sábado, 28 de maio de 2016

A agricultura não merece business angels?

 O melhor sistema que avalia concursos é nacional mas, na verdade, ninguém quer saber. 

27.05.2016 01:45 

Um tipo abre um suplemento de economia e encontra inúmeras páginas sobre conceitos modernos como startup, lean startup, pré-seed e afins. Lemos os textos e ficamos com a ideia de que foram escritos por um Zeinal Bava nos tempos em que pregava a sua sapiência aos patetas cá da pátria (já agora, onde andará o homem?).

 Agora, curioso é que 99% dos projetos startup são dedicados a tecnologias de informação e áreas misteriosas que nascem num dia e morrem três meses depois. Para o mundo rural, nadinha. 

E eu conheço meia dúzia de projetos que mereciam apoios financeiros por parte de business angels. Por exemplo, um que cruza o mundo agrícola com informática é um software de gestão de avaliação de concursos criado por Eduardo Abade, homem que é uma barra em vinho do Porto. 

Nos concursos mundiais, os jurados classificam os vinhos em folhas de papel, somam diferentes parcelas à mão e passam ao presidente da mesa para confirmar as contas com uma calculadora, à laia de merceeiro. Ora, Eduardo Abade criou, há anos, um sistema informático em que o provador só tem de mexer o cursor de um lado para o outro, sendo os resultados atribuídos em tempo real. Poupa-se muito tempo e a qualidade dos resultados melhora imenso. 

Camaradas meus estrangeiros dizem que o sistema do Eduardo Abade devia ser usado em todo o mundo. Ele, que é de uma humildade tremenda, fica pela Régua e encolhe os ombros. Se Eduardo Abade fosse francês, o seu programa seria obrigatório a nível internacional. De maneira que se houver por aí um business angel interessado em levar o software do Eduardo Abade para o mundo, ligue-me, que eu passo os contactos. E juro que não cobro comissões.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Alergia a amendoins mata cliente e dono de restaurante acaba na prisão em Inglaterra



Três semanas antes, uma cliente de 17 anos sofreu também uma reação alérgica noutro restaurante do mesmo dono

O proprietário de um restaurante indiano em Inglaterra foi hoje condenado a seis anos de prisão devido à morte de um cliente que era alérgico a frutos secos, com um takeaway que continha amendoins.

O caso ocorreu em janeiro de 2014 e Mohammed Zaman, de 53 anos, dos arredores de York, norte de Inglaterra, foi condenado pela morte de Paul Wilson, de 38 anos, que pediu galinha 'tikka masala', especificando que não poderia conter amendoins, o que estava mesmo escrito na tampa do seu pedido. A vítima foi encontrada morta na casa de banho da sua casa em consequência de um choque anafilático, porque o seu pedido foi feito com um pó de amendoim.

Três semanas antes da morte de Wilson, uma cliente de 17 anos sofreu também uma reação alérgica num outro restaurante de Zaman, depois de ter sido assegurada que a refeição não incluía frutos secos. Neste caso, a jovem necessitou de tratamento hospitalar.

No caso da morte de Paul Wilson, os advogados de acusação disseram que Mohammed Zaman trocou um pó de amêndoa, mais caro, pela mistura de amendoins, para poupar dinheiro.

Os advogados acrescentaram que Zaman é proprietário de seis restaurantes, em que emprega trabalhadores ilegais e sem formação. Na decisão que proferiu, o juiz disse que Zaman deitou a perder tudo por que tinha trabalhado, considerando somente o lucro.

Tecnologia facilita apanha do morango


Maio 14, 2015

Já existe um robô com braços mecânicos que colhe os morangos sozinho, sem apanhar os que estão verdes, e os coloca em pequenas caixas. Trata-se do Agrobot SW 6010, uma máquina, com algumas semelhanças a um tractor, criada especificamente para o morango.

Os 14 braços automatizados do robô ajudam a suprimir a falta de mão-de-obra nesta actividade, que se verifica pelo menos nos Estados Unidos da América (EUA), onde o uso deste tipo de maquinaria é mais comum. Os seus computadores de alta potência e os sensores de cor garantem que a colheita é tão eficaz como se um ser humano estivesse encarregue da mesma. Contudo, apesar do seu nível de independência ainda necessita de alguma intervenção humana.

A Driscoll´s Associates Inc., uma das maiores produtoras de bagas do mundo, está a co-financiar o desenvolvimento deste instrumento de trabalho que está a ser levado a cabo pela empresa espanhola, Agrobot – com sede em Espanha e na Califórnia, nos  EUA.

Soren Bjorn, vice-presidente executivo da unidade das Américas da Driscoll's, sublinha que «a única maneira que temos de elevar a produtividade é aumentar a tecnologia».

Actualmente, a máquina custa 100.000 dólares americanos, aproximadamente 88.000 euros. O investigador responsável pelo desenvolvimento do SW 6010, Juan Bravo, já confirmou que há um protótipo mais caro em desenvolvimento.

O investimento neste tipo de máquinas não se fica pela colheita do morango. Um viveiro de plantas nos EUA, já utiliza uma máquina semelhante para transplantar as suas rosas do vaso para uma nova fileira. Com um custo de 25.000 dólares (perto de 23.000 euros), o investimento nesta máquina é recuperado ao fim de 18 meses.

Regime contabilístico e fiscal da agricultura


JORGE CARRAPIÇO | 23 Maio 2016, 00:01

O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) introduziu alterações fundamentais no tratamento contabilístico da atividade agrícola.

A partir de 2010, os animais e as plantas vivos geridos pelos empresários agrícolas para exploração e venda, designados de ativos biológicos, passaram a ser valorizados pelo justo valor, tendo-se abandonado o custo histórico.
 
Esta alteração visou introduzir simplificação na valorização dos animais nascidos e nas plantas produzidas na exploração.
 
Como regra, a mensuração dos ativos biológicos através do modelo do justo valor é simples, bastando a recolha dos preços disponíveis, seja através de cotações oficiais ou aqueles do mercado ativo que a empresa normalmente utiliza.
 
