sexta-feira, 27 de abril de 2018

Seguro de colheitas passa a abranger produção de romã, colza e soja


CONFAGRI 23 ABR 2018

O Governo acaba de fazer a segunda alteração ao Regulamento do seguro de colheitas e da compensação de sinistralidade, com a publicação esta segunda-feira, em Diário da República, da Portaria nº 109/2018, em anexo.

O interesse crescente manifestado pelo setor agrícola na produção de romã, colza e soja, culturas até à data não abrangidas pelo seguro de colheitas, justifica a sua inclusão no seguro de colheita horizontal, passando aquelas culturas a beneficiar do sistema de seguros agrícolas, refere o diploma.

Além disso, realça a Portaria, o incremento da instalação de pomares intensivos de amendoeiras, com introdução de novas variedades, justifica que se antecipe o início da cobertura do seguro nesta cultura para o terceiro ano de plantação.

No entanto a cultura de amendoeira terá de ter uma área mínima de 0,5 hectares, não sendo permitido o seguro de plantas isoladas, bem como o de pomares com uma densidade inferior a 100 árvores por hectare.

Campanha da cereja no Fundão está atrasada duas a três semanas


26/4/2018, 12:20

Em 2017, por esta altura, já se colhiam as primeiras cerejas, no Fundão. Devido às condições climatéricas atípicas para esta época, a campanha de cereja está atrasada duas a três semanas.


A campanha da cereja no Fundão vai começar este ano com duas a três semanas de atraso devido às condições climatéricas atípicas de março, disse à agência Lusa o presidente da Cerfundão, organização de produtores da Cova da Beira.

"Há efetivamente um atraso de duas a três semanas e mesmo a sul da Gardunha [onde as cerejas amadurecem mais cedo] ainda temos pomares em flor, ou seja, o processo de vingamento ainda nem se iniciou", explicou José Pinto Castello Branco.

Tal como lembrou, em 2017, por esta altura, já se colhiam as primeiras cerejas, mas este ano a entrada tardia da primavera e a chuva constante que se verificou ao longo do mês de março e início do abril acabaram por atrasar o amadurecimento do fruto.

"Os ciclos de produção estão efetivamente muito atrasados e continuamos a depender das condições climatéricas para que tudo corra dentro da normalidade, mas se não tivermos mais percalços as primeiras colheitas devem começar entre o dia 15 e o dia 20 de maio", especificou José Pinto Castello Branco, lembrando que, em 2017, a 26 de abril já havia cerejas colhidas.

Questionado sobre os reflexos que as alterações do tempo podem ter na produção, para além do atraso verificado, José Pinto Castello Branco, que também é produtor de cereja, explica que ainda é cedo para fazer prognósticos, visto que só após o vingamento é que se percebe melhor o ponto da situação em termos de quantidade e qualidade.

"Os vingamentos mais precoces têm estado a correr bem, mas não se sabe como é a partir daqui. Além disso, se as pessoas se ressentem com estas mudanças bruscas, também é natural que as árvores possam sentir estas viragens súbitas", apontou.

Este responsável mantém, todavia, a expectativa de que tal não aconteça e que, quando chegar a hora, as cerejas do Fundão cheguem com a qualidade que as distinguem. Quanto ao início da campanha da cereja na Cerfundão, José Pinto Castello Branco frisa que "está tudo a postos" e que a estrutura estará preparada para dar resposta às necessidades, no dia em que os produtores começarem a colher.

O Fundão, no distrito de Castelo Branco, tem atualmente entre dois mil a 2.500 hectares de pomares de cerejeiras, área que tem vindo a crescer todos os anos e que leva a que este concelho seja considerado uma das maiores zonas de produção de cereja a nível nacional. De acordo com um levantamento feito pela autarquia, a fileira da produção de cereja neste concelho (que inclui subprodutos e negócios associados), já representa mais de 20 milhões de euros por ano na economia local.

Justiça europeia não se opõe a impostos sobre grandes superfícies


O Tribunal de Justiça da União Europeia analisou os impostos aplicados por comunidades autónomas espanholas a grandes estabelecimentos comerciais e concluiu que são compatíveis com o direito da União Europeia.

26 de abril de 2018 às 14:52

O direito da União Europeia não se opõe à existência de impostos sobre as grandes superfícies comerciais, como os que existem em Espanha, destinados a financiar medidas de protecção do ambiente e de ordenamento do território. 

A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia é divulgada numa altura em que a Comissão Europeia promove os chamados "impostos verdes", que já começaram ser adoptados em Portugal.

O acórdão surge na sequência de processo promovido pela associação espanhola de grandes empresas de distribuição (a ANGED), que contestou a legalidade dos impostos aplicados por três comunidades autónomas – Catalunha, Astúrias e Aragão – sobre os grandes estabelecimentos comerciais dos seus territórios.

