sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Terrenos florestais e agrícolas não registados vão passar para o Estado

27/10/2016, 8:00572

Medida será aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, e prevê isenção de taxas para o registo de terrenos até ao fim de 2018. Depois, os terrenos não reclamados passam para o Estado.


A partir de 2019, os terrenos que não tiverem sido registados passam para o chamado Banco de Terras, gerido durante 15 anos pelo Estado
PAULO NOVAIS/LUSA

Há novas regras para os terrenos agrícolas e florestais que não estejam registados. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, leva esta quinta-feira ao Conselho de Ministros dedicado à reforma florestal, na Lousã, uma medida que prevê a integração dos terrenos sem proprietário num banco de terrenos gerido pelo Estado, que depois as entregará a sociedades gestoras. O objetivo é promover a criação de postos de trabalho nas regiões rurais, no entender do Ministério.

Para já, os proprietários de terrenos não registados têm dois anos anos — até 31 de dezembro de 2018 — para efetuar esse registo. Se o fizerem antes desse prazo, ficam isentos de taxas e emolumentos. Ouvido pelo Jornal de Notícias, Capoulas Santos sublinha que, "por vezes, diz-se que custa mais registar um terreno do que o valor que o prédio tem". A solução encontrada foi a criação de um Balcão Único Predial, onde poderá ser feito este registo sem custos até ao final de 2018.

A partir de 2019, os terrenos que não tiverem sido registados passam para o chamado Banco de Terras, gerido durante 15 anos pelo Estado. Ainda será possível, durante esses 15 anos, reclamar o terreno e registá-lo, mas, agora, sem isenção de custos. No final desse período, os terrenos passam definitivamente para o Estado, e serão geridas por sociedades de Gestão Florestal, que terão incentivos à exploração dos terrenos para promoverem o emprego rural. Um dos principais deveres destas sociedades, que poderão ser compostas por qualquer grupo de cidadãos, é a de manter os terrenos limpos e prevenir os incêndios.

O Governo vai promover um "generoso regime de incentivos financeiros e fiscais", nas palavras de Capoulas Santos ao JN. O dinheiro para este programa, segundo a TSF, deverá vir do Fundo Florestal Permanente e dos fundos comunitários (até 2020, serão cerca de 500 milhões para as florestas).

O Conselho de Ministros desta quinta-feira vai ser dedicado à Reforma da Floresta, com a reunião agendada para o Centro de Operações e Técnicos Florestais, na Lousã, no distrito de Coimbra. O primeiro-ministro, António Costa, anunciou em setembro um conselho de ministros exclusivamente dedicado à política florestal. Costa frisou, na ocasião, que o país não pode conformar-se em ver, todos os anos, a floresta a arder.

"Temos de fazer agora da floresta uma reforma com a dimensão da de há 10 anos. […] Mais do que combater incêndios é necessário preveni-los e para os prevenir é preciso uma gestão ativa de uma floresta sustentável, de uma floresta sofisticada, de uma floresta que seja fonte de riqueza e não uma ameaça à segurança das populações e dos seus bens", salientou então o primeiro-ministro.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

AICEP: “Alqueva tem sido um íman para atrair investidores a Portugal”

O sector agrícola nacional tem vindo a atrair novos investidores nos últimos anos, tendo o regadio do Alqueva como catalisador, explicou esta terça-feira Luís Castro Henriques, da AICEP.

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt
25 de Outubro de 2016 às 17:57

Há duas novas tendências no Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no sector agrícola nacional, explicou esta terça-feira, 25 de Outubro, Luís Castro Henriques (na foto), administrador da AICEP – Portugal durante a segunda edição da McDonald's Business Iniciative for Agriculture (MBIA) Talk, que decorreu em Lisboa.

Uma é local. "O desenvolvimento do Alqueva tem atraído cada vez mais investidores estrangeiros a Portugal", afirmou, que vêem na "área de regadio" permitida pela barragem a possibilidade de expansão.

Sem nunca mencionar os nomes das empresas e entidades que contactaram a agência de captação de investimento estrangeiro para o país, Castro Henriques assegurou que à AICEP tanto chegam pedidos de investidores para a localização de "100 mil hectares" de terreno arável, como em "procura de parceiros específicos" em troca de "acesso a mercados" internacionais.

"O Alqueva tem sido um íman para atrair investidores a Portugal", garantiu o administrador da AICEP, enfrentando uma vantagem – "muitos produtores de nicho com muita qualidade" e uma desvantagem – "um problema de escala" quando toca a abastecer mercados maiores. No entanto, para Castro Henriques, "a vantagem da qualidade sobrepõe-se" normalmente sobre potenciais ameaças.

Na análise feita pelo gestor da agência de investimento, há ainda que salientar uma "alteração gradual da proveniência dos investidores". Ou seja, se antes o IDE na agricultura nacional estava indexado aos nossos principais parceiros de comércio internacional – "Espanha, França, Alemanha e Reino Unido" – actualmente "cada vez vêem mais de outros países".
A diversificação faz-se sobretudo pela Ásia. "Do Japão", de onde vem uma "taxa de interesse crescente", e "da China" – cujos investidores "ou querem fazer parcerias ou comprar empresas" no sector agro-alimentar em Portugal.

"São pedidos de esclarecimento e projectos tangíveis" vindos do continente asiático, mas também americano, garantiu, que estão a acontecer neste momento no sector agrícola português. E que, em alguns casos de interesse chinês, têm trazido já cadeias de distribuição ao território, à procura de fornecedores alimentares.

A procura é, sobretudo, pela qualidade. E é nesta que o gestor da AICEP defende que produtores portugueses têm que assentar a sua estratégia e marketing nos contactos comerciais internacionais.

Castro Henriques salientou ainda que, nos últimos anos, as empresas agro-alimentares registaram um crescimento de 30% nas exportações. Frisou que "a exportação média" de uma empresa do sector primário é de "um milhão de euros". Ganhar escala pela cooperação com vários produtores é crucial no acesso ao mercado, concluiu.

Governo já contratou investimento de 760 milhões na agricultura

Nos últimos 11 meses, foi aprovada a contratação pelo Estado de 7.100 projectos com investimentos de 760 milhões de euros em explorações e na transformação e comercialização de produtos agrícolas, segundo o secretário de Estado da Agricultura.

