sábado, 16 de dezembro de 2017

A insustentável leveza das uvas


José Luís Reis
Opinião


Basta ter uma conversa com alguns produtores sobre a vindima da colheita 2017, para se perceber que as uvas pesam menos do que em anos anteriores. Em situações normais a água tem um peso que ronda os 85% na composição das uvas, mas a desidratação provocada pela seca provoca percas de água substanciais, daí as uvas pesarem menos em anos de seca. Esta é uma das consequências das alterações climáticas, que provocou na vindima de 2017 decréscimos de produção acentuados em algumas regiões de Portugal e em outros países produtores alvo dos efeitos do mesmo fenómeno.

12 de Dezembro de 2017, 6:31

As alterações climáticas, sabemos, é uma procissão que ainda vai no adro, pois os estudos previsionais baseados em vários modelos climáticos, provenientes de várias entidades credíveis a nível mundial, estimam um aumento dos períodos de seca até 2100, podendo ser mais ou menos prolongadas as secas em termos de tempo e com maior ou menor frequência. O certo é que vai sempre haver sempre mais secas em todos os cenários possíveis, com aumentos de subidas de temperatura médias, no melhor dos cenários de 2,5 graus até 2100. Na precipitação tudo é mais complexo, em Portugal já tivemos uma diminuição da precipitação média nas últimas décadas superior a 40 milímetros, mas segundo os especialistas vamos continuar a ter uma diminuição da precipitação em Portugal, pois estamos mais expostos ao anticiclone dos Açores, que tem um impacto nos factores associados aos valores da precipitação na Europa. É bom lembrar que os últimos anos de seca extrema em Portugal foram em 2005 e em 2012, e que o período de Abril a Novembro de 2017 foi o mais seco desde os anos 30, com valores de precipitação muito baixos, e a gravidade das secas extremas têm sido sempre maiores do que as anteriores.
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As alterações climáticas têm um impacto negativo no sector agrícola, e é indiscutível que tem impacto na produção das uvas e consequentemente na vinificação, pois como se costuma dizer: - é possível fazer maus vinhos de boas uvas, mas não se podem fazer bons vinhos de más uvas. Se analisarmos um mapa das regiões vitivinícolas a nível mundial, verificamos que as regiões vitivinícolas se localizam em locais onde as temperaturas médias, na estação de crescimento do ciclo vegetativo da videira, se situam entre os 12 e os 22 graus. Alguns especialistas consideram o clima como o principal elemento diferenciador dos vinhos produzidos nas várias regiões vitivinícolas, para o bom e para o mau, equivalendo o impacto do clima na produção, em termos de peso, à soma dos outros elementos como o solo, práticas culturais e as castas. Assim, o clima tem um forte impacto no estado hídrico das videiras, pois a temperatura, a humidade e as radiações têm um papel determinante na fisiologia e na produção da videira, o que por sua vez tem impacto na composição das uvas.

Segundo os últimos dados a colheita de 2017, a nível mundial em volume é equivalente à produção de 1961, ou seja, nunca se produziu tão pouco vinho em 56 anos no planeta, e como seria expectável são os maiores países produtores os mais afectados com quebras de produção em relação à colheita de 2016; a Espanha 15%, a França 19% e a Itália 23%. A nível mundial a produção de 2017 será menos de cerca de 3 biliões de garrafas do que em 2016, é uma quebra que rondará os 8%. Portugal teve uma quebra de produção de cerca de 20% em 2016 relativamente a 2015, por isso a base de comparação é baixa, daí que o aumento de produção de 2017 relativamente a 2016 ronde os 10%. Mas para além do verão seco e sobretudo quente, convém lembrar que as geadas de Abril e Março de 2017 na Europa afectaram milhares de hectares de vinha, só na Vidigueira no Alentejo foram afetados 550 hectares de vinha na geada de 23 de março, e alguns produtores de vinho da Europa colocaram entre as videiras milhares de velas acesas para evitar a formação de geadas.

Se temos menos produção, temos um menor retorno do investimento, o que acarreta mais problemas para as empresas do sector. Claro que existem soluções para minorar os efeitos das quebras de produção, tal como existem soluções para os problemas criados pelas alterações climáticas no sector vitivinícola, quer na viticultura, quer na enologia, quer no marketing do produto, mas todas essas soluções envolvem investimentos. Sabendo que não há, para tudo solução, sabemos que existem algumas soluções que podem ser aplicadas para reduzir o impacto das alterações climáticas, nomeadamente plantar as vinhas em zonas de maior altitude (onde as temperaturas são mais baixas, com uma selecção adequada das castas e das variedades clonais e dos porta-enxertos mais resistentes a maiores temperaturas e ao tempo mais seco). Assim como é possível apostar na selecção dos porta-enxertos mais resistentes, ou um reforço do investimento em sistemas de rega, reaproveitamento de águas nas adegas, construção de barragens para acumulação de água das chuvas, plantação de árvores ao redor das vinhas cuja copa compense o excesso de exposição solar, pulverização das vinhas com protector solar tal como já acontece em algumas regiões da Austrália. Bem como pode apostar-se em projectar vinhas em locais outrora com temperaturas impróprias para a viticultura (como Inglaterra), mas que agora se apresentam mais temperadas, entre outras medidas que têm vindo a ser amadurecidas pela comunidade.

A OIV (Organização Internacional do Vinho) já adotou várias resoluções ambientais, incluindo os princípios gerais de vitivinicultura Sustentável (Resolução OIV-CST 518-2016), com o objetivo de definir o alcance e aplicação da produção sustentável e fornecer princípios gerais de sustentabilidade aplicáveis a todos os produtos vitivinícolas. Nesta resolução, entre outros aspetos, são claras as recomendações que dizem respeito ao uso da água, como são exemplo a optimização do uso da água considerando a disponibilidade local, o impacto na qualidade da água e os níveis das águas subterrâneas, a irrigação da videira de uma forma razoável.  Devendo ser preferidos os sistemas de irrigação com baixo consumo de água para superar o stress fisiológico das videiras, a prioridade dada aos sistemas que favoreçam o uso eficiente e efetivo, e a reutilização da água (sem excesso ou abuso) em todos os estágios da produção e a monitorização dos níveis de consumo de água. A rega deve ter sempre um suplemento ao fornecimento hídrico com o objectivo de evitar problemas na maturação e paragens na actividade fotossintética, e segundo as regras comunitárias, a rega da vinha em regiões com Denominação de Origem só pode ser efectuada em condições de excepção, apenas em situações extremas de défice hídrico, que têm de ser reconhecidas pelos organismos reguladores competentes.

A vinha é um dos principais motores da economia agrícola, mas também é uma cultura que se faz por paixão, e é preciso saber gerir as paixões com a razão. Se aumentamos os custos inerentes à implantação e manutenção da vinha, temos de aumentar o preço da uva e do vinho para manter a rentabilidade, se tudo aumentou de preço (os rótulos, as garrafas, as rolhas, etc.), e se só não aumentou o preço da uva, então alguma coisa está errada.  Apesar de a vinha ser uma cultura de sequeiro, com os períodos de seca provocados pelas alterações climáticas, para se ser profissional com paixão a rega tem de ser feita de uma forma racional, sendo a rega gota-a-gota indicada para a cultura da vinha, tendo também em consideração os nutrientes. As outras culturas que não são de sequeiro precisam de água, e se os recursos hídricos são escassos e não chegam para todas as necessidades, é fundamental que água seja gerida de uma forma equilibrada, até porque é necessário ter em consideração as questões ambientais, nomeadamente as que se relacionam com a pegada hídrica, isto é, o consumo que cada cultura deve ter do recurso água, que é cada mais escasso, tendo em consideração que para se produzir um litro de vinho numa vinha de regadio, são precisos 900 litros de água, três vezes mais água do que a necessária para se produzirem legumes, batatas ou cerveja. 

Se há mais leveza na uva, os preços não podem ser tão leves (é insustentável termos uvas no mercado a serem pagas a menos de 40 cêntimos por kg), especialistas acham recomendável subir o preço da uva para valores próximos de 1 euro por kg, no entanto alguns produtores defendem que o ideal seria vender na ordem dos 1,5 euros por kg (em algumas regiões de alguns países é esse o preço médio), se assim fosse garantiam a rentabilidade e teriam uma vitivinicultura sempre sustentável.

Há que estudar o mercado com rigor para se chegar a um equilíbrio que permita a sustentabilidade, e para que se chegue a um valor em que a leveza da uva seja sustentável, até porque o peso da uva é menor nos períodos de seca extrema, mas a falta da água pode ser compensada noutros componentes, como nos açúcares, nos minerais ou nas vitaminas, e a qualidade do vinho pode ser de excelência, como é caso dos vinhos da colheita de 2017 em todas as regiões vitivinícolas de Portugal, néctares, verdadeiros frutos de uma paixão.

INE estima aumento de quase 30% no preço do azeite



Produtores de batata registaram quebra de 27,3% no preço pago em 2017. Amêndoas vão ter ano "único" e produção de kiwis é a maior "de sempre", de acordo com as contas económicas da agricultura, hoje divulgadas


13 de Dezembro de 2017, 12:52


Na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%)

Na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%) Rui Gaudencio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) perspectiva que o azeite tenha, em 2017 um "aumento dos preços base" de 29,6% e acrescenta que é "expectável um decréscimo de produção em volume" de 9,3%.

Os dados, avançados esta quarta-feira, 13 de Dezembro, nas Contas Económicas da Agricultura, incluem, neste caso, informação de duas campanhas oleícolas (a anterior, de 2016/2017 e a actual, de 2017/2018).

O gabinete estatístico explica, que, nesta categoria de produção vegetal, "na campanha actual, os olivais regados atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspectivando-se uma produção elevada (aumento de 15%)".

"Pelo contrário", acrescenta no comunicado hoje disponibilizado publicamente, "nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, a escassa precipitação de Setembro e Outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior", com queda precoce ou menor desenvolvimento dos frutos , e "afectou negativamente o teor em gordura das azeitonas", erodindo o seu valor comercial.

Conclui ainda o INE que "a redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional (em consequência da redução da oferta dos países produtores e aumento de consumo a nível mundial) geraram um aumento de preços deste produto no ano de 2017".

Nas Contas Económicas da Agricultura, hoje divulgadas e que representam a primeira estimativa para o corrente ano das contas do sector, o INE prevê ainda que o "rendimento da actividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), deverá registar um decréscimo de 2,4%". Crescera 17,5% em 2016.

