sexta-feira, 6 de maio de 2016

Presidente da República visita fábrica de Boane, em Moçambique

 

O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou ontem a fábrica da SUMOL+COMPAL Moçambique no primeiro dia da visita oficial que está a realizar a Moçambique, entre os dias 4 e 6 de Maio.

 

Na deslocação a esta filial do Grupo português, o Presidente da República realçou a importância de uma empresa portuguesa estar a contribuir para o desenvolvimento de Moçambique, criando emprego, gerando riqueza e promovendo a exportação de bens com valor acrescentado no próprio País. Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu, enquanto representante dos portugueses, o contributo da SUMOL+COMPAL para, através do seu exemplo e dos seus elevados padrões de qualidade, fortalecer a economia Moçambicana e augurou os maiores sucessos para o seu futuro.

 

A visita do Presidente da República foi acompanhada pelo Governador da Província de Maputo, Raimundo Diomba, pelo Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique, Jorge Ferrão, pela Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Teresa Ribeiro, recebidos pelo Presidente do Conselho de Administração da SUMOL+COMPAL, António Eusébio e pelo Administrador-Delegado em Moçambique, Fernando Oliveira.

 

"Estamos muito satisfeitos com a visita do Presidente e é com orgulho que aceitamos a responsabilidade de dar um contributo positivo para a economia e para a sociedade Moçambicanas", afirmou António Eusébio.

 

A SUMOL+COMPAL Moçambique, S.A. faz parte do grupo português SUMOL+COMPAL, líder do mercado de bebidas não alcoólicas em Portugal, e detém a nossa primeira unidade industrial a operar fora de Portugal. Foi inaugurada em 2013, emprega cerca de 90 pessoas e tem atualmente uma quota de mercado em Moçambique na ordem dos 35%, tendo uma capacidade instalada para produzir cerca de 20 milhões de litros de sumos e bebidas de fruta.

 

A fábrica da SUMOL+COMPAL Moçambique, S.A. situa-se em Boane, a cerca de 40 km de Maputo, onde produz sumos e néctares com tecnologia de enchimento TetraPak, tecnologia idêntica à usada pelo Grupo em Portugal e uma referência mundial na categoria de sumos e néctares, a atestar a permanente inovação do Grupo, cujas origens remontam à década de 50 (as marcas mais emblemáticas do grupo, OMPAL e SUMOL, cumpriram já mais de 60 anos).

 

O investimento do Grupo em Moçambique, de aproximadamente 10 milhões de euros, é uma aposta estratégica para uma expansão sustentada na área da SADC (Southern African Development Community) e para se afirmar como uma unidade industrial de referência, quer para o mercado moçambicano, quer para os mercados de exportação na região, com os benefícios que traz para a criação de emprego, para a dinamização da economia e para o aumento das exportações.

 

A partir de Boane, a empresa exporta já, embora ainda em pequena escala, para os mercados da África do Sul, Zimbabwe e Madagáscar, estando em curso projetos que permitirão aumentar significativamente o volume exportado ainda durante o ano corrente.

 

Uma parte da atividade da SUMOL+COMPAL Moçambique tem a ver com a comercialização e promoção das marcas SUMOL, UM BONGO, ÁGUA SERRA DA ESTRELA e FRIZE, exportadas de Portugal. Também produzidos na fábrica de Almeirim, em Portugal, chegam a Moçambique alguns sabores da marca COMPAL que ainda não têm escala económica para produção local. Com o crescimento esperado destes sabores a empresa atingirá uma escala que lhe permitirá passar produzi-los localmente.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Estudo mostra que vegetais das hortas de Lisboa são seguros

INÊS BOAVENTURA 22/04/2016 - 18:05

O "mito" de que nas hortas urbanas não se cultivam produtos hortícolas saudáveis "acabou", conclui o vereador da Estrutura Verde face aos resultados das análises feitas em seis locais.

 
A horta na Quinta da Granja, em Benfica, foi uma das estudadas FILIPE ARRUDA
 
 Quem são os hortelões de Lisboa?

Apesar de as concentrações de alguns dos elementos analisados nos solos e nas águas terem excedido, nalgumas das seis hortas objecto de análise, os valores recomendados, a qualidade dos produtos hortícolas raramente apresentou contaminação. Esta é a principal conclusão de um estudo sobre hortas urbanas que foi apresentado esta sexta-feira em Lisboa.

Realizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA), o estudo resulta de uma parceria com a Câmara de Lisboa e com a Junta de Freguesia de Alvalade. Na base desta iniciativa esteve a decisão recente de criar um parque hortícola no LNEC e de promover a ligação, através de um corredor verde, entre a Avenida de Brasil e a Alta de Lisboa.

Neste trabalho de "avaliação da qualidade dos solos, das águas subterrâneas e das espécies hortícolas" foram estudadas seis hortas: no LNEC, no vizinho Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL), no Vale de Chelas, junto à CRIL e na Quinta da Granja, em Benfica. Nesse último local foram analisadas duas hortas, uma mais antiga e outra no parque hortícola aberto em 2011.

Como explicou a investigadora Teresa Leitão, procurou perceber-se "de que forma a poluição atmosférica podia ter impacto nas espécies hortícolas", mas também verificar se "as práticas hortícolas podem ter efeito em termos de poluição da cidade". Ou seja, sintetizou, ver "o que a cidade faz à horta e o que a horta faz à cidade".

Antes mesmo de os investigadores apresentarem as suas conclusões, o vereador da Estrutura Verde da Câmara de Lisboa resumiu-as numa ideia. "Existe um mito de que as hortas urbanas podem não produzir produtos saudáveis, por causa da poluição e de uma série de razões. Agora esse mito acabou: as hortas urbanas, com muito poucas excepções, produzem bons produtos para nós consumirmos", constatou José Sá Fernandes.      

No caso das seis hortas estudadas, verificou-se que a proximidade de eixos viários é umas das "pressões" a que elas estão sujeitas, como notou Teresa Leitão. Além disso, a do LNEC e a do CHPL estão próximas do corredor aéreo do Aeroporto de Lisboa. Também analisada foi a composição dos diferentes solos.

Em relação à qualidade dos solos concluiu-se, como observou a investigadora do LNEC, que é na horta da CRIL que há "maior poluição", facto comprovável entre outros aspectos pela presença de hidrocarbonetos, que "pelo facto de existirem mostra que há poluição".

Quanto às águas utilizadas para a rega observou-se que em quase todos os casos elas provêm de rede pública, o que não acontece no LNEC e na Quinta da Granja. Rosário Cameira, docente do ISA, destacou o último desses casos, frisando que é preciso ter "cuidado" com a água da mina que rega essa horta em Benfica, dado que os nitratos detectados apresentam valores acima do recomendado e muito próximos do máximo admissível.

Finalmente, o estudo procurou perceber se os produtos cultivados pelos hortelões absorvem ou não os metais pesados, tendo para isso sido analisados alimentos colhidos em Janeiro e em Junho de 2015. De acordo com Miguel Mourato, do ISA, as notícias a este respeito são boas: "Depois do que vimos nos solos seria de esperar uma maior concentração na CRIL, mas isso não acontece".

"Nem na CRIL verificamos uma contaminação", sublinha o docente, concluindo que "não há uma contaminação séria dos vegetais produzidos em hortas urbanas".

Na plateia do LNEC, a assistir ao seminário de apresentação deste estudo, estavam vários hortelões de Lisboa. Segundo os números da câmara, divulgados na ocasião por Rita Folgosa, eles são cerca de 500 e cultivam uma área próxima dos seis hectares. De acordo com a técnica do gabinete do vereador da Estrutura Verde, todos eles receberam formação no "modo de produção biológico".

Na sua intervenção, Sá fernandes frisou que em Lisboa as hortas estão "ligadas a contínuos ecológicos, em parques urbanos e no centro" da cidade. "Se nos chamam alfacinhas pelo menos que a gente tenha umas alfaces para mostrar às pessoas", brincou, notando que as hortas têm também "um propósito pedagógico muito interessante".

Ministros da agricultura do G7 discutem no Japão segurança alimentar

LUSA 23/04/2016 - 12:48
 
ADRIANO MIRANDA/ARQUIVO

Os ministros da Agricultura dos países dos países do G7 começaram hoje uma reunião de dois dias em Niigata, no noroeste do Japão, para discutir estratégias de garantia da segurança alimentar face ao aumento da população mundial.

O encontro nesta localidade do Japão, país que este ano ocupa a presidência do G7, conta com a participação dos ministros da Agricultura dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão, Reino Unido, os sete países considerados mais industrializados e desenvolvidos economicamente do mundo.

Esta reunião é a primeira do género desde 2009, quando os ministros do G8 – em Março de 2014, a Rússia foi excluída do grupo que passou a ter novamente sete elementos (G7) – se reuniram na cidade italiana de Treviso para discutir o aumento dos preços dos produtos agrícolas.

Entre os temas previstos na agenda destacam-se eventuais medidas para combater doenças animais ou o envelhecimento da mão-de-obra agrícola, sublinharam fontes do Governo nipónico à agência de notícias local Kyodo, citada pela agência espanhola EFE.

Outro dos temas que se espera ver debatido entre os ministros do G7 é o aumento da resistência aos antibióticos, como consequência do uso excessivo destes medicamentos no gado.

Os efeitos das alterações climáticas na agricultura e as novas técnicas de aumento da produção do sector são outros dos temas em discussão no encontro.

As conclusões da reunião deverão ser tratadas na próxima reunião de líderes do G7, marcada para 26 e 27 de Maio no parque natural de Ise-Shima, no centro do Japão.

