domingo, 15 de setembro de 2019

Produtor desvia água de ribeira que diz ser sua por uma ordem real dada há 134 anos


Um grupo de activistas não aceita que haja um homem que possa dizer "sou dono da ribeira, e faço da água o que quero". Sabotaram a rega de um laranjal de cultura intensiva e prometem voltar com novas acções.

Idálio Revez 6 de Junho de 2019, 21:12

A água que alimentava a cascata do vigário, na ribeira de Alte, deixou de correr porque está a ser desviada para um laranjal com 120 hectares. Face a isto, um grupo de activistas revoltou-se e proclamou: "A água é vida, não podemos permitir que nos seja roubada". E não estiveram com meias medidas: a comporta donde sai a água para a rega foi bloqueada com sacos de areia e cimento. E, por quatro dias, a cascata do vigário voltou a ser o bilhete-postal que atrai turistas e alimenta o ecossistema.

Mas os militares da GNR, chamados pelo proprietário, entraram em acção para repor a ordem no passado domingo à noite. Não se registaram feridos mas ficaram as ameaças no ar e promessas de que luta continua. Para o próximo fim-de-semana, no encerramento do festival Fusos (três dias de manifestação artística), está prevista uma manifestação junto ao concerto que se realizará na cascata do vigário

Um mundo selvagem para conhecer entre risos — mas para preservar a sério
"Puxaram pelos bastões luminosos mal eu disse boa noite", relata Daniel Pancadas, um dos elementos do grupo, constituído por portugueses e estrangeiros, que diz lutar por princípios e valores ambientais. "Saltei de cima de um paredão e fugi para não ser atingido", relata. O português, luso-descendente, viveu na Suíça e há dois anos regressou à terra dos seus pais, Alte, para "lutar por um mundo novo, livre da poluição". A ele e à Suzy Lucas, sua companheira, juntaram-se com mais uma dezena de amigos, a maioria estrangeiros. Vivem numa quinta com 3,5 hectares em Santa Margarida (Alte), onde se dedicam à agricultura.

"Somos como uma família", acrescenta Lorin, suíço, que também participou na operação de sabotagem. "Atirei-me à água, escondi-me, e eles [GNR] não me apanharam". No dia seguinte, o grupo organizou uma manifestação da aldeia para sensibilizar a população. "Recebemos ameaças da Guarda, alegando que a manifestação não estava autorizada", conta Suzy, que apresentou queixa contra a GNR de Salir no posto da Guarda de São Bartolomeu de Messines.

Os três protagonistas da operação, soube o PÚBLICO junto da GNR, foram identificados e está a decorrer um auto de notícia. "Somos naturalistas, não somos terroristas", sublinha Daniel Pancadas, manifestando discordância face a algumas regras instituídas: "A guarda questionou-me, um dia, pelo chip do cachorro, perguntei-lhe se as raposas também usavam chip", exemplifica

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O presidente da junta de freguesia, António Martins, admite que existe um "conflito aberto porque há uma pessoa que se diz dono da água das fontes". Ovídio Alves, através da empresa Citrinalte, rega um pomar de citrinos com uma área de 120 hectares. "Sempre fomos contra o direito de um particular poder desviar toda a água da ribeira - é contra a natureza", sublinha o autarca.

Por seu lado, o citricultor alega ser detentor de um direito histórico, que vem do tempo de D. Luís, transferido em 2012 quando comprou a principal parcela do morgado de Alte. Por carta régia de 20 de Maio de 1885 recebeu poderes de "livre utilização das águas para os fins que entender" e pode, inclusive, registar na conservatória predial a fonte de Alte como sendo parte integrante da sua propriedade privada. Caiu a monarquia, mas mantiveram-se os privilégios.

A polémica que se vive neste momento em Alte, prossegue o presidente da junta, socialista, surge como "um remake" do que se passou há mais de meio de século quando houve, também, uma disputa pela posse e controlo da água por parte dos herdeiros do morgado. "A fonte grande é uma fonte do domínio público desde há séculos", lê-se na acta da sessão extraordinária da autarquia, realizada no dia 21 de Julho de 1956, em que o participou, como mediador, o regedor da freguesia, António Gomes Cravinho (tio-avô do ex-ministro, João Cravinho).

Pombal e Alte juntam-se este fim-de-semana à Noite Europeia dos Morcegos
"Quem salva o vigário [cascata], pergunta Daniel Pancadas. Da parte que lhe toca, enfatiza, está disposto a lutar até onde for preciso". O artista plástico Daniel Vieira, filho de José Cavaco Vieira, à altura presidente da junta, comenta: "Não sou contra uns e a favor dos outros, na partilha das águas, mas estou contra os laranjais de cultura intensiva"

A empresa agrícola é detentora de uma licença de utilização dos recursos hídricos emitida pelas entidades do Ambiente em 2014 com uma condição: "obriga-se a implementar uma gestão adequada que vise garantir as quantidades de recurso para os usos existentes a jusante da utilização". O que está em causa, esclarece a junta de freguesia, é garantir o caudal mínimo ecológico da ribeira que permita "manter água corrente todo o ano, sustentando nos seus açudes e pegos uma grande variedade de flora e fauna, entre as quais várias espécies de peixes, tartarugas, aves aquáticas e ribeirinhas e mesmo uma pequena comunidade de lontras".

A autorização, válida até 2024, refere ainda a necessidade de manter o "espaço de usufruto público situado imediatamente a jusante da EN 124 [cascata do vigário]". Além disso, sugere, a gestão "deverá ser efectuada em coordenação com a junta de freguesia de Alte".

O autarca considera que os 120 hectares de citrinos é um "exagero para a água disponível". Daniel Vieira comenta: "Ele não tem culpa, o responsável é quem o autorizou [a desviar a água da ribeira]". A este produtor junta-se João Cabrita Gonçalves que tem mais 120 hectares de citrinos em Benafim e Alte. No largo do moinho da levada, à porta de casa, Manuel Luís, de 77 anos, recorda: "Isto era bonito quando água corria até à queda do vigário, viam-se as lontras, agora o que sai das poças de água são mosquitos"


terça-feira, 27 de agosto de 2019

António Costa afirma no Algarve prioridade no combate às alterações climáticas



Jornal Económico com Lusa 25 Agosto 2019, 15:18

No sul do país, o primeiro-ministro reconheceu que a serra algarvia "está também na linha da frente daquilo que são as consequências das alterações climáticas", adiantando que é necessário "proteger o Caldeirão e a biodiversidade".

Venham conhecer o "outro Algarve"! O primeiro-ministro fez este apelo ao falar aos jornalistas no miradouro da serra do Caldeirão, no concelho de Loulé (distrito de Faro), onde a sua comitiva parou no âmbito de uma visita à N2, que se iniciou em Faro, passou por São Brás de Alportel e vai seguir durante os próximos dias noutras zonas do país para dar a conhecer e valorizar o interior.

"O primeiro objetivo é voltarmos a ver um país que tem ficado escondido pelas autoestradas e ver o seu enorme potencial, a partir dos recursos naturais que tem – começámos por ver as termas em Chaves –, aquilo que são as suas produções naturais, culturais e as suas riquezas paisagísticas", afirmou António Costa.

O troço entre São Brás de Alportel e Almodôvar, referiu, "é o único que está classificado" e representa "uma grande riqueza deste outro Algarve que também existe" no interior.

"O Algarve é bastante mais do que mar, sol e praia e há este outro Algarve que é preciso proteger. E a serra do Caldeirão é de uma enorme riqueza do ponto de vista ambiental e da sua biodiversidade", exemplificou. Disse depois que a serra algarvia "está também na linha da frente daquilo que são as consequências das alterações climáticas" e que é necessário "proteger o Caldeirão e a biodiversidade", mas tendo o "objetivo de combate às alterações climáticas como prioritário".

"Portugal foi o primeiro país no mundo a assumir 2050 com meta para a neutralidade carbónica. Fomos também o primeiro país a aprovar o nosso roteiro para a neutralidade carbónica, definindo nas diferentes áreas – desde a produção de energia à economia circular – quais são as metas que tem de cumprir para assegurar esta neutralidade, porque não basta ter este objetivo. Temos esta ambição, é depois necessário programar e agir", acrescentou.

O secretário-geral socialista apontou também a água como um "recurso fundamental" que "começa a escassear bastante na serra do Caldeirão". A sua falta deixa o Algarve como "uma zona de grande pressão".

"Do ponto de vista do abastecimento humano está assegurado, mas é uma enorme exigência melhorar a sua eficiência para o uso para a agricultura. A agricultura é a grande fonte do consumo de água, 74% da água consumida é água consumida na agricultura, e melhorar a eficiência é absolutamente chave", sustentou.

A falta de água, sublinhou, pode deixar a "paisagem alterada" e afeta uma "grande riqueza desta serra, que são os sobreiros", árvores que "estão já a sofrer consequência da falta de água", juntamente com o a apicultura, que sofreu uma "descida significativa da produção devido à seca".

"É por isso que no final deste ano teremos aprovados planos de seca em cada uma das bacias hidrográficas, para podermos definir em cada uma o que é necessário fazer para podermos aproveitar melhor esse recurso fundamental que é a água, como condição de vida e de preservação destes habitats", argumentou.

O roteiro pela EN2 teve início na terça-feira me Chaves.

Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista que deu ao semanário o Expresso, publicada no sábado, e o desagrado que esta provocou no BE – partido com que o PS manteve um acordo na legislatura que agora termina para suportar o Governo -, António Costa respondeu apenas que a entrevista tinha que ser lida na totalidade e não parcialmente, para não ser mal entendida.

O socialista insistiu em que o interior é uma "fonte de inspiração" e sublinhou que as autarquias da N2 se juntaram numa associação intermunicipal para "valorizar este património", apesar de serem de partidos diferentes, como o país vai ter de fazer em outubro, após as eleições legislativas.

Douro inicia vindimas e estima aumento de produção de 30%

Responsáveis pela produção dizem que é cada vez mais difícil arranjar mão-de-obra. As gerações mais novas não querem trabalhar nas vinhas.

DN / Lusa
25 Agosto 2019 — 11:49

Vinho francês de 30 mil euros terá lançamento mundial no Porto
O Douro está a iniciar as vindimas e prevê um aumento de produção na ordem dos 30% nesta campanha, mas na região verificam-se cada vez mais dificuldades em recrutar mão-de-obra para o trabalho na vinha.

A vindima culmina um ano de trabalho e é considerada a época alta da mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo. As vinhas enchem-se de vindimadores e a região de turistas que querem ver e até participar no corte das uvas.

A Quinta do Vallado, no concelho de Peso da Régua, distrito de Vila Real, foi uma das primeiras da região a arrancar com a vindima. Primeiro cortam-se as uvas brancas, seguindo-se, dentro de dias, as uvas tintas.

A propriedade possui uma equipa que trabalha o ano inteiro e, nesta altura, recorre também aos empreiteiros agrícolas e contrata diretamente pessoas das aldeias próximas.

