quarta-feira, 31 de julho de 2019

Javalis continuam a causar estragos e lesados manifestam-se em Lisboa para exigir apoio do Governo

30 jul 2019 18:21

Delegações de agricultores da região centro concentram-se na quarta-feira, em frente ao Ministério da Agricultura, em Lisboa, para exigir ao Governo indeminizações pelos prejuízos causados pelas "populações descontroladas" de javalis e outros animais selvagens.
 Javalis continuam a causar estragos e lesados manifestam-se em Lisboa para exigir apoio do Governo

"A situação está descontrolada. Os javalis estão a provocar prejuízos à agricultura familiar e, em muitos casos, a levar os agricultores a desistirem [da produção]", garantiu João Dinis, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em declarações à Lusa.

Apesar de reconhecer que os animais precisam de alimento, o dirigente notou que cabe ao Governo "indemnizar os agricultores", acrescentando que estas populações são ainda responsáveis por "graves acidentes rodoviários".

João Dinis sublinhou que estas preocupações já foram apresentadas ao ministério tutelado por Capoulas Santos, porém, lamentou que, inicialmente, tenham sido recebidas com um tom "critico e quase trocista".

Para a CNA, o Ministério da Agricultura e o Governo "não podem lavar as mãos" deste problema "como Pilatos" e têm que entender "que os agricultores não são obrigados a alimentar os javalis e outros animais selvagens".

De acordo com a confederação da agricultura são esperadas cerca de 200 pessoas no protesto.

Já em abril, o Governo determinou a elaboração de um estudo, pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), sobre a população de javalis em Portugal.

Este estudo destina-se a determinar a dimensão e impacto de "um alegado aumento" da população de javalis e os prejuízos decorrentes.

Adicionalmente, caso se justifique, o ICNF vai elaborar um plano de medidas para controlar a população de javalis.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Ataque ao olival é infundado e puramente ideológico. Eis porquê


Se o Alqueva multiplicou por dez a riqueza da região do Alentejo, o olival e a produção de azeite não podem ser dissociados deste contributo.

29 de Julho de 2019, 16:28


Não há outra forma de o dizer. Os recentes ataques contra a agricultura moderna e, em particular, contra o olival na região de Alqueva são injustificados e desprovidos de quaisquer evidências. Pior ainda, associam os olivicultores a más práticas de gestão agrícola e de recursos naturais, chegando a pôr em causa o contributo deste sector para o país.

O facto de, nos últimos anos, se ter modernizado o modo de produção da cultura do olival em nada perturbou a importância da oliveira – pelo contrário. Na região do Alentejo, esta modernização permitiu, entre 1998 e 2015, que um aumento de 1,17 vezes da área de olival multiplicasse por sete a produção regional de azeite.


Como consequência deste espectacular aumento da produção passámos a dispor de mais azeite português no mercado e afirmámo-nos como um importante player a nível mundial. Os azeites portugueses ganham prémios internacionais ano após ano e os olivais no Alentejo tornaram-se uma referência mundial de produção eficiente e de respeito pelo meio ambiente.

A riqueza que o olival e a produção de azeite geram é inequívoca. Se o Alqueva multiplicou por dez a riqueza da região do Alentejo, o olival e a produção de azeite não podem ser dissociados deste contributo.


Se, na década de 90, apenas uma em cada duas garrafas de azeite tinham produto nacional, hoje os olivicultores garantem um abastecimento integral do mercado. Como passámos a excedentários e produzimos azeites de grande qualidade, a exportação progride tanto em volume como em valor, o que contribui positivamente para o saldo da balança comercial portuguesa.

Em relação a outro dos temas que tem servido de arma de arremesso contra o sector, o olival faz um uso eficiente da água, permitindo a expansão do Alqueva. O facto de se poder regar apenas quando necessário permitiu enormes ganhos de produtividade.

O olival é uma cultura mediterrânica, autóctone em Portugal e, por isso, bem adaptada ao nosso clima e solos. As suas exigências de água e de adubos ou fitofármacos são muito menores quando comparadas com outras espécies. Ao contrário do que tem sido propalado, a produção mais intensiva permite fazer uma poupança de água, solo, adubos ou fitofármacos, através de meios eficientes e cada vez mais controlados.

O regadio contribui não só para a sobrevivência e produtividade das culturas, como para o aumento da humidade relativa do ar e diminuição da sua temperatura média, com importantes efeitos na preservação dos ecossistemas do Alentejo – os agricultores são os principais interessados na preservação dos ecossistemas onde trabalham.

Sendo uma cultura permanente e com grande vigor vegetativo, os olivais modernos acabam por contribuir para o combate aos efeitos das alterações climáticas, pela intensa fixação de carbono da atmosfera.

É incompreensível a recente campanha contra o olival. Apenas se pode concluir que estes ataques são motivados por posicionamentos ideológicos com fortes tendências proibicionistas. Lamentamos profundamente que esta extraordinária evolução seja colocada em causa por pressões e discursos demagógicos e infundados.

Quem está contra o olival na área de intervenção do Alqueva está contra, certamente, o Alentejo e o seu desenvolvimento, imprescindíveis para a captação de investimento, de empregos, de novos residentes e também para a fixação da actual população.

Presidente da Olivum – Associação de Olivicultores do Sul

Greve dos motoristas "pode constituir um desastre" para a agricultura

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou, na segunda-feira, para as consequências desastrosas que a greve de motoristas terá para as colheitas, considerando que Governo não teve em conta os agricultores na rede de emergência.

Em declarações à Lusa, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, afirmou que uma greve em pleno mês de agosto, altura da colheita de vários produtos, como por exemplo o tomate, a pera-rocha e a uva para o vinho, "pode constituir um desastre" e não sabe se "o Governo está consciente" quanto à sua gravidade.

"Pretendemos que o Governo tome a devida consciência da situação, porque em pleno mês de agosto com temperaturas elevadas, com culturas perecíveis, que têm de ser colhidas em períodos de tempo muito curtos que estão programados há meses, [as culturas] não podem de maneira nenhuma ficar no terreno", disse Eduardo Oliveira e Sousa.

O dirigente da CAP considerou ainda que a rede de emergência para abastecimento dos postos de combustíveis anunciada pelo Governo não contempla as zonas rurais.

Para a CAP, defendeu Eduardo Oliveira e Sousa, "é necessário criar um sistema de prioridade de abastecimento dos postos onde os agricultores possam acorrer para que as colheitas não fiquem postas em causa".

"Na perspetiva de uma greve que não sabemos quanto tempo demora, é instalado um pandemónio no país e esse pandemónio no setor agrícola é a ruína, pura e simples", acrescentou, esclarecendo que os seguros agrícolas não contemplam este tipo de situações e que a perda de uma colheita, fruto do trabalho de um ano inteiro, pode levar "milhares de pessoas à falência concreta".

A CAP alertou hoje, em comunicado, para o facto de apenas estar estipulado na Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, divulgada pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), um número "muito reduzido" de postos de abastecimento nos distritos onde a agricultura tem um peso preponderante.

Esses postos, considera a CAP, "não serão suficientes para que os agricultores possam operar as suas máquinas, os seus tratores e as suas alfaias agrícolas, fazerem as suas colheitas ou escoarem os seus produtos", instando o Governo a encontrar soluções que impeçam a destruição de valor agrícola e "prejuízos de milhões de euros".

A greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, que começa em 12 de agosto, por tempo indeterminado, ameaça o abastecimento de combustíveis e de outras mercadorias.

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.