Governo já contratou investimento de 760 milhões na agricultura

Isabel  Aveiro Isabel Aveiro ia@negocios.pt
25 de Outubro de 2016 às 15:54

Quando tomaram posse das funções executivas, há pouco menos de um ano, os actuais titulares da pasta da Agricultura encontraram "29 mil candidaturas a apoios" no investimento no sector, dos quais "70% já foram analisadas" desde então, defendeu esta terça-feira, 25 de Outubro, Luís Medeiros Vieira.

O actual secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, que falava durante a segunda edição da Mcdonald's Business Iniciative for Agriculture (MBIA) Talk, garantiu ainda que, nos últimos 11 meses, foram "contratados 7.100" projectos para investimento no sector – nomeadamente em explorações agrícolas e na transformação e comercialização de produtos agrícolas.

Tal contratação – entre os Estado e as entidades responsáveis pelas candidaturas, onde se contam agricultores, empresas, associações e organizações de produtores – representa, contabilizou Medeiros Vieira na manhã desta terça-feira, 25 de Outubro, 760 milhões de euros de investimento no global. Com "400 milhões de euros de apoios a fundo perdido", financiados pelo Plano de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR 2020), sublinhou.

"No final do primeiro trimestre de 2017", estimou, o Ministério espera "ter todas as candidaturas decididas" deste lote. Paralelamente, no próximo mês de Novembro, garantiu ainda o governante, "vão abrir em Novembro novas candidaturas" para as mesmas medidas – investimento em explorações agrícolas (3.2.1) e na transformação e comercializações de produtos agrícolas (3.3.1) – conforme, aliás, está previsto no calendário do PDR 2020.

Investigação com 30 milhões
No caso específico de projectos de inovação na agricultura em parceria – agricultores, organizações de produtores, empresas e academia – foram recebidos 360 candidaturas, das quais "foram já seleccionadas 250", adiantou o secretário de Estado. Neste processo, que estará terminado até 30 de Novembro, os candidatos concorrem a financiamento (também do PDR 2020) de 30 milhões de euros – dos quais 75% do valor elegível é apoiado a fundo perdido.

À plateia de empreendedores em projectos agrícolas, Medeiros Vieira relembrou ainda que, além do financiamento ao investimento viabilizado pela Política Agrícola Comum (PAC) e materializado no actual PDR 2020, existe um protocolo, em vigor, subscrito entre o Estado e nove bancos, que totaliza 900 milhões de euros de apoios.

Quatro tornados registados no Alentejo e Algarve


 25.10.2016 22h43

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) admitiu existirem "registos compatíveis" com a ocorrência de quatro tornados no Algarve e no Alentejo, na segunda-feira e terça de madrugada.

"De acordo com os relatos existentes e com as declarações da Autoridade Nacional de Proteção Civil e das corporações locais dos Bombeiros, há registos compatíveis com a ocorrência de quatro tornados", refere, em comunicado, o IPMA.

O primeiro tornado ocorreu na cidade de Olhão às 19:45 de segunda-feira e pouco antes das 21:30 um outro ocorreu no concelho de Serpa, no distrito de Faro e Beja, respetivamente.

"Cerca das 23:00 foi atingida uma zona rural em Pedrogão do Alentejo, no concelho da Vidigueira [distrito de Beja], e pouco depois da meia-noite (inicio da madrugada de hoje), novamente no concelho de Serpa, a quarta ocorrência afetou uma exploração agrícola", explica o IPMA.

Os quatro casos estão a "ser documentado em detalhe pelo IPMA e vão ser analisados com base na observação meteorológica existente, devendo a informação ser disponibilizada assim que possível", acrescenta no comunicado o Instituto.

O mau tempo registado durante segunda-feira e início da madrugada provocou inundações e queda de árvores nos distritos Beja, Évora, Faro.

Lusa

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Projeto “Melhor Eucalipto” promove boas práticas na gestão florestal



 23 outubro 2016, domingo  AgroflorestalNegócios

Desenvolvido pela CELPA – Associação da Indústria Papeleira, o projeto "Melhor Eucalipto" tem como objetivo contribuir para a melhoria da produtividade do eucaliptal nacional, através da partilha do conhecimento sobre as melhores práticas de silvicultura com técnicos e produtores florestais.
O eucaliptal nacional está, na sua maioria, localizado em áreas de boa produtividade, mas apresenta de forma geral níveis de gestão insuficientes, encontrando-se com densidades desajustadas, envelhecido e pouco saudável.
Como consequência, é vítima de incêndios, pragas e doenças.
Torna-se, por isso, fundamental «promover as boas práticas na gestão da floresta em geral e do eucaliptal em particular», avançam os promotores do projeto.
O "Melhor Eucalipto", iniciativa da CELPA, pretende divulgar o enorme manancial de conhecimento técnico da indústria papeleira nas boas práticas silvícolas do eucalipto.

domingo, 23 de outubro de 2016

Governo aprova adjudicação de regadio para 900 agricultores de Óbidos e Bombarral

19-10-2016 
 

 
O Governo autorizou a adjudicação da rede de rega de Óbidos e Amoreia por 11 milhões de euros, no âmbito de um projecto que irá irrigar mais de mil hectares de terrenos agrícolas e servir 900 agricultores.

A autorização da adjudicação do primeiro troço, a empreitada de construção da Rede de Rega do Bloco de Óbidos, no distrito de Leiria, foi publicada em Diário da República (DR), na sequência da Resolução do Conselho de Ministros.

O troço vai ser adjudicado à empresa Construções Pragosa por 7.099.187,33 euros, acrescidos de Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), devendo ser executados ainda este ano investimentos de 100 mil euros. A restante verba será repartida pelos anos de 2017 (5.327.558,64 euros) e 2018 (1.671.628,69 euros).

O Conselho de Ministros aprovou igualmente o lançamento do concurso limitado por prévia qualificação para a construção do segundo troço, na Amoreira, também no concelho de Óbidos, e que terá o valor de 4,2 milhões de euros, a que acrescerá o IVA. Neste troço o Governo estabelece uma execução de 300.000 euros em 2017 e de 3.900.000,00 euros em 2018.

A obra é considerada de «importância vital para o desenvolvimento económico do sector da agricultura na região, tornando a actividade agrícola mais competitiva, de forma sustentada, particularmente no que respeita às culturas hortícolas e frutícolas», refere a deliberação publicada no DR.