Francisco Ferreira, responsável pela gestão agrícola e de produção do Vallado, assinalou a mão de obra como "uma dificuldade" e referiu que se nota que, de ano para ano, mais pessoas saem da região e menos querem trabalhar na agricultura.

Com o aumento estimado da colheita, na ordem dos 30% em toda a região demarcada, as carências de mão-de-obra poder-se-ão também intensificar.

Fátima Carvalho, com 63 anos, trabalha para a Agropenaguião, uma empresa que fornece mão-de-obra para as atividades agrícolas. É de Ancede, em Baião, e disse à agência Lusa que se levanta às 03:30 para se preparar, fazer a merenda e apanhar a carrinha para viajar para o Douro.

"Fui sempre habituada na agricultura e já não me custa nada. Não consigo estar em casa", contou.

António Costa tem 56 anos, é de Barrô, no concelho de Resende, levanta-se todos os dias às 05:00 e regressa a casa por volta das 19:00.

Este trabalhador coordena os vindimadores do empreiteiro na Quinta do Vallado e disse também que "é cada vez mais difícil arranjar mão-de-obra no Douro", principalmente nestas alturas em que o trabalho se intensifica.

"O pessoal novo não quer e são os mais antigos que aqui andam. Vê-se pouca juventude na vinha", referiu.

Verónica Cardoso é trabalhadora afeta à Quinta do Vallado, tem 26 anos, é natural de Santo Xisto e uma das mais novas que estava nesta vindima, garantindo que gosta de "trabalhar na vinha e ao ar livre".

"Nasci no meio das vinhas e acabei por ficar por cá", frisou.

Maria Lucília, 64 anos e natural de Loureiro, na Régua, faz vindimas desde que era pequena e sublinhou "que não custa nada" e que gosta do corte das uvas.

Este é um trabalho sem teto e, por isso, é com naturalidade que estes vindimadores enfrentam o calor intenso que se sente por estes dias no Douro.

Segundo dados revelados pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), no Douro espera-se uma produção na ordem dos 1,6 milhões de hectolitros de vinho, enquanto no ano passado foi de 1,3 milhões de hectolitros. O aumento será na ordem dos 30% face ao ano anterior e de 16% relativamente à média dos últimos cinco anos.

Francisco Ferreira disse que na Quinta do Vallado se prevê um aumento da produção de cerca de 10% comparativamente com 2018, no entanto ressalvou que, no ano passado, a quebra aqui também foi "pouco significativa".

O responsável referiu que em termos quantitativos, este será um "ano ligeiramente acima da média" e explicou que, por causa da pouca chuva, o bago está um pouco pequeno, no entanto esse fator poderá dar "alguma concentração e qualidade à uva".

"Em termos sanitários foi um ano bom, praticamente sem problemas", frisou.

De acordo com o IVV, na região de produção de vinho do Porto e do Douro o "míldio manifestou-se de forma pouco intensa, não afetando de uma forma geral, a produção".

O instituto referiu ainda que "as condições climáticas verificadas, com destaque para o mês de junho, com humidade relativa elevada e dias encobertos, contribuíram para a propagação do oídio, mas sem impactos significativos na produção".

Em contrapartida, no ano passado verificaram-se situações de granizo, míldio e escaldão, o que se refletiu na produção final.

Em todo o país, de acordo com o IVV, estima-se que a produção de vinho na campanha 2019/2020 atinja um volume de 6,7 milhões de hectolitros, o que se traduz num aumento de 10% relativamente à campanha 2018/2019 e 4% em relação à média dos últimos cinco anos.

O que torna o pinhão português tão valioso?


Chamam-lhe o ouro branco das florestas e é um produto de excelência de Portugal. Como se retira o pinhão das pinhas em escala industrial? E porque é tão caro este fruto seco?

Alexandra Prado Coelho (Texto) e Rui Gaudêncio (Fotografia)  16 de Fevereiro de 2019, 3:14

Quando Francisco Cecílio, no final dos anos 1950, teve uma intuição visionária sobre o potencial do pinhão, o mundo era muito diferente do que é hoje. "O pinhão era colhido manualmente e trabalhado pelas famílias", conta Teresa Cecílio, a neta, terceira geração à frente da empresa de Coruche que leva o nome do avô e é, actualmente, a mais antiga fábrica transformadora de pinhão em Portugal, com as marcas Pinheiro e Lynce.

Francisco era "um comerciante por natureza" e conta-se na família que aos nove anos já andava a negociar cabritos para depois os vender. Talvez por isso viu na altura o que ninguém via: fechados dentro dos milhões de pinhas dos pinhais da região estavam os deliciosos pinhões pelos quais alguém um dia haveria de pagar bom preço (o chef espanhol Martín Berasategui, que recentemente abriu em Lisboa um restaurante de luxo, o Fifty Seconds, no cimo da Torre Vasco da Gama, diz que o produto português que mais o impressionou pela qualidade foi o pinhão).

Uma vez por mês, vamos passear pelos pomares de Portugal, à descoberta das paisagens que nos dão sabores. Em Março andaremos atrás da amêndoa de Trás-os-Montes e até ao final do ano iremos apanhar laranjas ao Algarve ou cerejas mais a Norte. Venha connosco encher a cesta!

Crianças refugiadas fotografaram o "inferno" onde vivem, às portas da Europa
O processo não era simples. Depois de os homens subirem aos pinheiros para apanhar as pinhas, estas eram distribuídas por famílias que, ao serão, ocupavam todos os membros, adultos e crianças, na tarefa de abrir a pinha, tirar o pinhão em casca, abrir a casca e retirar o miolo. O problema, conta Teresa Cecílio, é que nesses tempos do seu avô a rentabilidade era baixa porque não se conseguia controlar a quantidade de pinhões que estes trabalhadores iam comendo. Quando, na manhã seguinte, Francisco passava pelas casas para recolher os sacos de miolo de pinhão, as famílias diziam que só rendera aquilo e o empresário não tinha maneira de confirmar se era verdade ou não.

Foi por isso que começou a pensar em formas de tornar o processo mais rentável e criou algumas máquinas para estar menos dependente da mão-de-obra humana. Hoje, quando visitamos a fábrica Cecílio de Coruche, o que vemos são máquinas inspiradas nessas primeiras criadas por Francisco.

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Os pinhões em casca chegam, são molhados e levam um choque térmico que faz rachar a casca, são depois separados da película mais fina que os envolve, passam por uma lavagem porque o pó negro infiltra-se facilmente nos poros, são secos, polidos, e cuidadosamente seleccionados, primeiro por uma máquina e depois por um grupo de quatro mulheres que só deixam passar os que estão perfeitos, com tamanho e cor ideais.

Mas esta é a segunda parte de um processo que, no caso da Cecílio, começa a alguns quilómetros dali, na Herdade dos Coelhos, onde chegam as pinhas compradas aos proprietários florestais da região, que é uma das principais zonas produtoras de pinhão do país. Recuemos mais uma vez ao passado para perceber como se fazia antigamente na Cecílio. Colocadas em montes, as pinhas eram deixadas ao sol a secar até as pétalas começarem a abrir e ser possível retirar-lhes o pinhão em casca.

Era um método que, sublinha Teresa, demorava muito tempo e exigia uma atenção permanente porque cada vez que começava a chover era preciso ir a correr tapar os montes de pinhas para evitar que apodrecessem. Além disso, deixadas ao ar livre, as pinhas eram frequentemente roubadas. Por isso, hoje utiliza-se outro método: a abertura forçada pelo calor, com as pinhas a serem colocadas num forno alimentado com a madeira das próprias. No final, desfeita a pinha, ficam os pinhões em casca que seguem então para a fábrica de Coruche.

PÚBLICO - Aumentar
De uma pinha retira-se em média 3% de miolo de pinhão, tudo o resto é madeira que será usada como combustível. Isto ajuda a perceber por que é que este fruto atinge valores tão elevados. Mas há outras explicações. Em primeiro lugar, a apanha do pinhão é um processo ainda muito manual, complicado, com riscos, e, por isso mesmo, com custos elevados nessa fase do processo.

Há já nos campos algumas máquinas para a apanha mecânica, que fazem vibrar o pinheiro até as pinhas grandes caírem no chão (são adaptadas das usadas nos olivais), mas nem todos os produtores as utilizam. Os pinheiros mansos têm uma característica que os torna muito diferentes das oliveiras neste aspecto: os seus ciclos produtivos são de três anos, o que significa que em cada pinheiro há pinhas em três fases diferentes, a maior, que pode ser apanhada, uma média, que atingirá o tamanho ideal daqui a um ano e uma mais pequena, que será colhida ao terceiro ano. É essencial que, qualquer que seja o método utilizado para a apanha, só caia ao chão a pinha maior, e que as outras não fiquem danificadas para não comprometer a campanha do ano seguinte.  

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RUI GAUDÊNCIO
Depois, explica Teresa Cecílio, há ainda uma grande dificuldade, que os vários envolvidos nesta fileira estão a tentar ultrapassar, que é a de antever qual será a produtividade de um determinado pinhal. Sem se ver o interior da pinha não se sabe quantos pinhões ela tem, pelo que pagar um preço fixo por quilo de pinhas se se conhecer bem o pinhal é também um grande risco – até porque o pinheiro manso é sensível às mudanças climáticas, podendo produzir mais num ano e menos no outro.

Além disso, recentemente esta espécie foi atacada por uma praga (o insecto Leptoglossus, que suga o interior do pinhão quando ele ainda está leitoso), aparentemente já controlada, mas que provocou enormes perdas, deixando o sector à beira do desespero. A isto somam-se ainda as alterações climáticas, com anos mais secos a afectar também a produção.

Estamos na época do pinhão (a apanha decorre entre 1 de Dezembro e 31 de Março). Nos pinhais em redor de Coruche, zona de temperaturas amenas, solos arenosos e influência do mar, as pinhas começam a cair ao chão, escondendo ainda no interior das pétalas o precioso fruto, de cor de marfim e sabor a floresta, tantas vezes chamado ouro branco.

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O pinhão português é um tesouro mas é tratado como se fosse lixo
Muitos dos pinheiros mansos que vimos no caminho ainda não produzem, fazem parte da área plantada nos últimos 15 anos e vão precisar de mais alguns para começarem a dar fruto. Mas provam uma coisa: a visão de Francisco Cecílio, há mais de 70 anos, estava certa. Havia futuro para o pinhão português.   


domingo, 4 de agosto de 2019

Valorizar o Pão!…

Nuno Pires
3/8/2019, 0:27

Os agricultores devem ser referências a ter em conta, não só pela labuta produtiva, mas também pela inegável contribuição para sustentabilidade ambiental.

Talvez por ter nascido e crescido no meio rural/agrícola, tenho por esta atividade uma especial atenção e interatividade. Que valorizo e respeito, admirando as pessoas, sobretudo jovens, que ousam nesta área empreender e levam a peito. Pelo sacrifico e dedicação que implica, porque a tarefa é exigente e o risco permanente, os agricultores devem ser referências a ter em conta, não só pela labuta produtiva, mas também pela inegável contribuição para sustentabilidade ambiental. Acabam, até, por ser os verdadeiros jardineiros da natureza, contribuindo de forma inegável para a economia nacional, para o turismo e cultura tradicional.