Para os ativos biológicos ligados à terra em permanência, como plantações de chá, vinhas, árvores de fruto, pinhais ou montados de sobros, normalmente não existem cotações oficiais ou mercado ativo onde se possa obter com fiabilidade o justo valor, pelo que é aconselhável a mensuração pelo modelo do custo.
 
A passagem do modelo do custo para o modelo do justo valor na valorização dos animais e plantas vivos das explorações agrícolas determinou também alguns impactos fiscais em sede de imposto sobre o rendimento (IRC e categoria B de IRS no regime com base na contabilidade).
 
Desde logo, há que efetuar a distinção entre os ativos biológicos consumíveis e os ativos biológicos de produção. Os primeiros são aqueles destinados a venda ou colhidos como produtos agrícolas, e os segundos são aqueles de regeneração própria destinados a produzir produtos biológicos ou outros ativos biológicos, mantendo-se vivos após a colheita.
 
Regime fiscal dos ativos biológicos de produção
 
O imposto sobre o rendimento normalmente sujeita a tributação os factos e operações numa base de realização, ou seja, quando exista a venda ou utilização dos ativos. No modelo do justo valor, essa lógica não é cumprida, pois os aumentos e reduções do justo valor face à quantia escriturada são imediatamente reconhecidos nos resultados da empresa. Este é o caso dos ativos biológicos consumíveis.
 
No regime fiscal dos ativos biológicos consumíveis, as variações (aumentos ou reduções) de justo valor são relevantes fiscalmente, não havendo que efetuar qualquer correção fiscal ao tratamento contabilístico.
 
Este tratamento fiscal está relacionado com o facto de os ativos biológicos consumíveis serem ativos correntes, com ciclos operacionais mais curtos, pelo que não existe uma diferença substancial entre a tributação ser efetuada no momento em que se verifiquem variações de justo valor ou no momento da realização desses ativos.
 
O regime fiscal dos ativos biológicos de produção é substancialmente diferente, sendo sujeitos a tributação numa lógica de realização e não por meras variações de justo valor.
 
As variações de justo valor não são relevantes fiscalmente, devendo ser acrescidas (perdas) ou deduzidas (ganhos) ao resultado líquido na determinação do lucro tributável da empresa agrícola.
 
Para os ativos biológicos adquiridos, em que existe um dispêndio realizado pela empresa agrícola, o custo de aquisição pode ser deduzido fiscalmente, em partes iguais, durante o período de vida útil determinado pelas quotas de depreciação mínimas fiscais.
 
Quando os ativos biológicos de produção sejam vendidos ou abatidos, há que determinar a respetiva mais ou menos-valia fiscal, sendo esta sujeita a tributação, através de um acréscimo ou dedução na determinação do lucro tributável.

Muu: plataforma do setor dos bovinos integra Simplex 2016



 23 Maio 2016, segunda-feira  AgropecuáriaTecnologia

A Muu, uma plataforma de colaboração para o setor dos bovinos, venceu o concurso Startup Simplex 2016, integrando, assim o conjunto das 255 medidas que constam do programa do Governo sobre a simplificação administrativa.

Criada pel startup Faarm, a Muu irá estar conetada com as bases de dados do IFAP - Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas e da DGAV - Direção Geral de Alimentação e Veterinária.
Desta forma todas as explorações e associações têm a possibilidade de comunicar movimentos e ocorrências em tempo real, «baixando drasticamente os custos operacionais associados a estes processos administrativos obrigatórios», refere a startup em comunicado.
A Muu permite a produtores, associações, médicos veterinários, consultores e administração pública «partilhar a gestão, bem como comparar e ajustar o desempenho das explorações em que participam, em tempo real e em qualquer dispositivo, quebrando barreiras no acesso à informação, e acelerando os processos administrativos para que todos se possam focar em tomar boas decisões para o sucesso dos seus negócios».

DGAV lança desdobrável sobre inspeção de pulverizadores de produtos fitofarmacêuticos

 22 Maio 2016, domingo  AgroflorestalAgricultura

A DGAV - Direção Geral de Alimentação e Veterinária elaborou um desdobrável com informação sobre a obrigatoriedade de Inspeção de Pulverizadores de Produtos Fitofarmacêuticos.

De acordo com a legislação em vigor, a partir de 26 de novembro de 2016 só podem ser utilizados equipamentos de aplicação de produtos ­fitofarmacêuticos que tenham sido aprovados em inspeção, com exceção dos equipamentos novos ou seja, adquiridos depois de 16 de outubro de 2010 e que ainda não foram sujeitos à primeira inspeção.
Até 31 de dezembro de 2019 os equipamentos de aplicação de produtos fitofarmacêuticos devem ser inspecionados e aprovados de cinco em cinco anos.
A partir de 1 de janeiro de 2020 os equipamentos de aplicação de produtos fitofarmacêuticos devem ser inspecionados e aprovados de três em três anos.


Dois novos perímetros do Alqueva vão regar 11.167 ha em Beja e Vidigueira

18-05-2016 
  
Dois novos perímetros de regadio no âmbito do sistema global do Alqueva vão entrar em exploração na actual campanha de rega, num total de 11.167 hectares, nos concelhos de Beja e Vidigueira.

Os blocos de rega Beringel/Beja e o Circuito Hidráulico de São Matias estão «em condições de regar» e disponíveis para serem aproveitados na presente campanha, adiantou à agência Lusa fonte da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA).

As obras, revelou a EDIA, beneficiam «perto de 400 proprietários» e, à semelhança dos perímetros já em exploração, aquando da sua entrada em funcionamento, «não serão cobrados os volumes de água utilizados» neste que é o «ano zero» dos dois aproveitamentos hidroagrícolas, ou seja «o ano de testes».

Os novos perímetros de rega foram apresentados esta quarta-feira publicamente, na sede da EDIA, em Beja, numa sessão, em que participaram agricultores e proprietários, para prestar esclarecimentos sobre os processos ligados à fase de exploração dos mesmos.

Integrado no subsistema de rega de Alqueva, o aproveitamento hidroagrícola de Beringel/Beja beneficia cerca de 5.300 hectares, distribuídos por quatro sub-blocos localizados no concelho de Beja, nas freguesias de Mombeja, São Brissos, Santa Clara de Louredo, Santiago Maior e São João Batista.