A rede de regadio das baixas de Óbidos, terrenos agrícolas que se estendem entre a vila e o concelho do Bombarral, representa um investimento de 28 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados pelo Programa de Desenvolvimento Regional (Proder).

O projecto servirá cerca de mil agricultores das freguesias da Amoreira e do Olho Marinho, no concelho de Óbidos, e do Pó e da Roliça, no concelho do Bombarral.

A obra desenvolve-se em duas fases, a primeira das quais a construção de uma estação elevatória que filtrará a água para a rega, e que se encontra já em construção.

Na segunda fase, a que respeitam as decisões do Conselho de Ministros, serão construídos 50 quilómetros de tubagem com uma capacidade de transporte de 5,5 milhões de metros cúbicos de água por hora, que irrigarão 750 hectares de parcelas agrícolas do concelho de Óbidos e 450 hectares do concelho do Bombarral.

A rede de rega vem juntar-se à construção da Barragem do Arnóia, uma obra de 6,5 milhões de euros, concluída desde 2005 e parada desde então devido aos sucessivos adiamentos na conclusão da estação de tratamento e da rede de tubagens.

Fonte: Lusa

Estudo: O tomate não gosta de frigorífico

18-10-2016 
  
Colocar o tomate no frigorífico retira-lhe o sabor, pelo que todos os chefes de cozinha recomendam que esta fruta-legume seja mantida cá fora.

Os cientistas investigaram as raízes genéticas do problema e descobriram porquê: mantido abaixo de uma determinada temperatura, o tomate deixa de produzir algumas das substâncias que contribuem para o seu sabor.

O frio retira o sabor, quer seja no frigorífico ou noutro local a baixa temperatura. O frio prolongado, explicam os cientistas das universidades da Florida, da China e de Cornell, reduzem a actividade de determinados genes que fabricam os componentes do aroma e sabor.

Com a investigação, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas esperam vir a conseguir criar tomates que não tenham este comportamento quando sujeitos a baixas temperaturas. Até lá, aconselham, mantenha o tomate fora do frigorífico.

Fonte: sicnotícias

Agricultura e energia com maior peso no ambiente do que na economia


18/10/2016, 15:22

A agricultura, silvicultura, pesca, assim como a energia, água e saneamento apresentam um peso maior no total dos indicadores ambientais, como o potencial de aquecimento global, do que no conjunto da economia, segundo o INE.

A agricultura, silvicultura, pesca, energia, água e saneamento apresentam um peso maior no total dos indicadores ambientais, como o potencial de aquecimento global, do que no conjunto da economia, segundo o INE.

Em 2014, a área da agricultura, silvicultura e pesca "continuou a apresentar um peso relativo muito superior nos indicadores ambientais comparativamente à importância relativa do respetivo Valor Acrescentado Bruto (VAB) na economia", segundo as Contas das Emissões Atmosféricas hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Estes indicadores económicos ambientais do INE permitem analisar as implicações ambientais do padrão de produção, conjugando os dados sobre o ambiente, nomeadamente os efeitos das emissões de poluentes, e as contas nacionais.

A área da agricultura, silvicultura e pesca representa 15,9% do potencial de aquecimento global, 40,9% no potencial de acidificação e 9,9% no potencial de formação de ozono troposférico, os indicadores ambientais listados pelo INE, enquanto a importância relativa do respetivo VAB na economia é de 2,2%.

A indústria também registou, em 2014, como nos anos anteriores, um peso relativo superior nos indicadores ambientais – com 28,4% no potencial de aquecimento global, 22,7% no potencial de acidificação e 37,0% no potencial de formação de ozono troposférico, e no conjunto da economia foi 13,8% no VAB.

A mesma situação apresenta o ramo energia, água e saneamento, com 26,9% do potencial de aquecimento global, 11,0% do potencial de acidificação e 7,4% do potencial de formação de ozono troposférico, o que é "muito superior ao peso relativo desta atividade no VAB (3,1%)".

Em 2014, último ano com dados disponíveis no INE, por cada euro de VAB gerado, foram emitidos pelo total da economia portuguesa 0,439 quilogramas equivalentes de dióxido de carbono (CO2), uma ligeira redução face a 2013 (0,443 quilogramas).

O Acordo de Paris, que junta mais de 190 países contra as alterações climáticas, pretende reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, como o CO2, apostando na descarbonização da economia, o que implica manter a atividade económica (ou aumentá-la), diminuindo a produção de poluentes.

O ramo energia, água e saneamento continuou a ser o que emitiu maior quantidade equivalente de CO2 por unidade de VAB, com 3,763 quilogramas, seguindo-se a agricultura, silvicultura e pesca, com 3,224 quilogramas.

Este indicador aumentou principalmente no ramo agricultura, ao passar de 3,124 para 3,224 quilogramas, e diminuiu mais na energia, de 3,923 para 3,763 quilogramas.

A indústria também registou uma descida na emissão de CO2 por unidade de VAB, de 0,936 para 0,905 quilogramas.

A queima de combustíveis fósseis é a principal fonte de emissões e o gasóleo foi o mais utilizado (27,5%), seguido do gás natural (17,4%) e do carvão (15,6%), representando 60% do total de energia consumida associada a emissões.

O carvão foi exclusivamente usado pelo ramo energia, que usou também o fuelóleo (como fez a indústria), o gás natural principalmente pela indústria, e o gasóleo pelos transportes, enquanto as famílias continuam a ser os principais utilizadores de biomassa (63%).

Para comparar o desempenho dos setores portugueses com os restantes países da União Europeia (UE), a informação disponível é de 2013 e revela que o indicador potencial de aquecimento global 'per capita' de Portugal tem vindo a apresentar valores mais baixos do que a maioria dos países da UE28, surgindo em quinto lugar, como já sucedera em 2008.

Portugal quer mais 2 mil jovens na agricultura



 23 outubro 2016, domingo  AgriculturaAgroflorestalIndústria alimentar

O Governo quer mais dois mil jovens a trabalhar na agricultura em 2017. Para isso, o Ministério da Agricultura vai aumentar o prémio-base de apoio à primeira instalação.
Até agora, um jovem agricultor podia contar com um apoio de 15 mil euros mas, no concurso que abre já em novembro, o valor vai aumentar para os 20 mil euros.
No total, o ministério de Capoulas Santos vai disponibilizar mais de 52 milhões de euros, entre fundos comunitários e apoios do Estado, que podem ser usados por agricultores com menos de 40 anos.