Mas nem sempre a sua atividade é tida em conta desta forma, ou se valoriza o fruto que seu labor transforma. Por isso, entendo que toda a gente deveria saber quanto é difícil trabalhar e viver da agricultura. Quanto custa produzir o pão, as batatas, o azeite, vinho e demais produtos da terra. Ora, o reconhecimento pessoal destes retratos naturais e vivências retroativas, levam-me a escrever sobre o meio rural. Naturalmente que, além de me chegarem diretamente, são diversas a reações/comentários ao que escrevo e às opiniões que emito, expressas, até, noutros contextos. Confesso, com algum orgulho não pecador, que as reações/comentários me deixam satisfeito e motivado, acabando por ficar, nalguns casos, o assunto mais esclarecido e complementado. Neste contexto deixo aqui um comentário ao um meu texto anterior, sobre as Segadas, expresso pela izedense da diáspora, Deolinda Remondes, na minha página do Facebook:

"Desde épocas imemoriais que o pão é o alimento sempre presente nas mesas de todos os povos. Talvez seja o alimento com mais ancestralidade. Creio que os egípcios já o utilizavam mais ou menos 4000 anos A. C. Não sou historiadora e o que digo é somente fundamentado nos livros que tenho lido e porque me interesso muito pela história que, afinal, é o relato da vivência do Ser Humano. As segadas fazem parte das recordações da minha infância. Ainda criança, assistia com grande interesse à faina da ceifa e via, embora não avaliasse, o trabalho árduo de todos aqueles que participavam nessa tarefa. Assistia a tudo e o que me fazia mais confusão era o trabalho dos malhadores que batiam no cereal com os malhos que eram paus articulados com o que me parecia serem tiras de cabedal. Admirava-os porque era um trabalho que exigia muita força e muito tempo. Depois vinha a limpa, onde eu achava que o vento tinha um papel muito importante porque o cereal, já malhado e feita a separação da palha e do grão, este era passado e abanado com crivos e as cascas mais leves o vento encarregava-se de as levar num bailado muito bonito. Mais tarde, apareceram as debulhadoras (davam-lhe o nome de malhadeiras) que facilitaram a vida dos malhadores. Para mim era uma festa assistir a tudo isto, não avaliando ainda quanto custava ter na mesa o alimento essencial que é o "Pão-nosso de cada dia"

Importa, pois, valorizar o PÃO que nos chega à mesa, que comemos e nos sacia a fome que temos. Não esquecendo a simbologia do DIVINO!.. Para além do trabalho e das canseiras que a colheita do mesmo implica, que muitas pessoas desconhecem e outras esquecem, devemos ter em conta a quantidade que, tantas vezes, desperdiçamos, ao mesmo tempo que milhões de seres humanos nem uma migalha têm para se alimentarem.

Agricultores querem postos prioritários durante greve dos motoristas


Jornal Económico com Lusa 03 Agosto 2019, 17:43

A Confederação dos Agricultores de Portugal considerou que é "fundamental" que sejam assegurados postos de abastecimento prioritários, de gasóleo rodoviário e agrícola, em todas as sedes de concelho, durante a greve dos motoristas

Carlos Barroso / Lusa
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) considerou este sábado que é "fundamental" que sejam assegurados postos de abastecimento prioritários, de gasóleo rodoviário e agrícola, em todas as sedes de concelho, durante a greve dos motoristas.

"A CAP considera fundamental que haja postos de abastecimento prioritários em todas as sedes de concelho. Pelo menos um posto em cada sede de concelho, com capacidade para facultar gasóleo rodoviário, mas também gasóleo agrícola", defenderam, em comunicado os agricultores.

Por outro lado, conforme indicou a confederação, existem locais específicos, em particular nas regiões onde já decorrem as colheitas, como associações agrícolas e cooperativas, "que possuem depósitos apropriados e que poderão servir de locais específicos de abastecimento para os agricultores em colheita e seus transportadores".

Adicionalmente, "é crucial" garantir o funcionamento das fábricas, assegurando que estas têm como abastecer-se.

"As fábricas de transformação de tomate funcionam com nafta, ou gasóleo, e têm de ser abastecidas numa base quase diária. Tem que se garantir que a cadeia de valor da agricultura em colheita é assegurada", exemplificou.

De acordo com a CAP, regiões como o Douro, Minho, Oeste, Lezíria do Tejo, Alqueva, Sudoeste Alentejano, Mondego e Fundão "possuem locais próprios que, se forem devidamente abastecidos, retiram da circulação das estradas centenas de viaturas na busca de postos onde o cidadão comum procurará o seu abastecimento".

Estes locais integram uma lista já enviada ao Governo e que terá sido objeto de análise na última reunião do Conselho de Ministros, "aguardando-se, a todo o momento, que as conclusões sejam oficialmente anunciadas".

A CAP "continuará a colaborar ativamente com o Governo, por forma a garantir que o setor agrícola em colheita, incluindo as necessidades específicas da pecuária, sejam atendidas", concluiu.

Na segunda-feira, a confederação já tinha alertado para as consequências desastrosas que a greve dos motoristas terá para as colheitas, considerando que o Governo não teve em conta os agricultores na rede de emergência.

Em declarações à Lusa, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, afirmou, à data, que uma greve em pleno mês de agosto, altura da colheita de vários produtos, como por exemplo o tomate, a pera-rocha e a uva para o vinho, "pode constituir um desastre" e não sabe se "o Governo está consciente" quanto à sua gravidade.

"Pretendemos que o Governo tome a devida consciência da situação, porque em pleno mês de agosto com temperaturas elevadas, com culturas perecíveis, que têm de ser colhidas em períodos de tempo muito curtos que estão programados há meses, [as culturas] não podem de maneira nenhuma ficar no terreno", disse Eduardo Oliveira e Sousa.

O dirigente da CAP considerou ainda que a rede de emergência para abastecimento dos postos de combustíveis anunciada pelo Governo não contempla as zonas rurais.

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que começa no dia 12, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Javalis continuam a causar estragos e lesados manifestam-se em Lisboa para exigir apoio do Governo

30 jul 2019 18:21

Delegações de agricultores da região centro concentram-se na quarta-feira, em frente ao Ministério da Agricultura, em Lisboa, para exigir ao Governo indeminizações pelos prejuízos causados pelas "populações descontroladas" de javalis e outros animais selvagens.
 Javalis continuam a causar estragos e lesados manifestam-se em Lisboa para exigir apoio do Governo

"A situação está descontrolada. Os javalis estão a provocar prejuízos à agricultura familiar e, em muitos casos, a levar os agricultores a desistirem [da produção]", garantiu João Dinis, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em declarações à Lusa.

Apesar de reconhecer que os animais precisam de alimento, o dirigente notou que cabe ao Governo "indemnizar os agricultores", acrescentando que estas populações são ainda responsáveis por "graves acidentes rodoviários".

João Dinis sublinhou que estas preocupações já foram apresentadas ao ministério tutelado por Capoulas Santos, porém, lamentou que, inicialmente, tenham sido recebidas com um tom "critico e quase trocista".

Para a CNA, o Ministério da Agricultura e o Governo "não podem lavar as mãos" deste problema "como Pilatos" e têm que entender "que os agricultores não são obrigados a alimentar os javalis e outros animais selvagens".

De acordo com a confederação da agricultura são esperadas cerca de 200 pessoas no protesto.

Já em abril, o Governo determinou a elaboração de um estudo, pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), sobre a população de javalis em Portugal.

Este estudo destina-se a determinar a dimensão e impacto de "um alegado aumento" da população de javalis e os prejuízos decorrentes.

Adicionalmente, caso se justifique, o ICNF vai elaborar um plano de medidas para controlar a população de javalis.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Ataque ao olival é infundado e puramente ideológico. Eis porquê


Se o Alqueva multiplicou por dez a riqueza da região do Alentejo, o olival e a produção de azeite não podem ser dissociados deste contributo.

29 de Julho de 2019, 16:28


Não há outra forma de o dizer. Os recentes ataques contra a agricultura moderna e, em particular, contra o olival na região de Alqueva são injustificados e desprovidos de quaisquer evidências. Pior ainda, associam os olivicultores a más práticas de gestão agrícola e de recursos naturais, chegando a pôr em causa o contributo deste sector para o país.

O facto de, nos últimos anos, se ter modernizado o modo de produção da cultura do olival em nada perturbou a importância da oliveira – pelo contrário. Na região do Alentejo, esta modernização permitiu, entre 1998 e 2015, que um aumento de 1,17 vezes da área de olival multiplicasse por sete a produção regional de azeite.


Como consequência deste espectacular aumento da produção passámos a dispor de mais azeite português no mercado e afirmámo-nos como um importante player a nível mundial. Os azeites portugueses ganham prémios internacionais ano após ano e os olivais no Alentejo tornaram-se uma referência mundial de produção eficiente e de respeito pelo meio ambiente.

A riqueza que o olival e a produção de azeite geram é inequívoca. Se o Alqueva multiplicou por dez a riqueza da região do Alentejo, o olival e a produção de azeite não podem ser dissociados deste contributo.


Se, na década de 90, apenas uma em cada duas garrafas de azeite tinham produto nacional, hoje os olivicultores garantem um abastecimento integral do mercado. Como passámos a excedentários e produzimos azeites de grande qualidade, a exportação progride tanto em volume como em valor, o que contribui positivamente para o saldo da balança comercial portuguesa.

Em relação a outro dos temas que tem servido de arma de arremesso contra o sector, o olival faz um uso eficiente da água, permitindo a expansão do Alqueva. O facto de se poder regar apenas quando necessário permitiu enormes ganhos de produtividade.

O olival é uma cultura mediterrânica, autóctone em Portugal e, por isso, bem adaptada ao nosso clima e solos. As suas exigências de água e de adubos ou fitofármacos são muito menores quando comparadas com outras espécies. Ao contrário do que tem sido propalado, a produção mais intensiva permite fazer uma poupança de água, solo, adubos ou fitofármacos, através de meios eficientes e cada vez mais controlados.

O regadio contribui não só para a sobrevivência e produtividade das culturas, como para o aumento da humidade relativa do ar e diminuição da sua temperatura média, com importantes efeitos na preservação dos ecossistemas do Alentejo – os agricultores são os principais interessados na preservação dos ecossistemas onde trabalham.

Sendo uma cultura permanente e com grande vigor vegetativo, os olivais modernos acabam por contribuir para o combate aos efeitos das alterações climáticas, pela intensa fixação de carbono da atmosfera.

É incompreensível a recente campanha contra o olival. Apenas se pode concluir que estes ataques são motivados por posicionamentos ideológicos com fortes tendências proibicionistas. Lamentamos profundamente que esta extraordinária evolução seja colocada em causa por pressões e discursos demagógicos e infundados.

