sábado, 21 de janeiro de 2017

Crise foi boa para a agricultura


Em 2015 os ganhos de produção foram os melhores em 21 anos. Mas em seis anos a mão-de-obra no sector diminuiu 35,1%

FRANCISCO JOSÉ CARDOSO / MADEIRA / 19 JAN 2017 / 02:00 H.

 Crise foi boa para a agricultura

Não, não há mais pessoas a trabalhar na Agricultura. Mas há mais e melhor exploração agrícola. O tão propalado 'regresso' à terra de muitas pessoas apanhadas no furacão da crise, sobretudo desde 2010, não passou de miragem. Mas a verdade é que os números não mentem quanto ao aumento da quantidade e, consecutivamente, dos ganhos que o sector tem tirado de uma maior aposta na produção regional.

Segundo as 'Contas Económicas Regionais da Agricultura', referentes a 2015, publicadas pela Direcção Regional de Estatística da Madeira nesta terça-feira, a "produção do ramo agrícola na Região Autónoma da Madeira (RAM) atingiu os 104,4 milhões de euros", sendo este o segundo valor mais alto em 21 anos (desde 1995), só ultrapassado por 2010, em que se obteve rendimentos da terra no valor de 104,71 milhões de euros.

Os dados provenientes do Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou recentemente a informação ainda provisória de 2015, possibilita a actualização da série com início em 1995.

Da análise dos dados é assim possível concluir que, "em 2015, a produção do ramo agrícola na Região Autónoma da Madeira (RAM) fixou-se em 104,4 milhões de euros, um crescimento de 14% em termos nominais face ao ano anterior" (91,55 milhões de euros).

Pecuária sem grande expressão

Refira-se que do total da produção agrícola regional de 2015, "84,5% foi proveniente da componente vegetal e 12,2% da animal, sendo que as restantes parcelas derivaram de serviços agrícolas e actividades secundárias não agrícolas", explica. "A nível nacional, o peso da produção vegetal foi inferior (55,9%), embora se tenha revelado também mais preponderante que a parte animal (39,7%)".

Já "desagregando a componente da produção vegetal (cujo total foi de 88,2 milhões de euros) para a RAM, constata-se que as parcelas mais representativas foram as hortícolas frescas (23,9 milhões de euros) e os frutos subtropicais (17,8 milhões de euros)", sendo que a "principal fatia da produção animal, cujo total foi de 12,7 milhões de euros, derivou da avicultura, que concentrou quase dois terços daquele total".

Uma vez que à "actividade agrícola está inerente a utilização de uma série de bens e serviços que constituem os consumos intermédios", salienta-se que "esta variável rondou os 39,9 milhões de euros em 2015 (+12,1% que em 2014 - 35,54 milhões de euros)". E conclui: "A diferença entre produção agrícola e consumo intermédio constitui o chamado Valor Acrescentado Bruto (VAB) agrícola. Em 2015, o VAB agrícola fixou-se em 64,5 milhões de euros, crescendo 15,2% em termos nominais entre 2014 e 2015." Ou seja, um total de VAB em 2014 de 56,01 milhões.

Menos gente na agricultura

Como referimos a abrir, ao contrário do que seria de supor, não há muito mais pessoas a trabalhar na agricultura, há é uma melhoria na produção.

De facto, durante sete anos (2008 a 2014) a mão-de-obra na agricultura regional superou as 10 mil pessoas. No ano de referência destas contas, estavam a trabalhar pouco mais de 9.710 pessoas, dos quais apenas 1.570 eram assalariados e a grande maioria 8.140 eram não assalariados.

No ano anterior, estavam no sector 10.110 pessoas como força de trabalho, 1.580 dos quais assalariados e 8.530 não assalariados. Em 2008, no ano do início da crise económica e financeira e que, alegadamente, terá levado muita gente ao desemprego e, por consequência, a procurar na agricultura uma forma de subsistência, existiam 11.240 pessoas, registando um interessante crescimento de 17,7% face a 2007 (9.250).

Em 2009 ainda registou-se um novo crescimento de 14,3% para uma mão-de-obra de 13.120 activos. Mas foi 'sol de pouca dura', uma vez que nestes últimos seis anos até 2015 a força de trabalho da agricultura diminuiu 35,1%.

Isto leva a concluir que, efectivamente, o 'regresso à terra' ficou-se pelo caminho e está bem longe dos efectivos em 1995 (não há dados anteriores disponíveis), que representam uma diminuição significativa de 53,2%.

Trabalho escravo "repugna" ministro da Agricultura


Capoulas Santos pede "severidade" às autoridades, na sequência da denúncia de exploração laboral na apanha da azeitona no Alentejo

2017-01-19 00:21 Redação / CM
 
O ministro da Agricultura classificou, nesta quarta-feira, de "repugnante" a existência de trabalho escravo na agricultura portuguesa e disse esperar que as autoridades competentes "atuem com toda a severidade".

Quando o crime atinge os seres humanos naquilo que é a sua essência, como parece ser o caso, naturalmente é algo que nos repugna e espero que as autoridades competentes atuem com toda a severidade porque não é aceitável que seres humanos utilizem outros seres humanos apenas para obter lucros. Isso é completamente repugnante", afirmou Capoulas Santos, que falava à margem da apresentação do livro "O Vinho no Tempo da Guerra", sobre a notícia da existência de trabalho escravo em explorações agrícolas no Alentejo.

O presidente da Câmara Municipal da Vidigueira contou hoje terem sido detetados 80 imigrantes sazonais, que trabalham em explorações agrícolas nos concelhos de Moura e Ferreira do Alentejo, a viverem numa oficina, em Pedrogão do Alentejo, no concelho de Vidigueira, com uma única casa de banho, sem privacidade, a dormirem em camas constituídas por pequenos colchões por cima de paletes e, à frente das quais, tinham fogões para cozinharem.

Vi hoje algumas notícias que me entristeceram profundamente", afirmou Capoulas Santos que disse esperar "que as autoridades a quem compete fiscalizar atuem, detetem e submetam às entidades judiciais aqueles que se vier a comprovar que foram responsáveis por atividades criminosas".