Candidatura a fundos para a agricultura acaba em queixa ao gabinete antifraude da UE

ANA RUTE SILVA 26/04/2016 - 10:12

A exigência de garantias bancárias como condição para obter verbas motivou a denúncia de um agricultor ao organismo antifraude da Comissão Europeia. Ministério está a fazer levantamento dos casos em que houve exigências semelhantes.

 
Exigência de garantias nos casos em que há um elevado risco de o projecto ter maus resultados não está previsto por lei REUTERS/SUZANNE PLUNKETT
 
 Luís Dias e Maria José Santos têm uma quinta na Zebreira, em Idanha-a-Nova, e um projecto para plantar amoras e bagas goji, que candidataram a fundos comunitários em Março de 2013. Mas o que começou como um simples pedido de adesão ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), tornou-se num labirinto de reclamações, cartas e queixas que já chegaram ao Tribunal Europeu de Contas e ao Olaf, o organismo europeu de luta antifraude que investiga casos que lesam o orçamento da União Europeia.

Tudo começou com a aprovação do projecto de investimento para um total de seis hectares (quatro de amoras e dois de bagas goji), em nome de Maria José. Luís Dias conta que, depois de 20 meses de espera, em Novembro de 2014 conseguiram finalmente a aprovação de um apoio de 250 mil euros, a que acrescem 30 mil euros de prémio à instalação (um subsídio não reembolsável atribuído a jovens agricultores). Contudo, a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC), numa carta enviada em Janeiro de 2015, informou que, "na sequência da aprovação" seria preciso uma garantia bancária de 110% sobre o valor do apoio aprovado. Dado que o apoio foi de 250 mil euros, a garantia a prestar "deverá ser de 275 mil euros", lê-se no documento a que o PÚBLICO teve acesso.

Sem perceber o "porquê das garantias bancárias", Maria José Santos começa uma intensa troca de emails com a DRAPC e, mais tarde, com a entidade gestora dos fundos para a agricultura, pedindo justificações e "fundamentos legais" por escrito.

"Deram-nos apenas 15 dias para constituir as garantias (uma condição para assinar o contrato) sob pena de o projecto ser anulado. Ou seja, para mais tarde podermos eventualmente beneficiar do apoio do PDR, tínhamos de gastar 180 mil euros na constituição da garantia bancária. Recusaram-se a pôr isto por escrito", conta Luís Dias. Não satisfeitos, reclamaram. E receberam, finalmente, a informação de que havia dúvidas quanto à viabilidade da produção, o que justificou o pedido de caução. Voltaram a contestar, alegando que a intenção das entidades públicas ao colocar entraves era que desistissem.

No programa comunitário de apoio à agricultura no período de 2007 a 2013, o Proder – que antecedeu o actual PDR2020 -, as garantias bancárias estavam previstas quando era pedido um adiantamento das verbas em projectos de investimento na exploração agrícola e na instalação de jovens agricultores. Nesses casos, era preciso constituir "uma caução correspondente a 110% do montante do adiantamento", lê-se nos regulamentos. Contudo, no site do Instituto do Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP) – a entidade que paga os fundos – acrescenta-se mais informação. A necessidade de garantias pode também "decorrer de uma exigência contratual formulada no quadro da análise de risco da operação e/ou beneficiário".

Mas, ao que o PÚBLICO apurou, não é muito habitual serem solicitadas garantias bancárias nos projectos financiados, sobretudo quando não está em causa um adiantamento de verbas. E isso mesmo foi confirmado por fonte da Autoridade de Gestão do PDR, cuja gestão foi recentemente alterada, que admitiu que a situação de Maria José Santos e Luís Dias, "não é, nem deve ser, uma prática regular".

A mesma fonte admitiu que o pedido de garantia exigido nos casos em que há um elevado risco de o projecto agrícola ter maus resultados não está previsto em qualquer lei ou regulamentação. Mas há "disposições que obrigam os Estados-Membros a, em nome da protecção dos interesses financeiros da União Europeia e da necessidade de acautelar o risco inerente para o fundo, adoptar quaisquer medidas necessárias para assegurar uma protecção eficaz desses interesses, em especial para prevenir, detectar e corrigir irregularidades e recuperar montantes indevidamente pagos". Foi o que sucedeu numa série de projectos de produção de pequenos frutos e cogumelos aprovados no Proder. E ainda esta semana, o Bloco de Esquerda avançou com um projecto de resolução no Parlamento para que seja abandonada a exigência de apresentação de garantias bancárias, fruto de várias reclamações de produtores (neste caso de cogumelos) que se sentem "discriminados e prejudicados relativamente a agricultores que optaram por outras actividades".

Lisboa aposta em hortas nas escolas, para ajudar os legumes a chegar aos pratos

INÊS BOAVENTURA 29/04/2016 - 22:29
Por enquanto esta "experiência piloto de educação para a sustentabilidade" chega a 11 escolas, mas a câmara quer alargá-la às cerca de 90 que estão sob a sua alçada já no próximo ano lectivo.

 
"Aprende-se muito através de uma horta", constata o vereador Sá Fernandes, que sublinha a componente pedagógica deste projecto RUI GAUDÊNCIO

Chama-se "Hortas na Escola... Legumes no Prato" o projecto que foi lançado pela Câmara de Lisboa e pela Lisboa E-Nova com o objectivo de dinamizar a criação ou requalificação de hortas escolares e ao mesmo tempo despertar nas crianças o interesse por uma alimentação saudável e por um consumo sustentável.

Neste ano lectivo são 11 as escolas envolvidas naquela que os seus promotores apresentam como "uma experiência piloto de educação para a sustentabilidade". Além da autarquia e da Agência de Energia e Ambiente de Lisboa (Lisboa E-Nova), a iniciativa envolve as juntas de freguesia de Alvalade, Belém, Carnide, Estrela, Marvila, Olivais e São Domingos de Benfica, um conjunto de agrupamentos escolares e a Missão Continente, que a patrocina.

Para esta experiência piloto houve o cuidado, como explica Diana Henriques, da Lisboa E-Nova, de escolher equipamentos localizados um pouco por toda a cidade. O facto de terem disponíveis terrenos com dimensão e características para a instalação de hortas foi outro critério, juntamente com a "disponibilidade e interesse" manifestados pelos professores.

Segundo a gestora de projecto, em algumas das escolas os espaços dedicados ao uso agrícola foram criados de raiz com este projecto, mas noutras já tinha havido hortas, que com o passar do tempo foram sendo desactivadas. 

O "Hortas na Escola... Legumes no Prato" foi apresentado publicamente esta semana na Escola Básica Sarah Afonso, nos Olivais, mas os trabalhos começaram há vários meses, pouco depois do início do ano lectivo de 2015/2016. Desde então realizaram-se trabalhos de arranjo paisagístico para a criação e requalificação das hortas, nas quais foram já plantados, pelo pessoal educativo e pelas crianças, legumes, flores e árvores de fruto.

Diana Henriques adianta que foi também realizado um curso de formação para professores, aos quais foi disponibilizado um manual sobre o tema, e que há uma técnica de horticultura que "circula" pelas dez escolas, dinamizando os trabalhos que aí vão sendo feitos. Um deles, diz, é a promoção de sementeiras de variadas espécies em pequenos copos e o posterior transplante para a terra.

A gestora de projecto dá conta de que esta iniciativa está a ser recebida com grande entusiasmo por toda a comunidade educativa. "Os alunos adoram. O poder pôr as mãos na terra, ver as plantas a crescer...", diz, contando que numa das escolas envolvidas as crianças fizeram uma sopa com legumes da sua horta e no final da refeição garantiram que "era a melhor que já tinham comido". 

O mesmo diz o vereador da Estrutura Verde da Câmara de Lisboa, que nota que encontrou na Escola Sarah Afonso "professores muito activos" e "miúdos delirantes". "Ver a satisfação dos miúdos é o mais giro", diz José Sá Fernandes, frisando o grande gosto com que eles se dedicam à plantação e depois à colheita.

Em paralelo, de acordo com informações da autarquia, está prevista a realização de iniciativas como visitas (por exemplo a quintas e a parques hortícolas) e sessões temáticas em torno do consumo sustentável e da alimentação saudável. Tudo porque, frisa Diana Henriques, além de se pretender que as crianças "aprendam de onde vêm os legumes que comem, qual a sua origem" se ambiciona também alertá-las para as vantagens de uma alimentação saudável e para a necessidade de se combater o desperdício alimentar.

"Aprende-se muito através de uma horta", constata por sua vez o vereador Sá Fernandes, que sublinha a componente pedagógica deste projecto. Esta iniciativa, resume, "é muito mais" do que criar espaços para a prática hortícola nas escolas.

A expectativa do autarca é que já no próximo ano lectivo seja possível levar o "Hortas na Escola... Legumes no Prato", que por enquanto envolve um universo total de perto de dois mil alunos, a todos os estabelecimentos de ensino público do 1.º ciclo. Segundo adiantou ao PÚBLICO Sá Fernandes, estão em causa cerca de 90 escolas, das quais apenas duas se verificou não terem condições para a criação de hortas. Mas mesmo essas, garante, não serão esquecidas: não havendo espaço para plantações de dimensão mais significativa, poder-se-á sempre apostar em canteiros.