São impostos que se destinam a compensar as repercussões territoriais e ambientais que possam resultar da actividade destas grandes superfícies, sendo as receitas aplicadas em planos de acção ambientais e na melhoria de infra-estruturas.

O caso chegou ao Supremo Tribunal de Espanha, que manifestou ao Tribunal de Justiça da União Europeia as suas dúvidas sobre a compatibilidade destes impostos regionais com a liberdade de estabelecimento.

"Nos seus acórdãos de hoje, o Tribunal de Justiça declara que tanto a liberdade de estabelecimento como o direito dos auxílios do Estado não se opõem a impostos que incidem sobre grandes estabelecimentos comerciais, como os que estão em causa", lê-se na nota de imprensa divulgada esta quinta-feira, 26 de Abril.

O Tribunal considera que o critério da superfície de venda, através do qual se determina quem é abrangido pelo imposto, não estabelece qualquer discriminação directa.

Num segundo momento, o Tribunal avaliou se as isenções que existem no quadro desses impostos, em função da superfície, constituem auxílios de Estado.

E concluiu que é "incontestável" que o impacto ambiental depende da dimensão dos estabelecimentos: quanto maior a área, maior a afluência do público e maiores danos para o ambiente. Sendo o critério coerente com o objectivo do imposto, não está em causa um auxílio de Estado.

A conclusão foi idêntica quando se avaliou a isenção para determinadas actividades, como jardinagem, comércio de automóveis ou materiais de construção, mas neste último caso a verificação do critério terá de ser feita pelo Supremo espanhol.

Contudo, no caso específico da Catalunha, o Tribunal considerou que o critério de diferenciação fiscal acaba por isentar do imposto os grandes estabelecimentos comerciais colectivos, o que constitui, sim, um auxílio de Estado.

Apesar de servirem como relevante referência para os legisladores nacionais, as decisões dos Tribunais Europeu são tomadas a partir de casos concretos.

Em Portugal, as grandes superfícies estão sujeitas a uma taxa de segurança alimentar, que geraram "mais de cinco centenas de acções entradas em tribunal contra a cobrança desta taxa", de acordo com o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

Homem de 70 anos morre em capotamento de tractor


Acidente aconteceu em Carvalhal do Chão, na freguesia de Arões, quando o homem procedia a trabalhos agrícolas.

LUSA 26 de Abril de 2018

Um homem de 70 anos morreu nesta quinta-feira em Vale de Cambra sob um tractor que capotou enquanto procedia a trabalhos agrícolas, revelou à Lusa o comando da corporação local de bombeiros.

O caso deu-se em Carvalhal do Chão, na freguesia de Arões, e o alerta chegou ao quartel às 17h05, após o que bombeiros acorreram ao local e ainda encontraram o indivíduo com sinais de vida, embora débeis.

Contudo, o óbito seria declarado pouco depois, após intervenção dos técnicos da Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Hospital de Santa Maria da Feira. O corpo do homem foi conduzido para o Instituto de Medicina Legal do Hospital da Feira.

"O senhor tinha uma propriedade e estava a passar-lhe o tractor para remoção de umas pedras, mas a certa altura terá feito uma manobra que fez a viatura capotar e não resistiu ao acidente", declarou à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Vale de Cambra, Victor Machado.

No local ficaram ainda psicólogos do INEM, já que, como conta Victor Machado, "a esposa da vítima estava muito transtornada".

Obama vai ao Porto em julho para uma conferência



26.04.2018 às 19h57
 
Ex-presidente dos EUA será orador na Climate Change Leadership Porto Summit 2018, marcada para o Coliseu

Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos da América, será o principal orador na "Climate Change Leadership Porto 2018 Summit", marcada para o dia 6 de julho no Coliseu do Porto, soube o Expresso junto de fonte da organização.

O 44º Presidente dos EUA deverá alertar para os impactos e desafios suscitados pelas mudanças climáticas na agricultura. O objetivo da cimeira, na qual participa também Mohan Munasinghe, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2007, está muito centrado nas alterações climatéricas, até pelo seu impacto na evolução das sociedades.

Os organizadores consideram indispensável lançar esta discussão, desde logo pelas consequências para a economia e as estruturas de produção, com particular incidência na agricultura.

Obama desloca-se ao Porto a convite da Advanced Leadership Foundation, é uma estrutura sem fins lucrativos, com escritórios em Washington, Madrid e uma representação no Porto, presidida por Adrian Bridge. Tem desenvolvido ações na América Latina no âmbito da economia verde e lançado vários projetos destinados a novas gerações.

A cimeira de 6 de julho, durante a qual será lançado o "Porto Protocol", é uma conferência internacional cujo objetivo central é encontrar soluções práticas e testadas, umas a curto, outras a longo prazo, destinadas a contribuir para que o setor agrícola consiga encontrar defesas para as consequências das mudanças climáticas.