Falta de chuva preocupa mais do que o frio

 20-01-2017 
 

 
Em Trás-os-Montes, os agricultores já estão a recorrer a ração para alimentar os animais. Mais do que o frio é a falta de chuva que está a preocupar alguns agricultores, em Trás-os-Montes e no planalto mirandês. A situação ainda não é dramática mas o alerta começa a soar porque a falta de chuva começa a encolher as pastagens obrigando os agricultores a recorrerem à ração para alimentar os animais.

Na terça-feira, o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, admitiu que o Governo está a «acompanhar com preocupação» a falta de chuva no país. Capoulas Santos adiantou que «há uma panóplia de soluções que só devem ser equacionadas em função do agravamento ou não da situação» e disse esperar que «o São Pedro cumpra a sua missão».

Fonte: TSF

Estudo: Há mais árvores que dão cortiça mas apenas o sobreiro "dá" rolhas

20-01-2017 
  
O sobreiro "Quercus suber" não é a única espécie de árvore que dá cortiça mas só a cortiça do sobreiro permite fazer rolhas para engarrafar vinho, segundo um estudo divulgado recentemente.

O trabalho das investigadoras Carla Leite e Helena Pereira, do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA), publicado na revista "Frontiers in Materials", é «a primeira compilação estruturada com informação científica disponível sobre espécies que produzem quantidades significativas de cortiça», segundo um comunicado do ISA.

O estudo conclui que existem outras espécies que produzem cortiça além do sobreiro mas a matéria-prima não pode ser usada para rolhas, embora possa ser utilizada para outros produtos em cortiça.

«A existência de fontes adicionais poderá ser muito relevante para a indústria, uma vez que a área de distribuição do sobreiro se restringe sobretudo à Bacia do Mediterrâneo e, consequentemente, o fornecimento mundial de cortiça é limitado», afirma-se no comunicado.

O artigo mostra quais as espécies com maior potencial corticeiro e dá informações sobre essas espécies, como a estrutura, a composição química ou o potencial na área da biotecnologia.

E abrange espécies corticeiras como o carvalho da Turquia "Quercus cerris" ou o sobreiro da China "Quercus variabilis", espécies do cerrado do Brasil e outras.

A cortiça chinesa entrou recentemente no mercado, em forma triturada, e segundo o trabalho das investigadoras do ISA está a despertar muito interesse, até pelo potencial de quantidade.

Em termos gerais, diz-se também no documento, os componentes químicos da cortiça estão a «receber muita atenção», com a pesquisa a incidir em campos como a biomédica ou a saúde.

A cortiça tem sido alvo de investigação no Centro de Estudos Florestais ao longo dos últimos 30 anos e é no centro que se tem desenvolvido grande parte do conhecimento científico mundial sobre esta temática, diz-se no comunicado.

Fonte: Lusa

Ucrânia esgota quota de importação de milho na primeira semana do ano

18-01-2017 
 

 
Na primeira semana de 2017 foi esgotada a quota de importação de milho da Ucrânia com tarifa zero. Com o acordo entre a União Europeia e a Ucrânia de 2014, o bloco europeu estabeleceu quotas de importação com tarifa zero para o milho, trigo e cevada procedente da Ucrânia. No caso do milho, a quota estabelecida para o período de 01 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2017 é de 450 mil toneladas, de 400 mil toneladas em 2016.

Entre 01 e 06 de Janeiro passados, os pedidos apresentados de certificados de importação de milho superaram as 450 mil toneladas, com os quais não foram apenas suspensos novos pedidos a partir de 06 de Janeiro, mas também introduzido um coeficiente de atribuição de 8,332851 por cento para a qual serão multiplicados os pedidos apresentados de 01 a 06 de Janeiro de 2017.

Em 2016, a colheita de milho da Ucrânia registou rendimentos recorde de 6,6 toneladas por hectare e quase 28 milhões de toneladas de produção. A União Europeia tem em discussão a possibilidade de aumentar as quotas de importação com tarifa zero de cereais provenientes da Ucrânia, aumentado o limite para mais de 1 milhão de toneladas para o milho e o trigo.

Fonte: Agrodigital

Baixas temperaturas podem provocar "geada negra" frequente nos Invernos

 17-01-2017 
 

 
As baixas temperaturas previstas para os próximos dias podem provocar a chamada "geada negra", que, segundo a meteorologista Madalena Rodrigues, é natural que aconteça com alguma frequência em Portugal.


«Afecta plantas mais sensíveis ao frio e surge principalmente com temperaturas negativas ou próximo de zero», disse a responsável do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicando que não é um fenómeno raro.


A "geada negra", explicou, na verdade não é geada, que é branca, mas sim uma situação de frio que queima a seiva das plantas, que ficam negras por isso.


Madalena Rodrigues não indicou locais prováveis para a "geada negra", afirmando apenas que as temperaturas muito baixas podem afectar plantas ao ar livre que não sejam próprias da época ou que sejam mais sensíveis. A meteorologista frisou que a "geada negra" acontece com alguma frequência nos Invernos e que apenas afecta as plantas.


As temperaturas vão descer entre 04 e 09 graus Celsius a partir de quarta-feira em Portugal continental devido a uma massa de ar continental mais fria e seca.


A "geada negra" acontece com frio intenso e muito seco e com vento, que impede a formação de geada mas provoca o congelamento da seiva, e a planta fica escura e morre. Regar as plantas pode ter uma acção protectora.

Fonte: Lusa

Ministro diz que reforma da floresta está em vigor até final de Junho

17-01-2017 
 

 
O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural disse que a reforma da floresta estará em vigor até final de Junho, estimando os custos da sua implementação «entre 500 a 600 milhões de euros», até 2020.


«Os diplomas que foram aprovados na generalidade serão corrigidos e complementados com algumas das sugestões recolhidas durante a discussão pública. Até final de Fevereiro, muito provavelmente, o Governo aprovará, em definitivo, estes diplomas. Uma parte deles seguirá para promulgação do senhor Presidente da República», afirmou Capoulas Santos.