Já o aproveitamento associado ao Circuito Hidráulico de São Matias, integrado no subsistema de rega de Pedrógão, serve uma área de 5.867 hectares.

Dividido em quatro sub-blocos, o perímetro situa-se nos concelhos de Beja, freguesias de São Matias, Santa Maria da Feira, Santiago Maior, Nossa Senhora das Neves, São Brissos e Baleizão e de Vidigueira, freguesia de Selmes.

«No total, serão mais 11.167 hectares constituídos por cerca de 114 quilómetros de redes secundárias de rega, três estações elevatórias, perto de 300 bocas de rega, 13 quilómetros de rede viária e 24 quilómetros de redes de drenagem», realçou a empresa gestora do Alqueva. Na actual campanha de rega, frisou a EDIA, o Alqueva «terá 120 mil hectares de área servida com as infra-estruturas do projecto».

Fonte: Lusa

segunda-feira, 23 de maio de 2016

França proíbe comercialização do glifosato

Maio 18
11:38
2016

Está hoje em debate, em Bruxelas, uma proposta da Comissão para prolongar a autorização da comercialização do glifosato por 9 anos.

O Parlamento Europeu pronunciou-se sobre este assunto, recomendando que a prorrogação tivesse uma duração de 7 anos.

Entretanto, esta polémica à volta do glifosato, que começou há cerca de um ano com o parecer da Organização Mundial de Saúde, no sentido de que este produto era potencialmente cancerígeno, teve na passada semana novo episódio, em que a mesma organização veio afirmar que o glifosato não parecia ser potencialmente cancerígeno.

A Ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, veio agora afirmar que qualquer que seja a decisão tomada hoje em Bruxelas, o seu país vai proibir o uso do glifosato.

Nas suas palavras, a Ministra afirmou que a França já claramente informou a Comissão que o glifosato devia ser proibido na Europa, pelo que, se a decisão for outra, o seu país não alterará a sua posição.

Com esta posição e mesmo que seja aprovado o glifosato, a polémica promete continuar a nível europeu.

Negociações com o Mercosul avançam


Maio 19
11:08
2016


As negociações com o Mercosul avançam, com a União Europeia a ter apresentado já propostas de oferta para os produtos considerados sensíveis, apesar da oposição das organizações agrícolas europeias.

Estas ofertas foram apresentadas na reunião, realizada em 11 de Maio, entre a Comissária do Comércio, Cecilia Malmström e o Ministro uruguaio dos negócios estrangeiros, Rodolfo Nin Novoa, que preside ao Mercosul.

O Mercosul junta, actualmente, o Brasil, o Uruguai, o Paraguai, a Argentina e a Venezuela, sendo que este último tem só o estatuto de observador.

É um facto de que a carne de bovino e o etanol estão excluídos do pacote de ofertas, mas o COPA-COGECA continua a considerar que, nesta altura das negociações, não devia haver qualquer oferta de produtos sensíveis.

Esta posição é também suportada por um grande grupo de países, sendo que o Ministro belga da agricultura já veio mesmo afirmar que, numa altura em que alguns sectores estão em crise, é totalmente descabido avançar com propostas de ofertas de contingentes de importação à taxa aduaneira zero.

Está prevista uma reunião entre o negociador europeu Rupert Schlegelmilch e o uruguaio Gabriel Bellon, para Julho, no sentido de organizar o calendário das futuras reuniões.

Entretanto, da parte do Mercosul, defende-se a tese de que as principais exportações são de soja e de milho e a queda das taxas alfandegárias sobre estes produtos vai dar competitividade aos produtores de pecuária europeus.

A Comissária europeia, por seu lado, anunciou que um estudo de impacto económico seria apresentado este Outono.


Presidente da República no Roteiro da CAP ( APRESENTAÇÕES)


APRESENTAÇÕES

Inovadores e Desenvolvimento dos Territórios Rurais - Lívia Madureira

Compatibilização da Intensificação Cultural com a Gestão da Biodiversidade - Mário Antunes

Gestão da Biodiversidade - Uma Dimensão da Gestão Agrícola - Carlos Rio Carvalho


Intensificação Sustentável e Eficiência na Utilização do Solo e da Água - José Maria Falcão

Sistemas de Agricultura e Atratividade dos Territórios Rurais - Teresa Pinto Correia

Intensificação Sustentável da Agricultura Portuguesa - José Lima Santos

Os Desafios do Uso Eficiente do Solo e da Água na Cultura da Vinha - Rosa Amador, Cristina Carlos

Gestão do Solo - Base da Sustentabilidade da Agricultura - Mário Carvalho

 Desafios do Uso Eficiente do Solo e da Água na Cultura do Milho - João Coimbra  

 


 
PROGRAMA

VÍDEO Presidência da República


Monsanto. O fim de uma das empresas mais odiadas do mundo?

Tiago Figueiredo Silva 23.05.2016 / 16:04


 Oferta da Bayer de 55 mil milhões de euros poderá significar o fim de uma das empresas e marcas mais odiadas no mundo 

A Monsanto é uma das empresas e marcas mais odiadas no mundo que até tem direito a um 'Dia da Marcha Global'. Mas o nome poderá desaparecer com a Oferta Pública de Aquisição de 55 mil milhões de euros lançada hoje oficialmente pela Bayer.

 De acordo com fonte próximas da Bayer, citadas pela Bloomberg, a empresa alemã poderá abandonar o nome da Monsanto caso a OPA tenha sucesso, tal como fez 'desaparecer' a Schering quando a comprou por 22 milhões de dólares em 2006. 

O ódio pela Monsanto está no facto de a empresa desenvolver sementes e produtos agrícolas geneticamente manipulados, com os ativistas e ambientalistas a defenderem que esta tecnologia representa elevados riscos para a saúde. 

O facto de discordarem do modelo de exploração usado pela empresa, com a utilização de químicos, originou a criação de um 'Dia da Marcha Global contra a Monsanto', que aconteceu este sábado, dia 21 de maio. 

Num inquérito feito no ano passado às empresas mais odiadas e amadas dos Estados Unidos, a Monsanto ficou em quarto lugar, atrás do Goldman Sachs e das petrolíferas BP e Halliburton. 

