terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Salmonela: um aliado que combate o cancro cerebral

 
12.01.2017 às 0h32
 
Os ovos são dos alimentos mais associados às salmonelas

JUSTIN SULLIVAN/ GETTY IMAGES
A descoberta para a cura do cancro cerebral está mais perto – uma equipa de investigadores modificou a composição genética da salmonela para matar células cancerígenas

Expresso
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A salmonela é uma bactéria patogénica para humanos, que provoca uma das principais infeções transmitidas pelo consumo de alimentos. As doenças causadas por salmonela configuram um problema de saúde pública em todo o mundo, responsáveis pela morte de 400 pessoas por ano. No entanto, uma equipa de investigadores da Universidade Duke, no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, 'programou' a bactéria para não atacar o trato gastrointestinal humano, mas antes a mais agressiva forma de cancro cerebral conhecida: glioblastoma.

Este tipo de tumor é letal na maioria dos casos, devido ao seu rápido crescimento. Mesmo com os melhores cuidados atualmente disponíveis, o tempo médio de vida para quem desenvolve o cancro é de apenas 15 meses, sendo que apenas dez por cento dos pacientes sobrevive por mais cinco anos. A sua remoção total através de cirurgia é praticamente impossível porque pode resultar em lesão cerebral. Mas as células não removidas, nestes casos, têm o poder de se multiplicar e voltar ao tamanho inicial.

O trabalho da equipa de investigadores consistiu em fazer alguns ajustes genéticos no ADN da bactéria e transforma-la num "míssil guiado" contra o glioblastoma, tornando-o inofensivo para o paciente, escreve o blogue tecnológico "Engadget".

Mais especificamente, os investigadores tornaram as bactérias permanentemente deficitárias em purinas, que são bases nitrogenadas (que compõe o ADN, como a adenina e a guanina). Acontece que o tumor tem várias purinas na sua constituição genética, logo vai atrair a bactéria. Uma vez injetada diretamente no cérebro, a salmonela entranha-se no tumor e começa a reproduzir-se.

Os investigadores também fizeram com que a bactéria produzisse dois compostos – "azurian e p53", ambos responsáveis pela autodestruição das células, mas apenas em ambientes com pouco oxigénio, como o interior de um tumor, onde as bactérias se multiplicam rapidamente. Desta maneira, quer as células cancerígenas, quer as bactérias, acabam por morrer.

Nas experiências com ratos, 20 por cento duraram 100 dias, o que equivale a 10 anos. O tratamento duplicou a taxa de sobrevivência e prolongou a esperança média de vida.

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