Moura acolhe Congresso Nacional do Azeite



 26 Abril 2016, terça-feira  Agroflorestal

O Congresso Nacional do Azeite, que terá em 2016 a sua terceira edição, realiza-se no âmbito da Feira Nacional de Olivicultura (Olivomoura, de 12 a 15 de maio), em Moura.
azeite
O evento realiza-se a 13 de maio na praça Sacadura Cabral, naquela cidade alentejana.
Irá reunir três painéis de debate com vários profissionais do setor. O primeiro painel incide sobre o setor AIFO, o segundo é dedicado à Olivicultura de Precisão e o terceito intitula-se "Painel Estratégia – Casa Agrícola Roboredo Madeira".
A participação no congresso tem um custo de inscrição de 40 euros por pessoa.
As inscrições decorrem até 6 de maio de 2016 e podem ser efetuadas através dos seguintes contactos: cepaal@azeitedoalentejo.pt / +351 285 250 990.
O evento é promovido pelo Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo e conta com o alto patrocínio da Presidência da República.
Saiba mais aqui. 

Ministro da Agricultura admite tomar medidas caso se confirme seca no Alentejo

Seca

por Ana Rita Costa- 3 Maio, 2016

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, revelou na passada semana estar preocupado com uma possível seca no Alentejo este ano. O ministro da Agricultura revelou que está a acompanhar o evoluir da situação e admite que tomará medidas caso seja necessário.

De acordo com o Observador, o ministro da Agricultura indicou que "estamos perante um conjunto de indícios que faz antever que" é possível que tenhamos seca na região do Alentejo em 2016, uma vez que não houve ainda este ano "a pluviosidade necessária para recarregar os aquíferos".

A Fenareg já havia alertado no início de abril para a falta de água, que deverá afetar a campanha de rega deste ano. E de acordo com Capoulas Santos, o problema poderá estender-se à produção de animais, uma vez que em algumas localidades alentejanas "já é necessário carregar água para abeberar o gado".

"Estamos no final do mês de abril, portanto, não é difícil imaginar o que acontecerá quando chegarmos a junho, julho, agosto ou setembro", acrescenta.

Agro.Ges inicia ciclo de conversas sobre agricultura


por Ana Rita Costa- 3 Maio, 2016Enviar este artigo  Imprimir Este Artigo
Colheita recorde no milho e aumentos no trigo e na soja

É já esta semana que começa o 'Ciclo de Conversas sobre Agricultura', da Agro.Ges, uma iniciativa que irá decorrer em três sessões distintas, no Instituto Superior de Agronomia, e que pretende levar para o seio da Tapada de Ajuda a discussão de alguns temas chave para o setor.

A primeira sessão decorre já no próximo dia 5 de maio, às 17h, e será focada no 'Milho', contando com a participação de Joaquim Pedro Torres, Luís Vasconcellos e Souza, Pedro Serrano e Pedro Aguiar Pinto.

As conversas sobre agricultura da Agro.Ges regressam depois nos dias 10 e 17 de maio, para discutir o Olival e o Amendoal, respetivamente. A entrada é gratuita.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Floresta: setor da resinagem volta a crescer



 22 Abril 2016, sexta-feira  Agroflorestal

 O setor da resinagem em Portugal, depois das fulgentes décadas de 60, 70 e 80, e posterior declínio, parece voltar a despertar interesse e já há resineiros nas florestas.

Ainda são em pequeno número os que retomam a atividade, mas nas Terras do Demo já há pinheiros sangrados e uma certeza: a exploração da floresta é de novo rentável e já compensa mais plantar pinheiros, do que eucaliptos.
Tempos houve em que todos os pinheiros com porte suficiente para poderem ser sangrados, eram visitados pelos resineiros. Lata às costas, ferro e espátula na mão e toca a sangrar. «Com o ferro dá-se um corte no pinheiro e coloca-se o caneco para aparar a resina», explica Gilberto Ramos, presidente dos Baldios terras de Aquilino. O púcaro leva três meses a encher, sendo que cada pinheiro dará entre 2 a quatro quilos de resina.
Nestes baldios são explorados 500 hectares de floresta entre Vila Nova de Paiva e Moimenta da Beira. O dirigente associativo garante que «o regresso dos resineiros já permite manter viva a floresta». Feitas as contas, diz, «já não compensa plantar eucaliptos».
O interesse nesta matéria-prima, da qual Portugal foi já o segundo maior exportador do mundo, está a levar os resineiros de volta aos pinhais. Dados do sector apontam para que a atividade cresça 10% ao ano. Longe das 140.000 toneladas em 1984, mas com o declínio quebrado a produção atinge hoje entre 6 a 8 mil toneladas ano.
A resinagem pode ocupar um operador florestal entre seis a nove meses por cada 30 hectares de floresta. Pedro Sousa, presidente da Junta de Freguesia de Soutosa acredita que «a atividade pode ainda ajudar à fixação de pessoas nas terras do interior».
Depois de sangrado o pinheiro continua a crescer e a produzir resina. Cheio, cada púcaro é comprado a 40 cêntimos e depois é usado na medicina, farmacêutica, cosmética, borrachas e até na indústria alimentar. Ler aqui.

Mais informação sobre o Setor da Resinagem: Resinagem em Portugal: Um Foco de Esperança

A flor, símbolo da liberdade


Abr 25, 2016Destaque Home, Notícias0Like


Há 42 anos, um flor ficou eternamente ligada à história de Portugal. Falar da revolução militar do 25 de Abril, é sinónimo de cravos. De tal forma esta ligação ficou traçada que há mesmo quem se refira ao 25 de Abril de 1974 como a Revolução dos Cravos.

A flor é símbolo da liberdade.

A Associação 25 de Abril explica a história do cravo no dia em que a democracia ganhou vida em Portugal.

«Quanto à origem do cravo vermelho, pode afirmar-se que tem duas explicações:

Em primeiro lugar, convém ter presente que o cravo vermelho era, à data, talvez a flor mais barata e popular. Ora acontece que, nesse dia, 25 de Abril de 1974, havia um restaurante na Rua Braancamp, em Lisboa, que celebrava o seu primeiro aniversário. O proprietário comprara cravos vermelhos – a tal flor que juntava o barato e o popular – para oferecer nesse dia às clientes. Como houve a acção militar, o restaurante não funcionou e o proprietário disse aos seus trabalhadores que podiam levar os cravos com eles. Uma das trabalhadoras, chamada Celeste, decidiu levar um molho de cravos para casa. Ao começar a descer a Avenida da Liberdade, deparou com a população a oferecer bebidas, sandes, tabaco, aos soldados que ali estavam ou passavam. Tomou, então, a iniciativa de lhes oferecer os cravos, dizendo "desculpem, mas não tenho mais nada para vos oferecer". Os soldados recebiam os cravos e, não sabendo onde os colocar, decidiram enfiá-los nos canos das espingardas.
Outra explicação, certamente coincidente: no Rossio, havia várias vendedoras de flores que, quando os militares aí passaram, vindos do Terreiro do Paço, os vitoriaram e lhes ofereceram as flores que estavam a vender, nomeadamente as tais mais baratas e populares, os já referidos cravos vermelhos. O resto foi igual: os militares colocaram-nos na "boca" das espingardas.
E assim nasceu um dos principais, senão mesmo o principal símbolo da Revolução dos Cravos, o cravo vermelho. Que, no dia 26 de Abril, é já a flor (também porque era barata e popular) que os familiares e amigos dos presos políticos lhes levaram a Caxias e lhes ofereceram, quando da sua libertação. Que eles, de imediato, oferecem aos militares que ali estão, que os recebem e colocam nas espingardas. Curiosamente, dir-lhe-ei que, mais tarde, descobrimos que na crise vivida em Lisboa entre 1383 e 1385, o símbolo do povo da capital, que esteve na base da derrota infligida aos castelhanos, foi um cravo branco.

Vasco Lourenço»

Feira da Agricultura lança oferta “tem fruta no nome?”


TERÇA, 26 ABRIL 2016 14:35

A Feira da Agricultura, que se realiza entre 4 e 12 de junho, em Santarém, sob o tema "Fruta Portuguesa", oferece entrada gratuita a quem tiver a designação de uma fruta no nome. Durante o mês de Maio, quem tiver fruta no nome, poderá inscrever-se no link abaixo indicado e entrar gratuitamente na 53ª Feira da Agricultura.

  

