quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Seca.Produção de frutos e vinho beneficiada, cereais e azeite prejudicados

 Seca beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite 

O ano agrícola de 2016/2017 ficou marcado pela seca, o que beneficiou algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite, divulgou hoje o INE. "Em termos meteorológicos, o ano agrícola de 2016/2017 caracterizou-se pela ocorrência de baixos valores de precipitação e elevadas temperaturas (a primavera foi a terceira mais quente desde 1931 e o verão o sexto mais quente e o terceiro mais seco desde 2000), o que beneficiou o desenvolvimento de algumas culturas e prejudicou outras), refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua primeira estimativa das contas económicas da agricultura relativas a 2017.

 "Durante este período — acrescenta – foi frequente a completa secagem de charcas e uma grande diminuição do nível das águas subterrâneas, com a consequente redução da disponibilidade de água para as culturas e para os animais". Entre as culturas afetadas negativamente pela seca estão os cereais, cuja produção em 2017 deverá ficar 8,1% aquém, em volume, da do ano anterior, "dado que, à exceção do milho, todos os cereais apresentam menor volume de produção". "A escassez de precipitação, associada a altas temperaturas, interferiu negativamente no desenvolvimento destas culturas, afetando a qualidade", nota o INE, estimando um decréscimo de 0,8% no preço no produtor para os cereais. Ainda assim, refere, prevê-se um acréscimo em volume da produção de milho (+4,2%), já que "o tempo quente e seco não afetou o desenvolvimento desta cultura em regime de regadio". Também prejudicadas pelas condições meteorológicas foram as plantas forrageiras, relativamente às quais se estima um decréscimo em volume (-14,1%), já que a "combinação de altas temperaturas e escassez de precipitação conduziu à antecipação do fim do ciclo vegetativo, com uma redução de matéria verde". 

"Em consequência, os produtores foram obrigados a antecipar o uso de alimentos conservados (fenos e silagens) e a recorrer a alimentos compostos para alimentar os animais", refere o INE, prevendo uma descida dos preços base de 4,3%. Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%) devido, em particular, aos hortícolas frescos, com "destaque" para o tomate, que apresenta um aumento em volume de 4,5%, em "consequência das condições climáticas que permitiram a sementeira e desenvolvimento da cultura". No que respeita aos frutos, o INE perspetiva um "acréscimo significativo" em volume (+17,2%), consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi, frutos de baga e amêndoa, mas uma redução dos preços em relação ao ano anterior (-1,4%), em resultado de uma descida generalizada para todos os frutos, com exceção da maçã. Este ano a produção de kiwi foi "a maior de sempre", tendo atingido as 31 mil toneladas "como resultado do acréscimo de produtividade por hectare e, sobretudo, da entrada em plena produção das plantações recentes". 


Já o calibre dos frutos foi "menor do que o habitual, dada a excessiva quantidade de frutos por árvore, as altas temperaturas e a escassez de precipitação". Quanto às amendoeiras, apresentaram "uma quantidade substancial de frutos" e as previsões apontam para uma produção superior a 20 mil toneladas, uma subida de 255,0% face a 2016 e uma "situação única neste século". Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal de 10,0% e, tendo a vindima sido feita com tempo seco, com uvas em "boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar", são esperados "vinhos de qualidade superior". Já na produção de azeite é expectável um decréscimo de 9,3% da produção em volume e um aumento dos preços de base de 29,6%. 

Segundo o INE, se na campanha atual os olivais regados "atingiram a maturação da maioria dos frutos, perspetivando-se uma produção elevada (aumento de 15,0%)", nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, "a escassa precipitação de setembro e outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior (queda precoce ou engelhamento dos frutos) e afetou negativamente o teor em gordura das azeitonas". Esta redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional (em consequência da redução da oferta dos países produtores e aumento de consumo a nível mundial) geraram um aumento de preços deste produto no ano de 2017. Globalmente, as estimativas do INE apontam para que a produção do ramo agrícola aumente este ano 4,0%, em termos nominais, traduzindo um aumento do volume (+3,9%) e uma estabilização dos preços base (+0,1%). Já a evolução dos preços no produtor (+0,6%) deverá ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).

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