, Wild diz que "não houve especulação". "O nosso papel é sintetizar as evidências. Analisamos se algo tem potencial para causar cancro em algumas circunstâncias ". O cientista confessa que ficou surpreendido com a polémica causada pelas suas conclusões desde 2015. "A ciência era cristalina. Colocamos um pouco de ênfase na relação entre quantidades ingeridas e efeito."

"A ciência era cristalina. Colocamos um pouco de ênfase na relação entre quantidades ingeridas e efeito"

A IARC trabalhou com a Organização Mundial de Saúde no desenho de uma estratégia de comunicação. "No entanto, não estávamos preparados para a escala de resposta e de interesse nisso", disse Wild. "Isso levou a muitas discussões internas e com nossos colegas da OMS sobre como podemos coordenar melhor a avaliação científica e depois os conselhos sobre saúde pública".

Mas há um mal-entendido geral do sistema de classificação da IARC, reconhece. O tabaco, a radiação ultravioleta e o álcool são todos cancerígenos de grau 1, o que não surpreende ninguém, porque se ligam respetivamente a cancros de pulmão, pele e fígado (e outros). Assim é o bacon processado e outras carnes processadas. Isso não significa que todos sejam igualmente perigosos.

A IARC diz que 50 gramas de carne processada por dia aumenta o risco de cancro colorretal em 18%. Isso ainda não é alto se a pessoa tiver um risco inicial muito baixo. Fumar, por outro lado, mata metade daqueles que o fazem.

Sobre a carne vermelha e a processada, Wild diz que "muitas das agências de notícias disseram que é sobre moderação de consumo e não dizem para não comer carne vermelha ou carne processada. Mas a parte que falta e que temos de ser nós a fazer, junto com a OMS, é uma diretriz sobre o que isso significa para o público. Foi aí que sentimos que precisávamos de trabalhar juntos, muito mais de perto, no processo de planeamento. "

No caso do glifosato, houve reações muito negativas aos estudos de Wild. Desde a avaliação, divulgada em março de 2015, Wild aponta que "a agência tem estado sujeita a esforços coordenados e sem precedentes para minar a avaliação, o programa e a organização. Esses esforços têm deliberadamente e repetidamente deturpado o trabalho da agência. Os ataques foram em grande parte da indústria agroquímica e dos meios de comunicação associados ".

Emirados Árabes Unidos investem 174 MEuro em centros tecnológicos agrários em Angola


Os Emirados Árabes Unidos (EAU) vão investir 200 milhões de dólares (174 milhões de euros) em 18 centros tecnológicos agrários em Angola, indicou hoje o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) angolano.


Lusa
21 Dezembro 2018 — 19:48

Segundo o diretor do IDA, David Tunga, a decisão consta de um memorando de entendimento assinado hoje em Luanda, entre a instituição tutelada pelo Ministério da Agricultura e Florestas angolano, e o diretor de gabinete do Governo dos EAU, xeque Ahmed Dalmjook Al Maktoum.

O investimento, a ser executado em cerca de cinco a sete anos nas 18 províncias angolanas, visa capacitar quadros do setor da Agricultura e Florestas e camponeses em técnicas de produção, processamento e comercialização dos bens agrícolas.

Numa primeira fase, sublinhou David Tunga, será implementado nas províncias do Bié, Huambo, Luanda e Bengo, avançando posteriormente para as restantes.


Todos os centros tecnológicos vão ter laboratórios para análises aos solos das diferentes províncias, a fim de aferir a necessidade ou não de nutrientes, uma vez que vai existir uma estrutura de processamento de mistura de fertilizantes para satisfazer cada região.

Segundo David Tunga, cada província terá um centro principal e, em função disso, surgirão centros pequenos, a nível municipal.

Na primeira fase da implementação do projeto, acrescentou, a gestão ficará sob responsabilidade dos investidores, "de forma a recuperar o investimento feito", disse.

Depois da consolidação, prosseguiu David Tunga, o projeto será entregue ao Governo de Angola para gestão autónoma.

David Tunga explicou que, com o projeto, se pretende alcançar o máximo de famílias em cada província, com base no número de camponeses nelas existentes.

Por sua vez, Ahmed Dalmjook Al Maktoum disse que quer avançar com os projectos "rapidamente", de forma a aumentar a produção e dar apoio ao setor agrícola de Angola.

"Congratulamo-nos com o Governo de Angola e perspetivamos outras oportunidades de investimentos internacionais, uma vez que há maior credibilização no mercado angolano", manifestou o governante dos EAU.