"Esta diminuição" face ao ano anterior, "foi determinada pela expressiva redução dos outros subsídios à produção", que sofreram uma quebra homóloga de 25,4%, "tendo o valor acrescentado bruto (VAB) aumentado 4,5%", face a uma diminuição de 1,5% em 2016.
Preço pago ao produtor de batata leva corte de 27,3%

No total, o INE antecipa que a produção vegetal, globalmente, registe uma diminuição dos preços base, pagos no produtor, de 2,7%. Este desempenho do preço acompanha um acréscimo esperado de 7,2% do volume da produção agrícola em 2017.

Se para o azeite o INE estima um crescimento do preço pago na produção de quase 30%, o inverso é também verdade para a batata. Em rigor, o INE estima que a produção de batata tenha um aumento de volume de 13,7% em 2017 "em resultado da área plantada" em 5%, e da produtividade da batata de regadio, em 10%. E acrescenta que "a qualidade da batata colhida foi, de um modo geral, boa".

Contudo, "os preços praticados [à produção de batata] registaram uma redução significativa" este ano – de 27,3%  - o que o INE ajuda a contextualizar: a quebra deste ano verifica-se "após um grande aumento em 2016", de 58%.
Amêndoas com produção "única"

No que toca aos frutos, o INE destaca as amêndoas. As amendoeiras, diz a entidade estatística "apresentaram uma quantidade substancial de frutos e as previsões apontam para uma produção superior a 20 mil toneladas".

O que, comparado com 2016, representa um crescimento de 255% - "situação única neste século", garante a entidade estatística.

Recorde-se que, nos terrenos privados em torno da barragem do Alqueva – cuja irrigação tem sido financiada por fundos comunitários – a amêndoa tem sido uma das produções que maior investimento (sobretudo estrangeiro) tem captado no Alentejo nos últimos anos.
Kiwi com maior produção "de sempre"

No global das culturas frutícolas, a perspectiva agora divulgada das contas económicas da agricultura para 2017 (que serão revistas em Janeiro próximo), é de um acréscimo de 17,2% em volume, "em consequência de uma maior produção de maçã, pêra, pêssego, kiwi, frutos de baga e amêndoa".

O aumento do volume terá "uma redução dos preços [ao produtor] em relação ao ano anterior", de 1,4%, "em resultado de uma descida generalizada para todos os frutos, com excepção da maçã".

"A produção de kiwi foi a maior de sempre", salienta o INE, "tendo-se atingido as 31 mil toneladas, como resultado do acréscimo de produtividade por hectare e, sobretudo, da entrada em plena produção das plantações recentes".
Vinho "de qualidade superior"

No caso do vinho, as contas agrícolas apontam para um aumento de 10% em volume e igual acréscimo, nominal, em valor. Não é dada referência para a evolução do preço pago à produção.

"A vindima foi feita com tempo seco, pelo que são esperados vinhos de qualidade superior", adianta o INE, acrescentando que as uvas entregues à produção vinícola "encontravam-se, em geral, em boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar".  

GNR detém seis pessoas por furto de uma tonelada de azeitona no Alentejo


A GNR anunciou hoje ter detido seis pessoas, em flagrante delito, por furto de uma tonelada de azeitona, numa propriedade agrícola do concelho de Alvito, no distrito de Beja.

Os detidos, quatro homens e duas mulheres, com idades entre os 16 e os 38 anos, foram constituídos arguidos e libertados sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência, refere a GNR, num comunicado enviado à agência Lusa.

As seis pessoas foram detidas no domingo por militares do Posto Territorial de Alvito da GNR e após uma denúncia por parte de populares de que estaria a decorrer um furto de azeitona.

Após a denúncia, os militares da GNR realizaram uma operação policial, que levou à interceção e à detenção em flagrante delito das pessoas e à apreensão de uma tonelada de azeitona já apanhada e ensacada e a material utilizado na colheita do fruto.

A azeitona foi entregue ao seu legítimo proprietário.

ICNF E DGAV reforçam controlo sanitário das populações de javalis e cervídeos

COMUNICADO

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) vão reforçar a vigilância epidemiológica das populações de javalis e cervídeos a nível nacional, no âmbito de um plano hoje apresentado, no Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, às organizações do setor da caça, Ordem dos Médicos Veterinários e universidades.
Ao longo dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, está prevista a colheita de cerca de mil amostras de tecidos de javalis e veados capturados em pelo menos 100 zonas de caça distribuídas por todo o país, para avaliação e vigilância de diversas doenças, como a tuberculose (em javalis e cervídeos), as pestes suínas Africana e Clássica e a Doença de Aujeszky (em javalis). Este plano de colheitas será executado com a colaboração de outros parceiros, nomeadamente das organizações do setor da caça e do Instituto Nacional de Investigação e Agrária e Veterinária (INIAV).
Na perspetiva do ICNF, é "fundamental melhorar o conhecimento sobre a prevalência de algumas doenças que afetam os espécimes de caça maior", tendo em conta "o
impacto que os problemas sanitários têm na saúde destes animais, na saúde dos animais domésticos de produção, e ainda aos eventuais potenciais efeitos na saúde humana, quando estão em causa agentes zoonóticos".
A colaboração entre o ICNF e a DGAV reveste-se, assim, de grande importância, na medida em que algumas das espécies cinegéticas de caça maior são um recurso natural renovável e desempenham um importante papel nos ecossistemas. A gestão cinegética destas espécies em particular, inclui a monitorização do seu estado sanitário, nomeadamente no que respeita a identificação de causas de morbilidade e mortalidade relacionadas com agentes patogénicos.

Lisboa, 13 de dezembro de 2017

Governo prolonga prazo de candidatura dos agricultores afetados pelos incêndios aos apoios no âmbito do PDR2020

COMUNICADO

Atendendo a que se verificaram anomalias no acesso aos sistemas informáticos da Autoridade de Gestão do PDR2020 e do IFAP - Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, que impediram a submissão dos formulários do pedido de apoio e geraram outras dificuldades, e tendo em conta que os referidos problemas técnicos se prolongaram por 5 dias, o Governo decidiu prorrogar, por igual período de tempo, o prazo limite para apresentação dos pedidos de apoio. A decisão consta da Portaria já assinada pelo Ministro da Agricultura.
Em causa está o acesso à medida 6.2.2. do PDR2020, a medida do Programa de Desenvolvimento Rural para apoiar o Restabelecimento do Potencial Produtivo na atividade agrícola. Esta medida aplica-se a todos os agricultores afetados pelos incêndios que ocorreram em julho, agosto, setembro e outubro, que tenham registado prejuízos em instalações de apoio à exploração agrícola, equipamentos,
culturas permanentes ou animais.
Os níveis de apoio correspondem a 100% dos prejuízos para valores até 5 mil euros; 85% para valores até 50 mil euros; e 50% para valores até 400 mil euros. As condições de acesso estão definidas na Portaria 342-A/2017, de 09 de novembro, que disponibiliza um montante global de 15 milhões de euros para dar resposta aos pedidos de apoio. As despesas decorrentes da elaboração das candidaturas são
elegíveis. O prazo, que inicialmente estava previsto que terminasse amanhã, termina só no próximo dia 22 de dezembro.
Fora do âmbito do PDR2020, através de um regime simplificado, estiveram abertas candidaturas para prejuízos até 5 mil euros, destinadas a apoiar os agricultores afetados pelos incêndios de julho, agosto, setembro e outubro.
Com prejuízos até 1.053 euros, candidataram-se 5.690 agricultores, cujos pedidos atingiram o montante global de 3.564.463 euros. Com prejuízos entre 1.054 e 5.000 euros, candidataram-se 15.675 agricultores, cujos pedidos atingiram o montante global de 58.026.413 euros. Os pedidos de apoio, no total, somam 21.685 candidaturas para 61.811.499 euros de apoio público.
As candidaturas estão agora em processo de análise e validação, tendo o Governo como objetivo pagar até ao final do mês.

Lisboa, 14 de dezembro de 2017

Na floresta ardida, os eucaliptos estão a renascer das cinzas


15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:20

A TSF percorre esta sexta-feira, das oito da manhã à meia-noite, um país devastado pelos fogos. A reconstrução contra o esquecimento, numa Emissão Especial na antena e no site da 

Na paisagem ardida de Góis, Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra há tufos verdes entre a terra negra e os troncos queimados.

Os eucaliptos estão a renascer das cinzas, sozinhos, graças a séculos de evolução. Estas árvores adaptaram-se aos incêndios habituais nas suas zonas autóctones - a Austrália e a Tasmânia - e são por isso capazes de se regenerar.

Apesar de os troncos terem ardido nos grandes incêndios deste verão, a raiz dos eucaliptos não morreu, por isso novos rebentos estão a surgir na base do tronco. Dá-se o chamado rebentamento por toiça.

Também as pequenas 'cápsulas', semelhantes a guizos na forma, abrem-se após a passagem das chamas e libertam milhares de sementes, capazes de germinar mesmo em terreno queimado.

Enquanto os pinheiros mortos estão já a ser cortados, empilhados nas bermas da estrada, ao longo dos próximos meses os eucaliptos vão repovoar a floresta sem qualquer ordenamento.

Na floresta ardida, os eucaliptos estão a renascer das cinzas

15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:20

A TSF percorre esta sexta-feira, das oito da manhã à meia-noite, um país devastado pelos fogos. A reconstrução contra o esquecimento, numa Emissão Especial na antena e no site da TSF.


Na paisagem ardida de Góis, Castanheira de Pera, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra há tufos verdes entre a terra negra e os troncos queimados.

Os eucaliptos estão a renascer das cinzas, sozinhos, graças a séculos de evolução. Estas árvores adaptaram-se aos incêndios habituais nas suas zonas autóctones - a Austrália e a Tasmânia - e são por isso capazes de se regenerar.

Apesar de os troncos terem ardido nos grandes incêndios deste verão, a raiz dos eucaliptos não morreu, por isso novos rebentos estão a surgir na base do tronco. Dá-se o chamado rebentamento por toiça.

Também as pequenas 'cápsulas', semelhantes a guizos na forma, abrem-se após a passagem das chamas e libertam milhares de sementes, capazes de germinar mesmo em terreno queimado.

Enquanto os pinheiros mortos estão já a ser cortados, empilhados nas bermas da estrada, ao longo dos próximos meses os eucaliptos vão repovoar a floresta sem qualquer ordenamento.