Há uma petição para travar pesticidas da Bayer que matam as abelhas



 30 Abril 2016, sábado  AgroflorestalAgricultura

Mais de um milhão de pessoas assinaram uma petição para incitar o gigante alemão da agroquímica e farmacêutica Bayer a parar a produção de pesticidas culpados de provocar o declínio de abelhas no mundo.
abelhas
«Matar abelhas não é realmente algo que uma empresa que quer seguir em frente deveria fazer», defende uma ativista da organização 'Sum for Us', Anne Isakowitsch, citada pela agência France Press.
As abelhas ajudam a polinizar cerca de 80% das espécies de plantas florais. Sem elas, muitas frutas e muitos legumes não conseguem reproduzir-se, com consequências devastadoras na cadeia alimentar.
Anne Isakowitsch deslocou-se na semana passada até Colónia, Alemanha, para o encontro anual de acionistas da Bayer e apresentou à empresa uma petição com 1,4 milhões de assinaturas.
Os ativistas pedem ao gigante da indústria química para deixar de vender duas substâncias presentes em pesticidas – a clotianidina e a imidaclopride – e que provocam a morte das abelhas.
A União Europeia (UE) já decretou uma moratória sobre a venda dos dois químicos, classificados como neonicotinóides desde o final do ano de 2013, tal como o tiametoxame do gigante suíço Syngenta e o fipronil do germânico BASF.
As quatro substâncias, vendidas sob os nomes 'Gaucho', 'Poncho' ou 'Cruiser' continuam, no entanto, disponíveis no resto do mundo.
Os neonicotinóides são maioritariamente usados em sementes plantadas por agricultores e conseguem chegar ao néctar e ao pólen durante a floração.
O químico age no sistema nervoso central dos insetos interferindo com a transmissão de estímulos. Os neonicotinóides, podem deixar as abelhas desorientadas, impedindo-as de voltar às suas colmeias e diminui a resistência a doenças bem como a fertilidade. 
A União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês) estima que um em cada quatro abelhões e, uma em dez abelhas melíferas, estão em risco de morte devido a esses químicos.
O grupo Bayer, que obteve 2,5 mil milhões de euros de lucros com a venda de inseticidas e de produtos fitossanitários em 2015, contesta, juntamente com a BASF e a Syngenta, as restrições impostas por Bruxelas.
Um porta-voz da Bayer defendeu, citado por agências internacionais, que «os neonicotinóides não são perigosos se forem usados correctamente» considerando que a morte das abelhas está ligada a outros fatores, como o clima, vírus e parasitas.
O presidente da Agência de Segurança Alimentar Europeia (EFSA, sigla em inglês), admitiu que o declínio da espécie deve-se a vários fatores mas que os quatro químicos colocam as abelhas sob um «risco inaceitável».
A EFSA ainda está a analisar os últimos dados científicos sobre o problema e pretende apresentar os seus resultados em 2017.
Para o conselheiro político em agricultura e engenharia da organização ecologista Greenpeace, Marco Contiero, «os resultados são tão claros que não vai ser simples a indústria conseguir ultrapassar as restrições».
A Greenpeace, defensora da retração de todos os produtos contendo neonicotinóides, diz ser preciso que a indústria invista em produtos alternativos sem químicos.
A pressão dos consumidores também já se faz sentir e a cadeia de supermercados Aldi prometeu não vender nenhum produto contendo neonicotinóides em Alemanha.
Fonte: Lusa

Santarém recebe Congresso dedicado à tecnologia do setor agro



 21 Abril 2016, quinta-feira  TecnologiaAgricultura

A Escola Superior Agrária de Santarém recebe a 14 de maio de 2016 a Agrotecnológica - Congresso Nacional de Tecnologia no Setor Agroindustrial. A revista técnica AGROTEC e a Agrobótica são media partners do evento.

A iniciativa irá apresentar diversos temas que se situam «na vanguarda da tecnologia do setor agro», adiantam os organizadores.
O Congresso irá contar com 30 oradores divididos por seis painéis, com uma duração prevista de 12 horas.

As temáticas dos seis painéis são as seguintes: Soluções de bombagem solar e produção energética; Fertirrega e automatização de explorações; Monitorização via satélite, drones e GPS; Culturas hidropónicas, gestõ centralizada de estufas e climatização; Instituições e projetos; e Fábricas de Plantas, desidratação e secadores solares. 

"Autoconsumo fotovoltaico e eficiência energética", "estufas fotovoltaicas", "como poupar energia na agroindústria", "agricultura e inovação com tecnologia de ponta", "tecnologias de suporte à agricultura de precisão", "sistemas inovadores em culturas hidropónicas: tecnologia VTR", "jovens agricultores e as novas tecnologias", "controlo e certificação de produtos" são alguns dos temas em discussão.
A iniciativa é promovida pela AGRO CK - Soluções Tecnológicas para a Agroindustria, pertencente ao grupo Critical Kinetics.

Agriminho cria seguro de preço para o mirtilo


por Ana Rita Costa- 29 Abril, 2016

A Agriminho anunciou recentemente o lançamento do programa 'Seguro de Preço' para a cultura do mirtilo, uma iniciativa que pretende garantir uma compensação para os produtores caso o preço da produção baixe de determinado nível de referência previamente contratado.

A organização acredita que "Portugal tem capacidade de se tornar um produtor de mirtilo de referência a nível mundial em termos de qualidade e quantidade" e que o consumo, a nível internacional, continuará a ser superior à produção, o que permitirá que "o bom trabalho continue a ser bem pago."

No âmbito do seguro de preço para a cultura do mirtilo agora lançado, a Agriminho, mediante as condições contratuais estabelecidas pela empresa, "garante o preço médio mínimo de 4,75 euros/kg para a fruta de mirtilo entregue a granel durante o período de abril a outubro de 2016 na cooperativa MinhoBerrycoop."

O seguro estará em período de experimentação durante este ano, mas de acordo com a Agriminho, "os produtores que aderiram ao programa ficam com a certeza de, caso o preço médio de compra da sua fruta seja inferior ao valor pré estabelecido, a diferença será financeiramente coberta por fundos da Agriminho garantidos em parceria com uma instituição bancária."

Audição urgente de industriais da carne e representantes da distribuição

Abril 29
16:06
2016

Devido à crise que o sector da carne de porco atravessa, o grupo parlamentar do PS requereu a audição urgente da Associação Portuguesa dos Industriais de Carne (APIC) e da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

Os deputados consideram que há um manifesto desencontro de interesses entre a produção, que está numa grave situação social, e a indústria e distribuição, lembrando que a carne de porco nacional cobre apenas 55% das necessidades.

Nos últimos tempos a sociedade tem sido confrontada com várias manifestações de produtores de carne de porco junto de estabelecimentos industriais, a última em Rio Maior, com o intuito de chamar a atenção para o que consideram ser um abuso das empresas de transformação e de distribuição, que continuam a colocar no mercado produto não português.

Sublinham igualmente que a crise da suinicultura, associada ao embargo russo, exige soluções que carecem de intervenção europeia, de abertura de novos mercados e promoção do consumo de carne de porco nacional, pelo que os deputados consideram muito importante a audição urgente dos representantes da indústria e da distribuição.

LUSA

Imagem - wisegeek.com

domingo, 1 de maio de 2016

Portugueses contaminados com herbicida potencialmente cancerígeno


Marta Jorge, Paulo Jorge, Manuel Salselas, João Caldeirinha - RTP

29 Abr, 2016, 20:14 / atualizado em 30 Abr, 2016, 08:30 | País

Portugueses contaminados com herbicida potencialmente cancerígeno
A ver: Portugueses contaminados com herbicida potencialmente cancerígeno

FOTO: Chaiwat Subprasom, Reuters

Há vários portugueses contaminados com glifosato, um herbicida que é potencialmente cancerígeno. A sua presença foi detectada com valores elevados no norte e centro do país.

É o herbicida mais usado em Portugal, campeão de vendas na Europa e um caso de sucesso na América. O glifosato serve para matar ervas, mas esconderá outros perigos?
O glifosato é o herbicida mais vendido em Portugal e está a ser inalado e ingerido por muitos portugueses.
Maria de Lurdes e o marido são agricultores desde que têm memória. Combatem as pragas e as ervas daninhas com químicos - como aprenderam - sem levantarem demasiadas questões. Chamam-lhes tratamentos.

É na agricultura que o glifosato é mais usado. O herbicida foi inventado nos anos 70, pela multinacional americana Monsanto. Hoje em dia, só em Portugal, há mais de 20 marcas que comercializam glifosato. É um herbicida total, não seletivo - o que quer dizer que mata qualquer tipo de planta.As marcas de pesticidas estabeleceram intervalos de segurança. São períodos de tempo de espera entre a aplicação e o consumo.

Já na horta de Margarida Silva não entra glifosato. A investigadora acredita que o herbicida esconde sérios riscos para os humanos.

O alerta sobre os perigos do herbicida soou a mais de mil de quilómetros de Portugal, em França. A Organização Mundial de Saúde, através da Agência Internacional de Investigação para o Cancro, estudou o glifosato durante um ano.
Dezassete investigadores tomaram uma decisão unânime: classificar o glifosato como potencialmente cancerígeno.
Consumir glifosato

O glifosato pode entrar no corpo humano através da ingestão de água e alimentos ou da inalação.

Em Portugal é no Instituto de nacional de investigação agrária e veterinária que são feitas as análises aos alimentos. Todos os anos são feitas análises a centenas ou milhares de amostras, consoante os planos.

O glifosato não está sozinho. Cada embalagem esconde uma mistura de vários químicos para aumentar a eficiência. Muitos escapam ao controle porque são considerados segredo da própria marca e nem sequer constam no rótulo.Para uma amostra de alimentos pesquisam-se muitas substâncias diferentes, faz-se um rastreio enorme em termos de moléculas para perceber se houve alguma contaminação. Nenhum desses parâmetros é o glifosato. O laboratório tem a competência técnica, mas ainda não têm a luz verde oficial. Falta uma acreditação que deve chegar ainda este ano.

As análises em causa são para já feitas nos Estados Unidos, para onde são enviadas as amostras. O laboratório escolhido é o de uma universidade na Califórnia. A RTP tem conhecimento da morada e dos métodos analíticos, mas a universidade exigiu anonimato. Está a preparar um estudo científico sobre o glifosato, uma investigação blindada às pressões externas que só deverá ser divulgada no verão.

Mas a ciência fala a duas vozes. De um lado as Nações Unidas, do outro a Europa. Milhares de estudos foram analisados pelas duas entidades. Já este ano um grupo de cientistas acusou a da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) de ser parcial e de se ter baseado num relatório da própria industria, uma parte interessada.

Os maiores problemas com o glifosato estão nos países americanos, onde são cultivados alimentos geneticamente modificados – 80% dos chamados OGM são resistentes ao glifosato, o que quer dizer que uma plantação transgénica pode ser pulverizada com herbicidas sem que a cultura morra, só as ervas. Um jackpot económico que se traduz por altas concentrações de herbicidas nos cereais.

