sábado, 19 de janeiro de 2019

Maioria das espécies de café está em risco de extinção a


Até 2088, a produção de café poderá diminuir em pelo menos 50%


Dos 124 tipos de café existentes no planeta, 60% está em vias de extinção, revela um estudo publicado na revista Science Advances.Isto significa que, até 2088, a produção de café poderá diminuir em pelo menos 50%.

O estudo, levado a cabo pelo Royal Botanic Gardens de Kew, no Reino Unido, revela que a desflorestação, a propagação de doenças e as alterações climáticas são as principais causas deste problema. Os investigadores defendem que as medidas preventivas implementadas até agora são "inadequadas", pois 28% das espécies de café silvestre crescem fora das áreas protegidas e só 50% estão nos bancos de sementes para preservação.

"Se não fosse pelas espécies selvagens, hoje não teríamos tanto café no mundo para beber. Se olharmos para a história do cultivo de café, nós usamos as espécies silvestres para tornar a recolha do café mais sustentável", disse à BBC, Aaron Davis, um dos responsáveis pelo estudo.

De acordo com a mesma publicação, esta é a primeira vez que o café entra no ranking oficial da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.

Mas o que é o café silvestre? Será que o usamos no dia-a-dia? A maioria não sabe, mas a verdade é que só consumimos duas espécies de café – Arabica e Robusta – das centenas disponíveis. Tendo em conta o consumo mundial de café, os investigadores acreditam que, a longo prazo, teremos de recorrer às espécies selvagens. A maioria destes tipos de café encontra-se nas florestas remotas de África e na ilha de Madagáscar, mas também pode ser encontrado em climas tropicais como a Índia, o Sri Lanka e a Austrália.

Ministério diz que execução de apoios ao desenvolvimento rural termina em 2023

17 jan 2019 19:33

O Ministério da Agricultura respondeu hoje às críticas da CAP – Confederação de Agricultores de Portugal sobre atrasos na execução do Programa de Desenvolvimento Rural, esclarecendo que o período para utilização dos apoios termina em 2023 e não 2020.
 Ministério diz que execução de apoios ao desenvolvimento rural termina em 2023
Inforpress

"A CAP está a criticar neste momento a execução de um programa cujo encerramento terá lugar apenas em 2023", reage o Ministério de Capoulas Santos em comunicado.

"Contrariamente ao que a CAP afirma, o período para utilizar as verbas do Programa de Desenvolvimento Rural [PDR 2020] termina em 2023 e não em 2020", uma vez que este último é referente ao limite para contratação de projetos, cuja execução poderá estender-se até 2023, acrescenta a tutela.

A resposta surge depois de o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, ter reafirmado hoje, em Vila Flor, Trás-os-Montes, que Portugal poderá ter de devolver dinheiro à União Europeia (UE) por falta de execução das ajudas comunitárias.

Segundo o Ministério da Agricultura, "quem devolveu dinheiro a Bruxelas por não utilização (mais de 20 milhões de euros) foi o anterior governo, situação que mereceu, nessa altura, o elogio da CAP, que se esqueceu de alertar os agricultores para o problema no momento adequado".

O ministério de Capoulas Santos salienta ainda que a taxa de execução do PDR 2020 "apresenta um avanço de oito meses comparativamente a igual período de execução do programa gerido pelo anterior governo".

"Portugal está, neste momento, entre os Estados-membros da União Europeia com melhor nível de execução do Programa de Desenvolvimento Rural, tendo já ultrapassado a fasquia dos 50% de execução (51,3%)", reafirma a tutela.

Segundo avança, estão já "contratados e pagos, ou a pagamento, mais de 29 mil projetos, a que corresponde um apoio público superior a 2 mil milhões de euros para um investimento total que ultrapassa os 3,2 mil milhões de euros".

Depois de "Casados à Primeira Vista", vem aí "Quem Quer Namorar com o Agricultor?"


17 JAN 2019 15:43

"Quem Quer Namorar com o Agricultor?" deverá ser a nova aposta da SIC.
 Depois de 
Depois de "Casados à Primeira Vista" e de "O Carro do Amor", a SIC já está a preparar um novo reality show. O canal de Carnaxide vai apostar em "Quem Quer Namorar com o Agricultor?" (nome provisório), uma versão do programa britânico "The Farmer Wants a Wife".

As inscrições já se encontram abertas. Para já, o programa não tem data de estreia prevista.

No formato, as concorrentes têm de se submeter a provas ligadas com o mundo da agricultura e conquistar o coração de um agricultor. No Reino Unido, "The Farmer Wants a Wife" conta com nove temporadas.

Portugal pode ter de devolver verbas para a agricultura


Em causa a falta de execução. Só executou ainda metade (50%) das verbas disponíveis no chamado segundo pilar da política Agrícola Comum (PAC), destinadas a novos projetos e jovens agricultores

2019-01-17 13:36 / ALM com Lusa

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, alertou hoje que Portugal pode ter de devolver dinheiro à União Europeia por falta de execução das ajudas a projetos agrícolas.

Segundo o dirigente, a dois anos do fim do Quadro Comunitário de Apoio, Portugal só executou ainda metade (50%) das verbas disponíveis no chamado segundo pilar da política Agrícola Comum (PAC), destinadas a novos projetos e jovens agricultores.

O presidente da CAP falava em Trás-os-Montes, numa sessão de esclarecimento com os agricultores, em Vila Flor, em que ressalvou que o setor aproveita "bem as verbas, o problema às vezes está no segundo pilar onde estão os investimentos".

Segundo disse, "há um programa específico, o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) que tem uma carga administrativa muito grande e está a provocar atrasos no pagamento dessas ajudas aos agricultores, nomeadamente na instalação dos jovens, o pagamento às ajudas aos investimentos, os projetos como lhe chamam".