Quem está contra o olival na área de intervenção do Alqueva está contra, certamente, o Alentejo e o seu desenvolvimento, imprescindíveis para a captação de investimento, de empregos, de novos residentes e também para a fixação da actual população.

Presidente da Olivum – Associação de Olivicultores do Sul

Greve dos motoristas "pode constituir um desastre" para a agricultura

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou, na segunda-feira, para as consequências desastrosas que a greve de motoristas terá para as colheitas, considerando que Governo não teve em conta os agricultores na rede de emergência.

Em declarações à Lusa, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, afirmou que uma greve em pleno mês de agosto, altura da colheita de vários produtos, como por exemplo o tomate, a pera-rocha e a uva para o vinho, "pode constituir um desastre" e não sabe se "o Governo está consciente" quanto à sua gravidade.

"Pretendemos que o Governo tome a devida consciência da situação, porque em pleno mês de agosto com temperaturas elevadas, com culturas perecíveis, que têm de ser colhidas em períodos de tempo muito curtos que estão programados há meses, [as culturas] não podem de maneira nenhuma ficar no terreno", disse Eduardo Oliveira e Sousa.

O dirigente da CAP considerou ainda que a rede de emergência para abastecimento dos postos de combustíveis anunciada pelo Governo não contempla as zonas rurais.

Para a CAP, defendeu Eduardo Oliveira e Sousa, "é necessário criar um sistema de prioridade de abastecimento dos postos onde os agricultores possam acorrer para que as colheitas não fiquem postas em causa".

"Na perspetiva de uma greve que não sabemos quanto tempo demora, é instalado um pandemónio no país e esse pandemónio no setor agrícola é a ruína, pura e simples", acrescentou, esclarecendo que os seguros agrícolas não contemplam este tipo de situações e que a perda de uma colheita, fruto do trabalho de um ano inteiro, pode levar "milhares de pessoas à falência concreta".

A CAP alertou hoje, em comunicado, para o facto de apenas estar estipulado na Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, divulgada pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), um número "muito reduzido" de postos de abastecimento nos distritos onde a agricultura tem um peso preponderante.

Esses postos, considera a CAP, "não serão suficientes para que os agricultores possam operar as suas máquinas, os seus tratores e as suas alfaias agrícolas, fazerem as suas colheitas ou escoarem os seus produtos", instando o Governo a encontrar soluções que impeçam a destruição de valor agrícola e "prejuízos de milhões de euros".

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.

sábado, 27 de julho de 2019

Confederação da Agricultura lamenta desresponsabilização do Governo


A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acusou hoje o Governo de se desresponsabilizar pelas causas e consequências dos incêndios e até pelos problemas ocorridos durante o combate às chamas, reclamando ajudas para os agricultores.

26/07/19 17:27 ‧ HÁ 16 HORAS POR LUSA


"Perante a enxurrada de legislação e a intensa propaganda governamental saídas a pretexto da prevenção e combate aos incêndios, a CNA logo afirmou que um dos principais objetivos dessas 'campanhas' oficiais visava a desresponsabilização do poder central - do Governo - e atirava para cima das autarquias e dos proprietários os problemas com a floresta nacional, sobretudo no vasto minifúndio", lê-se num comunicado da CNA.

Na nota, assinada pela direção nacional da confederação, são recordadas as declarações do primeiro-ministro na segunda-feira, enquanto decorriam os incêndios na zona de Mação e Vila de Rei, quando António Costa respondeu a críticas como a do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei sobre a prevenção dos fogos.

"Eu não faço comentário enquanto os incêndios e as operações estão a decorrer e, sobretudo, não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio", disse o primeiro-ministro aos jornalistas, à margem da inauguração de unidades de saúde nos concelhos de Sintra e Amadora, no distrito de Lisboa.

Classificando as declarações de António Costa como "lamentáveis", a CNA lamenta que ameacem "ainda que veladamente" os autarcas dos concelhos atingidos pelos incêndios.

"Tais declarações provam as razões invocadas pelas CNA e merecem a nossa pronta denúncia. Sim, agrava tudo e por isso deve ser combatida, a desresponsabilização do Governo perante as causas e consequências dos Incêndios e até pelos maiores problemas ocorridos durante o combate ao flagelo", é salientando.

Na nota, a CNA reclama ajudas para os agricultores que sofreram prejuízos devido aos fogos, nomeadamente para a aquisição de alimentação animal.

Ao nível da floresta, a confederação propõe, entre outras matérias, a criação de "parques públicos de receção e comercialização de madeira 'salvada - ardida' para contrariar a ação de especuladores e permitir rendimento aos proprietários e produtores florestais.

A CNA faz ainda referência à forma como as populações têm sido tratadas depois das tragédias nos incêndios de 2017, considerando que essa é a única coisa de "diferente", pois assim que o fogo ganha impulso e começa a ameaçar pessoas e bens, de imediato as autoridades "'ocupam' as aldeias, as quintas isoladas, evacuam umas e outras - e fazem-no 'a bem ou à força'".

"A ação 'musculada', quiçá intimidatória como agora atuam as autoridades no terreno, não pode fazer esquecer outras ações -- também essenciais - a ter em conta no 'calor das chamas' e, sobretudo, em termos de ações de prevenção dos incêndios e das suas consequências vistas como um todo", defende a confederação, recusando também legislação repressiva que "semeia o medo de sanções" 

Onda de calor leva Bruxelas a reforçar apoios a agricultores europeus

A Comissão Europeia anunciou hoje o reforço do apoio aos agricultores europeus por causa da onda de calor na Europa, fornecendo adiantamentos de pagamento mais elevados e 'aliviando' regras para facilitar a alimentação dos animais.

26/07/19 12:40 ‧ HÁ 21 HORAS POR LUSA

"A Comissão Europeia vai apoiar os agricultores europeus que estejam a lidar com as consequências da onda de calor na Europa", nomeadamente ao nível da seca, afirmou hoje a porta-voz da Comissão Europeia Natasha Bertaud na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas.

Após se terem registado recordes de temperatura máxima nos últimos dias em vários países da União Europeia (UE) como Alemanha, Bélgica, França e Holanda, o executivo comunitário decidiu, assim, que irá disponibilizar aos agricultores europeus "uma percentagem maior pelos adiantamentos em pagamentos diretos e pagamentos relacionados com o desenvolvimento rural", de até 70% e até 85%, respetivamente.

"Por outro lado, para poderem alimentar os seus animais, [os agricultores europeus] terão permissão para utilizar terrenos que, em tempos normais, não são usados para fins de produção", precisa Bruxelas em comunicado, numa alusão aos requisitos de não produção em pousio, no âmbito da diversificação de culturas e de áreas de foco ecológico.

Citado pela nota, o comissário europeu para a área da Agricultura, Phil Hogan, aponta que em causa estão, assim, "adiantamentos de pagamento mais elevados, bem como isenções de certos requisitos ambientais para facilitar a produção de alimentos para animais".

Estes apoios surgem no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC) e poderão ser requisitados pelos produtores até meados de outubro.

"Estas condições meteorológicas prolongadas são um motivo de preocupação para os nossos agricultores", pelo que a Comissão Europeia "mantém contactos próximos com os Estados-membros e avalia a situação no terreno", adianta Phil Hogan.

E conclui afirmando que Bruxelas vai manter o acompanhamento dos efeitos da seca "a nível mais local".

Sobreiro e azinheira ocupam a maior área de floresta em Portugal - Inventário


Redação, 28 jun 2019 (Lusa) -- O montado (sobreiro e azinheira) ocupa a maior área de floresta em Portugal, com um total de 1.063.000 hectares, concluiu o 6.º Inventário Florestal Nacional (IFN6), divulgado hoje pelo Ministério da Agricultura.

Lusa
28 Junho 2019 — 17:06

Em comunicado, a tutela revela ainda que o IFN6 concluiu que a área de eucalipto (844.000 hectares) "cresceu abaixo das estimativas", tendo diminuido a área de pinheiro bravo (714.000 hectares) e aumentado a área de pinheiro manso (193.000 hectares).

De acordo com o Ministério da Agricultura, os trabalhos de fotointerpretação terminaram no final de 2018, contudo os dados finais "só foram entregues" neste mês, tendo estado envolvidos na realização do IFN6 seis empresas na recolha de dados, sob coordenação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Este trabalho, que concluiu que os espaços florestais (floresta, matos e terrenos improdutivos) ocupam 6,1 milhões de hectares (69%) do território nacional continental, foi "executado dentro do prazo" anunciado pelo Governo.

"O IFN6 vai agora permitir a atualização dos Programas Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), que já estão em vigor, adaptando-os aos novos dados, uma estratégia que permitiu ao país avançar com a implementação da Reforma da Floresta", lê-se no documento.

Ainda em relação aos "montados", o IFN6 conclui que são a principal ocupação florestal, com mais de um milhão de hectares de superfície, representando "1/3" da floresta, sendo ecossistemas florestais de uso múltiplo, que têm na produção de cortiça a sua principal função.

"Os pinhais são a segunda formação florestal, ocupando uma área superior a 900 mil hectares. Apesar do crescimento da área de pinheiro manso, regista-se um decréscimo da área ocupada pelo pinheiro bravo", lê-se na nota.

Em termos globais, o IFN6 conclui que "mantém-se a tendência" de redução da área ocupada com pinho, que vem desde 1995, embora o ritmo da redução esteja a "abrandar", revelando a "capacidade de resiliência" destas árvores às perturbações, como é o caso das pragas que afetam os pinhais.

Os eucaliptais ocupam 844 mil hectares, área inferior à que tem sido estimada e que representa "cerca de 26%" da floresta continental.

A nota do Ministério da Agricultura acrescenta que a floresta, que inclui terrenos arborizados e temporariamente desarborizados (superfícies cortadas, ardidas e em regeneração), "é o principal uso" do solo nacional (36%).

A tendência de diminuição da área de floresta, que se verificava desde 1995, "inverteu-se", registando-se com este inventário um "aumento de 59 mil hectares (1,9%) face a 2010, data da última avaliação.

Já os matos e pastagens representam a "segunda categoria mais expressiva" de uso do solo (31%), registando um "crescimento contínuo" da área ocupada desde 1995, sendo que a floresta nacional é "maioritariamente" constituída por espécies florestais autóctones (72%).

O documento também revela que as folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras) registam um "aumento sistemático" de área ocupada ao longo dos últimos 20 anos, sendo o crescimento dessa área mais significativo no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015), apesar de constituírem a formação florestal menos representativa em área ocupada.

"Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente está organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais: pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso), folhosas perenifólias "montados", sobreirais e azinhais), folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras), e as folhosas silvo-industriais (eucaliptais)", acrescenta o documento.

O Ministério da Agricultura explica que em todos os pontos de amostragem no terreno procedeu-se à identificação das espécies exóticas ou invasoras (de acordo com a classificação do Decreto-Lei n.º 565/99), tendo-se "confirmado" a presença destas espécies pelo território continental de "forma generalizada", apesar de as situações de presença maciça (grupos de plantas ou extensão por toda a superfície) sejam "significativamente raras".