«Há três ou quatro que terão de ir ainda à Assembleia da Republica por se tratar de matérias com competência reservada do parlamento e, portanto, só depois da aprovação no parlamento, que poderá ainda introduzir correções ou alterações, o pacote estará aprovado e em vigor. Eu estimo que isso acontecerá, na totalidade, até ao final do primeiro semestre deste ano», acrescentou o ministro.


O governante, que falava em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, na penúltima sessão de discussão pública da proposta de reforma, a decorrer até 31 de Janeiro, adiantou que a implementação da nova legislação representará um custo estimado «entre os 500 a 600 milhões de euros».


«Estimamos que os custos que vamos ter associados aos apoios ao investimento, ao financiamento dos gabinetes técnicos municipais e às equipas de sapadores florestais, andará entre os 500 e os 600 milhões de euros até 2020», afirmou Capoulas Santos, acrescentando: «Esta reforma vai, seguramente, aumentar a riqueza do país e permitir aproveitar muito melhor esse enorme património que temos e que, parte dele, está subaproveitado».


O Governo aprovou, na generalidade, em Outubro passado, «um pacote legislativo composto por 12 diplomas, dez dos quais foram colocados à discussão pública durante desde Novembro para ouvir contributos da sociedade civil» e «tentar obter o máximo consenso possível».


«Quando falamos de floresta, do que é necessário fazer na floresta, que são tarefas de longo prazo, seria uma pena que uma hipotética mudança de governo, que em democracia acontecerá mais tarde ou mais cedo, que venha um outro governo deitar por terra tudo aquilo que, entretanto, for feito».


Do conjunto de medidas previstas, o ministro destacou «a legalização do património, a elaboração do cadastro, a identificação dos proprietários, a criação de entidades gestoras dos espaços florestais, um banco de terra, onde serão colocadas as terras do Estado, para venda ou arrendamento, e os terrenos identificados como sem dono conhecido».


Reforçou a criação de um Balcão Único do Prédio (BUPi), onde os proprietários poderão registar os seus prédios, gratuitamente, até 31 de Dezembro de 2018.


Capoulas Santos revelou que durante os três meses de discussão pública da proposta de reforma «as críticas ao modelo de fundo não são muito substanciais», adiantando que «as questões mais polémicas» prendem-se com as competências atribuídas às autarquias e com as áreas de produção de eucalipto.


«Nalguns sítios acusam esta reforma de dar demasiado poder às autarquias e, noutros lados, dizem que há défice de transferência de poderes para os municípios», explicou.


Relativamente à produção de eucalipto, disse que «a estratégia do Governo vai no sentido de não aumentar a área mas conduzir o eucalipto para as zonas onde ele pode ser mais produtivo».


«Temos, em Portugal, zonas onde se produzem 30 metros cúbicos de madeira de eucalipto por hectare, mas a produtividade média de Portugal é cinco metros cúbicos por hectare. Isto significa que há muitos milhares de hectares que estão em sítios onde esta espécie não é produtiva», explicou, garantido que o Governo «tem consciência de que esta fileira é muito importante para as exportações do país e para a produção de pasta de papel».

Fonte: Lusa

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Autarca denuncia "trabalho escravo" no Alqueva


"É uma vergonha para o Alentejo e para Portugal a forma como continuamos a receber os trabalhadores imigrantes vindos de países pobres", protesta o autarca da Vidigueira.

CARLOS DIAS 18 de Janeiro de 2017, 6:30 Partilhar notícia

Depois de cada campanha de azeitona no Alentejo muitos imigrantes ficam abandonados à sua sorte ANTONIO CARRAPATO

São dezenas — chegam à centena — de homens e mulheres imigrantes a dormir todos juntos num barracão sem condições sanitárias. A denúncia é do presidente da câmara da Vidigueira, revoltado com o que tem visto no seu concelho nestes tempos da apanha da azeitona. A situação repete-se, ao ritmo das colheitas sazonais, à volta do Alqueva, um empreendimento que exige muito mais mão-de-obra do que o Alentejo consegue fornecer. Para Carlos Graça,  inspector da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), não há dúvidas: estamos a falar de novos escravos.

O problema da falta de mão-de-obra necessária às novas culturas em Alqueva não apanhou ninguém desprevenido. Sabia-se que existia, mas nada foi feito atempadamente para garantir os trabalhadores necessários e os empresários agrícolas viram-se forçados a recorrer às empresas de contratação. Esta necessidade de mão-de-obra e a falta de mecanismos adequados para a sua contratação "potencia a criação de redes mafiosas que alimentam novas formas de escravatura", assinala ao PÚBLICO Manuel Narra, presidente da câmara da Vidigueira.

O autarca foi recentemente confrontado com o alojamento de entre 80 e 100 pessoas "dentro de uma oficina e outras 30 pessoas dentro de um apartamento, com homens e mulheres misturados, dispondo apenas de um chuveiro e de uma sanita". O que é revelador dos maus tratos a que têm sido sujeitos, sublinha. "Só nos pode causar revolta e indignação", assume o autarca, incomodado com o que tem visto no seu concelho.

Carlos Graça, que coordena uma equipa nacional de combate ao trabalho não declarado no seio da ACT, disse ao PÚBLICO que o caso da Vidigueira "infelizmente não é único". E aponta uma outra situação que foi detectada em Serpa onde 55 pessoas estavam alojadas num T3 e "alguém" recebia pelo aluguer da casa 1530 euros por mês.

"Estamos a falar de pessoas que estão a ser escravizadas", salienta o inspector da ACT, vincando o peso da palavra "escravizadas" porque, diz, essa é a definição que deve ter, recordando que já são vários os indivíduos condenados em tribunais portugueses por sujeitarem outros a trabalho escravo.

É que apesar deste trabalho ser remunerado — parcamente — as condições a que os trabalhadores estão sujeitos são desumanas. Para além de que dos seus salários é ainda descontado o preço do alojamento e da alimentação. A maioria vem de países asiáticos (Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão).

Reportando-se à realidade presente, Carlos Graça diz que a actuação das empresas de contratação de mão-de-obra estrangeira, nas condições "degradantes" em que é feita, "é um fenómeno que está longe, mesmo muito longe de ser controlado". É um processo evolutivo, em que os intervenientes (as empresas de contratação de mão-de-obra) se vão adequando às alterações que vão sendo introduzidas pelas autoridades portuguesas no controle e fiscalização na contratação de imigrantes. "Estamos perante indivíduos que estão bem assessorados", facto que já levou à prisão de um advogado em Beja por estar envolvido neste tipo de expedientes.