"Aí há alguma apreensão porque já estamos apenas a dois anos do final e ainda não temos 50% dos valores pagos aos agricultores", vincou.

A Confederação está a pedir aos agricultores que lhes forneçam "informações detalhadas sobre quem tem projetos nessa condição, pediu o pagamento e não veio, pediu a aprovação do seu projeto e não veio", acrescentou Eduardo Oliveira e Sousa.

Queremos saber porquê para podermos montar um dossier para levar ao senhor ministro da Agricultura e de uma forma muito objetiva dizer: nesta região há tantos projetos e os problemas que estão identificados são estes", especificou.


O presidente da CAP sublinhou que "há ministérios distintos" nestes processos de candidaturas "que dificultam" o seu desenvolvimento e deu o exemplo de "um licenciamento para uma situação hidráulica que obriga a um parecer ou a uma autorização do Ministério do Ambiente (que) pode emperrar o processo".

O dirigente alertou que, se Portugal chegar "ao fim do programa e o dinheiro não tiver sido utilizado em prol dos agricultores, é devolvido".

Se nós devolvermos dinheiro a Bruxelas, Bruxelas diz assim; então porque é que querem mais para a próxima, vocês não foram capazes de utilizar aquilo que havia?", enfatizou.

Esta questão, de acordo com o presidente da CAP, pode influenciar o resultado das negociações em curso para as verbas destinadas ao segundo pilar no próximo quadro comunitário.

Há uma redução prevista do orçamento da União Europeia e um aumento da componente que tem de ser assegurada pelo país, o que significa, como explicou, que Portugal tem de duplicar a comparticipação nacional de 730 milhões de euros para o dobro.

Há neste momento uma certa expectativa sobre se o pacote financeiro se mantém ou se não. Estamos em crer que sim, mas mesmo assim vai haver algumas alterações dos valores e é preciso as pessoas começarem a ter ideia do que é que isso significará nas suas explorações", declarou Eduardo Oliveira e Sousa.

Já no primeiro pilar da PAC, relacionado com as ajudas diretas aos produtos e animais, o dinheiro é totalmente da União Europeia e Portugal até vai receber mais, no âmbito da convergência, como indicou.


A ação de hoje em Vila Flor insere-se num conjunto de reuniões anuais que a Confederação realiza com os agricultores por todo o país para dar esclarecimento e receber informações das realidades locais.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Bactéria que destrói oliveiras está em Portugal e não há tratamento


Apesar de Portugal manter desde 2014 um programa nacional de prospecção da bactéria, Xylella fastidiosa surge ano e meio depois de ter aparecido num amendoal na província espanhola de Alicante.

Carlos Dias 17 de Janeiro de 2019, 6:15 Partilhar notícia

No modelo superintensivo de olival, extremamente concentrado, as árvores distam apenas 70 centímetros umas das outras NUNO FERREIRA SANTOS
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A notícia correu célere. A perigosa bactéria Xylella fastidiosa chegou a Portugal, mais precisamente a um viveiro de Vila Nova de Gaia. É temida em toda a Europa desde que foi detectada, pela primeira, na região da Apúlia (Itália), província de Lecce, em 2013, onde afectou uma vasta área de olival. Já rondava Portugal há algum tempo, mas agora chegou, "à boleia" de plantas do género Lavandula, planta ornamental vulgarmente conhecida por "lavanda", mas que não apresentam sintomatologia da doença. Porém, a sua presença em território nacional é o suficiente para deixar muitos produtores assustados.

Maria do Rosário Félix, responsável pelo laboratório de micologia do ICAAM — Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora, já recebeu a informação que tinha previsto receber, há um ano, quando reconheceu que "há a consciência de que a curto prazo a doença vai chegar a Portugal". Chegou a Vila Nova de Gaia, mas a investigadora não acredita que fique configurada: "A bactéria vai espalhar-se ou até já estará disseminada." Frisa que, quando o insecto vector é infectado pela Xylella, mantém a bactéria, enquanto estiver vivo.


O vento e as correntes de ar farão o resto, arrastando a propagação de "Gaia para Évora ou até mais além" admite a investigadora. E como as plantas infectadas pela bactéria não têm tratamento, nem se pode recorrer aos antibióticos, que não devem ser usados em produtos agrícolas, o caminho passa pela prevenção. As consequências irão reflectir-se nas plantas mediterrânicas — oliveiras, amendoeiras, vinha, citrinos — que se destacam pelo seu grande peso e importância económica. Nos trabalhos de campo que tem realizado, a investigadora do ICAAM diz já ter sido detectado o insecto vector no interior alentejano, sobretudo na raia com Espanha. "Mas não está infectado", vinca Maria do Rosário, admitindo que não é difícil o contágio.



O trabalho que tem desenvolvido na busca de um antídoto para a Xylella fastidiosa vai no sentido de obter algo que seja como que uma espécie de vacina, mas que nunca vai poder funcionar em árvores adultas infectadas. A sua expectativa leva-a a reservar uma secreta esperança na capacidade de tolerância das nossas culturas à bactéria, sobretudo nos novos olivais, por serem bem tratados e estarem assentes em tecnologia de ponta. 

Mas tem consciência que muitas espécies vegetais que fazem parte da flora mediterrânica que são hospedeiras desta bactéria podem servir de repositório à bactéria que foi detectada pelos serviços da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). A amostra foi colhida pelos serviços da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte no âmbito do Programa Nacional de Prospecção de X. fastidiosa, referem os serviços em comunicado.

A análise positiva foi obtida pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e confirmada pelo Laboratório Europeu de Referência (ANSES), aguardando-se informação relativamente à estirpe da bactéria. A DG Sante (Direcção-Geral da Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Europeia) foi já informada da situação e a DGAV está a preparar a respectiva notificação fitossanitária Europhyt. As autoridades nacionais desencadearam já todas as acções recomendadas, tendo em vista a identificação e contenção da situação, asseguram.