Há, neste momento, uma grande preocupação no setor agrícola, desde logo porque as mudanças de clima estão a desencadear alterações significativas nas temperaturas médias, na precipitação ou a provocar episódios cada vez mais recorrentes de clima extremos.

Barac Obama tem revelado grandes preocupações por esta temática, ao longo do seu mandato pronunciou-se várias vezes sobre as vantagens da economia verde, e declarou já, durante a U.N. Climate Change Summit, que "há uma questão que definirá os contornos deste século de forma mais dramática do que qualquer outra, e essa é a ameaça urgente e crescente de um clima em mudança".

Outros oradores confirmados neste cimeira são, além de Mohan Munasinghe, físico, académico e conomista do Sri Lanka, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2007; Irina Bokova, ex- Directora geral da UNESCO, e Juan Verde, Presidente da Advanced Leadership Foundation.

Presidente da República inaugura Ovibeja na sexta



O Presidente da República inaugura, ao início da tarde de sexta-feira, a 35ª edição da Ovibeja e associa-se também à cerimónia de atribuição do nome do Parque de Feiras e Exposições de Beja a Manuel Castro e Brito.

Marcelo Rebelo de Sousa vai estar em Beja a partir das 13 horas, onde descerrará uma placa com o nome atribuído ao recinto a que foi dado o nome do fundador da Associação de Criadores de Ovinos do Sul (ACOS) e grande impulsionador da Ovibeja. Manuel Castro e Brito faleceu em março de 2016, funeral em que o Presidente da República esteve presente, tendo em setembro desse mesmo ano atribuído a título póstumo, a medalha de Grande-Oficial das Ordem de Mérito.

A atribuição no nome de Castro e Brito ao Parque de Feiras, foi deliberada há dois meses pelo Município de Beja e ratificada pela Assembleia Municipal, depois de uma proposta feita há cerca de dois anos pela ACOS.

Na inauguração da "Grande Feira do Sul", acompanham o mais alto magistrado da Nação, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos e o Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, natural de Beja.

A edição comemorativa dos 35 anos da Ovibeja, conta com mais de um milhar de expositores, sendo uma feira plural e com os olhos postos no futuro, virada para a inovação, o empreendedorismo e a festa. As exposições viradas para a agricultura, de ovinos, caprinos, suínos e aves, a gastronomia típica e as vozes dos cantadores do Alentejo, vão trazer à Ovibeja mais de 200 mil visitantes.

A Arena do Azeite, a Agro Alentejo Export, o Campo da Feira, o pavilhão Terra Fértil e o Pavilhão do Cante, das Artes e dos Ofícios, a par dos espetáculos musicais noturnos, deixam antever cinco dias de grande movimentação em Beja e concelhos limítrofes, onde a capacidade hoteleira está lotada.

Além da presença do Presidente da República, o primeiro do certame fica marcado pelo espetáculo dos Xutos e Pontapés.

Portugueses querem produtos biológicos mas ignoram uso de pesticidas - estudo

Quase dois terços dos portugueses preferem consumir somente alimentos biológicos, mas apenas um quinto diz saber que a agricultura biológica também utiliza produtos fitofarmacêuticos ou pesticidas, concluiu um estudo hoje divulgado.

Os resultados do estudo mostram que "65% dos participantes [num inquérito] preferem comer apenas alimentos biológicos", mas "só aproximadamente 19% que acreditam que a agricultura biológica utiliza os produtos fitofarmacênticos, conhecidos por pesticidas", disse hoje à agência Lusa uma investigadora que participou no trabalho, Isabel Moreira.

O estudo foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Católica-Lisbon, School of Business & Economics em parceria com a Associação Nacional para a Indústria da Proteção das Plantas (ANIPLA) com o objetivo de saber mais sobre o conhecimento da população portuguesa relativamente à realidade da produção de alimentos.

Foram focadas áreas como a relação entre os produtos fitofarmacêuticos e a produtividade agrícola, o impacto económico e a acessibilidade aos bens alimentares e a perceção face à produção e aos alimentos de agricultura biológica.

Do total de 961 inquiridos, 61% respondeu que concorda totalmente ou tende a concordar que, para manter os alimentos acessíveis, os agricultores devem ser capazes de combater as infestantes, pragas e doenças com produtos fitofarmacêuticos.

Uma das grandes conclusões do estudo, segundo destaca a investigadora Isabel Moreira, é que "85% dos inquiridos acreditam que os produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos como pesticidas, são concebidos com o objetivo proteger as plantas de influências prejudiciais", como insetos nocivos, infestantes, fungos e outros parasitas.

"Além disso, 68% referem que, sem o uso de produtos fitofarmacêuticos, mais de metade das culturas mundiais podem ser perdidas a cada ano, devido a pragas e a doenças das culturas", referiu Isabel Moreira.