Carlos Graça alerta para as consequências resultantes da actuação das empresas de contratação, lembrando que muitas das culturas em Alqueva "ainda se encontram numa fase embrionária e que a capacidade produtiva do empreendimento agrícola ainda vai crescer mais 35% nos próximos anos". Ainda vai ser necessária mais mão-de-obra, reforça o inspector da ACT.

Manuel Narra, que realizou na segunda-feira uma reunião com várias instituições para debater este problema, deixou claro que o que está a acontecer, neste momento, "é mau, mas vai piorar nos próximos tempos". O problema social que a mão-de-obra imigrante está a suscitar "é consequência dos efeitos colaterais do empreendimento do Alqueva que levou a intensificação das culturas que requerem muita gente", analisa o autarca.

As empresas são as primeiras a reconhecer que há falta de pessoas para trabalhar o regadio. Um agricultor contactado pelo PÚBLICO, mas que pediu para não ser identificado, reconhece a "má imagem" que fica para o sector agrícola alentejano. "Não podemos deixar a azeitona na árvore, pois não temos alternativa." Os maus tratos aos imigrantes não os deixam indiferentes, mas reconhece que para alguns, "o problema passa ao lado".

Em 26 anos nunca vi 5 tostões. Zero

Num outro patamar de intervenção encontra-se a Cáritas Diocesana de Beja. O seu presidente Florival António Silva diz que a instituição continua a apoiar os imigrantes que chegam ao Alentejo para trabalhos sazonais e a quem "é dada roupa e alimento" quando dele necessitam. Também têm pago a viagem de regresso ao país de origem aos que não tem dinheiro para cobrir esse custo. No final de cada campanha de azeitona, tornou-se recorrente observar a presença de imigrantes abandonados à sua sorte. 

Enquanto a ACT forma uma equipa de intervenção com 10 inspectores que vai actuar a nível de todo o país, Manuel Narra reclama do Governo legislação adequada às exigências e a atribuição de novos compromissos às autarquias, por exemplo no sector do alojamento, para que estas não estejam "sujeitas a constatar as situações degradantes que se têm observado".

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

McDonald’s quer comprar mais hortícolas aos produtores portugueses

Jan 11, 2017

Tomate, cebola e alface iceberg são os hortícolas que a McDonald's Portugal quer comprar aos produtores nacionais.  A cadeia de restauração já tem alguns fornecedores portugueses para estes produtos mas quer reduzir ainda mais as importações. Actualmente, cerca de 42% dos alimentos utilizados pela marca em Portugal são comprados a fornecedores nacionais.

Durante uma sessão de apresentação do Guia Prático do Empreendedor Agrícola, na Escola Superior Agrária de Santarém, André Santos, gestor de qualidade da McDonald's, explicou que, para fornecer a cadeia de restauração, os produtores devem ter um determinado perfil: ser certificados em Global GAP, McDonald's Agriculture Assurance Programme e Food Safety Standard; não utilizar organismos geneticamente modificados; cumprir a legislação comunitária  e local; não utilizar Bisfenol A; utilizar óleo de palma de fonte sustentável e proveniente de fornecedores da McDonald's; não recorrer à nanotecnologia na preparação dos produtos.

Quando questionado sobre a necessidade de batata nacional, André Santos explicou que a marca utiliza duas variedades (a Russet Burbank e a Shepody) importadas de França e «de difícil produção em Portugal». No que diz respeito às sopas, «existe capacidade» para comprar mais a fornecedores nacionais.

A Campotec, organização de produtores que fornece a McDonald's desde 2004, foi convidada a falar da sua experiência. Délio Raimundo, do departamento de Desenvolvimento e Inovação da Campotec, contou que, em 2016, a OP vendeu 1,5 M€ à McDonald's. O tomate e a maçã fatiados são os produtos mais vendidos pela empresa de Torres Vedras à cadeia de restaurantes estadunidense.

Délio Raimundo explicou que o Oeste «não é suficiente em termos temporais» para satisfazer as necessidades da McDonald's. Entre Janeiro e Abril, a região não tem tomate para consumo em fresco «e é aí que temos de ir buscá-lo ao Sul de Espanha».

Portugal taxa bebidas e proíbe doces nas máquinas automáticas


Neste mês, todos os pacotes de açúcar passam a ter menos quantidade. Máquinas de venda automática mudam em março

Diminui a quantidade de açúcar por pacote na cafetaria e na restauração, aplicam-se taxas sobre as bebidas açucaradas e proíbem-se os doces das máquinas de venda automática do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Portugal parece já ter declarado guerra ao açúcar, mas a bastonária da Ordem dos Nutricionistas alerta que ainda há muito a fazer para diminuir o seu consumo.

Além das referidas medidas, Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, destaca uma ação tomada anteriormente para baixar o consumo de açúcares: as orientações dadas às escolas para a oferta alimentar nas cantinas. "Para percebermos o efeitos destas iniciativas, será publicado em março o Inquérito Nacional da Alimentação, que também irá avaliar a quantidade de açúcar que os portugueses ingerem", adianta. Quando saírem os resultados, será possível perceber se é nas crianças ou nos adultos que há um maior consumo, quais as diferenças entre o norte e o sul.

Tal como o sal, sublinha Pedro Graça, "o açúcar é uma das grandes fontes de preocupação a nível europeu", uma vez que "é um produto muito barato", e, na maior parte das vezes, "invisível", já que a sua maior ingestão ocorre em produtos que não são açúcares, mas onde está presente. Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, diz que "é importante que a indústria alimentar reduza a quantidade de açúcar nos seus produtos". Como os consumidores estão habituados aos alimentos com um determinado sabor e perfil, se uma empresa reduzir o açúcar dos seus alimentos, isoladamente, pode perder clientes para a concorrência.

"O que se quer é que haja um acordo entre o Ministério da Saúde e as associações do setor - dos refrigerantes, dos cereais, dos laticínios - e que se comprometam com uma redução num determinado horizonte temporal", sugere.