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Bactéria que destrói oliveiras já chegou a Madrid. Falta pouco para alcançar Portugal
Bactéria que destrói oliveiras já chegou a Madrid. Falta pouco para alcançar Portugal
O local de colheita da amostra foi já inspeccionado por uma brigada mista de técnicos da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, que "procederam ao levantamento da situação e à colheita de amostras, tendo sido determinada a destruição das plantas".

O comunicado publicado na página da DGAV salienta que os trabalhos de levantamento de plantas sensíveis num raio de 100 metros (denominada "zona infectada") e a respectiva colheita de amostras "vão prosseguir ao longo dos próximos dias". Em paralelo com esta operação vai ter início o processo de identificação da flora sensível ao agente bacteriano num raio de cinco quilómetros (considerada a zona tampão), que será levado a cabo em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e com as câmaras de Vila Nova de Gaia e de Gondomar. Será também divulgado um edital referente à zona demarcada, constituída pela zona infectada e pela zona tampão, identificando a área em causa.

Face à evolução da situação, foi entretanto aprovada e publicada a Decisão de Execução (EU) 2015/2417 da Comissão Europeia, uma lista de géneros e espécies hospedeiras identificadas como susceptíveis às subespécies da bactéria Xylella fastidiosa. Estas espécies "só podem circular na União Europeia desde que acompanhadas de passaporte fitossanitário, quer tenham sido ou não provenientes de zonas demarcadas". Resta saber de onde e de que forma as plantas de lavanda, portadoras da perigosa bactéria, entraram em Portugal e se vinham acompanhadas de passaporte fitossanitário.

A DGAV define a Xylella fastidiosa como uma bactéria que "ataca uma vasta gama de espécies vegetais", como plantas ornamentais e árvores, como oliveiras, videiras, amendoeiras e até o sobreiro, classificando-a como "um dos principais problemas fitossanitários emergentes das últimas décadas".

Alentejo apreensivo

As consequências mais dramáticas da chegada da bactéria a Portugal podem concentrar-se sobretudo no Alentejo, onde foram plantadas ao longo dos últimos 15 anos muitas dezenas de milhões de oliveiras, amendoeiras e outras árvores de fruto que são o habitat ideal para a propagação de uma praga que já preocupa os olivicultores alentejanos, sobretudo os que exploram grandes áreas de olival intensivo e superintensivo.


A consternação e o receio das incalculáveis consequências alertaram a Olivum — Associação de Olivicultores do Sul para a necessidade de realizar as suas IV Jornadas, em Setembro de 2017, com o objectivo de debater os impactos da doença no novo modelo de olival intensivo. Ficou patente o grau de desconhecimento dos efeitos da bactéria em olivais que estão extremamente concentrados, com árvores distanciadas apenas 70 centímetros umas das outras. O facto de se tratar de culturas tecnologicamente avançadas, com um nível de tratamento fitossanitário muito elevado, não garantia que pudessem escapar às investidas da Xylella fastidiosa.


João Cortez de Lobão, na altura presidente da Olivum, não tinha dúvidas de que, com o alastramento da doença a países da Europa (Itália, França e Espanha), "chegará, mais tarde ou mais cedo a Portugal". "Portanto, temos de estar [alerta], para poder travar o avanço dessa bactéria." Prevendo um cenário que já considerava como muito provável, Cortez Lobão, proprietário de uma exploração de olival superintensivo com mais de mil hectares de área no concelho de Serpa, deixava um aviso: "É necessário que sejam implementadas medidas que obriguem os olivicultores a informar, assim que desconfiarem que uma árvore está infectada, para que as autoridades possam controlar a zona e travar o contágio." O que então se estava a passar em Itália era esclarecedor: as oliveiras tinham de ser arrancadas e queimadas, exigência que levou muitos agricultores, em desespero, a esconderem a propagação do surto da doença às suas explorações.

Só quando a bactéria chegar ao Alentejo é que se saberá como se irão comportar as oliveiras, as amendoeiras, as vinhas, os citrinos e até os sobreiros quando o insecto vector as procurar para deixar a Xylella fastidiosa, ano e meio depois de ter contaminado amendoeiras na província espanhola de Alicante. 

Governo divulga mapa das freguesias prioritárias para a limpeza de combustível



O Governo divulgou hoje o mapa (em anexo) das freguesias de 1ª e 2ª prioridade para limpeza no âmbito do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (SNDFCI). Trata-se de um Despacho conjunto do Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, e do Secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, que define igualmente os prazos para a realização das ações de fiscalização que devem incidir sobre as áreas prioritárias.
O Despacho determina que a fiscalização da limpeza de terrenos confinantes a edificações (numa faixa 50 metros); aglomerados populacionais e áreas industriais (numa faixa de 100 metros) se efetue entre os dias 01 de abril e 31 de maio. O Despacho determina igualmente que a fiscalização da limpeza das faixas de proteção das redes viária e ferroviária e das linhas de transporte e distribuição de energia elétrica seja efetuada entre os dias 01 e 30 de junho.
Considerando que as alterações climáticas e os fenómenos atmosféricos extremos obrigam ao cumprimento firme das normas do SNDFCI, o Despacho define orientações no domínio da fiscalização, respondendo, em especial, aos prazos mais exigentes para a execução da limpeza dos terrenos previstos na Lei do Orçamento de Estado para 2019.
O documento sublinha ainda que a definição das prioridades não isenta os agentes fiscalizadores do cumprimento de todas as disposições previstas no SNDFCI, não limitando a fiscalização às áreas e períodos referidos.
O diploma considera como áreas prioritárias para efeitos de fiscalização de gestão de combustível as freguesias de 1º e 2º prioridade, de acordo com a classificação feita pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (em anexo), as áreas confinantes a edificações, os aglomerados populacionais, as áreas industriais, as redes viária e ferroviária e as linhas de transporte e distribuição de energia elétrica.
Lisboa, 16 de janeiro de 2019