Estes transgénicos são por enquanto proibídos na Europa. Mas há um transgénico que pode ser semeado: a variedade de milho MON 181. E Portugal é um dos quatro países que cultiva OGM na Europa.

Nos supermercados, os produtos OGM estão sobretudo nas prateleiras de óleos alimentares, numa farinha de milho e numa maionese. Mas várias toneladas de milho e soja OGM entram todos os dias em Portugal. Vêm de barco e vão para as fábricas de rações. Mais de 90% da alimentação animal é feita de transgénicos resistentes ao glifosato.

Mas a qualidade paga-se. Os alimentos biológicos são, em geral, mais caros. E… serão suficientes para alimentar o planeta?

Herbicida "provavelmente cancerígeno" é usado por um terço dos municípios


PEDRO GUERREIRO 01/05/2016 - 11:52
Valores de glifosato em amostras de urina de voluntários portugueses são vinte vezes maiores do que os registados noutros países europeus. Herbicida é utilizado na agricultura, mas também na eliminação de ervas daninhas nos passeios de zonas urbanas.

 
O glifosato foi desenvolvido pela multinacional norte-americana Monsanto, que também comercializa as culturas transgénicas que resistem a este herbicida PEDRO CUNHA/ARQUIVO

Ministério da Agricultura
O glifosato, um herbicida que a Organização Mundial de Saúde identificou como uma substância "provavelmente cancerígena", é utilizado pela esmagadora maioria das autarquias que responderam a um inquérito do Bloco de Esquerda, noticia este domingo o Diário de Notícias. Entre os 308 municípios contactados, 107 prestaram informações sobre o uso da substância e, destes, 89 confirmaram que utilizam o herbicida. Gondomar é a câmara que mais usa a substância (4000 litros), seguida de Matosinhos (2800) e Évora (2500).

Em Portugal, onde em 2014 foram comercializadas 1600 toneladas de glifosato, o herbicida é utilizado na agricultura mas também em espaços urbanos, sobretudo na eliminação de ervas daninhas nos passeios. A absorção pelo organismo humano está comprovada. Num estudo promovido pela Plataforma Transgénicos Fora e acompanhado pela RTP em que participaram 26 voluntários portugueses, uma universidade norte-americana analisou amostras de urina e detectou a presença do glifosato em todos os casos. O valor médio registado foi de 26,2 nanogramas por mililitro, muito superior ao valor máximo detectado num conjunto de 18 países europeus (1,8 nanogramas) e maior do valor máximo observado nos Estados Unidos (18,8 nanogramas).

Existe um enorme debate científico e político em torno do glifosato. Em Março de 2015, o braço de pesquisa oncológica da Organização Mundial de Saúde (OMS) atribuiu à substância o segundo grau mais grave de risco cancerígeno (o 2A, numa escala de 1, "cancerígeno para humanos", a 4, "provavelmente não cancerígeno para humanos"). No estudo publicado na Lancet, a Agência Internacional de Pesquisa de Cancro (IARC, na sigla inglesa) aponta "provas limitadas" de uma maior propensão para o linfoma de não-Hodgkin em trabalhadores expostos ao glifosato após análises conduzidas na Suécia, Estados Unidos e Canadá. A IARC cita ainda um outro estudo que indica a subida de marcadores tumorais em populações de regiões colombianas onde aquele herbicida é utilizado. Em ratos, foi identificada "prova suficiente" da relação entre a exposição ao glifosato e o desenvolvimento de tumores no sistema urinário, no pâncreas e na pele.

As conclusões da IARC não têm efeitos vinculativos sobre a capacidade das agências nacionais de decidirem sobre a utilização do herbicida. Em Portugal, e através de um comunicado divulgado no sábado, o Ministério da Agricultura sublinha que o risco em causa não está directamente associado ao glifosato, mas antes a uma substância presente em determinadas fórmulas que potenciará os possíveis efeitos do primeiro elemento. Trata-se da taloamina. A conclusão do Governo português é retirada após "exaustiva reanálise dos estudos e informações disponíveis pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos".

A nível local, no entanto, várias autarquias como a Câmara do Porto decidiram suspender o uso do herbicida.

A utilização do glifosato é debatida neste momento a nível europeu. A 18 de Maio, a Comissão Europeia vai decidir sobre a renovação da licença de uso do herbicida. Uma primeira proposta para a revalidação da autorização durante 15 anos foi rejeitada por Itália, França, Holanda e Suécia. Uma recomendação não vinculativa do Parlamento Europeu aponta agora para uma revalidação por sete anos e a proibição do uso do glifosato em zonas urbanas.

Citado pelo Diário de Notícias, o deputado bloquista Jorge Costa afirma que o Ministério da Agricultura era inicialmente "favorável à renovação", mas que "entretanto indicou aos peritos que assumam uma posição de abstenção".

"Esperamos que o Governo não alinhe na renovação", disse.

Em 2015, e após a divulgação do estudo da IARC, o Governo francês começou por fazer uma recomendação não vinculativa contra a venda ao público do glifosato. Há poucas semanas, porém, optou pela proibição total de produtos químicos que contenham glifosato e taloamina.

Fora do espaço europeu, países como o Sri Lanka e as Bermudas proibiram a importação e uso do herbicida. A Colômbia, por seu turno, deixou de utilizar nesse ano a substância nas campanhas de destruição da planta de coca.

O glifosato foi desenvolvido pela multinacional agroquímica Monsanto, que também comercializa as culturas transgénicas que resistem à substância. A empresa desvaloriza a toxicidade do herbicida, apontando que na mesma categoria em que a IARC coloca o produto também estão "o café, os telemóveis, o extracto de aloé vera e vegetais em conserva".

Ministério da Agricultura diz que potencial carcinogénico está num co-formulante do glifosato


Ontem 22:54 Lusa

A tutela refere que "foi determinada a pesquisa de glifosato em sementes de centeio".

Ministério da Agricultura diz que potencial carcinogénico está num co-formulante do glifosato
O Ministério da Agricultura esclareceu hoje que o potencial carcinogénico do herbicida glifosato está associado a um co-formulante (taloamina) e não ao produto, cuja utilização futura será decidida em maio.

Um trabalho da RTP, divulgado na sexta-feira, dizia que "há vários portugueses contaminados com glifosato, um herbicida que é potencialmente cancerígeno", e referia que "a sua presença foi detectada com valores elevados no norte e centro do país".

No seguimento de "dúvidas que a utilização da substância activa glifosato, como herbicida, têm suscitado na opinião pública", o Ministério da Agricultura divulgou um comunicado em que se lê que este herbicida "nunca fez parte da lista de substâncias a pesquisar, tendo sido determinada a sua introdução no Plano Nacional de Pesquisa de Resíduos (PNPR) em 2016".

A tutela refere que "foi determinada a pesquisa de glifosato em sementes de centeio".

"Na sequência das observações da Agência Internacional de Investigação para o Cancro, que apontavam para possíveis efeitos cancerígenos da substância ativa, e da exaustiva reanálise dos estudos e informações disponíveis pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, foi concluído que o potencial carcinogénico identificado está associado não ao glifosato, mas sim à presença, em certos produtos fitofarmacêuticos contendo glifosato, de um co-formulante (taloamina)".

Este co-formulante "evidenciou um potencial genotóxico", prossegue o ministério.

No comunicado, indica-se que "o Comité de Peritos da União Europeia reunir-se-á a 18 de Maio para analisar e decidir sobre a utilização futura do glifosato a nível europeu".

Na sexta-feira, o partido Pessoas Animais Natureza (PAN) pediu a realização de análises à água e aos alimentos para detecção da presença do herbicida glifosato.

O PAN pede explicações ao ministro da Agricultura, através da Assembleia da República, e recorda que, em Junho, a Comissão Europeia vai tomar uma decisão acerca deste produto químico utilizado na produção agrícola e para erradicar ervas daninhas em jardins ou ruas das localidades, na maior parte dos concelhos portugueses.

Um comunicado da Plataforma Transgénicos Fora, divulgado na sexta-feira, insiste no alerta para este problema e salienta que "o Ministério da Agricultura tem de sair do estado de negação profunda em que se encontra e encarar finalmente o glifosato como o químico tóxico e omnipresente que de facto é".

Embora admita que "não se conhecem ao certo quais as principais vias de exposição", a plataforma, que reúne associações da agricultura e do ambiente, salienta que "a alimentação e a água são candidatos óbvios e devem começar a ser amplamente testadas e as fontes de contaminação eliminadas"

Empresa lança vinho que submergiu no Alqueva e já tem encomendas


11:52 - 13/04/16
POR LUSA

A empresa vitivinícola alentejana Ervideira vai lançar no mercado, a partir de sábado, o seu Vinho da Água, que esteve submerso nas águas do Alqueva, tendo já recebido encomendas de diversos mercados externos.

   
"Já tenho encomendas prontas a saírem, até segunda-feira, para a Bélgica, Luxemburgo, Alemanha e Suíça. E, depois, tenho mais algumas encomendas, em espera, da Finlândia, Hong-Kong e Brasil", revelou hoje à agência Lusa o diretor executivo da Ervideira, Duarte Leal da Costa.

Segundo o produtor vitivinícola do concelho de Évora, o Conde d'Ervideira Tinto Vinho da Água vai ser lançado no mercado, em Portugal e nos países para onde a Ervideira exporta, a partir de sábado, dia em que vai ser apresentado na Marina da Amieira, no concelho de Portel e junto da albufeira do Alqueva.

"Os nossos clientes estão curiosos, querem testar este vinho", afirmou Duarte Leal da Costa, realçando que, neste primeiro ano, vão ser lançadas no mercado "cerca de 32 mil garrafas" do Vinho da Água.