Mas o Orçamento do Estado para 2017 prepara um balão de oxigénio para as explorações privadas.

O Governo vai dar «ajudas a fundo perdido que podem ir até 50% do valor investido» pelos empresários, adiantou o gabinete de Capoulas Santos.
Ao todo, o Governo espera gastar 200 milhões de euros a apoiar projetos do setor agroalimentar, cujo investimento total ultrapassa os 400 milhões.
Até 2020, o Executivo vai injetar 600 milhões no setor. Desses, apenas 90 milhões são contrapartida nacional e o restante provém de fundos comunitários.
A prevenção dos incêndios é «uma prioridade» para o ministério.
O orçamento da Agricultura destinou 70 milhões de euros para comparticipar investimentos na floresta, entre 95 a 90 por cento.
No próximo Conselho de Ministros extraordinário será já aprovado um pacote de medidas de reforma da floresta. O Governo quer mudar a forma como a floresta é gerida em Portugal.
O primeiro passo é concretizar o cadastro para conhecer os donos da floresta.
Fonte: Correio da Manhã

China lança vinhas para o espaço para testar mutações genéticas

22/9/2016, 11:58

Cientistas chineses enviaram vinhas para o espaço, dentro do laboratório espacial Tiangong-2. A ideia é estudar as possíveis mutações genéticas que ajudem as plantas a resistir ao clima do país.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro
AFP/Getty Images


O mais recente laboratório espacial chinês, o Tiangong-2, foi lançado para o espaço na semana passada e leva uma carga muito particular: vinhas. Segue a bordo do veículo espacial uma seleção das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir. A ideia é avaliar qual o impacto das radiações cósmicas no material genético do vinho, no sentido de tornar as plantas mais resistente ao frio, à seca e aos vírus.

"Os cientistas chineses esperam que cultivar vinhas no espaço possa causar mutações que as podem tornar mais adequadas ao clima rigoroso das regiões vinícolas da China", escreve o Decanter, um site chinês dedicado à produção de vinho no país.

Em Ningxia, a região chinesa mais popular para o cultivo de vinhas, e que é conhecida pelas temperaturas geladas e pelo solo pouco fértil, os agricultores têm muitas vezes de enterrar as vinhas durante o inverno, para evitar que as plantas morram com as temperaturas, que podem chegar aos 25ºC negativos.

tiangong-2
O lançamento do laboratório espacial Tiangong-2, a bordo do foguetão Long March FT2 (Imagem: China Manned Space Program/Decanter)

De acordo com o mesmo site, as vinhas serão cultivadas durante o tempo de órbita da estação e, no regresso à Terra, serão analisadas e comparadas com um grupo de controlo, de vinhas que foram cultivadas durante o mesmo tempo na China. Os cientistas vão tentar descobrir quais as mutações que serão mais adequadas para o cultivo no território chinês.

Em outubro, dois astronautas chineses seguem para o laboratório, para, durante um mês, fazerem uma série de experiências com as vinhas. Além disso, o laboratório será usado para "levar a cabo experiências relacionadas com reparação de equipamentos em órbita, medicina aeroespacial, física e biologia, Distribuição Quântica de Chaves, relógios atómicos e ventos solares", esclarece o jornal britânico.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro. Mas ainda há desafios que é preciso ultrapassar, considera Fongyee Walker, uma especialista chinesa citada pelo The Guardian. "Há muitos mitos: Temos de estar bem vestidos, usar um saca-rolhas, fazer isto e aquilo", explica a especialista, considerando que é possível "beber vinho num copo de cerveja, a acompanhar noodles numa esquina".

Barca Velha. Ou a história de como nascem os grandes vinhos


21 Outubro 20161.477

Ana Cristina Marques
O homem sonha e o vinho nasce. O Barca Velha, cuja colheita de 2008 chega agora ao mercado, continua longe da reforma e está mais perto da imortalidade. Em 64 anos apenas 18 foram selecionados.

Três homens e um vinho, o mais emblemático do país

De todos os vinhos por ele criado, aquele era o predileto. Um sonho tornado realidade numa altura em que Portugal, e a região do Douro, era quase exclusivamente sinónimo de vinho do Porto. O Casa Ferreirinha Barca Velha, que nasceu para ser bebido no auge de uma velhice que poucos vinhos de mesa conseguem alcançar, tornou-se imortal e, com ele, Fernando Nicolau de Almeida.

É este o homem que, em plena década de 1950, teceu uma filosofia de vinho ainda hoje replicada. Diz quem o conheceu que o sonhador oficial da Ferreirinha, Fernandinho para uns, era um desses senhores do Porto com pouco gosto em subir até ao Douro, tal como conta a jornalista Ana Sofia Fonseca no livro Barca Velha — Histórias de um vinho.

O Meão é terra de milagres. Por entre fragas, num chão seco como ventre de velha, as videiras agitam-se, bonitas e fartas, quais moças em idade casadoira. Já se adivinha a festa da vindima. Da Régua a Barca de Alva, na miragem de uns tostões para o pé-de-meia, de toda a aldeia vê ouro nos cachos. E é como formigas a amealhar para o Inverno que homens, mulheres e crianças acorrem às quintas do Douro. Será um mosto singular, este de 1952." Barca Velha — Histórias de um vinho, pág. 19
O calor e a incessibilidade da região vinhateira faziam-lhe torcer o nariz e repetir uma expressão que à data se popularizou: "É mais difícil ir ao Meão do que a Luanda." Tão poucas letras para tamanha fama: foi no Meão que nasceu o primeiro Barca Velha, vindo diretamente da histórica colheita de 1952.

As videiras na Quinta do Vale do Meão — a última propriedade comprada pela mítica D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida por Ferreirinha — deram vida à primeira edição daquele que ficaria conhecido como um dos mais emblemáticos vinhos portugueses até à data. Este e outros elogios que se seguem têm razão de ser e não apelam ao exagero. O Barca Velha leva 64 anos de vida mas está longe da reforma, passou por três enólogos que chegaram a trabalhar todos juntos e duas quintas e, agora, promete voltar com novo fôlego ao mercado — a 18º edição, que diz respeito à colheita de 2008, é finalmente lançada em novembro. 2016 é ano de Barca Velha, o terceiro rótulo de tanta estima que o século XXI teve a ousadia de proporcionar.