Rendimento da atividade agrícola deve cair 2,4% em 2017


13/12/2017, 13:29
O rendimento da atividade agrícola deverá cair este ano, mas até 31 de janeiro de 2018 o INE vai efetuar uma segunda estimativa das contas económicas da agricultura.

O rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal deverá cair 2,4% em 2017 face a 2016, após ter aumentado 17,5% no ano passado, segundo a primeira estimativa das contas económicas da agricultura divulgadas esta quarta-feira pelo INE.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta diminuição "foi determinada pela expressiva redução" dos 'outros subsídios à produção' (-25,4%) face ao "significativo montante" atribuído em 2016, já que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 4,5% (diminuição de 1,5% em 2016) e o volume de mão-de-obra agrícola terá diminuído 4,4%.

Para o aumento nominal de 4,5% do VAB contribuiu a variação positiva da produção do ramo agrícola (+4,0%), conjugada com uma variação positiva "menos acentuada" do consumo intermédio (+3,7%), perspetivando-se, em termos reais, um aumento de 5,8% do VAB.

O acréscimo nominal de 4,0% da produção do ramo agrícola resultou de um aumento do volume (+3,9%) e de uma estabilização dos preços base (+0,1%), devendo a evolução dos preços no produtor (+0,6%) ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).

Já a evolução nominal de 4,4% prevista para a produção vegetal em 2017 resulta de um acréscimo em volume (+7,2%) e de uma redução dos preços de base (-2,7%), com a produção de vegetais e produtos hortícolas e de frutos a ser "determinante" no crescimento deste segmento.

As estimativas para a produção de cereais apontam para um volume inferior a 2016 já que, à exceção do milho (+4,2%), todos os cereais apresentam menor volume de produção devido à escassez de precipitação e às altas temperaturas registadas. O preço no produtor para os cereais deverá registar um decréscimo (-0,8%).

Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%), enquanto a produção de batata terá aumentado 13,75 e a dos frutos 17,2%, "consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi (cuja produção de 31 mil toneladas foi "a maior de sempre), frutos de baga e amêndoa".

Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal (+10,0%), e na produção de azeite é expectável um decréscimo de produção em volume (-9,3%) e um aumento dos preços de base (+29,6%).

Este ano, a produção animal deverá registar um acréscimo em valor de 3,2% face a 2016, em resultado de um aumento dos preços de base (+4,2%), já que o volume diminuiu 1,0%. Os produtos que mais contribuíram para esta evolução foram os suínos, as aves, o leite e os ovos.

O INE estima que, este ano, o consumo intermédio (CI) aumente 3,7% em termos nominais, na sequência de acréscimos em volume (+2,8%) e preço (+0,8%).

"A variação nominal positiva é o resultado de um aumento generalizado dos produtos para CI, particularmente da energia (+14,9%) e dos fertilizantes (11,9%)", refere, antecipando que "a conjugação de um acréscimo dos preços mais acentuado no CI do que na produção (+0,8% e +0,1%, respetivamente) deverá gerar condições menos favoráveis ao produtor agrícola do que as observadas 2016".

Em relação ao peso do VAB do ramo agrícola na economia nacional, a importância relativa da agricultura deverá manter-se idêntico a 2016, nos 1,6%. Até 31 de janeiro de 2018 o INE irá efetuar uma segunda estimativa das contas económicas da agricultura.

EDP acusada de limpar sinais do início do incêndio em Pedrógão Grande


15 DE DEZEMBRO DE 2017 - 07:00

Autor do estudo pedido pelo governo diz que Ministério Público tentou, mas não travou a limpeza debaixo das linhas elétricas nos dois locais onde se suspeita que nasceram as chamas.
Imagem no relatório pedido pelo MAI num dos pontos onde começou o fogo em Escalos Fundeiros
Foto Direitos Reservados

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, que fez o relatório para o Ministério da Administração Interna sobre o fogo de Pedrógão Grande, pediu ao Ministério Público para travar qualquer ação de limpeza da floresta nas duas zonas, debaixo de linhas elétricas, onde suspeita que nasceram as chamas a 17 de junho, um pedido comum em outras investigações a fogos.

O coordenador do Centro, Xavier Viegas, adianta à TSF, no entanto, que a ação das autoridades não chegou a tempo: já depois da divulgação do relatório, que apontava para fortes indícios de que as chamas surgiram devido ao contacto das linhas com ramos numa zona mal limpa pela elétrica, a EDP foi aos dois locais fazer uma limpeza das árvores.

Ouça as declarações de Xavier Viegas ao jornalista Nuno Guedes.

O professor de Coimbra sublinha que o Ministério Público acabaria por informá-lo que avisou a empresa, já depois da limpeza, que não podia voltar a fazer qualquer intervenção na zona

EDP justifica-se

Contactada pela TSF, a EDP Comercial não confirma nem desmente esse aviso das autoridades, justificando as ações que fez dizendo que "os incêndios que ocorreram na região de Pedrógão afetaram significativamente as redes elétricas de distribuição e todas as intervenções posteriores tiveram o objetivo de repor as condições de segurança das redes e assegurar o abastecimento elétrico às populações".

A empresa acrescenta que "as intervenções foram de caráter pontual e delas foi dado conhecimento a todas as autoridades competentes", sendo que "a limpeza das faixas de proteção das linhas elétricas é uma atividade que a EDP Distribuição desenvolve a nível nacional com caráter regular nos períodos permitidos por lei".

Contactada há três dias, a Procuradoria-Geral da República ainda não respondeu às questões enviadas pela TSF.

Vítimas admitem pensar em ocultação de provas
Do lado das famílias, a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande "refere que os atos falam por si" e sublinha que existiram "duas situações de cosmética de cenários onde aconteceram mortes".

A presidente da associação, Nádia Piazza, refere-se não apenas à limpeza pela EDP mas também pela Ascendi que gere a trágica Estrada Nacional 236.

A representante das famílias diz que o facto do Ministério Público ter chegado tarde, já depois da limpeza da EDP, é "sintomático", sublinhando que as fotografias mostram "o antes que não estava limpo e o depois já limpo" demonstrando que "há sérias dúvidas sobre o toque de sobretudo um carvalho na linha elétrica".

Nádia Piazza não acredita que a limpeza tenha surgido por acaso.
A associação recorda que a ignição do incêndio tem de ser investigada e a ordem do Ministério Público para não limpar a zona "fala por si e é um sintoma da atitude da EDP", não sendo possível, admite, fugir da ideia que a empresa terá tentado esconder provas.

Nádia Piazza fala de "cosmética em cenários onde aconteceram mortes".
Xavier Viegas acredita, contudo, que a limpeza da floresta debaixo das linhas elétricas onde terão começado as chamas não é muito grave pois há fotografias do antes e do depois, apesar de admitir que "seria importante preservar a zona".

"Útil para encontrar sinais de descargas elétricas"

O especialista da Universidade de Coimbra não acredita que a limpeza "prejudique a investigação". No entanto, a limpeza feita debaixo das linhas, mas também na EN236, "é um mau princípio", sublinhando que podia ser necessário manter as áreas intactas "para uma análise com cuidados, detalhes e tempo que não existiu durante o período de realização do relatório".

Uma preservação dos locais que, como explica, seria por exemplo útil se for preciso encontrar sinais das descargas elétricas na vegetação.

Xavier Viegas admite ainda que é possível que a limpeza tenha acontecido por causa do relatório que fizeram sobre as causas do início do incêndio de Pedrógão Grande e acrescenta que a limpeza feita depois do fogo prova que a limpeza da floresta não estava bem feita debaixo das linhas elétricas e da berma das estradas onde morreram dezenas de pessoas.

EDP garante limpeza

Recorde-se que na semana passada a TSF noticiou que um parecer jurídico pedido pela Ascendi conclui que esta empresa não pode ser responsabilizada pela eventual falta de limpeza na EN236 devido à falta de aprovação do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Uma desresponsabilização que também se pode estender à EDP pela mesma razão, numa interpretação da lei que não é unânime e pode acabar por ter de ser resolvida em tribunal.

A EDP tem dito que "independentemente da existência de Planos Municipais" aprovados tem sempre garantido a limpeza da floresta, nomeadamente em Pedrógão, numa faixa de 15 metros debaixo das linhas de média tensão como aquelas que segundo o relatório pedido pelo governo causaram o incêndio que matou mais de 60 pessoas.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Associação para investimento florestal critica proposta “pouco séria” do Governo


23/10/2017, 12:37
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A Associação de Promoção ao Investimento Florestal, a Acréscimo, criticou a proposta "pouco séria e nada transparente" de aposta no uso da biomassa florestal para a produção de energia elétrica.

A Associação de Promoção ao Investimento Florestal, a Acréscimo, criticou esta segunda-feira a proposta "pouco séria e nada transparente" de aposta no uso da biomassa florestal para a produção de energia elétrica.

O Governo anunciou no sábado que vai avançar com a implementação de biorrefinarias e continuar com o desenvolvimento de centrais de biomassa por todo o país, de forma a valorizar a recolha de resíduos florestais.



Salientando que esta intenção "ainda não [está] quantificada", a Acréscimo salienta, em comunicado divulgado esta segunda-feira, que "a capacidade instalada, quer em centrais a biomassa florestal residual quer em unidades de produção de 'pellets' de madeira, há muito que ultrapassa a disponibilidade anual de biomassa florestal residual".

"Ou seja, já no presente, mas com maior impacto no futuro próximo, tais unidades só serão viáveis pela utilização de troncos de árvores ou pela instalação de monoculturas de espécies dedicadas à produção energética", acrescentam, frisando que "a ocorrência de incêndios florestais constitui uma importante fonte de garantia de matéria-prima a estas unidades".

Além disso, prossegue a associação, "importa ainda ter em conta que as unidades que o Governo anuncia estimular só têm viabilidade financeira se apoiadas duplamente pelo erário público", isto através de apoios à tarifa elétrica ou para a obtenção de matéria-prima.

Contudo, de acordo com a Acréscimo, "existem opções significativamente menos onerosas e até sem custos para o erário público" com vista à redução da carga combustível nas florestas, que também têm "maior impacto no emprego em meio rural".

"Importa assim que o Governo esclareça a sua opção pelo apoio público a centrais termoelétricas de transformação de biomassa de origem florestal, que afirmam ser residual, face a outras alternativas", frisa, falando em "opções de maior urgência".

A título de exemplo, destaca que, "para a proteção imediata à atividade económica associada à silvicultura, urge a tomada de medidas ao nível do controlo da oferta", como a criação de estufas de preservação da madeira ardida.