VER LISTA DAS FREGUESIAS: https://dre.pt/application/conteudo/117928012

Limpeza de terrenos florestais tem de estar concluída até 31 de março


16 jan, 2019 - 10:43 • André Rodrigues

A limpeza tem de ser feita numa faixa entre 10 e 50 metros, estendendo-se aos 100 perto de habitações e zonas industriais. Numa segunda fase, avança a fiscalização da limpeza nas redes viária, ferroviária e linhas de energia elétrica.
Foto: Arménio Belo/Lusa

O Governo dá até 31 de março para que os proprietários procedam à limpeza dos terrenos florestais. O prazo é revelado à Renascença pelo secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, nesta quarta-feira, dia em que é conhecido o mapa das freguesias prioritárias para a limpeza de combustível.

Passada esta fase de remoção dos resíduos florestais, o despacho, assinado em conjunto com o secretário de Estado da Proteção Civil, determina a limpeza numa faixa de 10 a 50 metros, "sendo obrigatoriamente de pelo menos 50 metros no caso de terrenos ocupados com floresta" e de "100 metros", perto de habitações e zonas industriais, que são áreas consideradas de intervenção prioritária.

Numa segunda fase, entre 1 e 30 de junho, avança "a fiscalização da limpeza das faixas de proteção da rede viária, ferroviária e das linhas de transporte e distribuição de energia elétrica".

No entanto, o secretário de Estado das Florestas lembra que "as populações devem limpar os seus terrenos até 31 de março", momento a partir do qual tem início "um período de fiscalização que visa essencialmente os pontos críticos".

Miguel Freitas mostra-se confiante quanto ao cumprimento e à eficácia deste calendário, sublinhando que "no ano passado, dos 55 mil hectares que foram limpos pelos municípios - que tiveram de se substituir aos proprietários - 83% (cerca de 1.100 freguesias) correspondiam a zonas de intervenção prioritária".

Questionado sobre a aplicação de coimas a proprietários por incumprimento dos prazos estipulados para a limpeza de terrenos, o secretário de Estado das Florestas lembra que "a ideia-chave é sensibilizar as populações das zonas de risco para que limpem os seus terrenos" e não fazer as contas às multas cobradas, tanto mais que "essa é uma matéria da competência do ministério da Administração Interna".

Alimentar planeta exige dieta com menos carne e mais verduras e fruta

17.01.2019 às 8h38

A mudança, para o consumo de alimentos mais saudáveis, também vai evitar a morte prematura de 11 milhões de pessoas em cada ano, reduzindo a morte de adultos entre 19% e 23,6%

Lusa

Alimentar os 10 mil milhões de pessoas do planeta em 2050 só será possível com uma dieta sustentável, reduzindo para metade o consumo de carne vermelha e açucares e duplicando o uso de frutos secos, legumes e fruta.

O diagnóstico, divulgado esta quinta-feira, faz parte de um relatório de uma comissão de especialistas da revista científica Lancet, segundo o qual o planeta não terá capacidade de alimentar tantas pessoas sem uma transformação dos hábitos alimentares, uma melhoria na produção e uma redução do desperdício.

E essa mudança, para o consumo de alimentos mais saudáveis, também vai evitar a morte prematura de 11 milhões de pessoas em cada ano, reduzindo a morte de adultos entre 19% e 23,6%.

Segundo os especialistas, uma dieta-padrão saudável e planetária consistirá em aproximadamente 35% das calorias provenientes de grãos integrais e tubérculos, em ter nas plantas a principal origem da proteína (incluindo-se apenas cerca de 14 gramas de carne vermelha por dia), e no consumo de 500 gramas de vegetais e frutas por dia.

É esta mudança nos hábitos alimentares que levará à diminuição em 50% do consumo de carne vermelha e açúcar e a um aumento de 50% de consumo de frutos secos, verduras, legumes e fruta.

Esta mudança, diz-se no relatório, garante um sistema alimentar mundial e não põe em causa os limites do planeta na produção de alimentos, tendo em conta por exemplo as alterações climáticas, a perda de biodiversidade, o uso da terra e da água e o ciclo dos nutrientes.

TRÊS MILHÕES SOFREM DE DESNUTRIÇÃO
E essa mudança, segundo o documento, é "urgentemente necessária", já que mais de três mil milhões de pessoas sofrem de desnutrição e a produção de alimentos está a exceder a capacidade do planeta, impulsionando as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e o aumento da poluição pelo uso excessivo de fertilizantes.

O relatório da Comissão EAT, da Lancet, propõe uma dieta baseada em alimentos à base de plantas e com pouca quantidade de alimentos de origem animal, de grãos refinados, comida altamente processada e açucares.

"As dietas atuais estão a levar a Terra além dos seus limites ao mesmo tempo que causam problemas de saúde. Tal coloca ambos, pessoas e planeta, em risco", diz o documento.

Tim Lang, da Universidade de Londres, um dos membros da comissão, diz que "os alimentos que comemos e a forma como os produzimos determinam a saúde das pessoas e do planeta, e atualmente estamos a fazer isto de forma muito errada".

A Comissão EAT é um projeto a três anos que reúne 37 especialistas de 16 países, com experiência em saúde, nutrição, sustentabilidade ambiental, sistemas alimentares, economia e governança política.

No relatório, os responsáveis salientam que o aumento da produção alimentar nos últimos 50 anos contribuiu para o aumento da esperança de vida, e para a redução da fome, da mortalidade infantil e da pobreza global, mas notam que esses benefícios estão agora a desviar-se para dietas pouco saudáveis, altas em calorias, açucares, amidos refinados e excesso de carne, e baixo teor de frutas, legumes, grãos integrais, frutos secos, sementes e peixe.