Dentro desta área, as acácias e háqueas, canas e chorão-das-praias são as espécies mais detetadas.

O IFN6 desenvolveu ainda trabalhos de identificação dos habitats e do seu estado de conservação em cada um dos "12.000 pontos" de amostragem realizados no terreno, tendo-se verificado que "cerca de 20%" dos espaços florestais e "25%" de matos/pastagens naturais são classificados como habitat e que a ocorrência destes se estende além dos terrenos classificados com estatuto de conservação.

Na floresta, os habitats mais representados são os que resultam das florestas de quercíneas: os montados de quercíneas, os sobreirais, os carvalhais e os azinhais, lê-se no documento.

Já nos matos, a maior representatividade é a dos matos baixos de tojais e urzais, e a dos matos altos evoluídos de piornos, medronheiro, carrasco ou carvalhiça.

Por último, o IFNA concluiu que ao nível da biomassa lenhosa e do carbono armazenado nas árvores vivas em espaços florestais verifica-se um "aumento" em ambos os valores, resultado da "alteração da composição específica" da floresta, e "parcialmente" da melhoria dos métodos de avaliação.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Produção de banana biológica na Madeira regista aumento de 50%

A produção de banana em modo biológico na ilha da Madeira registou um crescimento de 50%, indicou hoje o secretário regional da Agricultura e Pescas, Humberto Vasconcelos, sublinhando que o setor da bananicultura está "estável".

Notícias ao Minuto
13:27 - 20/07/19 POR LUSA

"Neste momento, o setor regista um crescimento de 5% na produção e quero também realçar o crescimento de 50% da produção de banana em modo biológico", disse o governante, sem, contudo, adiantar valores em termos de tonelagem.

Humberto Vasconcelos presidiu à sessão de abertura das Jornadas Técnicas sobre Produção de Banana, na vila da Ponta do Sol, zona oeste da ilha, no âmbito da Mostra Regional da Banana, que decorre este fim de semana naquele concelho.

"A Madeira tem, neste momento, uma produção que está estável do ponto de vista da qualidade e da quantidade, mas é ainda possível crescer ao nível da produção por metro quadrado", disse, sublinhando a importância das jornadas como meio de "partilha e troca de experiências", pois estão presentes técnicos portugueses e espanhóis.

No primeiro quadrimestre de 2019, a produção de banana da Madeira caiu 18,3% em comparação com o período homólogo, segundo dados da Direção Regional de Estatística, tendo sido comercializadas 4.177,1 toneladas, menos 933,3 toneladas.

A Secretaria da Agricultura e Pescas prevê, no entanto, uma recuperação até ao final do ano e considera que a produção deverá atingir o valor médio habitual, entre 20 e 22 mil toneladas, sendo a maior parte destinada à exportação para o continente português (cerca de 80%).

As Jornadas Técnicas na Ponta do Sol foram organizadas pela Mesa da Banana da Associação de Agricultores da Madeira, que representa cerca de 1.900 bananicultores regionais.

Participam vários oradores madeirenses e das ilhas Canárias que vão abordar questões relacionadas com a produção de banana, como desfilhamento de canhotas, fertilização, controlo de pragas, homologação de produtos fitofarmacêuticos, normas e exigências da qualidade e ajudas comunitárias no âmbito do quadro de apoio 2021/27.

O cultivo da bananeira é um dos mais significativos e rentáveis da agricultura madeirense, ocupando cerca de 700 hectares, sete dos quais com produção em modo biológico, sobretudo nos concelhos do Funchal, Câmara de Lobos e Ponta do Sol, na costa sul da ilha.

O setor é gerido desde 2008 pela empresa pública Gesba.

Portugal tem novo instrumento financeiro para apoiar agricultores

Portugal dispõe de um novo instrumento financeiro para apoiar o investimento nas explorações agrícolas e na transformação e comercialização de produtos, prevendo-se a criação de linhas de crédito no montante global de, sensivelmente, 200 milhões de euros, foi anunciado.


17:06 - 23/07/19 POR LUSA

De acordo com a informação disponibilizada na página da internet do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020, o acordo de financiamento entre o Estado e o Fundo Europeu de Investimento (FEI) com vista à constituição desta linha de crédito garantida já foi aprovado, podendo agora as entidades financeiras submeter a sua aplicação de interesse até 27 de agosto.

O novo instrumento financeiro -- FEEI-FEADER Portugal -, previsto na regulamentação comunitária, destina-se, assim, a apoiar "pessoas individuais e coletivas que pretendam realizar investimentos abrangidos por determinadas operações do PDR 2020".

Este combina recursos orçamentais do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, tendo como objetivos "apoiar o investimento nas explorações agrícolas, em particular jovens agricultores, alavancando a ação do PDR 2020 e apoiar investimentos na transformação e comercialização de produtos agrícolas, de forma a promover a sustentabilidade e crescimento do negócio agrícola em Portugal".

O Fundo Europeu de Investimento canaliza os recursos através das instituições financeiras selecionadas, assegurando a cobertura de garantia até 25% das linhas de crédito que estas vão disponibilizar aos agricultores em Portugal.

Prevê-se, assim, a criação de linhas de crédito junto dos agricultores no montante global de cerca de 200 milhões de euros, "que irão permitir o acesso ao crédito bancário em condições mais favoráveis, nomeadamente, maturidades mais longas ou ainda períodos de carência mais vantajosos [...], maior flexibilidade nas garantias exigidas e taxas de juros mais baixas".

Por sua vez, os agricultores vão poder aceder a estas linhas junto das instituições financeiras ou de crédito, devendo cumprir os critérios definidos pelo PDR 2020 para as operações em causa.

Já as instituições financeiras ou de crédito "interessadas e elegíveis" têm até 27 de agosto para submeter a sua aplicação de interesse.

O Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal foi aprovado na sequência da decisão da Comissão Europeia em dezembro de 2014 e visa o apoio às atividades do setor agrícola assente numa gestão eficiente dos recursos.

Produtores de pera rocha investem seis milhões em nova central fruteira

Nuno Miguel Silva 23 Julho 2019, 19:50

Com um volume de negócios anual de cerca de 18 milhões de euros, a Coopval destina mais de 80% da sua produção à exportação, sendo que o Brasil, desde 1977, é o seu primeiro e maior mercado externo.

A Coopval, que reclama ser a maior cooperativa de produtores de pera rocha em Portugal, investiu cerca de seis milhões de euros numa nova central fruteira no Cadaval.

"No ano em que comemora o cinquentenário da sua constituição, a Coopval – Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval mostra-se com nova cara, a pensar no futuro. Não só tem imagem renovada, como apresenta a sua nova central fruteira, alvo de um investimento de seis milhões de euros para ampliação do espaço de armazenamento e automatização dos processos de embalamento", adianta um comunicado da cooperativa.

O equipamento foi inaugurado hoje, terça-feira, dia 23 de julho,  pelo ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, no âmbito das comemorações do 50º aniversário da Coopval, que conta com cerca de 300 associados.

"Ocupando 24 mil metros quadrados e com mais de seis dezenas de câmaras frigoríficas com capacidade para receber 25 mil toneladas de fruta (especialmente pera rocha mas também maçã), a central da Coopval está agora dotada de processos robotizados que permitem, por um lado, maior precisão e automatização no embalamento e, por outro, maior rigor na seleção da fruta", destaca o mesmo comunicado.

O mesmo documento acrescenta que "as modernas instalações são certificadas, respeitando as normas internacionais de segurança alimentar e assegurando um controlo rigoroso na gestão da qualidade dos produtos".

"Ao cumprirmos este grande investimento de seis milhões de euros na modernização da nossa central, estamos a preparar os próximos 50 anos. Temos uma das maiores e mais modernas centrais de fruta do país, capaz de dar resposta aos desafios vindouros, que acreditamos ser de crescimento. Ao olharmos para a frente no momento em que celebramos o passado, estamos a assumir, perante sócios, clientes e consumidores, o compromisso de que pretendemos continuar no caminho da modernidade e da expansão", afirma Aristides Sécio, presidente da cooperativa nascida no Cadaval, na região do Oeste, em 1969.

A Coopval adianta que "o 'refresh' da imagem institucional e da marca se insere neste movimento de modernização e foi desenvolvido no âmbito do projeto PME Internacionalização".

"A nova imagem mantém os elementos que sempre caracterizaram a Coopval, a pera e maçã, mas empresta-lhes contemporaneidade", defende o referido comunicado.

"Para nós, era muito importante continuar a reforçar a nossa fruta e, sobretudo, a sua origem portuguesa, sem beliscar a relação histórica que temos com os nossos atuais distribuidores e clientes. Mas, ao mesmo tempo, sentimos necessidade de evoluir e de ir ao encontro das tendências para chegar a novos clientes, mais exigentes e atentos aos valores das marcas", considera Aristides Sécio.

A inauguração do novo equipamento e a apresentação da nova imagem estão integradas no programa de comemoração do cinquentenário da Coopval que, além da sessão solene presidida pelo Ministro da Agricultura, contempla ainda o lançamento do livro "1969-2019 Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval".

Sediada no Cadaval, considerado "o solar da pera rocha", a Coopval – Cooperativa Agrícola dos Fruticultores do Cadaval CRL foi constituída em 1969.

Especializada na produção, armazenamento, embalamento e comercialização de fruta, afirma-se hoje como a maior organização de produtores de pera rocha, com uma produção anual a rondar 25 mil toneladas de pera rocha e maçã e um volume de negócios de cerca de 18 milhões de euros.

A Coopval destina mais de 80% da sua produção à exportação, sendo que o Brasil, desde 1977, é o seu primeiro e maior mercado externo.

Mas a produção e exportação da Coopval está presente em variadas geografias, incluindo o Canadá, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Itália, França, Espanha ou Rússia.

Ao nível da produção, a Coopval detém as certificações GlobalGAP, LEAF e Tesco Nurture, enquanto a sua central tem certificação BRC.

Produção de laranja atinge nível mais elevado em mais de 30 anos em 2018

A produção dos pomares de citrinos aumentou 8% em 2018 para 403 mil toneladas, com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado em mais de 30 anos, segundo dados divulgados hoje pelo INE.

Produção de laranja atinge nível mais elevado em mais de 30 anos em 2018

24 de julho de 2019 às 13:26

De acordo com as Estatísticas Agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), os pomares de citrinos tiveram em 2018 uma produção de 403 mil toneladas (374 mil toneladas em 2017), o que representou 6,9% do volume total de produção (5,8% em 2017).

"A entrada em produção de novos pomares contribuiu para este incremento, com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado desde 1986", sinaliza o INE.

Numa campanha marcada pelas condições climatéricas desfavoráveis, a produção recorde de laranja e a produção de azeite superior a um milhão de hectolitros foram exceções no ano agrícola 2017/18.

Em 2018, segundo o INE, foi produzido 1,1 milhões de hectolitros de azeite (abaixo dos 1,5 milhões de hectolitros em 2017), mas de acordo com o instituto, não obstante o decréscimo verificado face à campanha precedente, a ocorrência de duas campanhas consecutivas com produções acima de um milhão de hectolitros "é uma situação pouco comum".