Para a Acréscimo, esta medida "é fundamental para assegurar uma gradual entrada nos mercados dessa madeira, impedindo a queda brusca do seu preço".

Outra das medidas elencadas é a do "reforço à proteção de encostas e cursos de água, prevendo futuras catástrofes associadas a deslizamentos de terras e cheias".

"Se a intenção do Governo é a de garantir a sustentação do apoio a grupos empresarias à custa do Orçamento, terá de a assumir politicamente, sem rodeios ou falsos anúncios de dar prioridade à segurança das populações, às florestas e à atividade silvoindustrial", adianta aquele organismo.

As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.

Agricultores vítimas dos fogos: falhas levam governo a prolongar prazos


14 DE DEZEMBRO DE 2017 - 16:42

Governo admite "anomalias" no sistema que impediram agricultores de se candidatarem à beira do fim do prazo.

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O governo confirma problemas nos últimos dias na submissão de candidaturas a apoios do Estado para os agricultores vítimas dos incêndios florestais e decidiu alargar o prazo de candidatura que acabava amanhã, sexta-feira.

A resposta do Ministério da Agricultura foi enviada à TSF depois de uma pergunta do PCP que denuncia vários problemas no sistema de candidaturas.

A situação, segundo os comunistas, afeta o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP) e é preocupante porque o prazo de submissão de candidaturas acabaria a 15 de dezembro.

João Ramos, do PCP, defende que é preciso alargar os prazos de candidatura aos apoios do Estado.

Para o PCP os agricultores não têm culpa que o sistema tenha estado em baixo três dias perto do fim do prazo e não podem ser prejudicados, sublinhando que este processo tem sido bastante confuso desde o início.

O Ministério da Agricultura confirma que "a situação já foi detetada e está a ser corrigida", tendo sido decidido "prolongar o prazo das candidaturas por um período equivalente àquele durante o qual ocorreu a anomalia". A Portaria que muda o prazo por mais 5 dias já seguiu para publicação, mas o executivo sublinha que o problema já tinha sido detetado pelos serviços antes do alerta do PCP.

Ao todo, o Ministério já conta 21.685 candidaturas a estes apoios a agricultores vítimas dos fogos, num total de 62 milhões de euros de apoios públicos.

Burocracia leva agricultores a desistirem

Júlio Ventura trabalha na delegação de Tondela de uma cooperativa agrícola e explica que as últimas semanas têm sido muito agitadas. Só ali os agricultores afetados pelos fogos são cerca de uma centena, mas apenas um décimo já fecharam o processo de candidatura aos apoios do Estado.

Os casos são muitos, as dificuldades várias e a última é informática. No entanto, mesmo sem os problemas informáticos o tempo é pouco e a burocracia complica, com Júlio Ventura a explicar que muitas pessoas "vêm de longe, têm de pagar transportes ou perder um dia de trabalho", pelo que alguns acabam por dizer-lhe: "Se é para isto, para nos darem umas migalhas, esqueça".

O governo prolongou o prazo por mais 5 dias e quem trata das candidaturas admite que é uma ajuda, mas que mesmo assim vai ser muito difícil ter tudo pronto a tempo.

Inverno pode provocar calamidade no Pinhal de Leiria


14 DE DEZEMBRO DE 2017 - 15:21
A comissão popular "O Pinhal É Nosso" enviou uma carta ao ministro da Agricultura em que exige medidas imediatas e acusa as entidades oficiais de nada fazerem durante estes últimos dois meses.


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IUm movimento de cidadãos criado para defender o Pinhal de Leiria diz que as chuvas de inverno podem provocar uma calamidade na mata nacional e no concelho da Marinha Grande, com a contaminação dos solos e dos recursos hídricos pelas cinzas do incêndio de 15 de outubro.

Reportagem de Cláudio Garcia
A comissão popular "O Pinhal É Nosso" escreveu ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, a exigir uma intervenção de emergência.

Ricardo Vicente, porta-voz da comissão, garante que as ações no terreno já deviam ter começado e avisa que a fatura a pagar pela população é muito alta, se nada for feito.

O movimento de cidadãos "O Pinhal É Nosso" enviou ao ministro um documento técnico com propostas de reconstrução da floresta e disponibilizou 150 voluntários para apoiarem ações no terreno.

O incêndio de 15 de outubro consumiu mais de nove mil hectares do Pinhal de Leiria, o equivalente a 85% desta mata nacional com mais de 700 anos de história.

Pão, vegetais e carne “carbonizados” também não fazem bem à saúde


O problema não está no carvão, mas nos compostos que se formam no processo de confeção a elevadas temperaturas


A gastronomia portuguesa conta com várias receitas confecionadas em carvão que são bastante apreciadas, mas a verdade é que são pouco saudáveis. Não só para quem as confeciona – e que está exposto ao fumo proveniente do carvão, conhecido pelos efeitos negativos na saúde –, mas também para quem a come, que acaba por consumir particulas de carvão. E quem nunca ouviu dizer que o queimado faz mal?

Nos últimos anos, vários têm sido os alertas e estudos de especialistas na área da saúde e da alimentação que advertem para os perigos que podem advir do consumo de alguns alimentos demasiado confecionados, ao ponto de ficarem esturricados. Em causa estão algumas substâncias químicas produzidas quando se cozinham produtos demasiado tempo. No caso dos alimentos com amido, pode formar-se a acrilamida, substância conhecida pelas suas propriedades cancerígenas. Não se forma em todos os alimentos, surgindo naqueles que têm concentrações altas de carboidratos e baixas de proteínas ao serem conzinhados a altas temperaturas. É o caso do pão e da batata, e daí a recomendação para não comer as partes queimadas das torradas. Já no caso da carne, também é preciso cuidado com os churrascos. Grelhar carne a temperaturas muito elevadas leva à formação de substâncias como os amino-heterocíclicos, que também são associados a efeitos cancerígenos. As evidências resultam sobretuo de estudos com animais, em que a exposição a este tipo de compostos foi associada a tumores da mama ou colon. O abuso de carnes fumadas também traz alguns riscos. Pensa-se que a região norte de Portugal tem tradicionalmente mais casos de morte por cancro do estômago devido à tradição dos enchidos e fumeiros.

Os alertas são habituais mas o Reino Unido lançou no início deste ano uma campanha para alertar os consumidores para a necessidade de reduzir o consumo de acrilamida. A campanha "Go for Gold", lançada pela Food Standards Agency, difundiu uma regra simples: na hora de ver se pão, batatas ou vegetais estão no ponto ou já cozinharam de mais, o tom dourado (o ideal) pode servir de orientação.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Coesão territorial de Portugal passa pela diferenciação


Nuno Miguel Silva
07:20
Esta é uma das principais conclusões do estudo da consultora EY, designado 'Mundo Rural - Porque Sim', e ontem apresentado na Casa de Idanha-a-Nova, em Lisboa.


O futuro da coesão territorial em Portugal tem de passara pela valorização da diferenciação dos territórios nacionais, o que deverá ser desenvolvido como um fator de sucesso do País na integração europeia e no processo da globalização.

Esta é uma das principais conclusões do estudo da consultora EY, designado 'Mundo Rural – Porque Sim', e ontem apresentado na Casa de Idanha-a-Nova, em Lisboa.

A consultora considera que este documento representa  "um novo olhar sobre a ruralidade em Portugal, positivo e otimista, que se sustenta, estratégica e operacionalmente, na convicção de que o mundo rural é um espaço de oportunidade, de desenvolvimento, de criação de riqueza e de emprego, cuja afirmação se enquadra nas ambições de desenvolvimento do País".

O objetivo do estudo da EY foi analisar o mundo rural português de forma crítica e propor uma metodologia coerente de classificação dos territórios, que valorize as potencialidades destas regiões.

"Para além disso, pretende-se que esta pesquisa contribua para a promoção da articulação destes territórios com o mundo urbano e que proponha mecanismos de valorização inovadora para o rural português e a identificação das alavancas da mudança para a valorização do mundo rural", sublinha um comunicado oficial da consultora.
O estudo foi desenvolvido foi desenvolvido pela EY-AM&A, por iniciativa da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e da Federação Portuguesa de Turismo Rural em colaboração com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e a Naturtejo.
"O roteiro do futuro terá de ser, em primeiro lugar, o da valorização do princípio da diferenciação territorial como fator de sucesso na integração europeia e na globalização. O futuro das regiões portuguesas depende cada vez mais da respetiva capacidade em alimentar processos cumulativos de povoamento humano, institucional e empresarial na valorização aberta dos seus recursos endógenos, materiais e imateriais, naturais e patrimoniais e na realização de funções económicas específicas e distintivas na produção para o mercado doméstico e para o mercado mundial.", esclarece o referido estudo.

De acordo com os responsáveis da EY, "tal como nos fatores de atratividade (turística, residencial, produtiva, etc.) se têm vindo progressivamente a consolidar segmentações que refletem a valorização atribuída à experimentação, ao 'habitat', ao padrão de qualidade e à diversidade da envolvente, também se alarga o mercado potencialmente captado por esses produtos segmentados".

"O roteiro do futuro terá de ser, em segundo lugar, o da colaboração supramunicipal para garantir uma descentralização regional liberta dos limites físicos dos concelhos, mas ancorada na legitimidade democrática do poder local", defende o estudo da EY.

Outra das conclusões deste documento é que "o futuro das regiões portuguesas depende em larga medida do abandono radical da fragmentação, implícita na reduzida escala concelhia, e da mimética de caminhos, combinando a procura da eficiência com a efetiva provisão, em qualidade e quantidade, dos serviços estratégicos de proximidade".

"Tal como são difusas as fronteiras para os recursos mundo rural, ou como ganham homogeneidade os traços culturais de regiões dos dois lados de uma fronteira entre países, deverão também ser equacionadas questões de atuação conjunta e de governação eficaz, nos casos aplicáveis", advoga o estudo da EY. •

O documento entende que "o roteiro do futuro terá de ser, em terceiro lugar, o de uma muito maior valorização do papel dos territórios na renovação dos paradigmas competitivos em Portugal", uma vez que "o futuro das regiões portuguesas depende da construção de sinergias territoriais combinando economias de aglomeração e de especialização suficientemente diferenciadas e descentralizadas, capazes de articular e valorizar os trunfos existentes ou em construção em termos de capital humano, natural e patrimonial".