Atualmente, diz-se no documento, os países da América do Norte comem quase 6,5 vezes mais carne do que o recomendado, enquanto no sul da Ásia se come metade do que era suposto. Todos os países estão a comer mais vegetais ricos em amido, como a batata e a mandioca, do que o recomendado, 1,5 vezes mais no sul da Ásia ou 7,5 vezes mais na África subsaariana.

No modelo proposto aumenta-se o consumo de ácidos polinsaturados saudáveis e reduz-se o consumo de gorduras saturadas, e aumenta-se também a ingestão de micronutrientes essenciais como o ferro, o zinco, o ácido fólico, a vitamina A e o cálcio. A falta de vitamina B12 (muito presente em alimentos de origem animal) poderá ter de ser compensada.

DESPERDÍCIO ALIMENTAR REDUZIDO PARA METADE
Os autores notam ainda que é necessário descarbonizar mais rápido do que o previsto o sistema energético, para permitir alimentar 10 mil milhões de pessoas em 2050 sem produzir mais gases com efeito de estufa. E que é preciso reduzir a perda de biodiversidade e o uso de fósforo (fertilizantes) e não aumentar o uso de azoto (em fertilizantes também).

E propõem que sejam criadas políticas para encorajar as pessoas a escolher dietas saudáveis, restrições de publicidade e campanhas de educação. Depois os preços dos alimentos devem refletir os custos de produção, mas também os custos ambientais, pelo que pode haver aumento dos custos para consumidores, podendo ser necessárias políticas de proteção social.

E o desperdício alimentar deve ser reduzido pelo menos a metade. Notam os responsáveis que esse desperdício acontece em países pobres durante a produção, devido a mau planeamento, falta de acesso a mercados e falta de estruturas de armazenamento e processamento.

Nos países ricos o desperdício é causado sobretudo pelos consumidores e pode ser resolvido com campanhas que melhorem hábitos de compra, o entendimento dos rótulos, e o armazenamento, preparação, proporções e uso de sobras.

A Lancet lançará este ano vários relatórios, o próximo, no final do mês, será sobre obesidade, desnutrição e alterações climáticas.

Depois da Internet das Coisas eis-nos perante a Internet das Vacas


05.01.2019 às 18h00


São vacas totalmente tecnológicas que emitem informação em tempo real para o dono da manada. Estão ligadas via wi-fi à base de dados do agricultor, que fica imediatamente a saber se estão satisfeitas ou agitadas, doentes ou robustas, se saltaram a cerca ou, simplesmente, se estão prontas para dar à luz. Chegou a era da agricultura de precisão, com as vacas a produzirem mais e com mais qualidade
Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
texto

Deambulam pelos pastos verdejantes munidas de sensores nas orelhas, à volta do pescoço, nas patas e também na cauda. As 'vacas tecnológicas' enviam informação em tempo real para a aplicação que o agricultor tem no seu smartphone sobre a temperatura do corpo, sobre os tempos de ruminação, as horas que passam a comer, os passos que dão, os trajetos que fazem e ainda sobre as vezes que levantam a cauda para expelir fezes, o que significa emissões de gás metano.

O que é que isto tem a ver connosco? Muito, especialmente se pensarmos que a informação enviada pelas vacas para a base de dados da exploração agrícola pode ajudar a ter animais mais saudáveis, mais robustos, mais eficientes e mais produtivos, o que, no fim do dia, pode significar leite ou carne de melhor qualidade à mesa do consumidor, com a certeza de que esses produtos vieram de uma exploração mais amiga do ambiente.

O NEGÓCIO FLORESCENTE DAS VACAS TECNOLÓGICAS
Por outro lado, a internet das vacas, que nasce do conceito da internet das coisas – vulgarizado pela expressão em inglês Internet of Things (IoT) - está a fazer despontar uma nova e florescente área de negócios: a venda de dispositivos eletrónicos e sistemas de informação para as grandes explorações agrícolas.

A IoT fornece dados sobre objetos e a internet das vacas envia dados sobre as manadas, permitindo a análise pormenorizada sobre o estado de saúde e sobre o comportamento de cada animal.

Os fornecedores tradicionais de fertilizantes e sementes, hoje já vendem também uma vasta gama de aparelhos para aplicar nas vacas e nas maquinarias agrícolas em geral, o que está também a contribuir para o surgimento de novas profissões tecnológicas ligadas à agricultura

"Estamos claramente na era da agricultura de precisão, com a chegada em força da digitalização ao mundo rural", frisa Ricardo Braga, professor do Instituto Superior da Agronomia e especialista em agricultura de precisão.

Explica que, como o agricultor está sempre a tomar decisões, com o manancial de informação que todos os dispositivos colocados nos animais lhe enviam em tempo real, "a sua intervenção no processo produtivo passa a ser feita com muito mais precisão e eficácia".

SE ESTÁ AGITADA, OU ESTÁ COM O CIO OU QUER PARIR
Por exemplo, se uma vaca emite sinais de alterações significativas na temperatura do seu corpo, o agricultor sabe de imediato que aquele animal em concreto pode estar doente e, assim sendo, será tratado de imediato.

Imagine-se, por outro lado, que uma vaca está mais agitada que de costume, dando indicações de trajetórias erráticas ou de que dá mais passos que o habitual, "provavelmente está com o cio ou, se já está prenha, pode ser um sinal de que está prestes a parir".

Ricardo Braga nota que a partir de agora o produtor de gado passa a dispor de um manancial 'brutal' de informação sobre os seus animais como nunca teve no passado. Resta agora saber tratar toda essa informação e, dessa forma, obter melhores níveis de conforto para os animais, mais produtividade por cabeça e mais rentabilidade por exploração.