Este vinho tinto, produzido com um dos rótulos topo de gama da empresa, o Conde d'Ervideira, estagiou oito meses em barricas e, depois, foi submetido a novo estágio dentro de água, na albufeira do Alqueva, num processo iniciado a 20 de outubro do ano passado.

A iniciativa deste produtor alentejano consistiu na recuperação do chamado processo do "vinho da água", que tem "grande história", recriando-o nos tempos atuais, explicou a empresa.

Inspirada na qualidade dos vinhos "resgatados" de barcos naufragados, após estarem "perdidos" nas profundezas dos oceanos, a empresa submergiu mais de 30 mil garrafas no Alqueva para criar o Vinho da Água.

"O projeto é recuperar uma história antiga, em que barcos que se afundavam com vinhos revelaram, depois, ter vinhos extraordinários", relatou aos jornalistas o diretor executivo da empresa, em outubro, aquando da submersão de várias destas caixas recheadas de garrafas de vinho.

Seladas, lacradas e acondicionadas dentro de caixas de grande dimensão, as garrafas estagiaram vários meses neste "armazém debaixo de água", como lhe chama Duarte Leal da Costa, mesmo junto à Marina da Amieira.

As características que este processo fornece ao vinho não se conseguem obter no envelhecimento em cave, segundo a Ervideira, que realizou vários testes para verificar a evolução dos "néctares" submersos.

Agora, que já retirou do Alqueva cerca de 12 mil garrafas deste Vinho da Água, para as preparar e rotular para o lançamento no mercado, o diretor executivo mostrou-se plenamente satisfeito com os resultados do processo.

"Este processo está aprovado. O vinho que foi para dentro de água ganhou corpo, juventude e estrutura. Está muito mais aromático, com uma cor mais violácea e não tem oxidação nenhuma", congratulou-se o responsável.

No sábado, na apresentação oficial, além da retirada simbólica de caixas de dentro de água, a Ervideira vai lançar para as "profundezas" do Alqueva novas caixas de vinho.

"O objetivo, por ano, é termos 32 mil garrafas em rotação, de entrada e saída, estando permanentemente um 'armazém' lá em baixo de 15 mil garrafas, pelo menos", disse, revelando que a empresa também já está a testar o processo nos vinhos brancos: "Vamos já lançar três ou quatro mil garrafas lá para baixo".

Supermercado social abre na quinta-feira para os fregueses de Santo António, em Lisboa


Supermercado social abre na quinta-feira para os fregueses de Santo António, em Lisboa

A Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, vai inaugurar na quinta-feira o supermercado social Valor Humano, um projeto que vai disponibilizar produtos alimentares, de higiene e vestuário às famílias com necessidades económicas.
 "A solidariedade tem que rimar com dignidade. Se isso acontecer temos um valor humano, porque as pessoas são o que mais contam", afirmou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, defendendo que a entrega de "um saquinho de comida" com uma fila de pessoas à espera para o receberem "não é pedagogicamente aceitável hoje em dia, no século XXI".
Neste sentido, o supermercado social visa "dar dignidade a quem recebe os apoios", disse o autarca, referindo tratar-se de um projeto inovador na cidade de Lisboa, por "conseguir dar poder de escolha a quem é apoiado".
No Valor Humano, os fregueses de Santo António podem encontrar "um bocadinho de tudo" à disposição, desde produtos alimentares não perecíveis a produtos de higiene. Carne e peixe não estão disponíveis por questões de segurança alimentar.
O supermercado social destina-se apenas aos residentes desta freguesia lisboeta, tendo em conta a condição social em que se encontram, e prevê-se que abranja "mais de 1.000 pessoas de 360 famílias", informou Vasco Morgado.
"As técnicas de apoio social, depois de receberem o pedido de inscrição, fazem a avaliação do rendimento per capita, através do IRS [Imposto sobre o Rendimento Singular], do Subsídio de Desemprego, do Rendimento Social de Inserção", esclareceu o autarca.
Dependendo do número de elementos do agregado familiar, são atribuído os créditos, chamados `Santos Antónios`, que funcionam como moeda de troca para fazer compras no supermercado.
Segundo o presidente da Junta, o supermercado vai funcionar com o mesmo sistema do jogo Monopólio, em que é atribuído um valor em créditos.
"Vamos supor que são atribuídos 100 créditos por mês, que são transformados em `Santos Antónios`. Dá para comprar, por exemplo, um pacote de massa por um `Santo António`, um pacote de fraldas por dois `Santos Antónios` ou uma escova de dentes por um `Santo António`", explicou Vasco Morgado, informando que na segunda fase do projeto vai ser implementado um cartão magnético que acumulará os créditos.
Os produtos que vão estar nas prateleiras do supermercado social resultam de doações dos comerciantes da freguesia de Santo António, frisou o autarca, lembrando que ainda hoje chegou de um hotel 200 latas de comida já confecionada.
A Junta de Freguesia investiu cerca de dois mil euros no projeto.
Em relação às expectativas, o autarca afirmou que preferia "não ter que inaugurar uma coisa destas - era sinal que não era necessário -", no entanto espera que "corra sem problemas e que tenha sempre `stock`".
"Melhor será quando eu precisar de fechar isto porque já não tenho clientes", reforçou.
Durante o decorrer dos trabalhos de montagem do supermercado, feito por voluntários, o autarca recebeu a visita da presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, com o objetivo de traçar futuras parcerias.
A inauguração do Valor Humano, localizado na Calçada Moinho de Vento, vai decorrer às 18:00, com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.
Ainda na freguesia de Santo António vai ser inaugurada a Loja Social da D. Ajuda, no dia 28 de abril, às 18:00, no Mercado do Rato, uma iniciativa do clube social Boa Vizinhança Santo António que disponibilizará à população carenciada roupa e outros objetos usados.
Diário Digital com Lusa

Cinema com Terra

A empresa secreta que produz quase tudo o que se come


A Cargill fabrica adoçantes para a Coca-Cola, chocolate para a Mars e hambúgueres, óleo e nuggets para a Mcdonald's

15 Fevereiro 2015 • SÁBADO

A cidade de Yefremov é tudo aquilo que se poderia esperar de uma localidade industrial soviética em decadência. Os edifícios estão a cair aos bocados e as estradas esburacadas. Matilhas de cães vadios perseguem velhos carros russos Lada. É um local inóspito e cinzento, embrenhado num odor permanente a fermento, por causa da fábrica de vodka das redondezas. A cidade nunca mais foi a mesma desde a queda da União Soviética, que arrastou consigo a principal empregadora da zona, uma fábrica estatal de borracha. "Metade da população foi-se embora quando a fábrica fechou", diz Nikolai, 70 anos, condutor de camiões reformado. Tem a boca cheia de dentes de ouro e caminha com as compras pela Rua do Exército Vermelho. "O desemprego ainda é muito elevado. E as nossas reformas são muito baixas."

Mas a cidade tem pelo menos uma coisa a seu favor: os McNuggets. No Verão de 2013 abriu em Yefremov uma fábrica que produz toda a carne de frango processada para os 300 restaurantes McDonald's na Rússia. É a mais recente novidade do complexo de produção alimentar que fica perdido entre Moscovo, a cerca de quatro horas para norte, e lado nenhum. Todos os dias, peitos de frango, importados na maioria do Brasil, são despejados para máquinas que cortam, panam, cozem a vapor, fritam, congelam, embalam a vácuo e empacotam os nuggets. A cada oito horas, esta linha produz um milhão de McNuggets. Poderíamos interrogar-nos sobre as razões que levaram a McDonald's a escolher um inferno industrial para a sua McNuggetgrado. Na verdade, não escolheu. A decisão foi da maior empresa privada da América, da qual provavelmente nunca ouviu falar, mas à qual certamente já deu dinheiro.

A Cargill é a maior produtora de ingredientes alimentares do mundo. Fabrica os adoçantes para a Coca-Cola e o malte para a cervejeira MillerCoors, frango para a Asda, chocolate para a Mars e hambúrgueres, óleo alimentar e os McNuggets para a McDonald's. É a terceira maior embaladora de carne do mundo e a maior distribuidora de cereais, que envia para qualquer ponto através de uma armada de navios cargueiros seis vezes maior que a frota da Marinha Real britânica.

Apesar do seu tamanho, este gigante, que vale 100 mil milhões de euros por ano, conseguiu manter um perfil incrivelmente discreto. A estrada que nos leva à sede global da Cargill, em Minnetonka, no estado do Minnesota, é um cenário suburbano digno de um postal. As casas são grandes e os relvados estão impecavelmente aparados, com sebes brancas à volta. O Lake Office, como é conhecido, fica numa mansão de estilo francês, no meio de uma lagoa espelhada, entre árvores verdejantes e canteiros de flores. Não é o que se esperaria do centro de um império que se estende por 67 países e emprega 142 mil pessoas. Gregory Page, alto, em forma, com ar de professor, sorri: "Chegamos a todo o mundo a partir desta planície isolada."
 
Aos 62 anos, page passou a vida inteira na Cargill – quase 40 anos –, e nos últimos seis foi presidente. A empresa não cultiva nada. Em vez disso, construiu uma vasta rede de fábricas, portos e navios, que recebe e vende cereais em estado bruto ou que os transforma em produtos que acabam nas prateleiras de supermercados e farmácias, no seu tanque de combustível ou no bar da sua cidade.