Foram várias as experiências até se descobrir que era ali, numa sub-região específica, que estava plantado o segredo do vinho. Fernando Nicolau calcorreou o Baixo Corgo e o Cima Corgo em busca da melhor matéria-prima, mas foi no Douro Superior que encontrou as vinhas perfeitas, o motivo de tantos sorrisos. Esta era tarefa para causar suor, cansaço e alguma frustração. A região era temperamental e não dava as boas-vindas a qualquer um: "O Douro Superior era todo inacessível. Quando comecei a trabalhar na Sogrape nos anos 1980 demorava cinco horas a chegar à Quinta da Leda. Hoje demoro duas horas e um quarto", conta Luís Sottomayor, o terceiro enólogo a trabalhar o Barca Velha, não sem antes falar das curvas e contracurvas que seriam mais estreitas, perigosas e menos definidas há 60 anos.


A Quinta da Leda é o atual berço do Barca Velha.

Se em tempos a Quinta do Vale do Meão foi o berço do Barca Velha — uma das cerca de 30 grandes propriedades do império da famosa Ferreirinha, hoje entregue à sabedoria do seu trineto, Francisco Javier de Olazabal –, as edições mais recentes têm lugar cativo na Quinta da Leda, entre 160 hectares de vinha (as uvas que dão estrutura e aroma ao mítico vinho são selecionadas a dedo e nascem em diferentes altitudes).

O vinho especial teve um pai especial: Fernando Nicolau de Almeida vestia-se que nem um gentleman e portava-se quem nem um gentleman. Foi pai de poucos afetos — tratava os filhos por "senhores" e as filhas por "meninas". Mas até a rigidez que o caracterizava era de uma peculiaridade tal que chegou a inventar um irmão gémeo, de nome Eduardo, bem mais divertido para os miúdos do que o pai que "só vestia clássicos e cores sóbrias", tal como se conta no livro já referido. Eduardo, com morada fictícia em Angola, roubou o coração da miudagem sem deixar rasto de ciúmes fraternais.

Nicolau de Almeida tem no currículo os Porto Ferreira. Assegurou também a produção de vinhos verdes, de vinhos do Dão e de aguardentes velhas. Mas foi o seu "vinhinho", o Barca Velha, que o levou a voos mais altos. 
Os filhos cedo tomaram gosto ao vinho, com Nicolau de Almeida a proporcionar-lhes inúmeras provas. E até aí havia regras: se não cheirasse bem, nem à boca chegava. O olfato era estrela maior num universo de tantas outras constelações e consta até que a mulher de Fernandinho, vinda também ela de boas famílias do Porto (Ramos Pinto) tinha um papel determinante quando a declarar um Barca Velha, apenas produzido em anos de colheitas excecionais.

Luís Sottomayor gaba-lhe o humor fino, de estilo britânico, mas também o olfato afinado. Uma personagem como nenhuma outra que, pousado o copo de vinho depois de o cheirar ao fim de duas horas de provas, era capaz de suspirar um inesperado: "este vinho lembra-me um chapéu de palha". O senhor era um "cheirista" de profissão, que teimou em criar um vinho de mesa que pusesse os olhos do mundo em Portugal. E conseguiu.

Captura de ecrã 2016-10-20, às 16.54.42-cópia
Fernando Nicolau de Almeida, o homem que sonhou o Barca Velha. DR

Nicolau de Almeida tem no currículo os Porto Ferreira. Assegurou também a produção de vinhos verdes, de vinhos do Dão e de aguardentes velhas. Mas foi o seu "vinhinho", o Barca Velha, que o levou a voos mais altos. "Este vinho, produzido de lotes de uvas estudadas no Douro Superior, vinificado em condições que na época não eram fáceis de obter, e cuidadosamente controlado com a 'sua' prova durante o estágio em pequenos cascos de madeira de carvalho, revolucionava, desde então, os vinhos em Portugal. Desde logo atingiu este vinho grande notoriedade em Portugal e no estrangeiro, tendo sido considerado (…) como o mais emblemático dos vinhos portugueses", chegou a escrever José Maria Soares Franco.

Soares Franco — Zé Maria para os amigos — foi o segundo enólogo a trabalhar o Barca Velha, depois de Fernando Nicolau de Almeida se ter reformado em 1987. Foi também o primeiro licenciado em enologia a trabalhar para a casa Ferreira, tal como contou o jornal Público por altura dos 60º aniversário do mítico vinho. Ali ficou a ocupar um dos cargos mais apetecidos no mundo vinícola, até chegar o ano de 2007, quando Soares Franco une esforços com o também reputado enólogo João Portugal Ramos para começar um projeto de raiz, já batizado de Duorum. A missão de criar o "vinhinho" passaria agora para Luís Sottomayor, na Ferreira desde 1989.


Luís Sottomayor é o terceiro enólogo a trabalhar o Barca Velha.

"Hoje em dia é muito mais fácil fazer vinhos do que era há 60 anos. Temos um conhecimento técnico que na altura não existia e também uvas de uma maior qualidade", afirma Sottomayor. "O que sucede é que também somos mais exigentes quando fazemos o vinho. Hoje não há mais Barca Velha do que havia no passado", continua. Na verdade, as principais questões técnicas à época de Fernando Nicolau prendiam-se sobretudo com o controlo da fermentação — foram vários os estudos e façanhas, incluindo uma viagem a França, que ajudaram a solucionar tais problemas.

Fernando Nicolau de Almeida foi pioneiro. O primeiro a fazer vinho de consumo no Alto Douro, o primeiro a antecipar a moda de fazer a fermentação maloláctica em cascos, mesmo sem saber que química é essa que faz o vinho agitar-se uma segunda vez e que confere aos tintos uma suavidade até então desconhecida. Muito mais empírico do que cientista, tinha compêndios de alquimia no nariz. A intuição era a sua enxada." Barca Velha — Histórias de Um Vinho, pág. 39
A exigência na ponta do nariz e da língua é a personagem principal numa história que ainda hoje se repete, competência agora a cargo de Sottomayor: à menor dúvida de que um determinado vinho não esteja apto a receber o rótulo Barca Velha, este passa automaticamente para a gama inferior para aí ser batizado de Reserva Especial, cujo valor final será metade daquele pedido por um Barca Velha (que anda à volta de 400€). "A diferença às vezes pode ser impercetível. Basta numa prova haver uma dúvida. Claro que pode haver enganos, tal como declarar um vinho como Reserva Especial, mas nunca o contrário", assegura o "cheirista" dos tempos modernos.