"Ainda é cedo para especular qual será o nome da empresa", afirmou o CEO da Bayer. Em entrevista à Bloomberg, Werner Baumann, salientou que "o nome e a reputação da Bayer representa ciência, inovação e um nível elevado de responsabilidade pelas necessidades da sociedade". - 

«É preciso dignificar» o trabalho agrícola


Mai 23, 2016

No dia 19 de Maio, em Odemira, decorreu a conferência "Agro RH e o seu contexto em Portugal". A dignificação do trabalho no sector agrícola e terminar com situações profissionais irregulares foram alguns dos temas abordados.

«É preciso que as pessoas percebam que a agricultura é um trabalho de futuro. É preciso dignificar», comentou Antonina Rodrigues, do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Andreia Roques, da Maravilha Farms, empresa de São Teotónio, Odemira, que produz e comercializa frutos, salientou que «na região, a agricultura, é das actividades que melhor paga». A responsável confirmou que «é um trabalho duro e que se exige muito dos trabalhadores, mas dão as condições necessárias». «Pagamos o salário, que no mês de Abril rondou uma média de 800 euros, mais horas extra e prémios de produtividade.»

A produtora alentejana lamentou apenas a existência de empresas que não cumprem todas as obrigações legais com os trabalhadores o que leva muitas vezes a que os funcionários optem por trabalhar em empresas incumpridoras mas que, aparentemente, pagam melhor. Esta foi preocupação partilhada pela audiência da Conferência, composta por empresários agrícolas locais.

Sobre esta temática, Guilhermina Coelho diz estar a par das situações ilegais e que tentam visitar todas as empresas para puderem corrigir todas as situações irregulares. A responsável da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) comentou ainda «ser importante que quando trabalham com empresas de trabalho temporário peçam o alvará das mesmas» para também aqui evitar situações fraudulentas.

No decorrer da evento lembrou-se também que existe para a região um contrato colectivo de trabalho, fruto de uma trabalho da Associação de Horticultores do Sudoeste Alentejano (AHSA). «É muito importante. Tínhamos outros contratos, mas que nada tinham a ver com a realidade de Odemira», afirmou Paul Dolleman, presidente da AHSA.

A terminar, João Lourenço, da Eurofirms – Empresa de Trabalho Temporário, comentou ser «prioridade trabalhar o sector agrícola». Além de quererem conhecer as necessidades das empresas para prestarem apoio em questões de contratação, alojamento, transporte, João Lourenço lembrou ainda que a Eurofirms tem uma componente de formação.

As formações para agricultura são variadas e passam por técnicas de compostagem, produção de cogumelos, agricultura sustentável e outras.

A conferência "Agro RH e o seu contexto em Portugal" foi organizada pela Eurofirms, AHSA e a revista Frutas, Legumes e Flores.

Oficial. Bayer oferece 55 mil milhões pela Monsanto


23.05.2016 / 07:58 

Farmacêutica alemã oferece 122 dólares por ação, valor que representa um prémio de 20% face à cotação da norte-americana Monsanto 

Está desfeito o mistério. O grupo farmacêutico e químico alemão Bayer oficializou hoje a sua oferta pela multinacional norte-americana de biotecnologia Monsanto. Contas feitas, a OPA é de 122 dólares (108 euros) por ação o que na totalidade equivale a 62 mil milhões de dólares (55,23 mil milhões de euros). 

Em comunicado, a Bayer revela que os 122 dólares por cada ação da Monsanto representa um prémio de 20% face à cotação de fecho das ações da empresa norte-americana na passada sexta-feira e 36% face à cotação média dos últimos três meses. 

O documento chega como "resposta à especulação dos mercados e aos pedidos de informação dos acionistas", como é o caso do UBS Global Asset Management – um dos principais acionistas da empresa alemã – que disse estar "profundamente preocupado" com o impacto que a operação terá na situação financeira da Bayer. 

A Bayer prevê financiar a operação com dívida e ações, espera que a fusão gere sinergias de 1,5 mil milhões em três anos e que o lucro por ação aumente 5%. 

Recorde-se que, na semana passada, a Bayer apresentou uma proposta pela compra da multinacional norte-americana de biotecnologia Monsanto. A concretizar-se, a operação criará um gigante e o maior produtor mundial de sementes e produtos químicos para a agricultura. 

domingo, 22 de maio de 2016

Comissário Phil Hogan considera improvável novo pacote financeiro de ajudas

Maio 18
11:35
2016

No Conselho de Ministros da Agricultura, o Comissário Phil Hogan considerou que seria muito difícil a aplicação de um novo pacote de ajudas aos sectores agrícolas em crise, uma vez que o envelope de 420 milhões de euros atribuídos aos países, só foi utilizado em cerca de 50%.

Desta verba só foram distribuídos aos produtores 192,5 milhões de euros, dos quais 107 milhões foram para o sector leiteiro.

O Comissário mostrou que está perfeitamente consciente de que o sector do leite continua em crise e que um dos factores que contribuem para esta situação é o aumento da produção europeia que, por exemplo, no primeiro trimestre deste ano foi de cerca de 5%, em países como a Alemanha, a Holanda, a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido.

Referindo-se à aplicação do famoso artigo 222, que prevê mecanismos para a redução da produção, afirmou que ainda é muito cedo para fazer uma correcta avaliação dos resultados.

Em relação à carne de porco, as informações de que dispõe são, no sentido de uma ligeira recuperação de preços, mesmo com a saída dos frigoríficos de grande parte da carne que foi armazenada, ao abrigo do programa de ajudas à stockagem privada de Janeiro.

A Comissão vai rapidamente pôr em marcha o Observatório da Carne de Porco e o novo programa de ajudas à stockagem privada só será posto em prática quando for considerado oportuno.

Imagem - thejournal.ie

O Tratado Transatlântico em 8 perguntas



 17 Maio 2016, terça-feira  Agronegócio


1. Em que estado se encontram as negociações do TTIP?

As negociações de uma Parceria Transatlântica para o comércio e Investimento entre os EUA e a UE, conhecida pelas siglas TTIP, tiveram inicio em junho de 2013, por iniciativa do Presidente dos EUA, Barack Obama. Até final de abril deste ano realizaram-se 13 rondas de negociações.
2. Qual é o calendário previsto?