Analisando os cem anos de dados estatísticos, esta ocorrência apenas se tinha verificado nos anos de 1956 e 1957, sinaliza.

A campanha agrícola 2017/2018 foi marcada pelo decréscimo das principais superfícies agrícolas cultivadas com culturas temporárias e por quebras generalizadas das produções, saldou-se por um crescimento nominal da produção do ramo agrícola, consequência de um aumento de 2,1% dos preços base.

Ao longo da campanha agrícola em análise assistiu-se a um aumento da procura interna de diversos produtos agrícolas o que teve reflexos ao nível do grau de autoaprovisionamento.

Em 2018, Portugal manteve-se autossuficiente nas produções de leite, ovos, azeite, vinho, arroz e tomate para indústria e deficitário nos restantes produtos agrícolas, nomeadamente nas carnes, frutos, cereais exceto arroz, batata, leguminosas secas, sementes e frutos de oleaginosas exceto azeitona e gorduras e óleos vegetais exceto azeite.

Esta conjuntura, indica, teve reflexo no saldo da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares (exceto bebidas) cujo défice aumentou, face a 2017, 80,0 milhões de euros, fixando-se em 3.705,8 milhões de euros.

Esta evolução desfavorável deveu-se, de acordo com o INE, ao aumento das importações (em 261,9 milhões de euros) superior ao acréscimo das exportações (de 181,8 milhões de euros).

O ano agrícola 2017/2018 caracterizou-se meteorologicamente por um outono quente e extremamente seco a que sucedeu um inverno igualmente seco, mas frio.

A situação de seca meteorológica, que se verificava desde abril de 2017, foi ultrapassada por uma primavera muito chuvosa (a terceira mais chuvosa desde 1931) e fria.

O verão foi classificado como normal em termos de temperatura e precipitação, embora junho tenha sido o segundo mais chuvoso desde 2000 e agosto o mais quente dos últimos 88 anos.

Cientistas europeus pedem lei que distinga edição de genoma de outras modificações


25/7/2019, 11:02

Investigadores europeus pediram às instituições europeias uma revisão da lei que equipara a edição de genoma nas plantas aos organismos geneticamente modificados.

Centenas de investigadores científicos europeus pediram esta quinta-feira às instituições europeias que revertam uma decisão do Tribunal de Justiça Europeu que limita a edição de precisão do genoma de plantas

Centenas de investigadores científicos europeus pediram esta quinta-feira às instituições europeias que revertam uma decisão do Tribunal de Justiça Europeu que limita a edição de precisão do genoma de plantas, equiparada aos organismos geneticamente modificados.

Numa carta aberta subscrita por 120 instituições europeias, incluindo 70 investigadores portugueses, pedem "medidas legais que permitam aos cientistas europeus e às empresas que desenvolvem novas variedades de plantas aplicarem a edição de genoma para uma agricultura e produção alimentar sustentáveis".

O tribunal decidiu equiparar as plantas alvo de "melhoramento de precisão" aos organismos geneticamente modificados (OGM), sujeitando-as à "restritiva legislação que regula os OGM, com grande prejuízo para a ciência, a agricultura e a sociedade".

A edição de genoma faz alterações "simples e dirigidas" com técnicas que "não contêm genes estranhos e são no mínimo tão seguras" como as que foram obtidas com técnicas convencionais, que, ao contrário dos OGM, não são "induzidas por mutações".

Aliás, não existe maneira de distinguir organismos sujeitos a edição de genoma daqueles "em que ocorreram modificações naturais espontâneas", salientam os cientistas, porque se preservam "os genes bons que a planta acumulou ao longo de centenas de gerações".

Com a edição de genoma, consegue-se que "os agricultores obtenham melhores rendimentos com menor uso de produtos químicos e de água", variedades de plantas "mais resistentes às pragas e doenças", menos uso de agrotóxicos e até a remoção de produtos "potencialmente alergénicos como o glúten".

Enquanto a legislação europeia estiver assim, o licenciamento de produtos com edição de genoma é muito mais caro e está "a tornar-se um privilégio de um grupo restrito de grandes empresas multinacionais para dele tirarem partido em grandes culturas altamente rentáveis".

"O resultado será que o desenvolvimento de variedades vantajosas de uma forma mais rápida e direcionada ficará paralisado na Europa, enquanto o resto do mundo adota a tecnologia", afirmam os cientistas.

Se ficarem fora da alçada do regulamento sobre OGM, como pretendem, os alimentos com edição de genoma continuam sujeitos a padrões de segurança que funcionam na legislação europeia.

O apelo dos cientistas é dirigido "às instituições europeias, incluindo o Conselho Europeu, o novo Parlamento Europeu e a próxima Comissão Europeia", a quem garantem que "a capacidade de utilizar a edição de genoma é crucial para o bem-estar e a segurança alimentar dos cidadãos europeus".

A carta aberta é subscrita por investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Gulbenkian de Ciência e Universidade do Porto, entre outras instituições.

As novas técnicas de melhoramento de plantas e a Europa da inovação

OPINIÃO

É preciso reconhecer que a edição com precisão do genoma de plantas é apenas mais um passo na história de melhoramento que temos hoje à nossa mesa.

25 de Julho de 2019, 6:17

Por estranho que pareça, o maior desafio da humanidade é o mesmo desde a sua origem: a busca de alimento. Para o enfrentar, toda uma comunidade de cientistas, melhoradores e agricultores trabalha diariamente para produzir conhecimento, melhorar espécies vegetais e cultivar variedades que garantem a abundância que conhecemos nas prateleiras de supermercado. No entanto, não é certo que este resultado feliz tenha sustentabilidade a longo prazo, atinja toda a humanidade em crescimento ou consiga manter-se perante as crescentes alterações e instabilidades climáticas e a ameaça recorrente de novas pragas e doenças.


Há exactamente um ano, o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu que as plantas melhoradas por edição genómica, qualquer que seja a variação introduzida, estão sujeitas à regulamentação existente para OGM.

O desenvolvimento recente da capacidade de editar o genoma, ou seja, de alterar de forma precisa uma região mínima do ADN de um ser vivo, veio munir-nos de uma ferramenta poderosíssima para enfrentar este desafio primordial. A edição genómica permitiu, por exemplo, em apenas dez meses e a baixo custo, gerar uma variedade comercial de tomate com uma alteração genética encontrada na natureza que confere resistência ao míldio (fungo agressor), o que permitirá diminuir drasticamente a aplicação de fungicidas e a pegada ambiental. Por métodos clássicos de melhoramento (cruzando a variedade comercial com a variedade selvagem com resistência natural, e aplicando sucessivos retrocruzamentos), o mesmo resultado só seria possível com muitos mais custos e demora. Por outro lado, a variedade com resistência introduzida por melhoramento clássico iria sempre transportar 2-5% de genoma não desejado da variedade selvagem, pelo que a variedade obtida por edição é tão ou mais segura do que a variedade obtida pelos métodos clássicos. No cenário actual de instabilidade climática e surtos de doenças/pragas, a capacidade de produzir novas variedades com esta rapidez é crucial. Note-se também que as modificações no genoma são cuidadosas e precisas para garantir segurança ambiental e da saúde humana e animal.

Há exactamente um ano, a 25 de Julho de 2018, o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu que as plantas melhoradas por edição genómica, qualquer que seja a variação introduzida, estão sujeitas à regulamentação existente para organismos geneticamente modificados (OGM). Esta legislação exige um processo de aprovação extraordinariamente demorado e oneroso, e por isso proibitivo, em oposição à regulamentação para novas variedades obtidas por melhoramento clássico, também aplicada às plantas resultantes de edição genómica em inúmeros outros países.

Na Europa, muita investigação científica já paga pelos contribuintes irá gerar riqueza fora do continente, os agricultores não terão acesso às variedades melhoradas, os melhoradores e pequenas empresas de biotecnologia irão perder oportunidades de negócio e possivelmente migrar para outras regiões e a investigação científica em fisiologia vegetal, uma das mais avançadas no mundo, ficará comprometida. No mundo económico de hoje, o resultado será perdas de emprego, fugas de cérebros e diminuição da competitividade económica.


Por isto, hoje, no primeiro aniversário dessa infeliz decisão, na sequência do documento publicado em 2018, a comunidade científica europeia uniu-se para divulgar uma carta aberta apelando com carácter de urgência às instituições europeias para que adoptem medidas legais apropriadas, que permitam aos cientistas europeus aplicar a edição de genomas para o desenvolvimento de uma agricultura e produção alimentar resilientes e sustentáveis, acessível aos agricultores europeus. Em Portugal, mais de 70 cientistas subscreveram esta declaração, conscientes da sua importância para o futuro da Europa, e do que consideram ser uma decisão sem sentido em termos de conhecimento científico. Oxalá os responsáveis entendam a urgência e a relevância da mudança de atitude.

Jorge M. Silva (Sociedade Portuguesa de Fisiologia Vegetal, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ou FCUL), Cláudio Soares, Margarida Oliveira (Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa, ou ITQB Nova), Pedro Fevereiro (ITQB Nova, FCUL), Claudio Sunkel (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto, ou UP), Eugénia Andrade (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), Mónica Bettencourt-Dias, Paula Duque (Instituto Gulbenkian de Ciência), Herlânder Azevedo, Mariana Sottomayor, Nuno Ferrand de Almeida (Cibio-InBio, UP), Rui Malhó e Célia Miguel (FCUL).

terça-feira, 23 de julho de 2019

PS defende uma floresta não autóctone e quer pagar o sequestro de carbono

22.07.2019 às 19h21

Quem plantar floresta vai poder ser pago pelo sequestro do carbono, mas o Partido Socialista quer espécies de árvores diferentes das tradicionais, mais adaptáveis às alterações do clima
Vítor Andrade

VÍTOR ANDRADE

A fragilidade da exposição de Portugal às alterações climáticas impõe, segundo o Partido Socialista, a introdução de espécies florestais não autóctones, mais adaptadas à nova realidade dos fenómenos extremos.

No seu programa eleitoral, o PS quer, por isso, aumentar a área florestal bem como a sua reconversão para espécies mais adaptadas ao território, tendo em vista a resiliência aos riscos, nomeadamente aos incêndios.

Os responsáveis do Partido Socialista consideram ainda determinante a criação de incentivos económicos para projetos de sumidouro florestal e outras atividades no domínio silvícola e agro-florestal que promovam o sequestro de carbono.

Mas não é tudo, pois o PS quer ainda priorizar e majorar o apoio à instalação, à gestão e à promoção da regeneração natural de áreas florestais com espécies de crescimento lento, de modo a assegurar uma acumulação duradoura de carbono atmosférico.