Recriemos ditados populares: quando a natureza é amiga o enólogo desconfia, no bom sentido. Ainda o vinho se está a habituar às paredes de uma barrica onde é posto a estagiar e já o enólogo que dele cuidou desde o berço suspeita da sua qualidade que, na verdade, só será revelada com o tempo. O mesmo vinho é depois provado sucessivamente ao longo dos anos, tarefa que só finda quando se acredita ter atingido o apogeu — até lá, quem o leva à boca e ao nariz fá-lo sempre na expetativa de que boas notícias advenham daí.

Foi o que aconteceu com a colheita de 2008, cujo valor foi (re)confirmado quando há um ano Luís Sottomayor caçava na Ilha Terceira. "Pediram-me para organizar um jantar vínico. Foi provado um Quinta da Leda 2008 e a evolução evidenciada por este vinho durante essa prova veio solidificar a minha convicção de que viríamos a ter um Barca Velha do mesmo ano."

"Hoje em dia é muito mais fácil fazer vinhos do que era há 60 anos. Temos um conhecimento técnico que na altura não existia e também uvas de uma maior qualidade. O que sucede é que também somos mais exigentes quando fazemos o vinho. Hoje não há mais Barca Velha do que havia no passado."
Luís Sottomayor, enólogo
O Barca Velha, ainda hoje criado à imagem e semelhança de Fernando Nicolau, pode demorar uns sete anos a ser declarado como tal. É fazer as contas, até porque em 64 anos apenas foram reconhecidas 18 colheitas: 1952, 1953, 1954, 1957, 1964, 1965, 1966 e 1978 por Fernando Nicolau de Almeida; 1981, 1982, 1983, 1985, 1991, 1995 e 1999 por José Maria Soares Franco e 2000, 2004 e 2008 por Sottomayor. Apesar da filosofia ter resistido à vontade dos tempos em inovar e mudar vontades, a alquimia nunca é a mesma. "Não há receita para o Barca Velha, há antes uma personalidade que tentamos manter ano após ano", atira Luís Sottomayor.

Um vinho com honras de jantar de gala

Fernando Nicolau de Almeida já não está cá para ver, mas o lançamento de um novo Barca Velha continua a ser um acontecimento. Na passada terça-feira, dia 18, teve mesmo honras de um jantar de gala com a assinatura do chef Miguel Rocha Vieira, o primeiro português a chefiar o prestigiado Fortaleza do Guincho. Talvez o "cheirista" assim não o imaginasse, mas na ementa há "pintada assada com topinambour e aveia" (leia-se, galinha acompanhada de um tubérculo) e veado a baixa temperatura com marmelo e romã para harmonizar com a estrela da companhia: Casa Ferreirinha Barca Velha 2008, cujas garrafas foram abertas nas primeiras horas do dia para chegar à mesa no ponto.


A nova edição do vinho foi apresentada no Palácio de Monserrate no passado dia 18 de outubro. © André Ribeirinho

A nova edição do emblemático vinho é servida no Palácio de Monserrate, em Sintra. Críticos e jornalistas dedicados ao tema, mas também figuras fortes da Sogrape (que detém a Casa Ferreira desde 1987), estão cá, depois de quatro anos à espera. A expetativa paira no ar e, volta e meia, vem à baila o encontro que serviu para apresentar o último Barca Velha (colheita de 2004, lançada em 2012), que ocupou as Casas do Côro em Marialva. E há perguntas na ponta da língua: como será que se vai portar a colheita de 2008 que agora é servida com o tão estimado rótulo?

2008, esse ano bom. Mal as uvas foram colhidas e largadas na adega já a suspeita de que aquele vinho trazia muitas alegrias era uma realidade. "Este é um vinho que precisa de tempo. Com um caráter muito próprio", diz o enólogo Luís Sottomayor de pé, colado ao microfone, diante de uma sala onde já todos se sentaram à mesa e estão de copo em riste. Sottomayor está nervoso ou, então, prefere a sala inócua de provas àquele salão festivo. Repete a palavra "tempo" vezes sem conta e confessa que antes de se decidir sobre se aquele seria ou não o 18º Barca Velha da casa chegou a perguntar-lhe, ao vinho, "o que é que tu queres?". O que o néctar respondeu só ele sabe.

"O 2004 era mais direto. Este [Barca Velha 2008] tem mais austeridade, é preciso falar com ele. Mas vai longe."
Luís Sottomayor, enólogo
Se este Barca Velha fosse uma pessoa, seria daquelas que fala pouco e diz muito. Que não é de confianças fáceis mas que vale a pena o investimento. Um amigo para guardar no tempo.

Ei-la, a prova. Os copos enchem-se num diálogo silencioso entre o cuidado de quem serve o vinho e o entusiasmo de quem o vai beber. Cheiram-se e agitam-se os recipientes XL de cristal, assinados pela marca Riedel, e levam-se os primeiros tragos à boca. Ao contrário do que seria de esperar, tudo acontece numa questão de segundos e o suspense termina ali, nos lábios rasgados da maioria dos presentes. Acenos de cabeça vigorosos e considerações positivas: "O 2004 era mais direto. Este tem mais austeridade, é preciso falar com ele. Mas vai longe", continua Luís Sottomayor, já sentado na mesa.


O Barca Velha 2008 chega ao mercado na primeira semana de outubro. © André Ribeirinho

Cor rubi. Aroma intenso, a puxar os frutos vermelhos vivos e especiarias como a pimenta e o cravinho — não somos nós que o dizemos, por mais que cheiremos o vinho, antes a ficha técnica entretanto cedida. As considerações pessoais são de que este é um vinho para guardar, com uma pujança tal que, apesar do equilíbrio, não parece ter os anos que o Bilhete de Identidade teima em evidenciar. A receita difícil de recriar faz-se de diferentes castas: 50% Touriga Franca, 30% Touriga Nacional, 10% Tinta Roriz e 10% Tinto Cão. 18.000 é o número de garrafas que já a partir da primeira semana de novembro chegam ao mercado, mesmo a tempo do Natal. Cada garrafa tem o preço base de 265 euros, embora o valor esteja sujeito às exigências do mercado. E se agora, a poucos meses do fim de 2016, o vinho tem peso e fama, imagine-se daqui a uns anos.