Seca.Produção de frutos e vinho beneficiada, cereais e azeite prejudicados

 Seca beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite 

O ano agrícola de 2016/2017 ficou marcado pela seca, o que beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite, divulgou hoje o INE. "Em termos meteorológicos, o ano agrícola de 2016/2017 caracterizou-se pela ocorrência de baixos valores de precipitação e elevadas temperaturas (a primavera foi a terceira mais quente desde 1931 e o verão o sexto mais quente e o terceiro mais seco desde 2000), o que beneficiou o desenvolvimento de algumas culturas e prejudicou outras), refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua primeira estimativa das contas económicas da agricultura relativas a 2017.

 "Durante este período — acrescenta – foi frequente a completa secagem de charcas e uma grande diminuição do nível das águas subterrâneas, com a consequente redução da disponibilidade de água para as culturas e para os animais". Entre as culturas afetadas negativamente pela seca estão os cereais, cuja produção em 2017 deverá ficar 8,1% aquém, em volume, da do ano anterior, "dado que, à exceção do milho, todos os cereais apresentam menor volume de produção". "A escassez de precipitação, associada a altas temperaturas, interferiu negativamente no desenvolvimento destas culturas, afetando a qualidade", nota o INE, estimando um decréscimo de 0,8% no preço no produtor para os cereais. Ainda assim, refere, prevê-se um acréscimo em volume da produção de milho (+4,2%), já que "o tempo quente e seco não afetou o desenvolvimento desta cultura em regime de regadio". Também prejudicadas pelas condições meteorológicas foram as plantas forrageiras, relativamente às quais se estima um decréscimo em volume (-14,1%), já que a "combinação de altas temperaturas e escassez de precipitação conduziu à antecipação do fim do ciclo vegetativo, com uma redução de matéria verde". 

"Em consequência, os produtores foram obrigados a antecipar o uso de alimentos conservados (fenos e silagens) e a recorrer a alimentos compostos para alimentar os animais", refere o INE, prevendo uma descida dos preços base de 4,3%. Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%) devido, em particular, aos hortícolas frescos, com "destaque" para o tomate, que apresenta um aumento em volume de 4,5%, em "consequência das condições climáticas que permitiram a sementeira e desenvolvimento da cultura". No que respeita aos frutos, o INE perspetiva um "acréscimo significativo" em volume (+17,2%), consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi, frutos de baga e amêndoa, mas uma redução dos preços em relação ao ano anterior (-1,4%), em resultado de uma descida generalizada para todos os frutos, com exceção da maçã. Este ano a produção de kiwi foi "a maior de sempre", tendo atingido as 31 mil toneladas "como resultado do acréscimo de produtividade por hectare e, sobretudo, da entrada em plena produção das plantações recentes". 


Já o calibre dos frutos foi "menor do que o habitual, dada a excessiva quantidade de frutos por árvore, as altas temperaturas e a escassez de precipitação". Quanto às amendoeiras, apresentaram "uma quantidade substancial de frutos" e as previsões apontam para uma produção superior a 20 mil toneladas, uma subida de 255,0% face a 2016 e uma "situação única neste século". Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal de 10,0% e, tendo a vindima sido feita com tempo seco, com uvas em "boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar", são esperados "vinhos de qualidade superior". Já na produção de azeite é expectável um decréscimo de 9,3% da produção em volume e um aumento dos preços de base de 29,6%. 

Segundo o INE, se na campanha atual os olivais regados "atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspetivando-se uma produção elevada (aumento de 15,0%)", nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, "a escassa precipitação de setembro e outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior (queda precoce ou engelhamento dos frutos) e afetou negativamente o teor em gordura das azeitonas". Esta redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional (em consequência da redução da oferta dos países produtores e aumento de consumo a nível mundial) geraram um aumento de preços deste produto no ano de 2017. Globalmente, as estimativas do INE apontam para que a produção do ramo agrícola aumente este ano 4,0%, em termos nominais, traduzindo um aumento do volume (+3,9%) e uma estabilização dos preços base (+0,1%). Já a evolução dos preços no produtor (+0,6%) deverá ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).

Portugal perdeu 47 mil hectares de vinha em dez anos



Imagem de arquivo  |  SARA MATOS/GLOBAL IMAGENS

O número passou de 240 mil hectares para 193 mil

Portugal perdeu 47 mil hectares de vinha em cerca de dez anos, disse hoje a secretária-geral da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV).

"Passámos de 240 mil hectares de vinha [há cerca de dez anos] para 193 mil hectares em julho de 2016", disse a secretária geral da ACIBEV, Ana Isabel Alves, durante um encontro com os jornalistas, em Lisboa.

Conforme indica a responsável, recentemente, verificou-se "uma limpeza" e abandono da vinha, uma vez que, durante muito tempo, existiam áreas de vinha abandonada que ainda entravam nas estatísticas".

Ana Isabel Alves explicou ainda que, nos próximos anos, não é espectável que o país consiga recuperar a área de vinha, tendo em conta as medidas da União Europeia (UE), estipulam que, por ano, os países só podem aumentar o número de hectares de vinha em 1%.

Para o presidente da ACIBEV, George Sandeman, esta é uma medida de valorização da produção, uma vez que se parte do princípio de que "se houver menos vinho, a vinha é mais valorizada".

Porém, Sandeman aponta que a medida não é linear, uma vez que "há excessos [de vinha] nalgumas zonas e falta noutras".

O líder da associação vinícola disse também que, este ano, as alterações climáticas e a seca não tiveram um grande impacto na produção, mas alerta para que, em 2016, os níveis estavam num patamar baixo.

"Os números estão acima da produção do ano passado, porque em 2016 os valores estavam muito baixos. O problema é que os bagos estão mais secos, o que significa que há mais quantidade e menos peso. A seca vai ainda afetar a próxima produção", considerou.

George Sandeman adiantou ainda que vai hoje reunir-se com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, para apresentar "os problemas do setor", bem como "sensibilizar o ministro para o trabalho que está a ser feito".

Já conhece as novas regras da PAC?


por Ana Rita Costa- 12 Dezembro, 2017

O Parlamento Europeu aprovou esta terça-feira (12 de dezembro) um regulamento que vem simplificar as regras da PAC. De acordo com o Parlamento Europeu, estas regras vêm reforçar a posição dos agricultores na cadeia de abastecimento alimentar e entrarão em vigor já em janeiro do próximo ano.

Em comunicado, o Parlamento Europeu explica que as regras agora aprovadas, com 503 votos a favor, "facilitam o acesso dos jovens agricultores aos pagamentos, alargam as medidas de prevenção e gestão dos riscos e estabelecem um instrumento de estabilização dos rendimentos."

Entre as medidas agora aprovadas, contam-se disposições sobre o conceito de agricultor ativo, dando maior flexibilidade aos Estados-Membros, a ecologização e alterações no âmbito dos seguros. Assim, "o apoio a contratos de seguro que cubra as perdas causadas por acontecimentos climáticos adversos ficará disponível quando tiver sido destruída mais de 20% da produção anual média do agricultor", revela o Parlamento Europeu.

Para além disso, "o chamado 'Regulamento Omnibus', altera o regulamento financeiro que rege a execução do orçamento da UE e vários atos legislativos setoriais, nomeadamente no domínio da agricultura."

Conheça aqui todas as medidas previstas nesta 'mini reforma' da PAC.

Portugal defende manutenção das verbas da PAC pós-2020

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, defendeu esta segunda-feira uma manutenção das verbas que o país recebe de Bruxelas para a agricultura na PAC pós-2020. De acordo com o responsável, a proposta para introduzir cofinanciamento nos pagamentos diretos aos agricultores, que está a merecer oposição da maioria dos Estados-Membros, deve ser vista com cautela.

"Queremos que a nova política agrícola comum (PAC) tenha um orçamento tão próximo quanto possível do atual e, a haver reduções, estas não podem incidir no segundo pilar (Desenvolvimento Rural)", sublinhou Capoulas Santos.

Sobre a proposta da PAC pós-2020, refere que "o Governo vê com um misto de expectativa positiva e apreensão", mas afirma que a introdução de um limite aos pagamentos diretos é uma questão que não o preocupa.  Sobre a proposta que mais polémica está a gerar junto dos Estados-Membros, a introdução de cofinanciamento no primeiro pilar da PAC, que atualmente é pago pela UE, o ministro da Agricultura refere que poderá vir a ser compensado com "uma maior convergência" nos valores.

Atualmente, a UE financia Portugal a 200 euros por hectare, abaixo da média de 260 da média da UE. "Portugal está numa posição de equilíbrio entre os Estados-Membros que recusam alterações ao regime dos apoios diretos – como França e Espanha – e os que querem mudanças", sublinhou.

No âmbito do quadro de apoios 2014-2020, Portugal recebeu da Política Agrícola Comum cerca de 8,1 mil milhões de euros.

Morreram mais de 500 mil animais nos incêndios de Outubro


O Ministério da Agricultura calcula que morreram mais de 500 mil animais nos incêndios que fustigaram o país em Outubro. Para ajudar os agricultores, deverão ser entregues até 4.500 toneladas de rações e 600 toneladas de palha, que estão a ser distribuídas por militares.
Morreram mais de 500 mil animais nos incêndios de Outubro

Bruno Simões Bruno Simões brunosimoes@negocios.pt
13 de dezembro de 2017 às 17:32

Os incêndios de 15 de Outubro, que lavraram sobretudo na região Centro e Norte do país, provocaram a morte a centenas de milhares de animais. Em resposta a perguntas colocadas pelo deputado André Silva, do PAN, o Ministério da Agricultura estima que, até 30 de Outubro, tenham morrido mais de 500 mil animais, sobretudo aves mas também bovinos, ovinos e suínos.

 

De acordo com os registos do Sistema Nacional de Informação e Registo Animal (SNIRA) e dados de outras fontes recolhidos pela Direcção-Geral de Agricultura e Veterinária, foi registada a morte de 881 bovinos, 1.091 suínos e 5.398 ovinos e caprinos. Adicionalmente, e segundo "estimativas dos operadores económicos", calcula-se que tenham morrido "cerca de 500 mil aves". Somando estes números, morreram 507.370 animais.

 

A DGAV, em conjunto com as direcções regionais de Agricultura e Pescas do Norte e Centro, começou a avaliar a situação logo a 16 de Outubro, prossegue a resposta do ministério, e deu "de imediato" instruções para se promover o "rápido enterramento dos animais mortos nos incêndios". Ao mesmo tempo, foram tomadas medidas pelos médicos veterinários das referidas zonas para apoiar os animais que sobreviveram, nomeadamente abatendo os "não recuperáveis" e tratando e alimentando os que ficaram vivos.