Em Portugal já há algumas experiências em curso no Alentejo, na zona de Évora, com algumas manadas de animais. São casos isolados mas, em termos de agricultura de precisão, atualmente haverá, segundo o professor do ISA, perto de 40 grandes empresários do sector a utilizar já algumas tecnologias.

AGRICULTURA DE PRECISÃO JÁ VALE €3 MIL MILHÕES
A nível global os investimentos em agricultura de precisão representaram, em 2016, quase €3 mil milhões, segundo uma empresa de dados sedeada na Califórnia (Estados Unidos). Alguns analistas do sector, estimam que dentro de cinco anos, este conceito poderá valer qualquer coisa como €7 mil milhões e com tendência para continuar a aumentar.

Afinal de contas, e ainda de acordo com Ricardo Braga, a digitalização dos processos produtivos da agricultura vai de encontro às recomendações da FAO (organismo das Nações Unidas para a alimentação): com a população mundial a aumentar e a procura de alimentos a subir – e menos pessoas a produzir -, só uma gestão mais eficiente e mais inteligente poderá dar uma resposta adequada a esta nova realidade.

"Uma coisa é certa: com tantas vantagens associadas à agricultura de precisão, quem não souber tirar partido das tecnologias que já estão disponíveis em termos de digitalização da atividade produtiva dos campos vai ficar, seguramente, a perder".

O problema é que a maioria dos agricultores, tanto em Portugal, como no resto da Europa, têm explorações de pequena dimensão e, regra geral, não dispõem de recursos financeiros suficientes para se equiparem do ponto de vista tecnológico. "Por isso mesmo, é importante que o futuro pacote de Política Agrícola Comum (PAC) já inclua apoios específicos para este efeito, dirigidos aos pequenos agricultores", acrescenta Ricardo Braga.

GANHOS DE 30% NAS PRODUÇÕES AGRÍCOLAS
Este professor do ISA, que também faz parte do grupo de peritos da PAC, está ciente de que não há volta a dar em matéria de agricultura de precisão. "A digitalização do processo produtivo na agricultura disparou, à escala mundial, nos últimos quatro/cinco anos, depois de muito ceticismo. Mas os produtores já perceberam que só têm a ganhar pois, com a gestão minuciosa das suas explorações, conseguem identificar problemas atempadamente, isolá-los e solucioná-los de imediato, ganhando com isso tempo e dinheiro, reduzindo simultaneamente os custos ambientais".

Há relatos de casos internacionais que apontam para ganhos de produtividade – com a aplicação de suportes digitais na agricultura – da ordem dos 30%.

Ricardo Braga diz mesmo que o avanço tecnológico é tão rápido, neste domínio, que chega a ultrapassar a própria investigação. "Há tecnologias que alguns agricultores já adquiriram, que ainda nem sequer são utilizadas a 100% por ninguém estar ainda devidamente preparado para as utilizar em pleno", remata o professor.

A coisa mais importante que temos de fazer em 2019? Comer menos carne, diz o Guardian

A industrialização da agricultura tem tido um grande peso no ambiente

Joana Marques Alves


Usar menos automóveis, reciclar os materiais, evitar o uso de plástico. Tudo isto são princípios que devemos adotar. Mas, segundo o jornal britânico Guardian, com a chegada do novo ano existe uma regra que todos devemos, a partir de agora, aplicar: comer menos carne.

"Vários estudos revelados durante o ano passado põem a nu o impacto do consumo de carne, principalmente carne de vaca e porco, no ambiente, enquanto fatores relevantes para as alterações climáticas e para a poluição da terra e da água", lê-se num artigo publicado no início deste ano.

Numa altura em que estamos perto de sofrer uma das maiores crises de extinção de espécies desde o tempo dos dinossauros – uma "aniquilação biológica", dizem os cientistas -, os animais de criação e os seres humanos perfazem 96% de todos os mamíferos. Esta criação 'desmesurada' traz graves consequências para o planeta: a desflorestação e as emissões de gases têm um impacto na formação do efeito de estufa semelhante à totalidade dos gases emitidos por todos os carros, autocarros e aviões do mundo, revela a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Além disso, a industrialização da agricultura implica o uso de fertilizantes e outros químicos, por forma a satisfazer as necessidades da população mundial. Isso leva a um aumento da poluição dos solos, dos rios e, em ultima instância, dos oceanos.

Recorde-se que, em outubro, uma equipa de cientistas já tinha publicado na revista Nature que era obrigatório diminuir o consumo de carne o quanto antes. O especialistas defendiam que era necessário reduzir 90% do consumo de carne nos países ocidentais. "Estamos mesmo a arriscar a sustentabilidade de todo o sistema. Se estamos interessados em que as pessoas consigam comer e produzir, temos mesmo de reduzir o consumo de carne", referiam os autores da investigação.

E o que pode ser feito? Já na altura, os autores do estudo defendiam que a solução passavam pela imposição de novas políticas de educação e taxas para controlar o uso de químicos, a criação de animais e o consumo de carne em si.

"Alimentar uma população mundial de dez mil milhões de pessoas é possível, mas só se mudarmos a forma como comemos e produzimos os nossos alimentos", afirmou na altura o professor do Instituto Potsdam para o Estudo do Impacto Ambiental (Alemanha), Johan Rockström, um dos autores da investigação.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Bactéria que destrói oliveiras chegou a Portugal através de plantas ornamentais


Apesar de Portugal manter desde 2014 um programa nacional de prospecção da bactéria, ela surge ano e meio depois de ter aparecido num olival na província espanhola de Alicante.

Carlos Dias 16 de Janeiro de 2019, 13:23 Partilhar notícia

A bactéria Xylella fastidiosa, que ataca oliveiras e amendoeiras, era há muito temida. Já rondava Portugal há algum tempo mas agora chegou, concretamente a Vila Nova de Gaia, à "boleia" de plantas do género Lavandula, planta ornamental vulgarmente conhecida por lavanda, mas que não apresentam sintomatologia da doença. Porém, a sua presença em território nacional é o suficiente para deixar muitos produtores assustados.