"O Barca Velha tem de ser guardado nas condições ideais para viver muitos anos. O vinho mais velho que bebi foi há sete ou oito anos e era de 1957. Estava extraordinário", conta Sottomayor. Há quem diga que este é um vinho que desafia o tempo. Se sim, se não, a Sogrape ainda guarda exemplares dos primeiros Barca Velha alguma vez criados — alguns dos quais regateados em leilões –, mas Luís Sottomayor conta, de sorriso posto, que esse lugar mágico onde repousam as garrafas é, naturalmente, do desconhecimento geral. O que seria se assim não fosse.

Governo adota medidas de apoio aos produtores pecuários afetados pela seca


O Ministro da Agricultura tem acompanhado ao longo dos últimos meses, com preocupação, a evolução da situação, caracterizada por uma escassez crescente de água para o abeberamento do gado em muitas explorações do Baixo Alentejo, situação que coloca em causa a sua sobrevivência. Em causa está uma situação climatérica adversa que se acentuou nos meses de junho a agosto, em que se registaram anomalias relevantes ao nível dos valores médios mensais de temperatura máxima, que registaram desvios superiores a 4ºC face aos valores normais, provocando uma evaporação anormalmente elevada para a época. Estes fatores favoreceram o aumento do consumo de água e provocaram o seu esgotamento precoce em pequenos reservatórios (charcas) e em aquíferos que constituem o recurso para o abeberamento do efetivo pecuário em regime extensivo.

Nestes termos, o Ministro da Agricultura decidiu adotar, com caráter de urgência um conjunto de medidas para apoiar os produtores pecuários das zonas mais afetadas (concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura e Serpa).

As medidas de apoio foram hoje publicadas em diário da República e consistem num apoio global de 3 milhões de euros que se destinam a financiar a abertura de novos furos para captação de água, a aquisição de equipamentos de bombagem e de equipamentos de transporte de água. Cada beneficiário pode apresentar uma única candidatura e poderá receber até um montante máximo de 10 mil euros. O apoio é concedido sob a forma de subvenção não reembolsável, até ao limite de 80% ou 50% da despesa elegível, consoante o beneficiário tenha ou não tenha seguro agrícola.

As declarações de prejuízo podem ser apresentadas até ao próximo dia 10 de novembro e os pedidos de apoio deverão ser submetidos através de formulário eletrónico até dia 21 do mesmo mês. A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo dispõe de um prazo até 15 de dezembro para fazer a verificação dos prejuízos declarados e o investimento terá de ser concretizado até final do ano, dia 31 de dezembro.
Capoulas Santos lembra que "aquela é uma região bastante castigada pela seca ao longo dos anos, razão pela qual os produtores são sistematicamente obrigados a esforços redobrados para manterem a sua atividade, que é de grande importância para a região e para o país".

Lisboa, 20 de outubro de 2016

Start-up’s do setor agrícola e agroindustrial nacional apresentam projetos inovadores na segunda edição da MBIA Talk



Realiza-se, no próximo dia 25 de outubro, a partir das 9h30, no Hotel Palácio do Governador, em Lisboa, a 2ª MBIA Talk dedicada à "Estratégia e gestão no setor agroindustrial português". Esta 2ª edição pretende dar espaço à discussão de ideias sobre o setor agrícola, o apoio à inovação e ao empreendedorismo agrícola e agroalimentar. 
A 2ª MBIA Talk, estará assente em três momentos:
Elevator pitch direcionado a star-tup's do setor agrícola e agroindustrial;
Apresentação de um caso de sucesso de uma empresa de fora do setor agrícola e agroindustrial, mas que pode ser inspiradora e um bom ponto de partida para novos projetos;
Debate com intervenientes oriundos do setor governamental, empresarial, associativo e bancário.

Além da apresentação dos projetos por parte de quatro start-up's portuguesas do setor agrícola e agroindustrial o evento irá contar com a apresentação de um caso de sucesso fora do setor pelo CEO da Science4you e um debate que contará com a presença do Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, o coordenador Técnico-Científico da Agro.Ges, o Diretor da Sociedade Agrícola Herdade Maria da Guarda e o Presidente da INOVISA.
A MBIA – McDonald's Business Initiative for Agriculture é uma iniciativa da McDonald's. 
PROGRAMA:
09H30 | Receção
09H45 | Boas-vindas, por Estélio Sequeira, Diretor de Operações McDonald's
09H50 | Testemunho "Fora da Caixa"
Por Miguel Pina Martins, ‎CEO Science4you
10H15 | Elevator Pitch
10H50 | Investimento Direto Estrangeiro no primeiro setor
Por Luís Castro Henriques, administrador AICEP – Portugal Global 
11H10 | Pausa para café| networking
11H25 | MBIA TALKS
Luis Medeiros Vieira, Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação
Francisco Gomes da Silva, Docente do ISA e Coordenador Técnico-Científico da Agro.Ges
João Cortez de Lobão, Diretor da Sociedade Agrícola Herdade Maria da Guarda
Luís Mira, Presidente da INOVISA
Moderador: Jorge Portugal, Diretor geral da COTEC 
12H15 | Encerramento

FAO diz que é preciso adaptar a agricultura às alterações climáticas


LUSA 17/10/2016 - 12:52

Se nada for feito, a população a viver em pobreza pode aumentar em 122 milhões de pessoas até 2030.

A organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) alertou esta segunda-feira que é urgente ajudar o sector agrícola a adaptar-se às alterações climáticas, que poderão lançar até mais 122 milhões de pessoas na pobreza.

"A menos que sejam tomadas medidas agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e resiliente, os impactes das alterações climáticas irão comprometer gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar", escreve o director-geral da organização, José Graziano da Silva, no prefácio de um relatório agora publicado.