 

O Governo garante ainda que fez logo um "levantamento das necessidades alimentares" dos animais que sobreviveram e desencadeou uma "operação de distribuição" de rações e palha em cinco "plataformas logísticas": Gouveia, Monção, Vila Nova de Poiares, Tondela e Vagos. Foi também nestas plataformas que se concentraram os alimentos de donativos "de entidades particulares" destinados às áreas afectadas.

Agricultores podem receber 4.500 toneladas de ração

 

O Ministério da Agricultura estima que a operação poderá atingir "as 4.500 toneladas de rações e 600 toneladas de palha" e vai continuar a ser "efectuada de forma faseada, em função das necessidades estimadas" para a alimentação dos animais nos próximos meses. O objectivo é garantir alimento para os animais nas áreas em que a "destruição de pastagens" e das "reservas alimentares dos agricultores" foi, "em muitas situações, total".

 

Foram ainda distribuídas 120 toneladas de açúcar para a "alimentação de abelhas".

 

Na operação participaram 100 militares das Forças Armadas, que foram colocados nos referidos centros logísticos. O Governo lembra que também criou uma linha de crédito de cinco milhões de euros" para "compensar os produtores pelo aumento dos custos de produção" provocados pela "seca extrema ou severa", que tem "agravado os efeitos dos incêndios".

Os incêndios de Outubro provocaram a morte a pelo menos 45 pessoas nos distritos de Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Meses antes, os incêndios de Pedrógão Grande vitimaram 66 pessoas.

Veado mata trabalhador em herdade no Alentejo



Um trabalhador agrícola da Herdade da Atalaia, em Alcaçovas, concelho de Viana do Alentejo, morreu ao final da tarde de terça-feira, depois de ter sido atacado por um animal, a quem ia dar de comer.

António, 62 anos, natural de Torrão, vila que dista 15 quilómetros do local do acidente, mas localizada no vizinho concelho de Alcácer do Sal, entrou num cercado onde existem diversos animais, quando foi atacado por um veado, que o atingiu no baixo-ventre.

O alerta para os Bombeiros de Viana do Alentejo foi dado por um colega da vítima, que também teve que fugir do animal, cerca das 17.52 horas. O médico da VMER de Hospital de Évora confirmou o óbito do trabalhador.

Por ter sido considerado um acidente de trabalho, a GNR informou a Autoridade para as Condições de Trabalho, tendo posteriormente o corpo do trabalhador sido transportado para o serviço de Medicina Legal do Hospital do Espírito Santo, em Évora, onde será autopsiado.

No local do acidente estiveram operacionais dos Bombeiros e GNR de Viana do Alentejo e da viatura médica de emergência e reanimação (VMER) de Évora.

https://www.jn.pt/local/noticias/evora/viana-do-alentejo/interior/veado-mata-trabalhador-em-herdade-no-alentejo-8983128.html

Governo vai pagar serviços ambientais garantidos pelos campos e florestas



13.12.2017 às 14h57

 
RUI OCHÔA
Está já em curso um estudo, em conjunto com algumas universidades, para definir a forma de pagamento que o Estado vai ter de passar a fazer aos agricultores e produtores florestais pelos serviços ambientais que prestam ao país

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE

O Governo assumiu que vai ser necessário remunerar os serviços públicos ambientais que o mundo rural presta ao país, nomeadamente pela absorção de dióxido de carbono nas áreas agrícolas e também nas florestas.

Ainda não está definida a fórmula de pagamento que virá a ser feita aos agricultores e aos produtores florestais, mas o Governo tem já em marcha um protocolo com algumas universidades - em especial do interior do país – para tentar chegar a uma conclusão sobre esta matéria.

Em declarações ao Expresso, Célia Ramos, secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, garantiu que o assunto está no topo da agenda, mas que falta decidir sobre se o pagamento aos beneficiários será feito sob a forma de novas taxas municipais, por verba a sair do Orçamento do Estado ou por qualquer outra forma de financiamento. "De certa forma, os agricultores já têm subsidiação nesse sentido, com as chamadas medidas agro-ambientais (greening), por via das ajudas diretas da Política Agrícola Comum".

A secretária de Estado falava sobre o ordenamento do território num encontro promovido pelo município de Idanha-A-Nova, em Lisboa, onde foi apresentado um estudo de Augusto Mateus, intitulado "o mundo rural e o desenvolvimento económico e social de Portugal".

O ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, também esteve presente no evento, onde aproveitou para relembrar que em 2018 haverá um reforço de 300 milhões de euros em ações de prevenção de incêndios. Para além disso, garante que o Governo está a trabalhar numa 'diretiva operacional única' "que assegure um comando único numa estrutura em que todos saibam o que têm de fazer: Forças Armadas, bombeiros e Proteção Civil". O ministro diz que, "tragicamente, todo o país deu finalmente conta neste verão do preço que tem de pagar pelo abandono do mundo rural" e acrescentou que "os incêndios são atualmente a maior ameaça à segurança nacional".

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

É desta que vamos mudar o mundo rural? Então tome nota


13.12.2017 às 18h00
 
Por falta de clarividência estratégica o país não tem sabido aproveitar 2/3 do seu território, referem alguns especialistas

RUI DUARTE SILVA

É preciso levar a sério as questões do povoamento e, em simultâneo, do planeamento, embora Portugal não goste muito de nenhuma delas. É assim que o economista e estratega do território Augusto Mateus olha para o problema. Num estudo sobre desenvolvimento rural hoje apresentado em Lisboa, conclui-se ainda que urgente rever a forma como estão organizados os municípios, bem como as finanças locais

Se houver coragem para colocar na agenda política questões como o povoamento, a valorização dos recursos endógenos, o turismo em espaço rural e a reorganização dos municípios bem como das finanças locais, então estaremos no bom caminho.

É assim que o economista e estratega Augusto Mateus vê o futuro dos territórios de baixa densidade demográfica, normalmente associados ao que há muito se convencionou chamar 'o Interior' do país.

Num estudo hoje apresentado em Lisboa, encomendado pela Câmara Municipal de Idanha-A-Nova, a que o seu presidente resolveu chamar 'Mundo Rural Porque Sim', ficou claro que o choque traumático causado pelos incêndios do verão passado pôs, pelo menos, o país a pensar no drama do abandono dos campos e das poucas pessoas que ainda o habitam, assim como no que se pode fazer a partir do que ali ficou.


LUÍ­S BARRA

Augusto Mateus diz que é preciso levar a sério as questões do povoamento e, em simultâneo, do planeamento, embora Portugal não goste muito de nenhuma delas. Além disso, "para produzir riqueza no mundo rural tenho de ter serviços e de qualidade: boas escolas, creches, hospitais, etc. Caso contrário, como é que convenço alguém a mudar-se para o Interior se não lhe consigo proporcionar os serviços que, também ali, lhe permitam ter uma vida de qualidade?", interroga aquele especialista em questões territoriais. E defende ainda uma política de incentivos públicos que não olhe para trás – para o subsídio ao velhinho que ficou na aldeia – mas sobretudo para a frente, para a captação de valor, de inovação, de conhecimento e de investimento.

Mas, a verdade, é que "por falta de clarividência estratégica o país tem desperdiçado 2/3 do seu território", sublinha ainda Augusto Mateus.

No estudo hoje divulgado publicamente - e que o presidente do município de Idanha-A-Nova fez questão de oferecer ao Governo, "para que se possam fazer políticas a sério para a ruralidade do país" – a principal mensagem é a de que "o progresso do mundo rural não é 'transformar-se' numa cidade". Nada disso. "O progresso do mundo rural faz-se considerando a existência do mundo urbano, estabelecendo com este as necessárias articulações funcionais e temáticas e, sobretudo, atribuindo valorização económica e objetivos de coesão territorial aos trunfos que o diferenciam do urbano.

As quatro alavancas para a mudança do mundo rural, identificadas pela equipa de Augusto Mateus são as seguintes:

- Identidade e recursos endógenos, com o objetivo de povoar, atrair pessoas e criar riqueza para mercados e procuras mais vastas a todos os níveis (local, regional, nacional, ibérico, europeu, mundial)

- Inovação e produção para que assim se consiga atrair empresas e investimento

- Mobilização par o turismo, a cultura e o património, de forma a valorizar uma internacionalização com base na resposta às procuras de consumo centradas na cultura e no património

- Aposta na sustentabilidade ambiental, para explorar e desenvolver o capital natural, os novos serviços públicos ambientais e os novos paradigmas de desenvolvimento sustentável.

Pesca e agricultura em destaque na reunião da OMC



De
Euronews

Últimas notícias: 11/12/2017
O encontro acontece no meio de uma grande operação de segurança.

Em Buenos Aires, a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio vai procurar o consenso na redução dos subsídios à pesca e à agricultura. No entanto, e por causa da falta de vontade dos Estados Unidos em chegar a acordos, os especialistas não esperam grandes avanços no encontro.

Este domingo, na abertura dos trabalhos, o presidente da Argentina lembrou o atual tempo de profunda transformação global e defendeu que é uma responsabilidade de todos enfrentar os desafios do século 21, transformando-os em oportunidades para um futuro mais inclusivo.

Como é habitual, esta reunião da OMC atraiu protestos de grupos anti-globalização. 

Centenas de manifestantes desfilaram pelas principais avenidas de Buenos Aires, criticando as políticas da organização e este encontro na Argentina.

A reunião da OMC acontece no meio de uma grande operação de segurança.

Os efeitos da seca estão para durar


De
Euronews

Últimas notícias: 12/12/2017
Em Espanha, as perdas da produção agrícola chegaram a atingir 100% em algumas regiões.

 
As chuvas chegaram finalmente à Península Ibérica mas os efeitos da seca estão para durar. Em algumas zonas de Espanha e Portugal as colheitas agrícolas foram completamente perdidas e os agricultores reclamam o apoio do estado.

O tema trouxe de novo à baila a questão da gestão dos recursos hídricos e a necessidade de colaboração entre as autoridades portuguesas e espanholas.

Em Espanha, as perdas da produção agrícola chegaram a atingir 100% em algumas regiões.

"A seca em áreas específicas de Leão e Castela foi totalmente devastadora com as perdas a atingirem 100% da produção, em particular nas zonas chamadas "áreas 0", especialmente na zona de Palencia. Podemos dizer que se registou uma perda média de 30% da produção em todo o país, em particular na produção de cereais", afirma Jaime Haddad, sub-secretário espanhol para a Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente, MAPAMA.