O modelo é o seguinte: se um agricultor no Brasil quer plantar soja, a Cargill faz-lhe um empréstimo, vende-lhe fertilizante e oferece-lhe um seguro para as colheitas. Depois, compra-lhe a colheita e coloca-a num navio com destino, por exemplo, à China. Aí será transformada em ração para galinhas, que vão ser mortas numa fábrica da Cargill e vendidas para saciar o apetite crescente por carne. A empresa está presente em todos os elos da cadeia.
Hoje, 90% da Cargill é detida por menos de 50 pessoas, pertencentes à sexta geração de Cargills e de MacMillans (os restantes 10% são detidos pelos empregados). São os Rockefellers da indústria alimentar e gerem este império há mais de um século. Page é o terceiro presidente que não faz parte da família e até Agosto de 2013 viu a empresa ter o seu segundo melhor ano de sempre – facturou 1,7 mil milhões de euros.

Mas isso não significa que não haja problema. Em 2011, a Cargill fez a maior recolha de carne de aves da história americana, depois de ter encontrado salmonelas em embalagens de peru picado. Foi o tipo de incidente que fez os amantes da comida orgânica e local afirmarem que a empresa representa tudo o que está errado na indústria alimentar. Page, no entanto, não tem dúvidas de como distribuir calorias aos 7,2 mil milhões de habitantes do planeta: aumentar a produção a partir das culturas existentes. "A linguagem que algumas pessoas mais cuidadosas começaram a usar menciona uma intensificação sustentável", explica. E nenhum lugar é tão intenso como o estado norte-americano do Iowa.
 
Bill Talsma, um homem corpulento com 1,92 metros de altura, abriga-se à sombra de um armazém do tamanho de um hangar de aviões, repleto de equipamento agrícola de grandes dimensões. Ainda estamos a meio da manhã em Colfax, uma cidade com 2.061 habitantes no coração da chamada Cintura do Milho do Iowa, e o calor já é suficiente para transformar o milho em pipocas.

Talsma, de 56 anos, e o seu irmão Dave, de 58, nunca fizeram outra coisa a não ser trabalhar na agricultura. "Este é o meu 34.º ano", diz Bill. "O meu pai era agricultor e o meu avô também. Não saberia fazer mais nada." Juntos, trabalham quase cinco mil hectares da terra mais produtiva do planeta – e com apenas "três pessoas a tempo inteiro". Usam todas as armas da agrícola alimentar moderna. Bill aponta para uma máquina gigante de ceifar. "Custou-me mais de 370 mil euros mas faz, num único dia, o que costumava demorar duas semanas. E tem GPS a bordo, pelo que até se guia sozinha." 
Os Talsma compram sementes modificadas geneticamente. Depois, são plantadas por semeadoras gigantes ao longo de vários quilómetros de filas direitas e espaçadas com uma precisão milimétrica. Quando o milho é colhido, a maior parte acaba a 90 quilómetros de distância, em Eddyville, onde está uma das maiores fábricas de moagem de milho da América.

A Cargill fundou esta fábrica em 1985, o ano em que a Coca-Cola resolveu substituir o açúcar por xarope de milho rico em frutose, uma alternativa mais barata. Hoje, Eddyville transforma a semente de milho em mais de uma dúzia de produtos, exportados para mais de 50 países – a fábrica vale 737 mil milhões de euros e produz quase um décimo do xarope de milho da América. É um produto potente: um único vagão consegue adoçar dois milhões de latas de Cola. Grande parte do xarope é enviada de comboio para a Califórnia, onde a Coca-Cola tem uma fábrica de engarrafamento. Muitas vezes, alguns dos vagões que carregam etanol ficam presos no fim da linha. "Chamamos-lhe o comboio do rum e cola", diz DeLange.

Os cérebros por detrás da máquina de fazer dinheiro da Cargill vivem no sonolento paraíso fiscal de Genebra. É aqui que fica a sede da sua World Trading Unit (WTU, Unidade de Comércio Mundial). As operações diárias da Cargill englobam uma extraordinária quantidade de informação – análises da produção de trigo britânico, preços de milho no Departamento de Comércio de Chicago, encomendas de ração dos criadores de porcos da China e relatórios meteorológicos do Norte do Atlântico.
 
Um grupo de 30 supertraders analisa este turbilhão de dados. São as mentes mais inteligentes da organização. O que a WTU faz, em grande parte, é gerir os riscos associados ao envio anual de 40 milhões de toneladas de cereais para todo o mundo. É a WTU que vai alugar um cargueiro de frango congelado para Yefremov e que envia tanques de xarope de milho de Eddyville para as Filipinas. E nunca perde uma viagem. Na verdade, as operações de envio transportam mais carvão e minério de ferro para outras empresas do que propriamente comida. Os mesmos navios que entregam soja brasileira transportam também carvão australiano.

Mas a WTU também recorre a um vasto e precioso arsenal de conhecimento, dados e tecnologia para fazer apostas puramente financeiras. "Genebra faz muito comércio especulativo", disse um antigo negociante da Cargill. "Nesse sentido, não há diferença nenhuma entre eles e a Glencore, ou qualquer outra corretora." A CarVal Investor, detida pela Cargill, vale 4 mil milhões de euros e especializou-se em empresas em dificuldades – já investiu no banco Lehman Brothers.

Os riscos são elevados. Em 2011, o principal negociante de açúcar da empresa saiu depois de a Cargill ter perdido 73 milhões de euros em negócios especulativos. O presidente da Cargill, David MacLennan, minimiza a ideia de que a empresa é um gigante voraz da distribuição. "Se vier até nós e quiser ficar muito, muito rico, somos a empresa errada para si. Não vai ver muitos Lamborghinis no nosso parque de estacionamento", afirma. "Há aqui uma boa herança escocesa. Não somos exibicionistas." Um antigo negociante da empresa discorda: "Isso é treta. Pode ser verdade no Minnetonka, mas não em Genebra."

Será que especular com os preços da comida combina bem com a missão de alimentar o mundo? Até a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura salienta que é "bastante claro" que a especulação exacerba os picos de preços verificados na indústria em 2008 e 2010. A Cargill argumenta que a sua operação faz mais para reduzir os custos da alimentação do que alguns dos seus negociantes fazem para os manterem elevados. Mas os críticos têm certamente alguma razão quando culpam a Cargill por nos ajudar a manter gordos, certo? A empresa também tem resposta para isso. E a resposta passa por colocar três copos de plástico, do tamanho de copos de shot, em cima da mesa. Cada um contém uma dose de chá gelado com sabor a pêssego, mas só um deles tem metade das calorias, graças a um substituto muito doce do açúcar que deriva da stevia, uma planta sul-americana. Tento adivinhar, sem sucesso, qual tem menos calorias. A minha falha é o sucesso da Cargill. A empresa conseguiu substituir 16 cubos de açúcar, a quantidade tradicional de uma lata de chá, por apenas uma pitada de pó mágico.
 
E não só a bebida sabe ao mesmo, como também se "sente" o mesmo. "Desenvolvemos uma combinação muito específica de texturizadores que recuperam a sensação na boca e a viscosidade que se esperaria [de uma bebida com açúcar]. Esta fórmula teve bastante sucesso entre dois dos nossos maiores clientes da indústria de bebidas", diz Reginald Bokkolen.

Bokkolen é um dos 150 cientistas alimentares que trabalham no laboratório europeu da Cargill, nos arredores de Bruxelas. É um dos cinco laboratórios da empresa. Chris Mallett, o químico britânico que dirige o departamento de pesquisa e desenvolvimento, é o homem a quem os gigantes da alimentação recorrem quando precisam de cortar gorduras saturadas ou encontrar uma forma de colocar a etiqueta "100% Natural" nos seus produtos. Está mais ocupado do que nunca.

Entre as fascinantes áreas em que os seus cientistas estão a trabalhar – ou entre as mais perturbadoras, consoante o ponto de vista – está uma nova classe de ingredientes que leva o corpo a pensar que está saciado. "Parece que as pessoas obesas têm micróbios diferentes dos que têm as pessoas magras nos intestinos", explica Douwina Bosscher, uma nutricionista da Cargill. "Por isso, se conseguirmos produzir alimentos que equilibrem melhor estes micróbios podemos ter uma forma eficiente de perder peso." No mundo alimentar, é o mais perto a que se chega da alquimia.

E se geríssemos o país como os compartes gerem os baldios de Tourencinho?

MARIA LOPES 11/04/2016 - 20:40

PCP vai propor alterações profundas ao regime dos baldios aprovado pela anterior maioria PSD/CDS e conta com o apoio do PS. Jornadas parlamentares terminam esta terça-feira em Bragança.

 
Nos últimos 16 anos, a pequena aldeia incrustada no sopé de uma encosta granítica junto ao rio Corgo, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, mudou radicalmente. Tourencinho orgulha-se de ter agora uma capela nova, um cemitério arranjado, uma casa mortuária reconstruída a partir da antiga Capela de S. Domingos e S. Sebastião, um centro social e de convívio para 20 utentes que faz apoio domiciliário de lavandaria e cozinha a 40 famílias. Mas também um lar com capacidade para 23 camas com a avaliação máxima da Segurança Social, três capelas no monte reconstruídas, uma sede da Associação Cultural e Recreativa Tourencius dos Xudreiros (que junta o nome da aldeia actual ao de outra que perdeu a população há 500 anos); e de os pinhais em volta da aldeia estarem limpos, as ruas calcetadas de granito e impecavelmente asseadas, os caminhos de acesso às hortas com muros reconstruídos na traça antiga e pontões para ultrapassar os riachos.