A intenção seria terminar as negociações em 2016, ou antes de finalizar o atual mandato do Presidente dos EUA. Porém, agora parece pouco provável que as negociações tenham uma conclusão positiva antes do final do ano.
3. O que se negoceia?

Aumentar o comércio e o investimento entre ambas as partes e gerar uma maior compatibilidade e coordenação regulamentar, estabelecendo uma referência para os standards globais.
Relativamente ao setor agroalimentar, a negociação centra-se no acesso ao mercado com a eliminação do sistema tarifário, já bastante reduzido, as barreiras não comerciais (barreiras fitossanitárias, veterinárias e burocráticas) e a proteção do sistema de Denominações de Origem da UE.
4. Todos os setores serão influenciados da mesma forma?

Existem setores "ofensivos" e outros "defensivos". Os setores tipicamente mediterrâneos em geral (azeite, vinho, frutas e legumes) são vistos como ofensivos, e os produtores pecuários, de vaca, leite, porco e avícola, defensivos.
Dentro das negociações é necessário definir os produtos sensíveis com as respetivas quotas de importação. De ambos os lados não se quer uma liberalização total do comércio agroalimentar, embora se esteja a falar de não menos do que 90% da liberalização do comércio.
5. As normas de produção em ambas as Regiões tornar-se-iam iguais?

Não, ambas as partes acordaram respeitar os modelos de produção de cada Região, ou seja, por exemplo, com o Tratado em vigor, permitir-se-á a entrada de carne de animais criados com fatores de crescimento proibidos na UE e com normas de bem estar inferiores às da UE. Os consumidores da UE terão acesso a produtos produzidos de uma forma que não é permitida aos agricultores e produtores pecuários da UE.
Não obstante, será importante o resultado na negociação relativamente às barreiras técnicas ao comércio. Se apenas se conseguir um acesso ao mercado sem controlo sobre a regulamentação dos EUA nas questões fitossanitárias, burocráticas, standards de qualidade, o resultado seria globalmente negativo.
6. O que vai acontecer com as DOP-IGP?

Um dos pontos mais discutidos do acordo é a proteção das DOP-IGP nos EUA, que é muito importante para os interesses comunitários. Esta questão pode fazer cair o acordo. O problema centra-se em algumas denominações semi-genéricas (champanhe, cognac, etc...) e na extensão do sistema a outros produtos agroalimentares (queijos) desta proteção.
7. Já se estudou o impacto do acordo?

Não existem estudos de impacto centrados no setor agroalimentar. Os que existem são de carácter global. Quase todos preveem um benefício mútuo com o TTIP, a nível geral.
Ao nível de impacto no setor agrícola, apenas o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) publicou um estudo, e, segundo o mesmo, o setor produtor agrícola dos EUA irá sair muito mais beneficiado do que o da UE. A Comissão criticou este este estudo por não considerar correto.
A Comissão está a considerar realizar um estudo de impacto no setor agroalimentar, mas não se reduzirá ao TTIP, juntando também o conjunto de acordos em vigor nas relações com países terceiros. Contundo, não se prevê que o estudo esteja finalizado antes do final de outubro. Outro aspeto polémico é a acusação de algumas organizações contra o TTIP, que afirmam que o objetivo do mesmo é a exportação de veículos por parte dos países do Centro e Norte da Europa, como a Alemanha, dando "à morte" o setor agrícola europeu, como moeda de troca.
8. Qual é a balança comercial UE-EUA?

A UE tem um superavit comercial relativamente aos EUA de 6 mil milhões de euros anuais, sendo que os vinhos e as bebidas espirituosas representam mais de 50% das exportações. No restante predominam os produtos elaborados e de alto valor acrescentado. Enquanto que as exportações dos EUA centra-se nas matérias primas e produtos básicos.
Fonte: Agrodigital.

Entrevista com Frederico Falcão: “Portugal tem um preço médio de exportação muito acima de Espanha”


Por Pedro Garcias
21.05.2016

O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho reconhece que o consumidor mundial ainda não despertou para o vinho português.
Nomeado pelo Governo PSD/PP, Frederico Falcão tem mandato até 2018 e não rejeita uma nova comissão de serviço se for convidado pelo actual executivo. Nesta entrevista, o presidente do IVV e enólogo de profissão reconhece que é preciso investir mais e de forma mais eficiente na promoção do vinho português, mas lembra que em 2014 Portugal teve o 4º preço médio mais elevado na exportação a nível mundial. E defende as novas regras europeias para o sector, mostrando-se convicto que um aumento anual de 1%  na área de vinha até 2030 não irá colocar em risco a estabilidade do mercado.  

O que falta a Portugal para se converter finalmente num país de prestígio no vinho, com direito a ocupar os mesmos espaços da França, Espanha ou Itália nas melhores garrafeiras do mundo?

Portugal é um país com menor dimensão do que os países citados, pelo que levará algum tempo para conseguir chegar aos consumidores de forma mais expressiva. Temos qualidade, temos até muita qualidade, mas estamos reconhecidos apenas ao nível dos conhecedores. Os consumidores ocasionais, por esse mundo fora, ainda não estão despertos para os vinhos portugueses. O trabalho está a ser feito (e bem feito) e acredito que é uma questão de tempo. No entanto, tenho de reconhecer que se Portugal tivesse duas ou três marcas de grande volume, que pudessem estar disponíveis em todo o Mundo, com dimensão, esse reconhecimento chegaria mais rapidamente.

Mas já temos um player de dimensão mundial, a Sogrape, e com uma marca global, o Mateus Rosé. E temos também o vinho do Porto, conhecido em todo o mundo. Não faria sentido aproveitar o destaque que as grandes revistas internacionais do sector têm dado aos vinhos portugueses para lançar uma grande campanha internacional que apresentasse Portugal como um país de sol e praia mas também de comida e vinho?  