A juntar ao facto de 65% dos inquiridos transmitir a preferência por alimentos biológicos, 66% diz que consumir produtos biológicos regularmente reduz o risco de cancro.

"Pedimos aos participantes para indicarem que fatores poderiam ter impacto no aumento dos custos dos alimentos no mundo e 86% indicou a falta de produção devido às alterações climáticas", disse a investigadora da Católica-Lisbon, School of Business & Economics, seguindo-se a falta de terra adequada à agricultura, com 60%.

A quase totalidade dos inquiridos (98%) refere que o preço dos alimentos deve ser acessível para garantir que as famílias têm alimentos saudáveis e frescos, realçou ainda Isabel Moreira.

O trabalho realiza uma comparação dos resultados obtidos em Portugal com dados de um estudo envolvendo vários países, como Espanha, Reino Unido, Alemanha e Polónia, efetuado em 2016.

"Há algumas diferenças, sobretudo em relação às respostas 'não sabe', os portugueses selecionam menos essa opção" e em relação à questão de os produtos fitofarmacêuticos serem concebidos para proteger as plantas, "na amostra portuguesa temos 85% dos participantes que concordam, enquanto que, no estudo internacional, 17% concorda totalmente e 52% tendem a concordar, ou seja, é uma percentagem ligeiramente inferior" (69%), apontou.

O estudo abrangeu 961 participantes representativos da população portuguesa, através do Painel de Estudos Online da Católica Lisbon School of Business & Economics, que responderam a um questionário 'online' em março de 2018, através do Painel de Estudos Online da Católica Lisbon School of Business & Economics.

Na definição de produção biológica disponível no site da Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural, a produção biológica é entendida como um sistema de gestão das explorações agrícolas e de produção de géneros alimentícios que combina as melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e a utilização de substâncias e processos naturais.

A Associação Portuguesa de Agricultura Biológica - Agrobio refere que, em agricultura biológica, não se recorre à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados, sendo uma atividade que visa obter produtos saudáveis, com práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema agrícola.

Trabalhadores da agricultura ganhavam em 2016 menos 22% do que restantes funcionários -- Pordata


O ordenado médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem (TCO) na agricultura e pescas foi, em 2016, de 726 euros, inferior em 21,5% ao dos TCO's dos restantes ramos, de acordo com os dados compilados pela Pordata hoje divulgados.

No entanto, este é o valor mais baixo desde 1985, tendo o nível recorde sido atingido em 1986, altura em que o ordenado médio mensal dos trabalhadores do setor da agricultura e pescas era inferior em 31,7%, em comparação com o montante recebido pelos funcionários dos restantes setores.

No período em causa, a disparidade salarial entre sexos também se aplicou ao setor, tendo as mulheres TCO recebido, em média, menos 14% por mês do que os homens.

Já nos quadros superiores, a diferença salarial é a maior, fixando-se em menos 24,7%.

De acordo com os dados da Pordata, a Superfície Agrícola Utlizada (SAU) em 2016, representou 39,5% do território nacional, cerca de 3,6 milhões de hectares, dos quais 1.043.298 hectares de terras aráveis, 16.331 de hortas familiares, 705.120 de culturas permanentes e 1.876.943 hectares de pastagens permanentes.

"De 1989 para 2016, a extensão da SAL diminuiu 360 mil hectares (-9%), mas a dimensão média das explorações agrícolas mais do que duplicou, isto é, passou de 6,7 hectares em 1989 para 14,1 hectares em 2016", avançou a Pordata.

Segundo os dados disponibilizados, em 2016, existiam menos 550 mil explorações agrícolas do que em 1968, tendo o "abandono progressivo" da atividade agrícola sido verificado, sobretudo, na pequena agricultura.

No período de referência, a esmagadora maioria (91%) das explorações agrícolas eram de pequena dimensão (com menos de 20 hectares), ocupando 1/5 do total da superfície agrícola.

Por sua vez, o número de sociedades agrícolas fixou-se, em 2016, em 11.400, mais 7.400 do que em 1989. Porém, as sociedades em causa representam apenas 4% das explorações agrícolas.

Já a superfície agrícola não utilizada, mas com potencial agrícola, caiu 60% desde 1980.

CPLP e Turquia podem reforçar cooperação na saúde e agricultura familiar


A saúde e a agricultura familiar são áreas em que os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Turquia podem fortalecer a cooperação, afirmou a secretária-executiva da organização, após uma visita a Ancara.

Maria do Carmo Silveira falava à Lusa após uma visita oficial, na semana passada, a Ancara, a convite da Turquia, país que aderiu à CPLP como observador associado na cimeira de Díli, em julho de 2014.

A deslocação, que foi a primeira de um secretário-executivo da organização lusófona à Turquia, foi uma oportunidade para "estreitar os laços", disse a responsável.