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas aplaude a taxação sobre as bebidas açucaradas, que entra em vigor em fevereiro, mas ressalva que só faz sentido "se o valor for usado na componente de educação alimentar". "A legislação diz que reverte para o SNS. Acredito que seja para medidas preventivas relacionadas", acrescenta.

Quando questionada sobre aquilo que ainda tem de ser feito em Portugal, a bastonária alerta para a necessidade de consciencialização. "Tem de existir uma tomada de consciência que o consumo é excessivo e que tem consequências negativas". Tudo o que servir para "aumentar a literacia nesta área é de mérito". Uma população "mais informada faz melhores escolhas".

Fruto de um acordo entre a indústria e as autoridades de saúde, a partir deste mês, todos os pacotes de açúcar distribuídos na cafetaria e restauração terão entre cinco e seis gramas, ao contrário das anteriores seis a oito. Já a partir de março, os doces, bem como os snacks e os salgados, desaparecem das máquinas de venda do SNS. Para este ano está ainda previsto o arranque do Plano Assistencial Integrado para a Pré-Obesidade, um modelo de intervenção da DGS. Este prevê que qualquer pessoa que, por qualquer motivo, recorra a uma consulta num centro de saúde seja pesada e medida. Mesmo que entre com uma gripe. Se for detetado excesso de peso, será marcada uma outra consulta para avaliação do problema.

Salmonela: um aliado que combate o cancro cerebral

 
12.01.2017 às 0h32
 
Os ovos são dos alimentos mais associados às salmonelas

JUSTIN SULLIVAN/ GETTY IMAGES
A descoberta para a cura do cancro cerebral está mais perto – uma equipa de investigadores modificou a composição genética da salmonela para matar células cancerígenas

Expresso
EXPRESSO

A salmonela é uma bactéria patogénica para humanos, que provoca uma das principais infeções transmitidas pelo consumo de alimentos. As doenças causadas por salmonela configuram um problema de saúde pública em todo o mundo, responsáveis pela morte de 400 pessoas por ano. No entanto, uma equipa de investigadores da Universidade Duke, no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, 'programou' a bactéria para não atacar o trato gastrointestinal humano, mas antes a mais agressiva forma de cancro cerebral conhecida: glioblastoma.

Este tipo de tumor é letal na maioria dos casos, devido ao seu rápido crescimento. Mesmo com os melhores cuidados atualmente disponíveis, o tempo médio de vida para quem desenvolve o cancro é de apenas 15 meses, sendo que apenas dez por cento dos pacientes sobrevive por mais cinco anos. A sua remoção total através de cirurgia é praticamente impossível porque pode resultar em lesão cerebral. Mas as células não removidas, nestes casos, têm o poder de se multiplicar e voltar ao tamanho inicial.

O trabalho da equipa de investigadores consistiu em fazer alguns ajustes genéticos no ADN da bactéria e transforma-la num "míssil guiado" contra o glioblastoma, tornando-o inofensivo para o paciente, escreve o blogue tecnológico "Engadget".

Mais especificamente, os investigadores tornaram as bactérias permanentemente deficitárias em purinas, que são bases nitrogenadas (que compõe o ADN, como a adenina e a guanina). Acontece que o tumor tem várias purinas na sua constituição genética, logo vai atrair a bactéria. Uma vez injetada diretamente no cérebro, a salmonela entranha-se no tumor e começa a reproduzir-se.

Os investigadores também fizeram com que a bactéria produzisse dois compostos – "azurian e p53", ambos responsáveis pela autodestruição das células, mas apenas em ambientes com pouco oxigénio, como o interior de um tumor, onde as bactérias se multiplicam rapidamente. Desta maneira, quer as células cancerígenas, quer as bactérias, acabam por morrer.

Nas experiências com ratos, 20 por cento duraram 100 dias, o que equivale a 10 anos. O tratamento duplicou a taxa de sobrevivência e prolongou a esperança média de vida.

Ministro diz que a reforma da floresta estará em vigor até final de junho


16.01.2017 às 22h58

 
Implementação da nova legislação representará um custo estimado "entre os 500 a 600 milhões de euros", adianta Capoulas Santos

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural disse esta segunda-feira que a reforma da floresta estará em vigor até final de junho, estimando os custos da sua implementação "entre 500 a 600 milhões de euros", até 2020.

"Os diplomas que foram aprovados na generalidade serão corrigidos e complementados com algumas das sugestões recolhidas durante a discussão pública. Até final de fevereiro, muito provavelmente, o Governo aprovará, em definitivo, estes diplomas. Uma parte deles seguirá para promulgação do senhor Presidente da República", afirmou Capoulas Santos.

"Há três ou quatro que terão de ir ainda à Assembleia da Republica por se tratar de matérias com competência reservada do parlamento e, portanto, só depois da aprovação no parlamento, que poderá ainda introduzir correções ou alterações, o pacote estará aprovado e em vigor. Eu estimo que isso acontecerá, na totalidade, até ao final do primeiro semestre deste ano", acrescentou o ministro.

O governante, que falava em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, na penúltima sessão de discussão pública da proposta de reforma, a decorrer até 31 de janeiro, adiantou que a implementação da nova legislação representará um custo estimado "entre os 500 a 600 milhões de euros".

"Estimamos que os custos que vamos ter associados aos apoios ao investimento, ao financiamento dos gabinetes técnicos municipais e às equipas de sapadores florestais, andará entre os 500 e os 600 milhões de euros até 2020", afirmou Capoulas Santos, acrescentando: "Esta reforma vai, seguramente, aumentar a riqueza do país e permitir aproveitar muito melhor esse enorme património que temos e que, parte dele, está subaproveitado".

O Governo aprovou, na generalidade, em outubro passado, "um pacote legislativo composto por 12 diplomas, dez dos quais foram colocados à discussão pública durante desde novembro para ouvir contributos da sociedade civil" e "tentar obter o máximo consenso possível".

"Quando falamos de floresta, do que é necessário fazer na floresta, que são tarefas de longo prazo, seria uma pena que uma hipotética mudança de governo, que em democracia acontecerá mais tarde ou mais cedo, que venha um outro governo deitar por terra tudo aquilo que, entretanto, for feito".