De onde veio o dinheiro para todas estas obras? Da gestão dos baldios por cerca de 250 compartes, descreveu Licínio Costa, presidente da Assembleia Geral dos Compartes de Tourencinho, que guiou uma comitiva de três deputados comunistas em passo estugado pelas calçadas da aldeia mostrando as benfeitorias com rendimento dos baldios. São 1000 hectares de baldios dos quais apenas 290 – o máximo admissível para pastoreio – estão distribuídos pelos compartes consoante o número de animais. E há por ali rebanhos de ovelhas e manadas de vacas maronesas a pastar nos lameiros verdejantes numa tarde soalheira.

O resto da área dos baldios tem arvoredo (de que se aproveita a madeira), algumas pedreiras de granito real amarelo na serra (já foram uma dúzia, agora apenas quatro são exploradas), um parque eólico, uma zona para apiário, outra para os caçadores virem a fazer um centro de reprodução do coelho selvagem. E é destas parcelas que vem a receita para o orçamento médio de 100 mil euros anuais nos últimos 15 anos – só os aerogeradores dão 57.500 euros. Outro rendimento importante foi a indemnização da Estradas de Portugal pela construção da auto-estrada e da qual há ainda 350 mil euros para receber.

É por isso que, depois de terem pago mais de metade do lar de 1,3 milhões de euros, e de todas as obras de cariz cultural, associativo (há subsídios anuais), religioso e de apoio social que fizeram nos últimos anos (algumas com apoios comunitários), todos aprovados em assembleia de compartes, há mais apoios para tentar fixar a população. Como a comparticipação dos livros do pré-escolar à universidade, entre 150 e 300 euros por aluno para os compartes. Na verdade, todos os habitantes maiores de idade são compartes, assim como os emigrantes que ali tenham propriedades e até quem é de fora mas ali mantenha um negócio na agricultura ou pecuária.

"Criámos 36 postos de trabalho. Na aldeia não há desemprego", diz, orgulhoso, Licínio Costa, acrescentando, condescendente, que haverá "quem não trabalhe, mas é porque já não está para trabalhar – e são casos raros". Um truque para criar riqueza na aldeia é tentar que cada euro investido pelos baldios ali permaneça: são os empreiteiros da aldeia que fazem as obras, com orçamentos fechados e escrutinados.

"O segredo do sucesso é a cooperação, a colaboração de todos – compartes e entidades como a junta e a câmara – e o orgulho", vinca Licínio, mais a "gestão transparente". E isso é algo que impressiona Margarida Castela, de 37 anos, que sempre por ali morou e por isso tem direito de voto nas assembleias, onde tenta sempre ir para participar nas decisões e saber o que aí vem. Como a discussão que houve há pouco tempo sobre a criação de um subsídio anual para os casais jovens com filhos até uma certa idade – ainda que possa já não beneficiar, pois as duas filhas de 15 e 7 anos já ganharam asas para ir estudar em Vila Pouca –, depois de o plano de encerramento de escolas com menos de 50 alunos do Governo PS ter deixado Tourencinho apenas com jardim infantil.

Tourencinho foi escolhida para as jornadas parlamentares do PCP, dedicadas aos problemas do desenvolvimento regional, por ser um bom exemplo de como a lei dos baldios aprovada por PSD e CDS com votos contra de toda a esquerda pode prejudicar esta realidade característica do interior. Os compartes pedem alterações para que não percam os terrenos para as freguesias – porque não são propriedade pública mas comunitária, argumentam – e possam continuar a geri-los sem interferências.

Gabinete antifraude investiga fundos atribuídos a Portugal no âmbito do PDR


por Ana Rita Costa- 26 Abril, 2016

O Organismo Europeu de Luta Antifraude da União Europeia (OLAF) abriu recentemente dois inquéritos para investigar a atribuição de fundos comunitários a Portugal no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural entre 2007 e 2013. De acordo com a notícia avançada pelo jornal Público, ainda não são conhecidos detalhes sobre estas investigações, no entanto, este organismo costuma investigar "casos que lesam o orçamento da União Europeia, a corrupção e as faltas graves" no âmbito das instituições da UE.

Ao mesmo jornal, o Ministério da Agricultura diz ter conhecimento de três processos "que seguem os trâmites normais e sobre os quais não se conhecem ainda os relatórios finais". "Tendo em conta a dimensão da intervenção financiada pelos fundos destinados à agricultura e desenvolvimento rural, consideramos que este número de ocorrências não põe em causa a eficácia dos sistemas nacionais de gestão e controlo", referiu o Ministério da Agricultura ao Público.

Só depois de uma avaliação inicial é que será conhecido o parecer do OLAF, que decidirá então se abre ou não investigação em relação aos casos agora analisados.

Vinhos do Alentejo promovem simpósio internacional de Vitivinicultura


por Ana Rita Costa- 26 Abril, 2016

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), a CCDRA, a ATEVA, Universidade de Évora e a DRAPAL vão promover entre os dias 4 e 6 de maio, no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA), em Évora, a 10ª edição do Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo.

O evento contará com a presença de Capoulas Santos, ministro da Agricultura, que fará a sessão de abertura da iniciativa, e contará com diversos oradores nacionais e internacionais para debater conhecimentos técnicos na área da vitivinicultura, enologia e marketing.

Em discussão estarão temas como:

As castas ancestrais ibéricas na génese da diversidade vitícola de Portugal;
Influência da variabilidade e alteração climática na fenologia da videira: caso de estudo na região de Lisboa;
Quantificação da variabilidade intravarietal da interação Genótipo x Ano e a sua repercussão na eficácia da seleção clonal;
Caracterização fenotípica e molecular de isolados de phaeomoniella chlamydospora obtidos na Região Demarcada do Dão;
Estratégias de Combate ao oídio da videira (Erysiphe necator) face aos fenómenos de resistência a fungicidas;
Expressão diferencial de genes ao abrolhamento em Touriga Nacional e em Cabernet Sauvignon infetadas com os vírus do urticado e do enrolamento foliar;
Fungicidas autorizados na proteção fitossanitária da videira ao oídio;
Agregação proteica em vinhos brancos – Novos resultados sobre o mecanismo químico de turvação e novas tecnologias de estabilização em teste.



Partido Comunista quer limitar uso de pesticidas na agricultura da Madeira


por Ana Rita Costa- 29 Abril, 2016

O Partido Comunista (PCP) entregou recentemente um diploma na Assembleia Legislativa Regional da Madeira que tem como objetivo reduzir a utilização de pesticidas na agricultura da região.

De acordo com o Diário de Notícias da Madeira, o objetivo do partido é criar um 'Programa Regional para o Uso Responsável de Pesticidas', uma questão que de acordo com os deputados do PCP é importante debater, porque "afeta, não só a saúde das populações, mas também o equilíbrio do meio ambiente."

Sílvia Vasconcelos, deputada que apresentou o diploma, aproveitou a ocasião para lembrar que em alguns casos a utilização de pesticidas pode contaminar os terrenos agrícolas e os produtos cultivados.

Segundo o Diário de Notícias da Madeira, o diploma pretende assim que sejam "implementados regimes de fiscalização da utilização destes produtos" e que se aposte na formação dos agricultores e dos vendedores de agroquímicos.

Plano Nacional de Pesquisa de Resíduos

COMUNICADO

Tendo em conta as dúvidas que a utilização da substância ativa glifosato, como herbicida, têm suscitado na opinião pública, o Ministério da Agricultura esclarece:

 O Ministério da Agricultura, através da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), realiza as análises constantes do Plano Nacional de Pesquisa de Resíduos (PNPR), que incidem sobre vegetais, produtos de origem animal e alimentos processados para lactentes e crianças.

 O PNPR é revisto anualmente em função das diretrizes comunitárias, que determinam a lista de substâncias a pesquisar e a lista de alimentos que devem ser controlados.

 A DGAV tem cumprido o PNPR realizando, sistematicamente, mais análises, aumentando o número de amostras recolhidas por tipo de alimento e alargando a lista de alimentos a controlar.

 Para 2016, o programa comunitário determinou a recolha e análise de 130 amostras, a retirar de 9 produtos vegetais. Em Portugal serão feitas análises adicionais a mais 10 produtos, estando prevista a recolha de mais 100 amostras.

 O glifosato nunca fez parte da lista de substâncias a pesquisar, tendo sido determinada a sua introdução no PNPR apenas em 2016. Foi determinada a pesquisa de glifosato em sementes de centeio.

 A recolha de amostras é programada anualmente em conjunto com as Direções Regionais de Agricultura e Pescas, decorrendo neste momento a fase de recolha.

 Desde novembro de 2015 que o uso profissional de produtos fitofarmacêuticos, incluindo o glifosato, está sujeita a formação específica para os aplicadores, incluindo as Câmaras Municipais.

 O Ministério da Agricultura acompanha, ao mais alto nível, os estudos e avaliação científica de substâncias utilizadas na agricultura e na pecuária suscetíveis de afetar a saúde humana.

 Na sequência das observações da Agência Internacional de Investigação para o Cancro, que apontavam para possíveis efeitos cancerígenos da substância ativa, e da exaustiva reanálise dos estudos e informações disponíveis pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, foi concluído que o potencial carcinogénico identificado está associado, não ao glifosato, mas sim à presença, em certos produtos fitofarmacêuticos contendo glifosato, de um co-formulante (taloamina) que, na sequência da avaliação adicional conduzida, evidenciou um potencial genotóxico.

 O Comité de Peritos da União Europeia reunirá a 18 de maio para analisar e decidir sobre a utilização futura do glifosato a nível europeu. Caso não haja consenso sobre a matéria, o processo transita para uma instância superior.

Lisboa, 30 de abril de 2016