No âmbito da visita, Maria do Carmo Silveira foi recebida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Mevlüt Çavusoglu.

"Esperamos que seja o início de um processo de reforço das relações de cooperação entre a Turquia e os Estados-membros da CPLP", comentou Maria do Carmo Silveira.

A secretária-executiva identificou a agricultura familiar e a saúde como "áreas potenciais" para o aprofundamento da cooperação, dada a "sólida experiência" da Turquia nestes setores.

A responsável indicou que vai transmitir aos membros da CPLP uma "recomendação para que submetam projetos concretos" ao Governo turco para possível financiamento.

Maria do Carmo Silveira disse ainda que, desde a concessão do estatuto de observador associado, a Turquia estabeleceu representações diplomáticas em Angola e Moçambique e reforçou as relações de cooperação com São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.

Na sua deslocação a Ancara, a secretária-executiva da CPLP visitou a TIKA -- Agência Turca para a Cooperação e Coordenação, e a instituição de ensino superior YÖK.

Além disso, reuniu-se com o reitor da Universidade de Ancara, onde visitou o Centro de Estudos da América Latina.

Bruxelas pode fazer cortes de 6% em coesão e agricultura



Orçamento para a UE que Juncker vai apresentar contará com uma rubrica de segurança e defesa 

A Comissão Europeia vai apresentar a sua proposta de orçamento de longo prazo. Segurança e defesa são as novidades

A Comissão Europeia prepara-se para apresentar a sua proposta para o orçamento de longo prazo, que, de acordo com fontes europeias, poderá incluir cortes de 6% na política de coesão e na Política Agrícola Comum.

Bruxelas apresenta o futuro quadro financeiro plurianual a 2 de maio, plano que vigorará durante sete anos, até 2021, e que contará com uma rubrica nova, proposta pelo Parlamento Europeu, a da segurança e da defesa, que foi incluída com a perspetiva de que não se retirem verbas a outras rubricas já existentes.

Porém, a necessidade de distribuir o orçamento de longo prazo por outros novos setores, como as alterações climáticas, as migrações ou a transição digital, após a perda das contribuições do Reino Unido, pode vir a sacrificar áreas políticas tradicionalmente ligadas à construção europeia.

Por outro lado, a proposta vai contar com o reforço das verbas noutras áreas. De acordo como fontes europeias, ouvidas pelo DN, a proposta da Comissão deverá passar pela duplicação das verbas destinadas ao programa Erasmus+ e de um aumento entre os 40% e os 50% para os fundos destinados ao Horizonte 2020.

Critérios

De acordo com um dos esboços do documento que a Comissão Europeia está a trabalhar, divulgado ontem pelo Financial Times, Bruxelas prepara-se para privilegiar critérios como o "desemprego juvenil, a educação e o meio ambiente, até migrações e inovação", para a distribuição dos fundos de coesão, em vez de considerar a proporção do PIB per capita, como até aqui.

Para Portugal, este seria um modelo que poderia contrariar o modelo defendido no documento que o governo assinou com o PSD, no qual se considera que o "PIB per capita" deve prevalecer como o principal elemento da distribuição do envelope financeiro.

O eurodeputado José Manuel Fernandes entende mesmo que esse critério deve ser tido em conta "tanto em relação ao envelope global [para a distribuição por país] e também deve ser o principal elemento para a distribuição interna". Porém, "isto não invalida a existência de outros critérios, e um deles pode ser o desemprego, nomeadamente o desemprego jovem", admite, considerando ainda um outro como o da "densidade populacional".

"O governo deverá fazer as simulações e a ponderação dos critérios possíveis, tendo o objetivo de, pelo menos, mantermos o envelope da política de coesão, que atualmente são 22 mil milhões de euros", defende o único português que integra o núcleo restrito de parlamentares que irá negociar o próximo orçamento comunitário. Considera ainda que "deve haver a preocupação para a manutenção do fundo para o desenvolvimento rural, que são 26 mil milhões de euros e, no caso da agricultura, em relação aos pagamentos diretos, que se mantenham os quatro mil milhões".

"É prematuro estar-se já a discutir e a apresentar os critérios da política de coesão", considera o eurodeputado, uma vez que a Comissão apresentará a sua proposta de regulamento para o quadro financeiro plurianual e, quase em simultâneo, apresenta os regulamento setoriais, nos quais "o Parlamento ainda tem uma palavra a dizer".

Estrasburgo tem defendido o aumento do orçamento de longo prazo, para que este passe a contar com o equivalente a 1,3% do rendimento nacional bruto de cada um dos Estados membros, ao passo que a Comissão Europeia tem defendido o aumento de uma percentagem de 1,1. No Conselho Europeu prevalecem, porém, algumas resistências, nomeadamente dos governos que tradicionalmente assumem posições mais duras em períodos negociais.