Uma grande campanha internacional a promover vinhos de Portugal tem grandes custos e não é uma prioridade do Turismo. Têm sido feitos alguns eventos envolvendo a ViniPortugal e o Turismo de Portugal, como por exemplo a prova de Vinhos de Portugal no Rio de Janeiro ou uma outra acção que decorreu em Bruxelas, mas ainda há muito por fazer. Muito tem sido feito, são disponibilizados anualmente ao sector dos vinhos cerca de 12 milhões de euros para promoção, mas claro que ainda se pode fazer mais e de forma mais eficiente. Talvez possa ajudar se, por exemplo, os vinhos do Porto começarem a ser promovidos juntamente com os demais vinhos nacionais [hoje, a promoção do vinho do Porto é feita em exclusivo pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto, cada vez mais descapitalizado].

O preço médio do vinho português tem vindo a subir ligeiramente, mas ainda está muito baixo. Não acha que Portugal perde tempo e dinheiro ao querer impor-se internacionalmente através do preço baixo? Basta ver os preços a que as cooperativas exportam os seus vinhos…

De facto, muitos produtores portugueses assentaram a sua estratégia em comercializar os seus vinhos com preço baixo. Claro que não acredito que o tenham feito por vontade, mas por não terem ainda conseguido vender ao preço mais justo. Mas note que Portugal tem um preço médio muito acima de Espanha e da Alemanha, por exemplo. Tivemos em 2014 a nível mundial o 4º preço médio de exportação mais elevado. Uma das nossas preocupações é essa mesmo: não é vender mais, mas vender melhor. [Em 2015, a Alemanha, com um preço médio por litro de 2,64 euros, voltou a superar Portugal, que registou um preço médio de 2,62 euros, ainda assim superior aos 2,55 euros de 2014. O preço médio de Espanha em 2015 foi de 1,09 euros].

No entanto, a importação de vinho a granel de outros países para ser comercializado como vinho de mesa está a puxar os vinhos que se vendem nas grandes superfícies para valores quase ridículos. Há produtores no Douro que conseguem comprar vinho espanhol a 20 cêntimos o litro. Como é que isto é possível?

Isso é possível porque estamos numa economia aberta. A possibilidade de comprar vinho a granel fora do país, para depois embalar em Portugal, é totalmente legal. O que já não será legal é alguns produtores fazerem passar esses vinhos como sendo portugueses. É por isto que estamos a fazer um controlo mais apertado na rotulagem e, em articulação com a ASAE, a ter mais controlo no mercado. Infelizmente entra em Portugal vinho com preço demasiado baixo, vindo de outros países onde há excesso de produção, nomeadamente de Espanha. Esperamos que esta situação não se mantenha, dado que não é sustentável para os produtores de uva e levará seguramente à falência dos que quiserem enveredar por esse caminho.

O IVV faz algum controlo sobre este tipo de vinho? E será que é mesmo vinho de uvas?

O IVV não tem hoje a competência de análise química e organoléptica dos vinhos. Essa competência é hoje da ASAE. E sim, a ASAE faz de facto fiscalização e está a trabalhar para que legislação seja cumprida. O baixo preço dos vinhos prende-se com enormes produções que alguns países europeus têm tido. Ora um excesso de oferta leva necessariamente a uma quebra acentuada de preço, ainda que não seja economicamente sustentável.

As novas regras de plantação de vinhas na União Europeia prevêem um crescimento de 1% na área de vinha dos países membros até 2030. Portugal necessita deste aumento?

Olhando para a evolução de vinha na Europa, Portugal incluído, deparamo-nos com uma clara tendência de diminuição de área de vinha. Por outro lado, é preciso não esquecer que, no novo regime de vinha, a venda de direitos de plantação ficou vedada. Assim, a única forma para os produtores poderem crescer em área seria através de "novas quotas". Depois, e aqui houve grande debate entre todos os países e a Comissão Europeia, era preciso definir a percentagem máxima de aumento. Pretendia-se que houvesse um crescimento sustentado da superfície de vinha e não uma abertura total e descontrolada, mais uma vez com a preocupação de evitar a desregulação do mercado de vinho. Creio que o valor de 1% é suficiente para o nosso país e não coloca em risco a estabilidade do mercado. E estou seguro que o mesmo se aplica em termos europeus.

Com este aumento da área de vinha, a União Europeia tenta responder às expectativas de um aumento no consumo mundial de vinho até 2025. Não há o risco de estarmos a plantar vinhas para produzirmos vinhos cada vez mais baratos ou, quem sabe, para virmos daqui a uns anos a subsidiar o seu arranque? Não era a primeira vez…

Sim, não seria a primeira vez…. Mas eu estive muito envolvido nestas negociações e estou perfeitamente convicto que a percentagem de 1% não nos trás um risco de excesso de produção e irá responder às necessidades de crescimento de vinho a nível mundial. Creio ser um valor equilibrado. Defendi-o em 2012 e mantenho-me convicto que é um número razoável. 

As novas regras comunitárias contemplam alguma medida sobre a área de vinha que já existe mas que não tem enquadramento legal? Milhares de produtores quando fizeram as suas plantações não tinham GPS, pelo que é normal que muitos deles tenham plantado uma área superior à que os direitos de plantação lhe conferiam. 

Sim, as novas regras são muito claras em relação a este aspecto. A obrigatoriedade de registo das vinhas existe há muitos anos e qualquer vinha que estiver plantada, desde a entrada em vigor do novo regime - a 1 de Janeiro de 2016 – sem uma Autorização Legal, tem de ser arrancada e estão também previstas fortes penalizações monetárias. Todos os viticultores estão obrigados a ter a sua situação regularizada e a falta de GPS não pode servir de desculpa. Dou um forte conselho a quem não tem as suas vinhas registadas no Sistema de Informação da Vinha e do Vinho a deslocarem-se a uma Direcção Regional de Agricultura e tentarem regularizar a situação. Para tal, será necessário que possuam direitos de plantação, caso contrário serão plantações ilegais e o regulamento é muito punitivo para estas situações.

Como explica que em Portugal não exista um sistema único de medição da área de vinha? A área do IVV não condiz com a que o IFAP utiliza para pagar as ajudas, nem muito menos com a das comissões de viticultura. No Douro, por exemplo, as áreas vistoriadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) divergem das áreas do IVV.