Do conjunto de medidas previstas, o ministro destacou "a legalização do património, a elaboração do cadastro, a identificação dos proprietários, a criação de entidades gestoras dos espaços florestais, um banco de terra, onde serão colocadas as terras do Estado, para venda ou arrendamento, e os terrenos identificados como sem dono conhecido".

Reforçou a criação de um Balcão Único do Prédio (BUPi), onde os proprietários poderão registar os seus prédios, gratuitamente, até 31 de dezembro de 2018.

Capoulas Santos revelou que durante os três meses de discussão pública da proposta de reforma "as críticas ao modelo de fundo não são muito substanciais", adiantando que "as questões mais polémicas" prendem-se com as competências atribuídas às autarquias e com as áreas de produção de eucalipto.

"Nalguns sítios acusam esta reforma de dar demasiado poder às autarquias e, noutros lados, dizem que há défice de transferência de poderes para os municípios", explicou.

Relativamente à produção de eucalipto, disse que "a estratégia do Governo vai no sentido de não aumentar a área mas conduzir o eucalipto para as zonas onde ele pode ser mais produtivo".

"Temos, em Portugal, zonas onde se produzem 30 metros cúbicos de madeira de eucalipto por hectare, mas a produtividade média de Portugal é cinco metros cúbicos por hectare. Isto significa que há muitos milhares de hectares que estão em sítios onde esta espécie não é produtiva", explicou, garantido que o Governo "tem consciência de que esta fileira é muito importante para as exportações do país e para a produção de pasta de papel".


Mercado das flores vale 500 milhões e atrai multinacionais


Nuno Miguel Silva
 14 Jan 2017

Grupo estrangeiro Interflora anunciou esta semana a entrada no mercado nacional, onde quer construir uma rede com 150 a 200 floristas. Mercado tem reforçado volume de negócios e aumentado as exportações, que já valem entre 15% e 20% do total.

flores

O mercado nacional das flores, entre flores de corte e plantas envasadas, deverá valer cerca de 500 milhões de euros de receitas por ano, segundo revelou ao Jornal Económico Vítor Araújo, vice-presidente da APPP-FN – Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais. Desse montante, cerca de 15% a 20% destina-se à vertente de exportação, um segmento em constante crescimento. Este dinamismo é uma das razões que explica por que é que esta semana, um dos líderes mundiais do setor, a Interflora, anunciou a sua entrada no mercado nacional.

"Portugal é uma grandessíssima oportunidade para nós, em particular no que respeita às oportunidades de comércio eletrónico. Por outro lado, a economia portuguesa está a recuperar", explicou Eduardo Gonzalez, CEO da Interflora Espanha, em declarações exclusivas ao Jornal Económico. A Interflora já garantiu uma rede de cerca de 60 floristas em Portugal, mas o seu objetivo é chegar a  um total entre 150 e 200 floristas nacionais.

O vice-presidente da APPP-FN considera positiva esta entrada da Interflora no mercado nacional. "Penso que é benéfico. Penso que é positivo tudo o que seja facilitador da entrega de flores ao consumidor final e, por isso, vejo com bons olhos essa notícia, penso que é muito boa para o setor",  defendeu Vítor Araújo.

Eduardo Gonzalez assume que a entrada do grupo no mercado nacional de flores "é um compromisso firme da Interflora" e avança que "vemos oportunidades especialmente no comércio de flores online em Portugal, para o qual estamos a preparar uma teia completamente adaptada ao mercado português". A empresa renovou a sua página na web para adaptá-la a todos os dispositivos. O comércio eletrónico já responde por 70% dos pedidos recebidos pela Interflora.

A Interflora Espanha registou vendas de 15 milhões de euros no ano passado, respeitantes a cerca de 250 mil pedidos. A empresa tem no país vizinho uma rede de 1.600 floristas. Para o presente exercício, Eduardo Gonzalez prevê um aumento do volume de negócios entre 2% e 4%. Segundo os dados disponibilizados pela Interflora, em média, um comprador de flores realiza um pedido e meio por ano, gastando cerca de 50 euros. Cerca de 35% das encomendas de flores solicitadas à Interflora ocorrem no Dia dos Namorados (São Valentim) e no Dia da Mãe.

A marca Interflora nasceu em 1980 e está presente em 150 países, com uma rede de 55 mil floristas e mais de 10 milhões de encomendas respondidas por ano. Em cada dia, cerca de 30 mil clientes de vários pontos do Globo confiam na Interflora. Em Espanha, a Interflora opera desde 1951, tendo registado mais de 10 milhões de encomendas até ao momento.

Em Portugal, o mercado das flores tem beneficiado das mais recentes melhorias nas técnicas de produção e dos investimentos realizados. Segundo Vítor Araújo, nos últimos anos "aumentámos em cerca de 10% as exportações e reduzimos as importações em cerca de 20%".

No que respeita ao segmento das flores de corte, o grosso das exportações vai para Espanha e para a Holanda, sendo também esses países as principais origens de importações. No segmento das plantas envasadas, os principais mercados de exportações são a França, Inglaterra e Itália.

Os principais centros de produção de flores em Portugal, além da ilha da Madeira, são a região do Montijo, que inclui os concelhos de Alcochete e de Palmela. Esta região é responsável por cerca de 70% da produção de flores em Portugal, estando aí localizadas cerca de 200 hectares de estufa. Vítor Araújo refere que existe ainda um outro grande centro produtor de flores em Portugal, na Costa Vicentina, na região de Odemira, essencialmente assegurado por produtores holandeses. As regiões de Aveiro e de Chaves também têm relevância neste setor. No segmento de plantas envasadas, os maiores focos de  produção localizam-se nas zonas Centro e Norte do País.

Para o vice-presidente da APPP – FN, as datas festivas são os pontos altos do mercado de flores em Portugal, a saber: Natal, Dia dos Namorados, Dia da Mãe, Dia da Mulher, Dia de Finados e Páscoa. Além do consumidor final, um parceiro estratégico dos produtores de flores são as grandes superfícies.