A introdução de espécies florestais não autóctones, mais adaptadas às novas condições climáticas, nas regiões do país mais expostas à desertificação física, visa assegurar a acumulação de carbono atmosférico, o revestimento do solo e o reequilíbrio dos círculos hidrológicos nessas regiões.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Depois do “inferno”, teme-se pelas colheitas deste ano e do próximo


MARTA F. REIS
15/07/2019 08:51

Habitantes de Tó e de Peredo da Bemposta, em Mogadouro, não têm memória de granizada tão forte.

"A produção deste ano perdeu-se quase toda, agora precisamos de apoio para garantir que temos alguma coisa no próximo". Pedro Lopes, presidente da Junta de Freguesia de Peredo da Bemposta, uma das localidades mais afetadas pelo temporal de sábado no concelho de Mogadouro, recebeu ontem a visita da Direção Regional de Agricultura. Os prejuízos causados pelo granizo, do tamanho de bolas de pingue-pongue e que caiu durante cerca de 40 minutos, vão ser avaliados no início da semana. Ontem de manhã, ainda havia montes de gelo. "Tenho estado a falar com pessoas de 70 anos e todas dizem que nunca tinham visto nada assim", disse ao i.

O autarca estima que se tenha perdido 40% a 50% da produção de azeitona de conserva, havendo também perdas significativas na vinha, amêndoa e hortícolas. "90% da população não tem seguro agrícola", disse ao i, justificando o panorama na região com os encargos avultados para pequenos produtores e a baixa comparticipação do Estado. "Somos o Douro pobre: tal como é dado apoio na Régua, vamos precisar de ajuda com produto (sulfato) para garantir que a doença não fica nas plantas e as colheitas do próximo ano", afirma.

António José Marcos, presidente da Junta de Freguesia de Tó, surpreendida também pelas 15h de sábado com gelo do "tamanho de ovos de galinha", estima perdas nunca inferiores a 50% da produção. "Parecia o inferno", disse ao i o autarca. O tempo começou a escurecer durante a manhã de sábado, mas com as temperaturas na casa dos 20 oC – e embora tivesse sido declarado aviso laranja –, ninguém estava à espera de um temporal assim, explica. "Ninguém se magoou porque, àquela hora, as pessoas não andam no campo", explicou Marcos. Se os impactos foram de imediato notados, ontem tornaram-se ainda mais visíveis. "Os cachos das uvas que estavam em fase de crescimento ficaram partidos e já estão a ficar todos acastanhados, vão apodrecer". Nas hortas, feijoeiros e tomateiros não resistiram. A aguardar por diligências oficiais, espera que o Ministério da Agricultura apoie a região, havendo para já a garantia de uma avaliação dos danos já esta segunda-feira.

Fora do comum, mas não inédito Patrícia Gomes, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, explicou ao i que a instabilidade atmosférica do fim de semana se deveu a um campo depressionário com expressão em altitude, baixas pressões que causaram as temperaturas elevadas da última semana, que por sua vez contribuíram para maior evaporação e formação de nuvens, trazendo aguaceiros, trovoada e granizo.

Perante os relatos no distrito de Bragança, a especialista explica que granizo de 4 cm, não sendo um fenómeno comum no país, "não é inédito". E mesmo aqui ao lado, em Espanha, chega a haver gelo até 10 cm. Para os próximos dias, a tendência é para uma estabilização do estado do tempo, já com alguma influência das pressões altas do anticiclone dos Açores, habitualmente associadas ao bom tempo, mas também de uma depressão de origem térmica no interior do continente. Se, no início da semana, ainda são esperadas algumas nuvens, também junto ao litoral, a partir de quinta-feira prevê-se uma subida das máximas e temperaturas normais para a época, na casa dos 30ºC, explicou a meteorologista. 

Plantação de olival não está “proibida” diz Ministério


26 Junho, 2019

O Ministério da Agricultura esclarece que "não está proibida, nem existe base legal para tal, a instalação de novos olivais com recurso a investimento privado, excepto em eventuais áreas que colidam com planos de ordenamento do território que o refiram expressamente".

O Ministério reage assim às notícias sobre a alegada decisão do Ministro em "acabar com a concessão de apoios, no âmbito do actual quadro de fundos comunitários, a novos projectos para instalação de olival ou agroindústrias associadas no perímetro do Alqueva" e que motivaram as críticas das associações de agricultores.

O Ministério considera que a cultura da oliveira e a produção de azeite "são actividades da maior relevância sócio-económica para a região do Alentejo e para o País, além de constituírem uma importante componente do enorme sucesso que o EFMA – Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva conheceu nos últimos 20 anos, relevância que o Ministério tem reconhecido e apoiado através dos mecanismos de financiamento público disponíveis".

Contudo, adianta, "na presente campanha de rega, com abastecimento a partir de Alqueva, estão em utilização 95 mil hectares de regadio", sendo que destes 57 mil hectares (60%) estão ocupados com olival.

Neste quadro, o Ministério determinou a elaboração de um estudo fundamentado, a apresentar até ao final do 1º trimestre de 2020, sobre se se justifica ou não o eventual estabelecimento de limites máximos para a expansão desta cultura no perímetro de rega. A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva foi a entidade escolhida para coordenar o referido estudo, em colaboração com várias estruturas do Ministério da Agricultura.

Madeira: setor agroalimentar produz 514,6 milhões de euros


Laura León 16 Julho 2019, 10:35

O setor empregava mais de 22 mil pessoas, representando cerca de 18,3% da economia total.

Os dados são da Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM) e dizem que a produção do setor agroalimentar representou 8,2% da produção total da economia madeirense. No total gerou 514,6 milhões de euros.

Este setor contribuiu 6,8% para o VAB (Valor Acrescentado Bruto), o que corresponde a um contributo de 263,6 milhões de euros.

O comércio e as atividades de embalagem concentram metade do VAB do setor agroalimentar, com 3,4% do VAB total, gerando 131,3 milhões.

A agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca geraram 80,8 milhões, com 2,1% do VAB. As indústrias alimentares foram responsáveis por 0,9% do VAB, com uma receita de 33,2 milhões de euros, e as indústrias das bebidas e da captação, tratamento e distribuição de água concentrou 0,5% do VAB, gerando 18,3 milhões.

Quanto ao emprego, em 2016 o setor empregava mais de 22 mil pessoas, representando cerca de 18,3% da economia total.

No setor, 55,8% dos postos de trabalho pertenciam à agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca, 23,7% ao comércio e atividades de embalagem, 15,2% às indústrias alimentares e 5,3% à indústria das bebidas e da captação, tratamento e distribuição de água.

Mais um mês para candidaturas a apoios à reestruturação das vinhas


O Governo alargou em um mês, para começar em 15 de setembro, o período de candidaturas a apoios à reestruturação e reconversão das vinhas, no âmbito do programa VITIS, de acordo com uma portaria hoje publicada.

 Mais um mês para candidaturas a apoios à reestruturação das vinhas

16/07/19 11:14 ‧ HÁ 20 HORAS POR LUSA


O período de submissão de candidaturas, que desde 2018 ocorre anualmente entre 15 de outubro e 15 de novembro, é antecipado para o período entre 15 de setembro e 15 de novembro, segundo a portaria do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que entra em vigor na quarta-feira.

No preâmbulo do diploma, o Governo esclarece que o objetivo desta alteração ao regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas (VITIS), na campanha vitivinícola de 2020-2021, é o de "dar continuidade ao regime de apoio" à reestruturação e reconversão da vinha, "por forma a não comprometer a dinâmica de investimento" no setor.

Outra alteração introduzida pela portaria é o agravamento da penalização no apoio por incumprimento do prazo de apresentação do pedido de pagamento das ajudas e da compensação financeira por perda de receita, que é apresentado depois dos investimentos integralmente executados.

Atualmente, o incumprimento do prazo de apresentação do pedido de pagamento implica uma penalização, por cada dia útil de atraso, de 1% do valor do apoio a que o beneficiário tem direito, sendo o pedido recusado quando o atraso for superior a 25 dias.

A partir de quarta-feira, com a entrada em vigor da nova portaria, este incumprimento mantém a penalização de 1% por cada dia de atraso quando o pedido de pagamento for apresentado até 30 de julho, mas é agravada para uma penalização de 30% quando for apresentado de 31 de julho a 30 de setembro, sendo o pedido de pagamento recusado apenas quando apresentado depois do mês de setembro.

A portaria procede ainda a pequenos ajustamentos da ajuda atribuída à reestruturação e reconversão das vinhas, no âmbito do programa VITIS.

O VITIS abrange a concessão de uma comparticipação financeira para os investimentos realizados, através do pagamento de uma ajuda financeira e não reembolsável ou uma compensação pela perda de receita inerente à reestruturação e reconversão, quando a candidatura inclua parcelas de vinha no terreno.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Agricultores de Coimbra exigem ao Governo pagamento dos prejuízos causados pelos javalis


Penela, Coimbra, 02 jul 2019 (Lusa) - Os agricultores com prejuízos causados por ataques de javalis e veados no distrito de Coimbra vão exigir ao Ministério da Agricultura o levantamento e pagamento dos estragos, foi hoje anunciado em conferência de imprensa.


Lusa
02 Julho 2019 — 13:13

Isménio Oliveira, coordenador da Associação Distrital de Agricultores de Coimbra (ADACO), disse à agência Lusa que existem dezenas de agricultores lesados nos concelhos de Soure, Condeixa-a-Nova, Penela, Miranda do Corvo e Lousã, com vinhas e terras de cultivo completamente devastadas.

"No Rabaçal (Penela), um hectare de estufas de produção de caracóis está inoperacional desde janeiro, com a produção suspensa, depois de um ataque de javalis que causou largos milhares de euros de prejuízo", revelou.

Na manhã de hoje, numa conferência de imprensa em Penela, a ADACO e uma comissão de agricultores lesados de Penela, Miranda do Corvo e Condeixa-a-Nova exigiram medidas ao Ministério da Agricultura, que passam pelo levantamento e pagamento dos prejuízos, alterações à lei para que o Governo passe a assumir as indemnizações aos agricultores e controlo da densidade da população de javalis e veados.

"Existe uma lei que obriga as zonas de caça associativa a assumir os prejuízos aos agricultores, mas, como elas não têm essa capacidade, a lei é inoperacional e ninguém resolve o problema da compensação pelos estragos causados", frisou Isménio Oliveira.

Para o dia 31, está agendada uma concentração de lesados dos distritos de Coimbra, Viseu e Leiria, em Lisboa, frente ao Ministério da Agricultura, para entregarem uma exposição e reclamarem "o levantamento e pagamento dos prejuízos aos agricultores afetados".

Desde o início do ano, a ADACO já realizou quatro reuniões com lesados dos ataques de javalis e veados, a primeira em Penela, em janeiro, que reuniu três centenas de agricultores.

No início de maio, a pedido da associação, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) promoveu uma reunião também no concelho de Penela, em que estiveram presentes agricultores e responsáveis das zonas de caça associativa.

Segundo Isménio Oliveira, na reunião ficou decidido que o ICNF iria reunir com os responsáveis das zonas de caça associativa e Direção-Geral de Veterinária para se encontrar uma solução para que a carne de javalis e veados abatidos pudesse ser comercializada em restaurantes.