Vamos ser claros em relação a este tema. A área de vinha legal é a que está inscrita do IVV, no nosso Sistema de Informação da Vinha e do Vinho (SIVV). Essa área está hoje integrada com o parcelário do IFAP (Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas).

A divergência que existe poderá ser a nível de pagamento de ajudas às agro-ambientais, em que o IFAP considera, de acordo com as regras comunitárias, uma área superior à área de vinha, mas isso é até benéfico para os produtores. A área que IVDP considera prende-se com regras de benefício. São regras próprias do IVDP e sobre as quais não nos compete pronunciar-nos. Mas quero deixar claro que, a nível nacional, a área que conta como vinha e que está declarada junto da União Europeia é a área que consta do SIVV. Já reunimos diversas vezes com IVDP sobre esta matéria e muito em breve teremos os cadastros regularizados. As regras sobre a área que conta para fins de benefício de Vinho do Porto são próprias do IVDP e será esse Instituto que as adaptará.

Como foi passar de enólogo a presidente do organismo que tutela o vinho em Portugal?

Essa é a pergunta mais difícil… São áreas de actuação muito diferentes. Hoje sou quase um jurista. Mas creio que me adaptei bem.

O que mudou com a sua liderança?

Algumas coisas mudaram, mas tenho sempre dificuldade em elogiar as coisas que faço. Posso apenas afirmar que, como estou mais próximo do sector, o IVV está hoje mais aberto e desperto. Foi durante muitos anos uma Instituição muito fechada, que começou a abrir alguns anos antes da minha entrada e que [comigo], naturalmente, se foi abrindo ainda mais ao sector.

E o que (ainda) não fez que gostaria de ter feito?

Creio que internamente ainda há alguns ajustes a fazer. Começámos no ano passado a fazer grandes mudanças: uma com um novo sistema informático, que seja mais um sistema de gestão e menos um repositório de dados; e outra que foi juntar o sector para discutir a sua reforma institucional e encontrar um sistema que melhor responda aos problemas atuais. São duas grandes reformas que esperamos concluir este ano. Melhorar o cadastro é seguramente um dos grandes objectivos e ter um melhor serviço por parte do IVV. O IVV debate-se com alguma falta de pessoas e precisamos de ser mais eficientes, sem que tal implique ter de recrutar mais pessoas. Acompanho muito de perto o nosso Centro de Atendimento Técnico e é importante perceber quais os problemas que chegam no dia-a-dia e tentar evitar que voltem a acontecer. Temos de ser mais eficientes e eficazes.

Foi nomeado por um Governo PSD/PP. Sai quando acabar a sua comissão de serviço ou admite continuar, se o convidarem?

Confesso que não é uma questão sobre a qual me tenha debruçado muito tempo. O meu mandato termina oficialmente em 2018, podendo sempre terminar antes. Posso dizer-lhe que gosto do que faço e faço-o com prazer, pelo que não faria sentido dizer que rejeitaria um convite para ficar. Claro que isso depende sempre de muitos factores e encaro com naturalidade a manutenção ou a saída. Faz parte das regras e creio que não será tanto uma questão partidária, mas mais uma questão de confiança no trabalho que estamos a fazer.

Primeira exportação de banana de Angola parte hoje para Portugal


09:06 Francisco Ferreira da Silva

O primeiro carregamento de bananas de Angola em 42 anos parte hoje do Lobito a caminho de Portugal. São 17 toneladas e foram produzidas no Culango, região do Lobito.

Primeira exportação de banana de Angola parte hoje para Portugal
O navio italiano "Santa Francesca" parte hoje do porto do Lobito com destino a Portugal. Transporta 17 toneladas de bananas produzidas no Culango, região do Lobito. É o primeiro carregamento de banana de Angola exportado para a Europa em 42 anos, noticia a edição deste Domingo do Jornal de Angola. O carregamento, segundo o jornal, foi feito no sábado e entra para a história das exportações angolanas.

De acordo com o jornal, a notícia foi avançada pela Rádio Nacional de Angola, que ouviu o responsável da Fazenda Agro-Industrial Bacilin sobre o processo de retoma das exportações de banana a partir do Culango. Eduardo Rodrigues garantiu que tem tudo organizado e que foram feitas inspecções e obtidos certificados de qualidade, quer da direcção local da Agricultura, quer em Portugal, para onde foram enviadas algumas bananas para serem analisadas.

"Os resultados foram muito bons e a banana está em condições de ser exportada", afirmou o empresário Eduardo Rodrigues, citado pelo Jornal de Angola. "Ela vai verde e em caixas de cartão. Embalada como se faz hoje na América Latina. Toda a banana que vai para a Europa a partir da América Latina segue os mesmos procedimentos técnicos e logísticos que a nossa", explicou o responsável da Fazenda Agro-Industrial Bacilim.

A banana produzida no Culango já é hoje uma das principais fontes de recursos para muitas famílias, que comercializam a fruta nos mercados de Luanda e Cuanza Sul. O governo de Angola acarinha iniciativas empresariais como a da Fazenda Agro-Industrial Bacilin e promete dar "todo o apoio possível" para que tenham êxito no desafio de revitalizar a produção e transformação de banana, porque a Fazenda Bacilim também já produz licor de banana, disse o director provincial de Benguela da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Fernando Assis.

A produção de banana em Angola também já foi relançada no Caxito, província do Bengo, onde existe uma unidade de transformação. A retoma da produção foi possível graças à reabilitação e melhoramento de sistemas de irrigação, já que a água é um elemento essencial para a produção de banana. No passado, refere o jornal, Angola chegou a produzir 160 mil toneladas de banana por ano, com a província de Benguela a liderar o 'ranking' do país.