Entre os Estados membros contra o aumento do orçamento está a Holanda, a Finlândia, a Dinamarca, a Suécia e a Áustria, este último com as agravantes de assumir a próxima presidência da União Europeia e de este ser um momento em que os Estados procuram fazer prevalecer as suas posições.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Portugal é o 9º maior exportador mundial de vinho


Portugal manteve, em 2017, o lugar de 9º maior exportador de vinho do mundo, mas reduziu a distância para o 8º no pódio: os Estados Unidos reduziram a sua quota no comércio mundial, passando de 3,8 para 3,3 milhões de hectolitros as suas exportações, enquanto Portugal reforçou as vendas, que cresceram de 2,8 milhões de hectolitros para três milhões. 

Os dados são da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e foram esta terça-feira de manhã apresentados em Paris, na sede do organismo liderado por Jean-Marie Aurand. O top 10 dos maiores exportadores continua "amplamente dominado" pela Espanha, Itália e França, que representam 54,6% do volume do mercado mundial em 2017 (num total de 107,9 milhões de hectolitros) e 58,2% das exportações em valor que totalizaram 30,4 mil milhões de euros. 

A OIV destaca, no entanto, que apesar de uma quota de 20,5% no total das exportações mundiais em volume, a Espanha não representa mais do que 9,3% do valor das trocas comerciais. Itália e França "continuam a dominar o mercado", em valor, com quotas de 29,6% e 19,3%, respetivamente. 

A França é o principal exportador de vinhos do mundo, em valor, tendo atingido os nove mil milhões de euros em 2017. Portugal ocupa, também, a 9ª posição, em valor, com 752 milhões de euros. Não está é nada perto de se aproximar do oitavo lugar em valor, já que, apesar das exportações dos EUA terem caído 9,5%, valem, ainda, 1,280 mil milhões de euros. 

Uma produção mundial "historicamente baixa" em 2017, com apenas 250 milhões de hectolitros, menos 8,6% do que no ano anterior, com destaque para as quebras a dois dígitos em Itália, Espanha e França, mas, também, embora de menor dimensão, nos Estados Unidos (-1%), no Chile (-6%), e na Nova Zelândia (-9%) constitui uma oportunidade para Portugal reforçar a sua posição no comércio mundial de vinho, já que a produção nacional cresceu 10%.

Governo mantém taxa de segurança alimentar nos sete euros em 2018


O Governo manteve a taxa sanitária e de segurança alimentar em sete euros por metro quadrado de área de venda do estabelecimento comercial, segundo uma portaria publicada esta segunda-feira em Diário da República.

16 de abril de 2018 às 16:10

A taxa em causa aplica-se a titulares de estabelecimentos de comércio alimentar de produtos de origem animal ou vegetal, estando isentos do pagamento os estabelecimentos com uma área de venda inferior a 2.000 metros quadrados ou pertencentes a micro empresas. 

O pagamento deve ser efectuado em duas prestações, após notificação electrónica, de montante igual até ao final dos meses de Maio e Outubro, respectivamente. 

Conforme indica o Governo, a falta de pagamento da primeira prestação, no prazo estipulado, implica o vencimento da segunda, sendo, posteriormente, o operador notificado para proceder à liquidação do montante anual.

O diploma, assinado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, e pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, entra em vigor esta terça-feira. 

A taxa de segurança alimentar foi aprovada em Conselho de Ministros em 26 de Abril de 2012 e foi contestada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que na altura considerou que a mesma iria ter um impacto negativo na competitividade do sector.

As receitas da taxa servem para financiar, através da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), o Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar, que apoia vários tipos de acções no âmbito da segurança alimentar, da protecção e sanidade animal, da protecção vegetal e fitossanidade, prevenção e erradicação das doenças dos animais e plantas, entre outros objectivos.

Em cinco anos, o Governo encaixou 35,3 milhões de euros com a taxa, sendo que as empresas do grupo Jerónimo Martins têm uma dívida acumulada de 12 milhões de euros, segundo dados do Ministério da Agricultura.

Produção mundial de vinho em mínimo de 60 anos. Em Portugal aumenta


A produção mundial de vinho caiu 8,6% no ano passado para o valor mais baixo em seis décadas, revelou terça-feira a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Em Portugal a produção vinícola aumentou 10%.

24 de abril de 2018 às 18:44

A produção mundial de vinho cifrou-se em 250 milhões de hectolitros, menos 8,6% do que em 2016 e um mínimo desde 1957, ano em que a produção foi de 173,8 milhões de hectolitros, revela um relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), sedeada em Paris. 


As condições climáticas adversas penalizaram os principais produtores vinícolas da União Europeia (UE), tendo a produção no conjunto da União recuado 14,6%, para 141 milhões de hectolitros.