Segundo os dados do INE – Instituto Nacional de Estatística, em 2012, as principais áreas de plantação de flores de corte em Portugal eram ocupadas pela prótea, gladíolo, crisântemo, gerbera, rosa, lírio, cravo e cravina.

Altri assina na segunda-feira contratos de investimento com Estado


A cerimónia de assinatura dos contratos de investimento, que terá lugar na Celbi, Leirosa, na Figueira da Foz, será presidida pelo primeiro-ministro.

15 de Janeiro de 2017 às 12:16

O grupo Altri vai assinar na segunda-feira contratos de investimento com o Estado português, através das suas subsidiárias Celbi e Celtejo, num evento que será presidido pelo primeiro-ministro, António Costa.
 
A cerimónia de assinatura dos contratos de investimento, que terá lugar na Celbi, Leirosa, na Figueira da Foz, conta também com as presenças dos ministros da Economia e da Agricultura, bem como do secretário de Estado da Indústria, de acordo com a empresa.
 
O grupo português Altri dedica-se à produção de pasta de papel nas suas três unidades - Caima, em Constância, Celtejo, em Vila Velha de Ródão, e Celbi, na Figueira da Foz, e desenvolve também atividade na gestão da floresta, detendo cerca de 85 mil hectares, bem como produz energia através da biomassa.
 
Em Dezembro passado, de acordo com a minuta do contrato de investimento aprovado pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, publicado em Diário da República, a Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri, vai investir 85,3 milhões de euros no novo projeto de inovações no processo de produção de papel 'tissue'.

O queijo e a serra de Jorge Coelho

Jorge Coelho voltou às origens e à memória dos tempos em que o avô Raul o levava em busca dos melhores queijos da serra. O ex-ministro investiu 1,5 milhões de euros para criar a queijaria Vale da Estrela, na região de Mangualde, e vai vender até para a China. "É o projecto da minha vida", assegura.

23 de Dezembro de 2016 às 10:45

O leite chega às oito e meia da manhã, depois de ter sido recolhido durante toda a noite junto de produtores da zona. É esse leite cru de ovelhas de raça bordaleira, alimentadas em pastagens da região demarcada da Serra da Estrela, que as queijeiras da Vale da Estrela vão trabalhar. Em São Cosmado, Mangualde, Jorge Coelho pôs em marcha um projecto que o trouxe de regresso às origens. Seguindo a vocação do seu avô Raul, começou há dois meses a produção de queijo da serra certificado. Investiu 1,5 milhões de euros, recorrendo a crédito bancário, e depois de Portugal e Reino Unido prepara-se para começar a vender para a China.

Dez queijeiras vão, numa manhã igual às outras, dar forma aos 220 queijos de meio quilo que serão produzidos naquele dia. Nas grandes cubas, juntam ao leite o sal e a flor do cardo para que coalhe. As mãos das mulheres começam então a dessorar a coalhada. Com a ajuda de um pano, juntas, espremem com força. 

São jovens e têm um sorriso na cara. À excepção de Anabela Fraga, responsável pela produção contratada por Jorge Coelho a outra queijaria da região, as trabalhadoras da Vale da Estrela (que, no total, conta com 13 pessoas) estavam desempregadas. Concorreram ao lugar, entre muitas outras candidatas (todas mulheres), tiveram formação e hoje, salienta o ex-ministro socialista, têm contrato sem termo e podem "desenvolver uma nova carreira com dignidade". 

Na queijaria, o trabalho segue a tradição. Retirado o soro à mão, que vai servir para fazer requeijão, a massa é colocada em formas com destino a uma prensa que permitirá eliminar o excesso. Resta colocar-lhe a marca de caseína, o bilhete de identidade de cada queijo que identifica o lote e o produtor, e salgá-lo para que ganhe casca a toda a volta. Numa primeira câmara frigorífica vai ficar 12 ou 13 dias, onde será virado e lavado antes de passar para uma segunda, onde durante mais cerca de 15 ou 16 dias verá a casca engrossar. "No mínimo, têm de ter 30 dias de cura", explica Anabela Fraga, corrigindo os tempos referidos por Jorge Coelho para esta fase do processo. "Ele já sabe bastante mas ainda é um pouco leigo", sorri.

Em menino, o socialista aprendeu a arte da cura com o avô Raul, que tinha um negócio de compra, tratamento e venda de queijo da Serra da Estrela. Depois de ter deixado Mangualde, primeiro para estudar em Coimbra e depois com destino a outros voos em Lisboa, o ex-presidente da Mota-Engil passa agora metade da semana na terra. Quer colaborar no desenvolvimento da região. "Já estive em muitos projectos de grande dimensão em Portugal, seja a nível político, seja nas empresas, mas este é o projecto da minha vida", admite.

Para fazer um queijo DOP (denominação de origem protegida), as 10 mulheres fazem na Vale da Estrela o mesmo trabalho que uma só faria numa grande fábrica, mas esse não seria um queijo certificado. Para o ser tem de seguir o método tradicional, ainda que hoje conte com o apoio da tecnologia e cumpra rigorosas regras de higiene e segurança alimentar. Na sua produção apenas pode ser usado leite de ovelha bordaleira, só lhe é adicionado sal e cardo e o soro tem de ser retirado manualmente. Lavar, cintar, espremer e enformar também exigem mão humana. Por isso, acaba por ser um queijo caro. E "gourmet".

Na área de produção, Anabela Fraga não pára, dando o exemplo às outras mulheres. Tanto está a limpar cubas como a fazer requeijão. O número destes queijos frescos vai variar em função da quantidade de soro retirado. A marmita que utiliza permite produzir 160. 

As duas câmaras frigoríficas estão repletas de queijo que vai sair para o Natal. A queijaria produz apenas queijo DOP Serra da Estrela, de 500 e 800 gramas, e requeijão. Irá ainda fazer o curado, diz Jorge Coelho," e mais nada". No que ao queijo diz respeito. Porque, na Vale da Estrela, está já montada uma cozinha industrial para fazer compotas. A ideia é que durante os meses de Verão, em que não há leite, a empresa produza compotas de abóbora, frutos vermelhos (mirtilos, morangos e framboesas) e Maçã Bravo de Esmolfe. O "break even" do investimento está previsto acontecer em quatro ou cinco anos, afirma o agora empresário, que já tem um novo projecto para quando o da queijaria estabilizar: uma plataforma electrónica para vendas online de produtos da região. 