Cereja: produção nacional com ano para esquecer



 16 Maio 2016, segunda-feira  Pequenos Frutos

Devido às chuvas e frio tardios, Alfandega da Fé e Fundão, duas das principais regiões produtoras de cereja preveem quebras de produção superiores a 80%

No concelho de Alfândega da Fé as chuvas e frio de abril e maio afetaram a produção de cereja. Há pomares em que as quebras na produção ultrapassam os 80% e variedades já perdidas. A colheita também está atrasada. «Não há memória de um ano tão mau para a produção de cereja», diz o presidente da cooperativa agrícola, Eduardo Tavares.
A produção de variedades precoces de cereja está a enfrentar «o pior ano de que há memoria, com perdas quase totais», reitera o presidente da cooperativa e vice-presidente da autarquia de Alfândega da Fé, apontando quebras «muito significativas» em todo o concelho.
«Com a continuação do tempo frio e chuvoso, os nossos piores receios vieram a confirmar-se, com perdas que ultrapassam os 80 % da produção concelhia, que, em média atinge, anualmente, uma centena de toneladas», refere. «Só a cooperativa agrícola estima perdas 50 a 60 mil euros, nos seus 50 hectares de terrenos destinados à produção de cereja, mas em todo o concelho os prejuízos podem chegar aos 80 mil euros», concretiza Eduardo Tavares.
Em condições normais, por exemplo, o Vale da Vilariça já deveria estar a produzir cereja há mais de 15 dias, mas o produto só agora começa a maturar.
«A cereja, que agora começa a madurar começa a ficar rachada, o que lhe retira valor comercial. No caso da Vilariça, posso falar numa quebra de quase cem por cento, porque a cereja não vai ter aproveitamento para o mercado», conclui.
As quebras «acentuadas» vão ressentir-se na economia do concelho, não só ao nível dos particulares, mas também dos associados da cooperativa. Em ano considerado normal, a produção de cereja no concelho de Alfândega da fé pode atingir as 100 toneladas com facilidade.
José Pinto Castello Branco, produtor e presidente da Cerfundão, fala de uma «quebra muito significativa» para esta campanha.
«Está efetivamente a ser um ano muito problemático e creio que, infelizmente, não tenhamos um produtor sem perdas muito significativas. Há variedades em que a perda é total e há produtores com quebras gerais na ordem dos 80%», contou o responsável à agência Lusa. As condições climatéricas adversas causaram danos no processo de polinização e, consequentemente, no desenvolvimento do fruto. Agora, perturbam a colheita das cerejas, que se deveria ter iniciado no final do mês de abril, mas ainda não começou. «As melhores perspetivas» são que se inicie no final da próxima semana.
Arménio Oliveira, produtor, afiançou que, este ano, esperava colher 300 toneladas do fruto, mas «se conseguir chegar às 150 toneladas já é bom».
A cereja do Fundão tem sido alvo de grande promoção por parte do município e utilizada para estimular as atividades económicas da região. Na sequência de uma visita à freguesia de Alcongosta – onde se reúne uma parte significativa da produção –, Miguel Batista, presidente da Junta de Freguesia de Alcongosta, explicou que o fruto tem um grande impacto na economia da região. «Se a cereja do Fundão correr bem, nota-se logo!» Habitualmente, o fruto que nasce no Fundão é o primeiro do Mundo a chegar ao mercado e, nesse período, o produtor chega a conseguir comercializar cada quilo por 13 euros.
Fonte: Agronegocios.eu e Frutas, Legumes e Flores.

Estudo defende que retirada de fitofármacos inviabiliza principais culturas em Portugal


 20 Maio 2016, sexta-feira  OliviculturaFruticulturaViticultura

Um estudo da Anipla – Associação Nacional da Indústria para a Proteção de Plantas concluiu que a retirada do mercado de substâncias de alguns fitofarmacêuticos provocaria uma queda de 810 milhões de euros no rendimento agrícola, englobando as culturas do tomate, pera e azeite, vinho, milho e grão.
A fileira do vinho, a mais representativa em termos de valor global, ao atingir 776 milhões de euros, perderia quase metade do rendimento (46%), ficando nos 416,9 milhões de euros, enquanto a produção de azeite seria afetada em mais de metade, realça o trabalho.
O estudo sobre o "Impacto Económico da retirada de Substâncias Ativas em Culturas Chave em Portugal" apresentado esta quinta-feira, em Lisboa, pela Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA), seguiu uma metodologia acordada com 27 entidades e partiu do risco de exclusão, a nível europeu, de 130 substâncias, 112 das quais homologadas em Portugal.
Incidiu nos produtores das fileiras do vinho, azeite, milho, grão, pera rocha, tomate e indústria de tomate, áreas que, segundo estimativas de 2015 apontadas pela ANIPLA, representam 1,5 mil milhões de euros em exportações.
Assim, o impacto das retiradas daquelas substâncias afetaria mais de metade, ou 55%, do total do rendimento obtido com aquelas produções.
«Os problemas fitossanitários não terão controlo eficaz, diminuindo a competitividade da nossa agricultura e aumentando a dependência do exterior para o abastecimento de alimentos», alerta a ANIPLA, acrescentando que, «de uma forma geral, o impacto da retirada destas substâncias ativas inviabiliza a exploração empresarial de qualquer das culturas em análise». O setor do tomate sofreria o impacto mais forte, perdendo 82% do rendimento, ao passar dos atuais 142,5 milhões de euros, para 26,1 milhões, aponta o estudo.
Sem aquelas substâncias fitofarmacêuticas, a produção de pera, com um rendimento atual de 108 milhões de euros, cairia 76% e no milho a descida seria de 60%, para 78,4 milhões de euros.
Na produção de azeite, a queda de 56% levaria a produção aos 105,2 milhões de euros, contra os atuais 240 milhões de euros, refere a ANIPLA.
Segundo a associação, que refere representar 95% do mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos, a retirada do mercado destes produtos «conduzirá também a um baixo, ou praticamente nulo, nível de controlo de vários problemas fitossanitários, pela ausência de soluções disponíveis que constitui este cenário».
Glifosato de fora

Fonte da ANIPLA refere que «o glifosato não foi incluído no estudo porque na altura da sua realização não fazia parte da lista de substâncias apontadas como em risco de suspensão».
Além das consequências diretas na produção agrícola, «é preciso apurar impactos» na indústria agroalimentar, a nível social, «por via do desemprego gerado» ou ambiental, com o abandono de terras agrícolas, «as quais se tornarão baldios ou floresta, de forma certamente desordenada, altamente sujeita a incêndios», alertou o diretor executivo da ANIPLA, António Lopes Dias, citado pela Lusa.