Intitulado "O estado da alimentação e da agricultura", o relatório sublinha que, se não houvesse alterações climáticas, a maioria das regiões deveria ver reduzir o número de pessoas em risco de pobreza até 2050.

Com as mudanças no clima, e se nada for feito, estima-se que a população a viver em pobreza registe um aumento de entre 35 e 122 milhões até 2030. Isto deve-se sobretudo aos impactos negativos do aquecimento global no sector agrícola.

Os mais afectados seriam as populações nas zonas mais pobres da África subsariana, e do Sul e Sudeste Asiático, especialmente os que dependem da agricultura para viver.

Graziano da Silva diz que a fome, a pobreza e as alterações climáticas têm de ser abordadas em conjunto, quanto mais não seja "por um imperativo moral, porque aqueles que hoje mais sofrem são os que menos contribuíram para as alterações climáticas".

O relatório da FAO diz que para manter o aumento da temperatura global abaixo do tecto de 2°C, as emissões de gases com efeitos de estufa terão de diminuir 70% até 2050, o que só será possível com o contributo dos sectores agrícolas.

Estes sectores são responsáveis por, pelo menos, um quinto de todas as emissões, sobretudo devido à conversão das florestas em terra cultivada, mas também devido à pecuária e à produção agrícola.

No entanto, escrevem os autores, os sectores agrícolas enfrentam um duplo desafio: reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa ao mesmo tempo que produzem mais alimentos para saciar uma população crescente e cada vez mais rica.

Estima-se que a procura global por alimentos em 2050 seja pelo menos 60% maior do que em 2006, mas o crescimento populacional será concentrado nas regiões que já hoje têm maior prevalência de subnutrição e maior vulnerabilidade às alterações climáticas.

O relatório reconhece que reformular a agricultura e os sistemas alimentares será um processo complexo, devido ao vasto número de partes envolvidas, à multiplicidade dos sistemas agrícolas e de produção alimentar e às diferenças nos ecossistemas.

No entanto, alerta, os esforços têm de começar agora, porque os impactos das alterações climáticas só piorarão com o tempo e, se nada for feito, os países mais pobres terão no futuro de enfrentar simultaneamente a fome, a pobreza e as mudanças climáticas.

Nas palavras de Graziano da Silva, "os benefícios da adaptação ultrapassam os custos da inacção com margens muito grandes".

Nas vésperas da 22.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que começa a 7 de Novembro em Marrocos, o relatório sublinha que o sucesso da transformação da agricultura depende em grande medida da ajuda aos pequenos proprietários na adaptação às mudanças climáticas.

Estima-se que haja nos países em desenvolvimento cerca de 475 milhões de famílias de pequenos proprietários que produzem em contextos socio-económicos e condições agroecológicas muito distintas, pelo que não existe uma só resposta.

No entanto, a FAO descreve, no relatório, algumas formas "alternativas e economicamente viáveis" de ajudar os agricultores a adaptar-se e a tornar as suas formas de vida mais resilientes, nomeadamente a adopção de práticas inteligentes, como o uso de variedades de culturas nitrogénio-eficientes e tolerantes ao calor.

A adopção generalizada de práticas nitrogénio-eficientes, por exemplo, permitiria reduzir em mais de 100 milhões o número de pessoas em risco de subnutrição, estima o relatório.

Concelho de Ourique integra lista de concelhos afetados pela seca a apoiar pelo Ministério da Agricultura


Relativamente ao despacho do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural sobre medidas de apoio aos produtores pecuários afetados pela seca ontem publicado em Diário da República, abrangendo os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura e Serpa, o Gabinete do Ministro esclarece que, por lapso, o concelho de Ourique não foi incluído na lista. Por esse motivo, o Gabinete desencadeou de imediato o processo de alteração ao despacho, determinando a inclusão de Ourique.

Através do despacho em causa, o Governo disponibiliza verbas num montante global de 3 milhões de euros, destinadas a apoiar os produtores pecuários afetados pela seca que atingiu a região do Baixo Alentejo ao longo dos últimos meses.

As declarações de prejuízo deverão ser entregues até dia 10 de novembro e os pedidos de apoio deverão ser submetidos eletronicamente até dia 21 do mesmo mês. O investimento deverá ser realizado até 31 de dezembro, podendo cada produtor receber até 10 mil euros de apoio.

Lisboa, 21 de outubro de 2016

Produção mundial de vinho vai ser das piores dos últimos 20 anos

NEGÓCIOS COM BLOOMBERG | 20 Outubro 2016, 17:48

Produção mundial de vinho vai ser das piores dos últimos 20 anosDR

Um estudo realizado por um grupo intergovernamental estima que a produção mundial de vinho caia 5,3% em 2016 devido às condições climatéricas adversas verificadas em França e na América do Sul.
De acordo com o estudo da Organização Internacional de Vinhas & Vinho, sediada em Paris e conhecida pelo acrónimo francês OIV, a produção mundial de vinho deverá recuar para um dos piores totais registados nos últimos 20 anos, devendo ficar em torno dos valores mínimos registados nas últimas duas décadas, nos anos de 2012 e 2002, o que se ficará a dever a condições climatéricas adversas.
 
O estudo da OIV, citado pela agência Bloomberg, estima que a produção vinícola mundial caia 5,3% devido às chuvas que estão a estragar as colheitas na América do Sul e às condições adversas em França. A OIV realça as chuvadas relacionadas com o El Niño que prejudicaram as produções vinícolas no Chile e na Argentina.
 
A produção de 2016 deverá cair 259,5 milhões de hectolitros, valor que compara com os 273,9 milhões de hectolitros de vinho produzidos em 2015, antecipa a OIV. A produção estimada para este ano é equivalente a 35 mil milhões de garrafas. Itália continuará a ser o maior produtor mundial de vinho, à frente da França, embora a produção total deva cair 2% para 48,8 milhões de hectolitros.
 
Já a produção vinícola francesa deverá cair 12% para 41,9 milhões de hectolitros, prejudicada por uma pouco habitual conjugação de geadas na Primavera com tempestades, o que deverá assim atirar a produção gaulesa para o menor volume em quatro anos.
 
"A produção foi enormemente afectada pelas condições climatéricas excepcionais", justifica o director-geral da OIV, Jean-Marie Aurand, que recorda que "se há um produto que é vulnerável aos eventos climatéricos é o vinho".