"Até não hoje não soubemos mais nada", queixou-se o coordenador da ADACO.

No início de abril, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural determinou a elaboração de um estudo para determinar a real dimensão e impacto do alegado aumento da população de javalis e dos eventuais prejuízos daí decorrentes.

"Estamos muito céticos quanto a esse estudo, mas o que queremos é que sejam tomadas medidas", sublinhou Isménio Oliveira.

domingo, 14 de julho de 2019

Mais de metade dos imigrantes tailandeses vivem em Beja


Beja tem mais de metade dos tailandeses do país. E, com os imigrantes naturais do subcontinente indiano, representam 31 % dos estrangeiros no distrito. Vêm trabalhar na agricultura e são das nacionalidades que mais estão a crescer, segundo o SEF.



Tailandeses que trabalham na Herdade Vale da Rosa, em Alfundão (distrito de Beja) Nong bau Lampho (ao centro), chegou há oito anos a Portugal© João Silva/ Global Imagens

Em 2018, 93.154 estrangeiros obtiveram a autorização de residência em Portugal, totalizando 480.300, o maior número de sempre de imigrantes e que representou um acréscimo de 13,9% em relação a 2017. Dados publicados no Relatório Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) 2018, e que, também, demonstra que há nacionalidades cuja representação cresceu muito acima da média, como os oriundos da Ásia.

É a mão-de-obra que substitui os operários agrícolas que Portugal não tem, nomeadamente no Alentejo. E Beja é disso um exemplo. Está longe de ser um distrito com mais população estrangeira (9731 imigrantes), mas é particularmente representativo no que diz respeito a determinadas comunidades, em especial à tailandesa, nepalesa e indiana.

São 851 os tailandeses que têm residência legal em Beja, o que representa 53,4 % do total dos habitantes oriundos da Tailândia. É a quarta comunidade estrangeira no distrito alentejano, depois dos nacionais da Roménia (1279), da Bulgária (1117) e do Nepal (1031) e antes da Índia (825).

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O RIFA 2018, destaca, em termos de crescimento, os nacionais do Bangladesh, que são 5325 (165,1%), Brasil, totalizam 105.423 (143,7%), Nepal, 11.489 (141,2%), Índia, 11.393 (127,3%) e Venezuela, 4740 (83,2%).

Também os estrangeiros oriundos da UE se têm tornado mais representativos no país, com destaque para o aumento do número de italianos, mais 32,7% (18 862), britânicos, mais 32,5% (26 445) e alemães, mais 29,1% (12 817). São estas entradas que, segundo o SEF, explicam "em grande parte o aumento dos novos títulos de residência", mais 51,7 do que em 2017.

Os europeus são, também, a explicação da presença considerável de estrangeiros com 65 e mais anos, 9,8 % dos imigrantes, uma percentagem superior à dos jovens, entre os 0 e 14 anos (9,1 %).

A população potencialmente ativa representa 81,1% dos cidadãos estrangeiros residentes no país, ligeiramente menos do que em 2017 (81,6% em 2017),

Em termos geográficos, 68,9% dos estrangeiros vivem nos distritos de Lisboa (213.065), seguindo-se Faro (77.489) e Setúbal (40.209).

Na tabela das dez comunidades mais representadas, o Brasil destaca-se (105.423), sendo que as restantes estão abaixo dos 35 mil residentes: Cabo Verde (34.663), Roménia (30.908), Ucrânia (29 218), Reino Unido (26.445), China (25.357), França (19.771), Itália (18 862), Angola (18.382) e Guiné-Bissau (16.180).

Açores investem 168 mil euros em drones para monitorização da floresta


5/7/2019, 12:45

O Governo dos Açores vai adquirir quatro dones, num investimento de 168 mil euros, não apenas para monitorização da floresta mas também para a "atualização do Inventário Florestal nos Açores".

O Inventário Florestal, que "começou por São Miguel, vai estender-se às restantes ilhas"
EDUARDO COSTA/LUSA

O Governo dos Açores vai investir 168 mil euros na aquisição de quatro drones para a monitorização de projetos florestais privados e apoiar o trabalho de atualização do Inventário Florestal na região, foi esta sexta-feira anunciado.

Uma nota do executivo açoriano adianta que "o secretário regional da Agricultura e Florestas autorizou a adjudicação destes quatro drones de asa fixa e peças de manutenção para a produção de ortofotomapas, na sequência do concurso público promovido pela Direção Regional dos Recursos Florestais tendo em vista o reforço da monitorização da floresta".


"Além da monitorização dos projetos florestais privados aprovados no âmbito do PRORURAL+, os drones são muito importantes para dar cumprimento ao trabalho em curso de atualização do Inventário Florestal nos Açores", sublinha o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, citado na nota do governo açoriano.

Estes drones são aparelhos não tripulados capazes de realizar voos programados em tempo real e a altitudes mais elevadas, o que permite cobrir uma área maior, explica ainda a nota.

O Inventário Florestal, que "começou por São Miguel, vai estender-se às restantes ilhas", adianta a secretaria regional da Agricultura e Florestas.

A Direção Regional dos Recursos Florestais "já procedeu à cobertura fotográfica de mais de 45% da área de São Miguel", incluindo as grandes áreas florestais dos concelhos do Nordeste e da Povoação, da zona central da ilha e da zona das Sete Cidades, num total de área coberta que ultrapassa os 34 mil hectares nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.

O Inventário Florestal "é um instrumento de ordenamento do território muito importante ao nível da gestão e do apoio à decisão política neste setor", salienta a nota do Governo Regional

"Pretende-se com este documento ficar a conhecer, por exemplo, as espécies existentes na floresta, a sua composição, volume e idade", acrescenta João Ponte.

Governo determina proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa


O Governo determinou que seja conferida, a nível nacional, proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa, segundo despacho do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural publicado hoje em Diário da República.
 Governo determina proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa

"Determino que seja conferida, a nível nacional, proteção à denominação Azeitona Galega da Beira Baixa como Indicação Geográfica, com efeitos a partir de 08 de maio de 2019, data de apresentação do pedido de registo à Comissão", despachou Miguel Freitas.

O uso desta indicação geográfica fica reservado aos produtos que obedeçam às disposições constantes no respetivo caderno de especificações depositado na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

A azeitona galega da Beira Baixa é produzida numa área geográfica que abrange os concelhos de Covilhã, Belmonte, Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã, Vila de Rei e Mação.

"O clima da região com temperaturas moderadas, pluviosidade média e a profundidade e fertilidade dos solos, confere características boas para a produção de azeitona de mesa de qualidade", garante a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Na página dos produtos tradicionais portugueses da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, a Azeitona Galega da Beira Baixa é apresentada como possuindo "propriedades que lhe permitem ter dupla aptidão: tanto é utilizada para a produção de azeite como para a produção de azeitona de mesa, sendo este o seu principal destino".

As azeitonas de mesa são acondicionadas com salmoura de forma a cobrir as azeitonas, garantindo a conservação do produto por um período de tempo que pode ir até aos dois anos.

Crise hídrica em Portugal já é um cenário real


Jéssica Sousa 13 Julho 2019, 10:13

O World Resources Institute estima que, em 2040, Portugal ocupe a 44º posição na lista de países que enfrentará níveis elevados de 'stress hídrico'

Um verão com precipitação muito escassa poderá conduzir facilmente Portugal, de uma situação confortável, para situações de escassez de água "alguma severidade", alertam os especialistas consultados pelo Jornal Económico.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no final de maio, 98 % do território estavam situação de seca meteorológica, sendo que cerca de 37,5 % estava nas classes de seca severa e extrema. Em fevereiro, os números eram apenas de 4,8%.

Em maio deste ano, a Associação Natureza de Portugal, representante do Fundo Mundial para a Natureza (ANP/WWF), alertou que Portugal "está a viver além da água que tem". De acordo com o World Resources Institute, em 2040, estim-se que 161 países entrem num estado de stress hídrico.

A Cidade do Cabo, foi a primeira metrópole mundial em risco de ficar sem água. No dia 19 de março, 2018, os habitantes da capital sul-africana viram as torneiras secas. Nesse dia, o nível das seis principais barragens da região fixava-se em 22,7%. Se chegar aos 13,5%, é o chamado Dia Zero, já que aos 10% torna-se impossível tirar águas das barragens. Desde então, os habitantes da Cidade do Cabo só podem gastar por dia 50 litros de água. Em Portugal, o consumo médio diário doméstico ronda os 200 litros por pessoa.

Sobre se este cenário algum dia pode ser vivido em Portugal, o climatologista e investigador da UTAD, João Santos não nega e vinca que "é muito provável", relembrando as dificuldades sentidas no ano passado no abastecimento de àgua em Viseu. "O défice híbrido vai-se manter. Não estamos livres de situações como essas", alerta.

"Analisando a situação que estamos a presenciar, podemos dizer que a escassez de água em Portugal é relativa," afirmam os professores departamento de Geociências da Universidade do Porto (UP), António Guerner Dias e Joaquim Esteves da Silva, "uma vez que as reservas de água até agora acumulada poderão suprir cerca de 80% das nossas necessidades em água durante o verão".

No entanto, as alterações climáticas (AC) continuam a ser o principal vilão da história.Tanto a poluição nos oceanos como a emissão crescente dos gases efeitos estufa, resultam num aumento da temperatura do globo que por sua vez conduzem a uma escassez de água, causada também pela falta de percipitação durante longos períodos de tempo. Este ano, o período da chuva durante a primavera ficou muito abaixo da média, o que prolongará o período de seca durante o verão. Mas as AC não são o único fator.

Entre os especialistas ouvidos pelo JE, verificou-se um consenso sobre o agravamento desta problemática em Portugal através da agricultura.

"Tanto a produção agrícola como o consumo doméstico vão agravar a situação de seca em Portugal", esclarece o docente da UTAD. "Vamos ter menos precipitação e mais evapotranspiração, nas plantas e nos solos. Vamos ter uma maior necessidade de rega, o que pode levar a uma prática pouco sustentável", conclui João Santos.

De acordo com os professores da UP, as necessidades de água ocorridas na agricultura, podem ser superiores a 60% do total necessário, enquanto as necessidades de água para consumo humano poderão não chegar aos 10% do total.

Desta forma, o especialista de Trás-os-Montes defende ser necessário tomar medidas urgentes no caso da viticultura e na produção de arroz e milho, que não são feitas em ambientes naturais. "Estas práticas devem ser repensadas", realça.

Já a profesora Maria do Rosário Carvalho da Universidade de Lisboa, argumenta que também a população deve ser sensibilizada.

A falta de água conduzirá a uma maior competição nos setor de abastecimento público e consumo doméstico. A docente do departamento de Geologia, refere que o agravamento populacional e o o crescimento de centros urbanos vai tornar a àgua mais cara e transformar o ecossistema aquático e a quantidade de àgua disponível.

" O grande desafio está em compatibilizar as necessidades de água com as disponibilidades hídricas existentes", vinca.