Valor da produção agrícola em Portugal sobe acima da média da UE


Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros

LUSA 16 de Novembro de 2018, 12:17 Partilhar notícia

DANIEL ROCHA
O valor da produção agrícola em Portugal aumentou 7%, para os 7,5 mil milhões de euros em 2017 face ao ano anterior, acima da média da União Europeia (6,2%), segundo o Eurostat.

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Considerando as componentes da produção agrícola, a produção vegetal nacional aumentou 9% face a 2016, a produção animal 4,5%, os serviços agrícolas 2,2% e as actividades secundárias inseparáveis 4,4%.

O valor da produção agrícola aumentou em quase todos os Estados-membros, com especial relevo para a Estónia (18,2%), a Irlanda (13,6%), a Roménia (13,2%), o Reino Unido (12,6%) e a Polónia (11,1%).

A Eslovénia (com um decréscimo de 4,7%) e Malta (com uma diminuição de 3,1%) viram o valor da produção agrícola recuar de 2016 para 2017 e na Croácia e Eslováquia manteve-se estável.

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Entre os Estados-membros com maior produção agrícola total, o indicador progrediu 8,6% na Alemanha, 4,5% em Espanha, 3,2% em França e 2,2% em Itália.

Segundo o gabinete estatístico da UE, as contas económicas da agricultura mostram que a produção nos 28 Estados-membros se fixou em 432,6 mil milhões de euros a preços de base de 2017, um aumento de 6,2% face a 2016.

A França é o país com maior peso na produção agrícola (72,6 mil milhões de euros, 17% do total da UE), seguindo-se a Alemanha (56,2 mil milhões de euros, 13%), a Itália (55,1 mil milhões de euros, 13%), a Espanha (50,6 mil milhões de euros, 12%), o Reino Unido (31,8 mil milhões de euros, 7%), a Holanda (28,9 mil milhões de euros, 7%), a Polónia (24,9 mil milhões de euros, 6%) e a Roménia (17,7 mil milhões de euros, 4% da UE).

Agricultura. Solos em Portugal já não são o que eram


CAROLINA BRÁS
27/10/2018 14:47

Picos de calor e seca extrema, chuva repentina e fora de época e rajadas de vento que destroem tudo por onde passam. O clima em Portugal está a mudar o setor agrícola é um dos que mais sofre com esta alteração. O i falou com responsáveis de algumas associações de produtores e com o secretário geral da Confederação dos Agricultores de Portugal para perceber quais as consequências destas mudanças  

O clima em Portugal já não é o que era e as mudanças estão à vista. Este ano assistimos ao setembro mais quente desde 1931, depois de junho ter sido o segundo mais chuvoso do século e de julho ter sido o mais frio. Em outubro, Portugal recebeu a visita da tempestade Leslie com chuvas e rajadas de ventos fortes. A instabilidade, variabilidade e imprevisibilidade do clima é agora um dos maiores desafios para os agricultores que pretendem continuar competitivos e com capacidade para responder a ameaças nas diversas culturas. 

Para Luís Mira, secretário geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), uma das soluções para contornar as alterações climatéricas terá de passar por um mudança de culturas e de hábitos agrícolas em Portugal. "A questão vai afetar todo o país. Obviamente mais o centro, que neste momento já tem menos chuva, mas no norte também vai aumentar muito a temperatura", explica ao i que, no entanto, recusa alarmismos porque, como explicou, a falta de condições para algumas culturas é o suficiente para serem criadas outras, como o amendoal que se produz cada vez mais no Alentejo. 

"Nós fazíamos culturas que não era possível fazer em Inglaterra, mas daqui a 50 anos vai ser possível fazer as culturas em Inglaterra que nós fazíamos aqui e nós passaremos a fazer outras. É isto que as alterações também vem dar", explica. 

Uma realidade que para o presidente da Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), José Palha está muito presente nos agricultores de cereais uma vez que já existem trabalhos em conjunto com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) para estudar quais as culturas mais produtivas no norte de África que possam ser adaptadas às nossas condições que "são cada vez mais parecidas

O que é certo é que os dados meteorológicos já são conhecidos: além do calor, aquele que foi o setembro mais quente desde que há memória levou também ao aumento da área em seca meteorológica em todo o país. No final do mês, 91,6% encontrava-se em seca fraca e 6,8% em seca moderada. Uma situação que pode afetar mais produções agrícolas do que outras. Uma das zonas que poderá ser mais penalizada será a região Oeste. "A zona oeste corre o risco de, no futuro, não ter baixas temperatura no inverno e isso impede a fruta de frutificar, o que é complicado porque água ainda se consegue arranjar, temperaturas baixas não" explicou ao i o secretário geral da CAP. 