Os prejuízos na área da exploração bovina também foram consideráveis, segundo Jaime Haddad.

"As pastagens estão secas e os agricultores não têm alternativa senão comprarem alimentos compostos ou forragem de forma a alimentarem o gado que, em situações normais, seria alimentado nas pastagens. Isso implica o aumento da produção causado diretamente pela seca".

Os peritos concordam. O sul da Europa está a aquecer mais rapidamente do que a média mundial. Será necessária muita chuva nos próximos meses para recuperar os níveis das barragens e os caudais dos rios.

Presidente da CAP diz que "mundo rural" está contra esta "política mal-amanhada"


O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) afirmou esta segunda-feira que o "mundo rural" está contra a actual "política mal-amanhada", que se afasta da "raiz cristã" em matérias como o aborto e a identidade de género.

Presidente da CAP diz que "mundo rural" está contra esta "política mal-amanhada"

11 de dezembro de 2017 às 23:11

Eduardo Oliveira e Sousa falava na conferência "A agricultura num mundo em mudança", organizada pela CAP, num hotel de Lisboa, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que depois o aconselhou a "conviver com a realidade que existe".
 
O presidente da CAP considerou que Portugal vive um período "um tanto ou quanto estranho", com "coisas mal-amanhadas" e "uma política que está um pouco confusa", acrescentando: "Uma política que não nos governa, mas que manda no Governo, que está no parlamento a comandar os destinos do país e que tem um modelo de sociedade".
 
"Nós, que vivemos no mundo rural, senhor Presidente, temos dificuldade em lidar com grandes questões fracturantes da sociedade, como seja, por exemplo, haver no parlamento quem defenda sobrepor os direitos dos animais, atribuindo-lhes, por exemplo, o estatuto de pessoas não humanas, mas um bebé que queira nascer, mas que é fruto de uma gravidez indesejada, a mãe pode receber do Estado o correspondente custo para assassinar aquele no seu ventre", declarou.
 
Eduardo Oliveira e Sousa lamentou ter visto "arrancar os crucifixos das paredes das escolas" e alegou que os jornalistas são impedidos de dizer nos noticiários "até amanhã, se Deus quiser". "Nós temos dificuldade, senhor Presidente, em defender ou em alinhar nesta política mal-amanhada, nesta situação confusa de uma sociedade sem contornos definidos, que se afasta da nossa raiz cristã", acrescentou o engenheiro agrónomo.
 
O presidente da CAP questionou "como é que é possível um parlamento querer atribuir direitos a uma criança de 16 anos", dando-lhe "a possibilidade de decidir mutilar-se para a vida para mudar de género". "Há qualquer coisa mal-amanhada nesta política que nos conduz, como se ovelhas submissas fôssemos. E nós temos de assumidamente dizer que, pelo menos, no mundo rural nós não concordamos com isso", reforçou, recebendo palmas.
 
O Presidente da República, que falou de seguida, respondeu a estas palavras na parte final do seu discurso, considerando que Eduardo Oliveira e Sousa se mostrou "um pouco perplexo perante certas realidades".
 
"Eu estava a ouvi-lo, estava ao mesmo tempo a compreendê-lo, mas também a sofrer por si. A compreendê-lo porque provavelmente aquilo que disse, e a prova foram os aplausos que suscitou, era aquilo que estava na cabeça ou no coração de muitos dos presentes quando olham para a realidade e nem sempre se revêem nessa realidade. Por outro lado, estava a sofrer por si, por uma razão muito simples: porque, sendo presidente da CAP, tem de conviver com a realidade que existe", prosseguiu.
 
Marcelo Rebelo de Sousa aconselhou-o a aceitar a realidade e as suas "dinâmicas económicas, sociais, culturais e políticas", porque "são as que são" e escapam "ao seu domínio de intervenção".
 
"De facto, vai ter de demonstrar todo o seu talento diplomático, permanentemente, para conviver com realidades que são realidades, umas culturais, que apreciaria que não ocorressem, outras espirituais, que desejaria que se manifestassem de outra forma, outras sociais e, finalmente, algumas políticas. Mas isso, digamos assim, é o grande desafio das sociedades democráticas e pluralistas, e dos líderes representativos nessas sociedades", concluiu.
 
No seu discurso, o presidente da CAP falou também das políticas de combate à seca, defendendo que Portugal precisa de barragens em vários pontos do país e que foi um erro não se ter construído a barragem de Foz Côa.
 
"Senhor Presidente, no Egipto moveu-se uma montanha para salvaguardar um monumento, Abu Simbel. Nós não fomos capazes de movimentar uma pedra ou uma rocha para salvar umas gravuras", disse.
 
Por outro lado, declarou que se não for colocada a "técnica à frente das políticas mal-amanhadas" os incêndios deste ano vão repetir-se.
 
Quanto à reforma florestal, reafirmou as críticas da CAP, contestando em especial "a proibição dos eucaliptos". "Quem sustenta a proibição dos eucaliptos no parlamento não quer saber dos eucaliptos para nada. O alcance deles é destruir a economia que está associada à rentabilidade dos eucaliptos, porque é preciso derrubar o grande capital", sustentou.

Novo Banco deixa cair cogumelos apadrinhados por Marcelo


O grupo Sousacamp, o maior produtor nacional de cogumelos, aderiu ao PER para fugir à falência. Antigo accionista, o Novo Banco é credor de "algumas dezenas de milhões de euros". A queda do BES deixou a meio a construção de um "elefante branco" em Vila Real.
Novo Banco deixa cair cogumelos apadrinhados por Marcelo 

Marcelo Rebelo de Sousa utilizou cogumelos para falar de estabilidade política, numa visita à Sousacamp, no Verão do ano passado. A empresa é liderada por Artur Sousa (à direita na foto).José Coelho/Lusa

Rui  Neves Rui Neves ruineves@negocios.pt
11 de dezembro de 2017 às 22:00

"É o chamado duplo cogumelo, cogumelo gigante, presidencial, isto é o cogumelo presidencial com este tamanho. Não, tem de ser, este é o Presidente da República e este é o Governo que é mais pequenino. Solidariedade institucional, o Presidente para aguentar o Governo por uns tempos", brincou Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto olhava para os dois fungos na mão, que acabou por provar. 

A mais conhecida metáfora sobre estabilidade política proferida pelo actual Chefe de Estado aconteceu a 5 de Julho do ano passado, aquando da sua visita à fábrica da Sousacamp, em Vila Flor, em Trás-os-Montes. Na altura, o grupo liderado por Artur Sousa continuava a apresentar-se como o maior produtor europeu de cogumelos e um dos maiores do mundo, com cinco fábricas em Portugal e duas em Espanha, empregando mais de 500 pessoas.

É todo este universo empresarial que está agora em risco de falência, com a principal empresa do grupo, a Varandas de Sousa, a recorrer ao Processo Especial de Revitalização (PER). "Está fácil de ver que a empresa precisa de sanear o seu passivo", garantiu ao Negócios fonte conhecedora do processo. O prazo para a reclamação de créditos só termina no dia 19, mas é certo que o Novo Banco, herdeiro do BES, antigo grande accionista e maior financiador da Sousacamp, é credor de "algumas dezenas de milhões de euros" e dono do destino do grupo.

"A principal razão apontada para a apresentação do PER tem que ver com a queda do BES, que até então [Verão de 2014] estava a financiar a construção da gigantesca unidade de produção de cogumelos, cuja obra, onde foram já investidos cerca de 20 milhões de euros, ficou a meio", explicou a mesma fonte próxima do processo.
Depois de ter investido 50 milhões de euros – tanto quanto dizia facturar – na abertura de fábricas em Portugal e Espanha, o grupo arrancou em 2013 com a construção de uma unidade de produção de cogumelos exóticos e outra de transformação de cogumelos em conserva (em lata e congelados), em Vila Real, num investimento orçado em 45 milhões de euros e que iria criar 200 postos de trabalho. 

"Será um dos maiores complexos do mundo no sector", afiançava Artur Sousa (que tem 60,9% do capital), em Outubro desse ano, numa publicação patrocinada pela Espírito Santo Ventures (ES Ventures), que detinha 39,1% na Sousacamp SGPS, "holding" detentora de 100% da Varandas de Sousa. 

Apontada diversas vezes como um "case study", a Sousacamp vinha acumulando prémios e distinções. Por exemplo, ganhou o 1.º Prémio Nacional de Jovem Empreendedor (1990) e o Prémio Nacional de Inovação Ambiental (2001) pelo European Environmental Press e pela revista "Indústria e Ambiente".

O Novo Banco, herdeiro do falido BES, cortou o financiamento à Sousacamp e vendeu, há pouco mais de um ano, os fundos de capital de risco ES Ventures, que passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que são controlados pela sua equipa de gestão e cuja sociedade é detida em 35% pela Sonae IM. O grupo maiato detém uma participação, directa e indirectamente, de 50,7% do fundo que integra os 39,1% na Sousacamp.

A Varandas de Sousa fechou o ano de 2016 com vendas de 18,8 milhões de euros e um resultado negativo de nove milhões de euros, agravando substancialmente os prejuízos registados nos anos anteriores. 

O Negócios contactou a Sousacamp, o Novo Banco, a Armilar e o administrador de insolvência, mas nenhum dos intervenientes neste processo se mostrou disponível para fazer declarações em "on".

NÚMEROS
Fungos acumulam prejuízos

O braço "produtivo" da Sousacamp, a Varandas de Sousa, que aderiu ao PER,  tem acumulado prejuízos ano após ano – só no último exercício perdeu nove milhões de euros.

Fábricas
A Sousacamp tem sete fábricas, cinco em Portugal e duas em Espanha, e em 2015 terá facturado cerca de 50 milhões de euros.

550
Trabalhadores
Há um ano, o presidente do grupo garantia que a Sousacamp tinha mais de meio milhar de trabalhadores.

45
"Elefante branco"
Com a queda do BES, parou as obras de construção de uma fábrica gigante em Vila Real, orçada em 45 milhões de euros.


SOUSACAMP
Artur, o "rei" dos cogumelos de Benlhevai

Artur Sousa preside à Sousacamp, com sede em Benlhevai, que tem menos residentes do que o número de trabalhadores do grupo.