Desde que a bactéria foi detectada, pela primeira na Europa, na região da Apúlia (Itália), Província de Lecce, afectando uma vasta área de olival, que a sua presença nos olivais portugueses, era esperada com grande apreensão.

<i>Drones</i> e aviões são solução para prevenir doença bacteriana que arrasa olivais
Drones e aviões são solução para prevenir doença bacteriana que arrasa olivais



A sua chegada a Portugal foi detectada pelos serviços da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que identificaram na cidade nortenha "plantas portadoras da bactéria Xylella fastidiosa". A amostra foi colhida pelos serviços da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte no âmbito do "Programa Nacional de Prospecção de X. fastidiosa", referem aqueles serviços através de comunicado.



A análise positiva foi obtida pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e confirmada pelo Laboratório Europeu de Referência (ANSES), aguardando-se informação relativamente à estirpe da bactéria. A DG Sante (Direcção-Geral da Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Europeia) foi já informada da situação e a DGAV está a preparar a respectiva notificação fitosanitária Europhyt. As autoridades nacionais desencadearam já todas as acções recomendadas tendo em vista a identificação e contenção da situação, asseguram em comunicado.

O local de colheita da amostra foi já inspeccionado por uma brigada mista de técnicos da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, que "procederam ao levantamento da situação e à colheita de amostras, tendo sido determinada a destruição das plantas."

O comunicado publicado na página da DGAV salienta que os trabalhos de levantamento de plantas sensíveis num raio de 100 metros (denominada zona infectada) e a respectiva colheita de amostras "vão prosseguir ao longo dos próximos dias". Em paralelo com esta operação, vai ter início o processo de identificação da flora sensível ao agente bacteriano num raio de cinco quilómetros (considerada a zona tampão), que será levado a cabo em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e com as Câmaras Municipais de Vila Nova de Gaia e de Gondomar. Será também divulgado um edital referente à Zona Demarcada, constituída pela zona infectada e pela zona tampão, identificando a área em causa.

Recorde-se que face à evolução da situação, foi entretanto aprovada e publicada a Decisão de Execução (EU) 2015/2417 da Comissão Europeia que lista géneros e espécies hospedeiras identificadas como susceptíveis às subespécies da bactéria detectada no território da União Europeia. Estas espécies "só podem circular na União Europeia desde que acompanhadas de passaporte fitossanitário, quer tenham sido ou não provenientes de zonas demarcadas."

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Resta agora apurar, se as plantas de lavanda, portadoras da bactéria Xylella fastidiosa, entraram em Portugal com ou sem passaporte fitossanitário.

Alentejo apreensivo
As consequências mais dramáticas da chegada da bactéria Xylella Fastidiosa a Portugal podem concentrar-se sobretudo no Alentejo, onde estão concentradas dezenas de milhões de oliveiras, amendoeiras e outras árvores de fruto que são o habitat ideal para a propagação de uma praga que já preocupa os olivicultores alentejanos, sobretudo os que exploram grandes áreas de olival intensivo e superintensivo.


Portugal implementou, desde 2014, um programa nacional de prospecção anual desta bactéria, que até há poucos dias não tinha sido assinalada em território nacional.

O género Xylella, identificado por Wells et al. (1987), é composto por uma única espécie, a Xylella fastidiosa. A espécie inclui várias estirpes, e caracteriza-se por um crescimento lento em meios de cultura.

As colónias crescem em meios artificiais, a 26-28°C, a pH entre 6, 5-6, 9, podem ser lisas ou rugosas, opalescentes e circulares. É uma bactéria vascular que vive no xilema das plantas, sendo transmitida por insectos.

De acordo com trabalhos de sorologia e tipagem genética, as suas estirpes foram divididas em cinco subespécies: Xylella fastidiosa subsp. piercei (que escolhe estirpes de videira), Xylella fastidiosa subsp. sandyi (loendro), Xylella fastidiosa subsp. multiplex (vários hospedeiros), Xylella fastidiosa subsp. pauca (que inclui ameixeira, cafeeiro e citrinos) e a Xylella fastidiosa subsp. tashke, que foi identificada na Chitalpa (Chitalpa tashkentensis) uma árvore ornamental.

Entretanto, os deputados do CDS emitiram um comunicado onde questionam o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, sobre a informação que já foi recolhida sobre a estirpe da bactéria encontrada em Vila Nova de Gaia e qual o plano de contenção da doença previsto pelo Ministério da Agricultura face ao desenrolar da situação.

Os centristas recordam, através de comunicado, que "a 6 de Julho de 2017, o partido já tinha questionado o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural a propósito de um primeiro surto de Xylella fastidiosa numa plantação de amendoeiras, em Guadalest. Este foi o primeiro foco da bactéria detectado na Península Ibérica, depois da sua presença ter sido registada nas ilhas Baleares, em 2016".


Em resposta às questões então colocadas pelos deputados do CDS-PP, o gabinete do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural deu então conta das medidas tomadas para a identificação da perigosa bactéria, e fez referência à elaboração e publicação do "Plano de Contingência da Xylella fastidiosa e seus vectores." O processo foi iniciado em Junho de 2016 e para 2017 foram programadas 625 inspecções e a colheita de 500 amostras, frisando que o programa das acções de monitorização "poderia vir a sofrer alterações em função de eventuais desenvolvimentos que entretanto ocorressem."

Contactada pelo PÚBLICO, a porta-voz do Ministério da Agricultora confirmou a presença de "plantas portadoras da bactéria Xylella fastidiosa" em Vila Nova de Gaia "mas sem sintomatologia da doença", acrescentando que Portugal iniciou em 2014 um "programa nacional de prospecção anual" desta bactéria.