Em Portugal, 11.º maior produtor mundial, contudo, a produção aumentou 10%, atingindo os 6,6 milhões de hectolitros, o segundo valor mais elevado dos últimos cinco anos, apenas atrás dos 7 milhões registados em 2015.

A OIV estima que a produção em Itália tenha descido 17%, para 42,5 milhões de hectolitros, enquanto em França a queda foi de 19%, para 36,7 milhões de hectolitros, e em Espanha a quebra foi de 20%, para 32,1 milhões de hectolitros. Estes são os três maiores produtores de vinho a nível mundial.

A produção manteve-se relativamente estável nos EUA (-1%), o quarto maior produtor mundial, e na China, sétimo maior produtor, registou-se uma queda de 5%.

A Argentina, sexto maior produtor, registou uma subida de 25%, beneficiando do facto de 2016 ter sido um ano com uma produção excepcionalmente baixa. No Chile, nono produtor, assistiu-se a um decréscimo de 6%.

O consumo mundial de vinho aumentou 0,7%, para os 243,3 milhões de hectolitros.

Os EUA mantiveram-se como maior mercado mundial, com 32,6 milhões de hectolitros consumidos, uma subida de 2,9%. Seguem-se a França, com 27 milhões (-0,4%). A China registou um aumento de 3,5%, para 17,9 milhões de hectolitros, ocupando o quinto posto.

Portugal, com 4,5 milhões de hectolitros consumidos, registou uma descida de 2%, mantendo o 12.º lugar entre os consumidores de vinho. Em termos de consumo por habitante (com mais de 15 anos), Portugal lidera a lista, com 51,4 litros de vinho por pessoa, à frente da França (51,2 litros).

Espanha lidera o ranking de exportadores em termos de volume, com 22,1 milhões de hectolitros, o que corresponde a 20,5% do total. No entanto, em termos de valor é a França a líder mundial, com vendas de nove mil milhões de euros.


Portugal é o nono maior exportador por volume, com 2,9 milhões de hectolitros vendidos ao exterior (2,7% do total), e por valor, com 752 milhões de euros em exportações (2,5% do total).

As exportações de vinho ascenderam a 107,9 milhões de hectolitros em 2017, uma subida de 3,8%, e a 30,4 mil milhões de euros, mais 5,1% do que em 2016.

Governo português anuncia apoios de cinco milhões de euros para suinicultura


O Governo português vai apoiar o setor da suinicultura com cinco milhões de euros, através do Programa de Desenvolvimento Rural -- PDR 2020, com vista à redução dos impactos ambientais das explorações suinícolas, anunciou hoje o Ministério da Agricultura.

"O Ministério da Agricultura vai apoiar o setor da suinicultura com 5 milhões de euros, através do Programa de Desenvolvimento Rural -- PDR 2020. A medida destina-se a apoiar o investimento nas explorações de suinicultura, tendo em vista a redução dos impactos ambientais de cada exploração", refere o ministério num comunicado hoje divulgado, acrescentando que "as candidaturas estarão abertas a partir de quinta-feira".

Os apoios, esclarece a tutela, "serão direcionados essencialmente para projetos que se destinem a preservar e a melhorar o ambiente, através da melhoria das instalações dedicadas à gestão dos efluentes pecuários nas explorações de suínos e do aumento ou melhoria das condições ambientais de armazenagem dos efluentes na exploração, de forma a promover a proteção das águas e eventual valorização dos efluentes pecuários".

"São também objetivos desta medida a redução dos odores, a redução do consumo de água e a melhoria da eficiência energética da exploração, com redução dos consumos energéticos, recorrendo preferencialmente à produção de energias renováveis para consumo na exploração", lê-se no comunicado.

Outro dos objetivos "é a redução dos riscos sanitários e dos custos correspondentes à eliminação de cadáveres de animais mortos nas explorações de suínos, aplicando novos métodos recentemente aprovados pela União Europeia".

De acordo com o Ministério da Agricultura, os apoios em causa "permitirão alavancar um investimento global na ordem dos 12 a 14 milhões de euros".

O primeiro período de candidaturas está aberto até 26 de junho, e o segundo decorre de 27 de junho a 26 de setembro.

País fez um trabalho "notável" no setor do vinho nos últimos 30 anos - Ministro Agricultura

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, disse hoje que nos últimos 30 anos o país fez um trabalho "notável" no setor vitivinícola e os vinhos nacionais afirmam-se a nível mundial como "vinhos de excelência".

Segundo Capoulas Santos, o país fez "um trabalho notável" em áreas como a reestruturação da vinha, a seleção e melhoria das castas, a organização dos produtores, a criação das Comissões Vitivinícolas Regionais, a vocação exportadora e o investimento na agroindústria.