Criação em 1989 após despertar holandês
Artur Sousa, filho de produtores de azeite e cortiça de Vila Flor, distrito de Bragança, trocou o curso de Engenharia Electrotécnica, no Porto, pelo de Microbiologia, em Eindhoven, onde despertou para algo praticamente inexistente em Portugal: a produção de cogumelos. Voltou para Benlhevai e investiu 25 mil contos (125 mil euros) na criação da Sousacamp.

Sete fábricas em Portugal e Espanha
A meio da primeira década do novo século, o crescimento da produtora de cogumelos determina a expansão fabril para outras geografias, concretamente para Mirandela, Paredes, Sabrosa e Vila Real. Depois, adquiriu duas unidades em Espanha. Apresenta-se como o maior produtor europeu de cogumelos e um dos maiores do mundo, com uma facturação de 50 milhões de euros e mais de 500 trabalhadores.

Falência do BES quebra a Sousacamp
A falência do BES, no Verão de 2014, marca o início da queda da Sousacamp. O Novo Banco "fecha a torneira" ao grupo de que também era accionista, com a sua capital de risco ES ventures a deter 39,1% do capital.

Milhões perdidos, PER à porta
A acumular prejuízos e depois de ter parado a meio, sem financiamento, o investimento de 45 milhões de euros na construção de um complexo gigante em Vila Real, a Varandas de Sousa, principal empresa da Sousacamp, adere ao PER. O Novo Banco vendeu entretanto a sua capital de risco a fundos da Armilar. 

Conferência de Homenagem a Ário Lobo Azevedo


11 de dezembro de 2017

Realizou-se ontem, no Instituto Superior de Agronomia (ISA), a Conferência de
Homenagem a Ário Lobo Azevedo, organizada pelo ISA, Universidade de Évora (UÉvora), Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) e Instituto Nacional de
Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).

Da Comissão de Honra da Conferência, presidida por Marcelo Rebelo de Sousa, fizeram
ainda parte Adriano Moreira, Gonçalo Ribeiro Telles e Helena Roseta.

Ário Lobo Azevedo, licenciado e professor do ISA, foi o dinamizador da refundação da
Universidade de Évora, tendo sido nomeado seu primeiro Reitor, em 1974. Anteriormente, assumiu funções no Governo-geral de Moçambique como Secretário Provincial de Terras e Povoamento. Foi ainda membro do Conselho Consultivo do Centro Europeu para o Ensino Superior da UNESCO e Diretor da Estação Agronómica Nacional (hoje INIAV). Publicou vários trabalhos científicos nas áreas do clima e dos solos, destacando-se a coautoria da Carta de Solos de Angola, de Moçambique e da Carta dos Solos de África. 
Amarilis de Varennes, Presidente do ISA abriu a Conferência, seguindo-se palavras de boasvindas de Ana Costa Freitas, Reitora da UÉvora, Nuno Canada, Presidente do INIAV e Pedro Reis, Presidente da SCAP.

Na parte I da Conferência, Mário de Carvalho (UÉvora), Manuel Ferreira Patrício, Ricardo
Braga (ISA) e Eugénio Sequeira apresentaram temas atuais nas áreas da agricultura e da educação.
Na parte II, ouvimos o testemunho de várias personalidades nacionais que conviveram com Ário Lobo Azevedo, bem como da família.

Ana Costa Freitas encerrou os trabalhos.

Marcelo: Portugueses não entenderiam falta de acordo sobre barragens e floresta


O Presidente da República defendeu convergências de regime sobre a construção de barragens e a reforma florestal, argumentando que, face à seca e aos incêndios, os portugueses não entenderiam que não houvesse um esforço nesse sentido.


11 de dezembro de 2017 às 22:28

"O que aconteceu em Portugal foi tão forte e tão grave, no domínio da seca e, em particular, no domínio das tragédias, que seria quase incompreensível que não houvesse um esforço de entendimento entre os diversos partidos políticos nestes domínios. Os portugueses não perceberiam", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
 
O chefe de Estado, que falava à saída de uma conferência sobre agricultura, esta segunda-feira num hotel de Lisboa, questionou: "O que é que é preciso para se entenderem? É mais seca ainda? É preciso haver mais fogos ainda, mais incêndios ainda? Mas isto é a visão que eu tenho. Não sei se os próprios terão essa visão".
 
No seu entender, "há aqui um horizonte temporal, que é o horizonte do ano que vem, antes de haver eleições, em que é mais fácil haver essas convergências, se houver vontade de um lado e de outro".
 
"Era bom que existissem, a pensar no país. Isso vai depender deles: de um lado dos partidos que integram a maioria parlamentar de apoio ao Governo, vai depender também das oposições, nomeadamente, do principal partido da oposição e da sua liderança. Essa vontade tem de haver, de parte a parte", salientou.
 
Marcelo Rebelo de Sousa referia-se a convergências sobre "investimentos públicos no domínio da água ou, também, no domínio do ordenamento florestal e da reforma florestal". "Se houver vontade, por exemplo, no domínio da água ou na reforma florestal, magnífico", considerou.
 
Caso contrário, prometeu fazer "tudo o que estiver ao seu alcance" enquanto Presidente da República, mas realçou que "não pode substituir-se a essa vontade".
 
O chefe de Estado disse esperar que "não se entre em campanha eleitoral antes do final de 2018" para as eleições europeias e legislativas de 2019.
 
Questionado se exclui um cenário de eleições no próximo ano, respondeu que não vê razões para isso e que "tudo fará para que não haja".
 
Marcelo Rebelo de Sousa já tinha deixado esta mensagem de apelo a convergências na sua intervenção na conferência "A agricultura num mundo em mudança", organizada pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
 
Num discurso de cerca de 40 minutos, o Presidente da República defendeu que, tanto face à seca como aos incêndios, é preciso agir conjunturalmente, com respostas imediatas, e em termos estruturais.
 
No que respeita à seca, sustentou que Portugal precisa de "investimento público em rede de barragens e em barragens em rede", mas que é preciso assegurar "a durabilidade desse tipo de aposta, o que implica portanto uma visão plurianual e, por isso, uma convergência de regime".
 
Quanto aos incêndios, de acordo com o Presidente da República tem de haver "uma intervenção conjuntural que é urgente, é urgentíssima", e no plano estrutural é necessário assegurar que as mudanças de legislatura e de governo não levam ao "repensar da reforma da floresta" agora adoptada. "Não há floresta que resista", observou.
 
O chefe de Estado interrogou-se se "será possível uma convergência de regime neste domínio, ou há visões diversas e essas visões correspondem a soluções conjunturais também diversas?". "O ideal era que houvesse também aqui a estabilidade e a durabilidade de uma convergência de regime", defendeu.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Investimento de 140 milhões de euros para produção de tomate em Cabo Verde


11/12/2017, 19:26

O grupo Trasacco, sediado no Gana, está a planear investir 140 milhões de euros na produção de tomate em Cabo Verde. O projeto, localizado na ilha do Sal, vai criar cerca de 3.600 postos de trabalho.


O grupo Trasacco, com sede no Gana, estima investir em Cabo Verde cerca de 140 milhões de euros num projeto de produção de tomates orgânicos, localizado na ilha do Sal e que deverá criar cerca de 3.600 empregos.

O grupo, através da empresa FOISal, assinou, esta segunda-feira, com o Governo de Cabo Verde um acordo para a cedência de uma parcela de terreno situada a norte da ilha do Sal para a instalação da produção.

O acordo foi assinado, na cidade da Praia, pelo ministro da Economia e Emprego, José Gonçalves, e pelo diretor executivo da FOISal, Ronald Quist.


"Prevê-se um investimento de aproximadamente 140 milhões de euros para a sua total implementação, o emprego de 3.600 trabalhadores, habitação para a maioria deles, exportação de cerca de 150 mil toneladas de tomates por ano, com valor aproximado de 300 milhões de euros", disse Ronald Quist.

A opção pelo Sal baseou-se, segundo o responsável da FOISal, na estabilidade política do país, no ambiente de negócios, na ausência de contaminação agrícola, no clima seco, nas temperaturas regulares ao longo do ano que permitem ciclos de produção anual sem necessidade de estufas, na proximidade do mercado europeu e no mercado de trabalho disciplinado.

"Estes fatores positivos ultrapassaram os desafios inerentes à dessalinização da água do mar para irrigação, fertilização do solo, combate a eventuais insetos, fungos e pragas, infestação de aves e falta de experiência de produção agrícola em grande escala na ilha", acrescentou.

Donald Quist explicou que o investimento está em projeto piloto desde maio de 2017 em um hectare de terreno e com três ciclos de produção por ano para estudar os requisitos técnicos para a obtenção de plantas de tomate de alto rendimento e monitorização de eventuais infestações de insetos, fungos e pragas.

A área será posteriormente alargada para seis hectares para obter certificação de produto orgânico e iniciar a exportação, adiantou o responsável, sem avançar metas para o início das exportações.

Numa segunda fase, acrescentou o responsável, far-se-á "o desenvolvimento rápido de mais de 100 hectares" e, na terceira fase, será feita a expansão do projeto para uma área plantada de até 1.100 hectares, com uma taxa de expansão de plantio de 200 hectares por ano.

O ministro da Economia, José Gonçalves, considerou tratar-se de um "investimento de extrema inovação", numa ilha vocacionada sobretudo para investimentos na área do turismo.

"Vai ser um passo muito grande na diversificação da nossa economia. No Sal, começou-se por implementar o turismo de massas, é o maior destino e, neste momento, estamos perante um investimento na área agrícola, que não é o óbvio, é algo inovador", disse.

O ministro destacou também o facto de o projeto prever a construção de habitações para os trabalhadores.

"Temos grandes desafios [nesta área] no Sal e na Boavista, onde o turismo está a crescer rapidamente, mas tem engendrado grandes desafios para os trabalhadores que têm que vir das outras ilhas", disse.

A falta de habitação para os trabalhadores nas ilhas do Sal e da Boavista tem levado ao crescimento da habitação ilegal e à proliferação de bairros de barracas, que o Governo quer travar.

O grupo Trasacco foi fundado pelo empresário Ernesto Taricone, que em 1967 deixou Itália para se instalar no Gana, onde investiu no setor dos moveis e dos produtos farmacêuticos.

Atualmente, o grupo está avaliado em 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,2 mil milhões de euros) e tem interesses nos setores do imobiliário, hotéis e resorts, construção, produção de materiais de construção, fabricação de alumínio, mobiliário e agricultura.

A Sam Valley Farms, uma das empresas subsidiárias do grupo, exporta 15 contentores de ananás por semana para a Europa, planeando aumentar para 50 contentores por semana até 2019.