Douro admite rega em situações de stresse hídrico e em locais autorizados


O Douro atualizou o regime jurídico da rega, admitindo o recurso à mesma em situações de stresse hídrico, apenas em regiões autorizadas e após o viticultor informar o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).


Lusa
15 Janeiro 2019 — 19:00

O decreto-lei n.º 7/2019, publicado hoje em Diário da República, faz referência à atualização do regime jurídico da rega, ainda do título alcoométrico volúmico adquirido na denominação de origem Porto e do nível da existência mínima permanente na denominação de origem Porto.

O documento faz referência ao aumento das situações de fenómenos ambientais extremos na Região Demarcada do Douro, nomeadamente grandes períodos de calor intenso que impedem a adaptação da videira, considerando que se impõe, por isso, a reposição de água no solo.

A região mantém o princípio da não utilização da rega, mas admite o recurso à mesma em situações de stresse hídrico.

De acordo com o decreto-lei, a rega da vinha "só é admitida para obstar a situações de défice hídrico que possam provocar desequilíbrios na composição e qualidade da uva e pôr em causa o normal desenvolvimento fisiológico da videira".

Mas a vinha terá ainda de se localizar numa região autorizada para rega pelo IVDP e o viticultor tem ainda que informar o instituto público, que tem sede no Peso da Régua.

O decreto-lei introduz ainda ajustamentos ao título alcoométrico volúmico adquirido na denominação de origem protegida Porto.

De acordo com a legislação, a regra é que o vinho do Porto tem de ter uma graduação alcoólica compreendida entre os 19 a 22 graus.

Agora, é introduzida uma alteração à designada taxa alcoométrica volúmica, que desce para um mínimo de 18 graus em vinhos do Porto com as menções tradicionais 'ruby', 'tawny', brancos e rosés, não integrados nas categorias especiais.

Com a alteração aprovada, o teor alcoólico dos vinhos do Porto correntes poderá variar entre os 18 graus e os 22 graus, mantendo-se os 19 graus e os 22 para as categorias especiais de vinho do Porto e a exceção para o branco leve seco, que pode ter graduação mínima de 16,5 graus.

O decreto-lei introduz ainda alterações a nível da existência mínima permanente na denominação de origem Porto, ou seja, do 'stock' exigido para que um operador se possa inscrever no IVDP como comerciante de vinho do Porto. O 'stock' mínimo exigido era de 150 mil litros.

Agora, segundo o documento, considera-se "mais adequado que o nível mínimo de existência permanente seja fixado por portaria, de modo a permitir ir ajustando, ao longo do tempo, a quantidade de vinho do Porto que é necessário manter armazenada".

O conselho interprofissional do IVDP pronunciou-se sobre estas alterações em abril, o decreto-lei foi aprovado em dezembro, em conselho de ministros, e entra em vigor na quarta-feira.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Feijão-frade integra culturas fixadoras de azoto no âmbito do pagamento 'Greening'

O Governo integrou o feijão-frade nas culturas fixadoras de azoto, no âmbito do 'Greening', regime de pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e para o ambiente, segundo uma portaria publicada hoje em Diário da República.

"No âmbito do pagamento 'Greening', com o intuito de conferir maior flexibilidade, no que respeita à prática 'superfície de interesse ecológico', passa a considerar-se a cultura do feijão-frade como cultura fixadora de azoto", lê-se no diploma.

Em causa está uma nova alteração ao regulamento de aplicação do regime de pagamento base, do pagamento por práticas agrícolas benéficas para o clima e para o ambiente, do pagamento para os jovens agricultores, do pagamento específico para o algodão e do regime da pequena agricultura.

O pagamento 'Greening', que prevê a melhoria do desempenho ambiental das explorações agrícolas, é concedido anualmente aos agricultores que tenham direitos de Regime de Pagamentos Base (RPB) e que nos hectares elegíveis cumpram as práticas definidas.

No âmbito daquele regime, são três as práticas apontadas -- diversificação de culturas, manutenção dos prados permanentes e superfície de interesse ecológico.

A atribuição do valor é realizada sob a forma de "percentagem do valor total dos direitos de pagamento que o beneficiário tenha ativado em hectares elegíveis".

Do grupo de culturas fixadoras de azoto fazem também parte a tremocilha, a fava, o feijão, o amendoim, o grão-de-bico, a ervilha, o tremoço, a luzena, a serradela, a ervilhaca, o trevo e a soja.

"A experiência adquirida na sua aplicação veio, entretanto, revelar a necessidade de introduzir alguns ajustamentos, com vista a uma melhor clarificação e operacionalização do citado diploma, explicou o Governo.

De acordo com a portaria assinada pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, no que respeita às condições de acesso à reserva nacional, no caso da pessoa coletiva em início da atividade, as exigências de competências e formação têm que ser cumpridas "pelo menos por um dos sócios que exerce o controlo da mesma".

Por outro lado, introduz-se a possibilidade de o "serviço de aconselhamento agrícola poder contribuir para as exigências mínimas em termos de competência e formação do beneficiário", como condição de acesso à reserva nacional e ao pagamento para jovens agricultores.

Já na definição de prados e pastagens permanentes sem predominância de vegetação arbustiva, passa a contemplar-se o carvalho cerquinho.

Por fim, "prevê-se expressamente na regulamentação nacional a disposição comunitária sobre a criação de condições artificiais na obtenção de apoios no âmbito dos regimes de pagamentos diretos, com vista a promover a sua melhor divulgação junto dos destinatários do regime".

O Governo ressalvou ainda que, no âmbito deste regime, foram ouvidas as organizações representativas dos agricultores e promovida a audiência dos interessados.

A portaria em causa entra em vigor na terça-feira.