"Em janeiro tivemos recordes de temperaturas mínimas, em setembro recordes de temperaturas mais altas e em outubro rajadas de ventos fortíssimas. É uma situação complicada para a agricultura", diz Domingos dos Santos, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha que conta também que já "a seca do ano passado, depois as chuvas tardias, alteraram os ciclos das estruturas".

Os agricultores de vários setores contactados pelo i estão preocupados com estas alterações, até porque os picos climáticos sentidos em Portugal são o que mais prejudicam as produções. "Temos anos com muita chuva e outros com pouca. Os períodos de seca são gravíssimos porque quando chove nunca é suficiente" e "há zonas do país que não estão preparadas para este tipo de alteração", confessou João Coimbra diretor da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sogro (ANPROMIS). 

Segundo Jorge Soares, presidente da Associação de Produtores de Maça de Alcobaça, "as culturas mais afetadas foram a macieira e a pereira" e as consequências foram significativas. "Um percentual de frutos queimados pelo sol, um percentual de frutos cozidos pelo excesso de temperatura e um percentual de perdas em crescimento e em quantidade". 

Produtos beneficiados Mas esta instabilidade no clima não é má para todas as produções. Há algumas culturas que beneficiaram do clima que se fez sentir este ano. "Para os cereais foi um ano extraordinário porque [...] as culturas tiveram um desenvolvimento ótimo e a maior vantagem foram as temperaturas baixas na primavera como aquelas chuvas. Tivemos um ano de produção muito bom, ao contrário do que aconteceu o ano passado", contou José Palha, presidente da ANPOC. Ainda assim, admite que "a enorme variabilidade do tempo" é uma preocupação.

José Palha destacou o abandono de terrenos como uma das consequências do clima, uma preocupação que não é partilhada por Luís Mira ao explicar que "a terra que é boa não se abandona", mas acrescenta "o que acontece é que as terras não são todas iguais e que as abandonadas não têm é mais capacidade produtiva".

 Além da seca, a passagem do furacão Leslie trouxe também algumas dores de cabeça a alguns agricultores uma vez que "é uma atividade ao ar livre e está sempre sujeita ao impacto positivo ou negativo das condições climáticas" como referiu Mariana Matos, secretária geral da Associação do Azeite de Portugal.

"O que é facto é que ainda agora assistimos a um furacão que destruiu as culturas todas no vale do Mondego, destruiu tudo por onde passou e deixou um rasto de destruição. Estas alterações climáticas deixam de estar num campo de impossibilidade ou de inexistência e é aí que está o problema", afirmou Luís Mira.

Portugal terá de devolver quase 2 milhões de euros em ajudas agrícolas


6/12/2018, 11:09

Bruxelas considerou indevidas ajudas a agricultores nos Açores no valor de quase 2 milhões de euros por não cumprirem regras da UE, tendo identificado falhas em controlos administrativos.

Portugal declarou despesas na medida "Desenvolvimento Rural, investimentos FEADER -- beneficiários privados", as quais Bruxelas considerou indevidas
ANTONIO JOSE/LUSA

Portugal vai ter de reaver quase dois milhões de euros de ajudas a agricultores nos Açores que Bruxelas considerou indevidas, segundo um acórdão esta quinta-feira proferido pelo Tribunal Geral da União Europeia (TGUE).

O TGUE negou esta quinta-feira provimento ao recurso de Portugal de uma decisão da Comissão Europeia que identificou falhas em controlos administrativos e considerou ter havido financiamento de despesas agrícolas que não cumpriram as regras da UE.


A Comissão Europeia tinha notificado as autoridades portuguesas, em 2013, sobre deficiências verificadas nos controlos feitos a despesas declaradas por Portugal na medida "Desenvolvimento Rural, investimentos FEADER — beneficiários privados" nos exercícios contabilísticos de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, no âmbito do Prorural — Programa de Desenvolvimento Rural da Região Autónoma dos Açores 2007-2013.

Em novembro de 2016, Bruxelas decidiu que Portugal teria que reaver 1.990.810,3 euros de despesas declaradas por ter considerado não ter sido possível "avaliar devidamente a razoabilidade dos custos apresentados por três beneficiários do apoio relativo à competitividade dos setores agrícola e florestal que diz respeito a medidas destinadas a reestruturar e desenvolver o potencial físico e a promover a inovação através do aumento do valor dos produtos agrícolas e florestais".

Portugal recorreu desta decisão e, esta quinta-feira, o TGUE negou provimento ao recurso, considerando que "a Comissão verificou, corretamente, que os pagamentos anteriores a 12 de setembro de 2011 que tinha identificado numa carta de setembro de 2014 eram suscetíveis de serem excluídos do financiamento da União". Por outro lado, o acórdão salientou que Bruxelas "apresentou provas de dúvida séria e razoável" sobre os controlos feitos pelas autoridades portuguesas.