Desde que a Vale da Estrela abriu as portas, no passado dia 5, sucedem-se as visitas ao espaço. Ali é possível comprar os queijos, mas também peças de artesanato que Jorge Coelho idealizou e encomendou a artesãos da região. De viagens que fez trouxe ideias que replicou. Criou uma "caixa do queijo" como viu em Paris, pediu a um escultor um boneco de um pastor, tirou as pernas a francelas (onde se punha o queijo a secar) criando uma tábua para requeijão. À venda estão ainda miniaturas de casas típicas da serra, assim como da capela de Santo António dos Cabaços, não fosse ele o protector das ovelhas.

Nova plataforma virtual liga agricultores e consumidores de todo o país

11/1/2017, 20:01423

A plataforma virtual "Adelaide.farm", apresentada no Algarve, vai permitir aos pequenos produtores vender os seus produtos a preços justos, entregando-os perto da casa de consumidores de todo o país.

A plataforma virtual "Adelaide.farm", apresentada esta quarta-feira no Algarve, vai permitir aos pequenos produtores vender os seus produtos a preços justos, entregando-os perto da casa de consumidores de todo o país.

O projeto visa "resolver o problema de escoamento dos pequenos agricultores", embora também possa abranger grandes produtores, explicou a sua promotora, Alice Teixeira, que quer também contribuir para travar o abandono crescente da atividade agrícola por falta de viabilidade económica.

A plataforma vai ligar os produtores — que se comprometem a vender os seus produtos a preços justos e nas quantidades que quiserem — aos consumidores, que podem ter acesso a produtos nacionais da época, recolhendo-os em pontos de entrega, que se espera que estejam espalhados por todo o país.

O objetivo é que existam várias regiões Adelaide — locais onde se vão realizar as entregas — geridas por um organizador, que pode ser um agricultor ou uma cooperativa, desde que esteja ligado à atividade, e cuja função é agregar as propostas de "stock" dos produtores e tratar das encomendas, explicou Alice Teixeira.

O preço dos produtos é definido pelo produtor, que deve sempre receber mais de metade do preço final de venda, sendo também entregue ao organizador uma margem de entre 20% a 30% do valor, pelo seu trabalho.

Já a MyFarm, empresa que promove a plataforma, nascida no Instituto Politécnico de Beja, recebe uma percentagem pelas vendas: de 5% no caso de serem vendas de produtos a grosso, a profissionais, e de 16%, no caso de vendas domésticas.

Os consumidores podem fazer a compra dos produtos em várias modalidades, inclusive através da gestão de uma horta visual.

Neste caso, segundo Alice Teixeira, o que se pretende "é que o consumidor se fidelize a um conjunto de agricultores e os ajude a pagar os custos de produção ao longo de um período", pagando uma mensalidade, com a duração de três, seis ou doze meses.

O consumidor pode também optar por fazer compras na modalidade de mercearia, adquirindo cabazes regionais ou produtos a granel, sendo o organizador quem define o número de produtos por cabaz e indica a quantidade mínima de compra por produto.

Para os consumidores profissionais, como restaurantes, mercearias ou mesmo outros produtores, está disponível a modalidade de venda de produtos a grosso, o que permite beneficiar de descontos, consoante as quantidades encomendadas.

Os produtores que queiram integrar o projeto devem inscrever-se na plataforma, embora a inscrição tenha que ser validada, havendo uma ferramenta simplificada de gestão na plataforma para contabilizar custos e receitas.

Segundo Alice Teixeira, o nome dado ao projeto é uma forma de homenagear uma agricultora da região de Leiria chamada Adelaide e que se viu obrigada a abandonar a agricultura por falta de rentabilidade.

Luís Miguel Campos, também parceiro no projeto, referiu que se trata de "um modelo de negócio diferente" cujo objetivo "não é ganhar dinheiro", mas sim que os agricultores possam ganhar mais e os consumidores comprar produtos de melhor qualidade a bons preços.

Novo representante da FAO em Portugal quer conselho nacional de segurança alimentar


por Ana Rita Costa- 16 Janeiro, 2017

O novo representante da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), Francisco Sarmento, defendeu que a criação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN) que reúna os players mais relevantes na promoção de uma alimentação saudável deve ser uma questão prioritária.

De acordo com a Lusa, o responsável referiu que "Portugal não tem [um CNSAN] e eu acho que era importante. Não tem de ser, necessariamente, um órgão completamente novo, deve construir-se com base no que já existe".

O responsável assumiu funções em dezembro passado, sucedendo a Hélder Muteia, e pretende que se crie um órgão à semelhança do que já existe noutros países da CPLP e que permita que "as diferentes iniciativas que existem do Ministério da Saúde, da Educação, da Agricultura possam caminhar juntas para resolver os problemas da alimentação".

"A necessidade de uma maior coordenação entre setores cuja ação impacta na questão da alimentação é uma prioridade em Portugal", afirmou, sublinhando também que "nós temos um campo muito amplo para trabalhar em Portugal se quisermos, de facto, realizar no país o direito humano à alimentação adequada".

"Em Portugal, não temos problemas graves de subnutrição como noutros países, mas isso não significa que não tenhamos problemas no sistema alimentar que impactam na saúde das pessoas", acrescentou ainda Francisco Sarmento.

Para o novo representante da FAO, é preciso também responder à desertificação que está a ocorrer nas regiões do interior do país. É que de acordo com o responsável, "os agricultores de menor dimensão deixaram de ser competitivos e a atividade agrícola praticamente em algumas regiões já não é expressiva". A solução, diz ainda, poderia passar pela criação de "um mercado local baseado nas compras públicas das escolas e das Forças Armadas, por exemplo. Existem estudos realizados em países da Europa que mostram que isso representa 10% a 15% do Orçamento do Estado. Este tipo de ação poderia manter estes agricultores nos campos, impedir a saída de pessoas para as grandes cidades e, talvez, levar outras pessoas a retornar para a agricultura."