O governante, que falava na Guarda, na cerimónia inaugural do Solar do Vinho da Beira Interior, que também é a nova sede da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), referiu que no último ano a agricultura "cresceu o dobro do resto da economia", o vinho aumentou a sua produção e também aumentaram as exportações deste produto.

"Só nos dois primeiros meses deste ano o aumento das exportações foi na ordem dos 15%", disse, acrescentando que os vinhos portugueses "afirmam-se cada vez mais no mundo inteiro como vinhos de excelência que são multipremiados e que granjeiam cada vez mais respeito".

Capoulas Santos referiu que no futuro o objetivo é apostar "no valor": "Temos que aumentar as nossas exportações cada vez mais em valor, porque os nossos vinhos são de inequívoca qualidade".

O ministro observou que, "infelizmente, durante muitas décadas", os vinhos nacionais "eram associados a produtos de baixa qualidade" e exportados a granel, mas o panorama mudou pelo "esforço feito nos últimos 30 anos", em que houve "a continuidade das políticas", independentemente das mudanças de Governo.

A inauguração do Solar do Vinho da Beira Interior, na Guarda, ocorreu no âmbito das comemorações locais do 25 de Abril.

O espaço que também acolhe a nova sede da CVRBI custou cerca de meio milhão de euros e foi construído pela Câmara Municipal local no jardim do antigo Solar Teles de Vasconcelos, no centro histórico, conhecido localmente como Quintal Medroso.

A CVRBI abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, onde existem cerca de 60 produtores de vinho, entre adegas cooperativas e produtores particulares.

O presidente daquela entidade, João Carvalho, disse na inauguração que este dia representa "um marco" para os vinhos da região.

A nova sede será "uma alavanca para a divulgação dos vinhos" produzidos localmente e contribuirá para que tenham "notoriedade" no mercado nacional e internacional, referiu.

Disse que a CVRBI pretende tornar a viticultura "como a principal atividade económica agrícola" da Beira Interior, prosseguir o trabalho de participação em certames nacionais e estrangeiros e criar a Rota dos Vinhos e Enoturismo da Beira Interior.

O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Álvaro Amaro, disse esperar que os vinhos locais beneficiem com a inauguração do Solar do Vinho da Beira Interior, que se juntará, em breve, ao Solar dos Sabores, que surgirá no edifício dos antigos Paços do Concelho, que também acolherão a sede da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.

Qualidade do caudal que vem do outro lado da fronteira coloca muitas interrogações


Fertilizantes agrícolas, resíduos industriais, nutrientes e contaminação bacteriana vindos de Espanha escorrem para o Guadiana degradando a água.

CARLOS DIAS 25 de Abril de 2018, 7:00 Partilhar notícia

Uma das razões pelas quais Espanha quer que um maior volume de água seja debitado para o troço internacional do Guadiana prende-se com o impacte negativo da construção da barragem do Alqueva no equilíbrio ambiental da foz do rio. O receio de Espanha fez com a União Europeia tivesse determinado em 1996 que fosse realizado um estudo à situação ambiental do estuário.

Mas antes de Alqueva, já tinham sido construídas na bacia hidrográfica em território espanhol cerca de três dezenas de barragens que armazenam mais do dobro da água (9040 hectómetros cúbicos) que pode ficar na grande barragem portuguesa (4150 hectómetros cúbicos). Os efeitos deste intenso represamento do caudal do rio já se faziam sentir na foz do Guadiana, com o seu progressivo assoreamento. Para além dos sedimentos que deixaram de chegar ao litoral algarvio, salienta-se a preocupante degradação da qualidade da água em território espanhol, reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pesca, Alimentação e Ambiente de Espanha.

No documento Monitorização e Levantamento dos Danos Ambientais Derivados das Invasões do Jacinto-d'Água na Bacia do Guadiana, que aquela entidade editou em Janeiro deste ano, e a que o PÚBLICO teve acesso, está descrita, desde logo, uma realidade associada à disseminação das plantas invasoras que será difícil de superar.

O levantamento à actual situação do Guadiana em Espanha destaca "o alto grau de transformação que o seu curso sofreu", especialmente nos últimos 70 anos, "devido às culturas de regadio, regulação dos seus caudais, ocupação da margem e extracção de inertes" — acções humanas que vieram alterar "completamente o funcionamento natural do rio". 

Reportando-se ao percurso que atravessa a cidade de Badajoz, as acções de monitorização detectaram "altos níveis de nutrientes (amónio, nitrato, nitrito e fosfato) e contaminação bacteriana, sobretudo de coliformes totais fecais". Para este "elevado" grau de poluição do meio aquático, prossegue o documento, contribui o emissário da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Badajoz que debita, diariamente, "uma média de 56.000 metros cúbicos de efluentes de origem urbana e industrial".

Fertilizantes e pesticidas
O rio recebe ainda as escorrências das culturas de regadio, praticadas numa área superior a 330 mil hectares, o dobro da que está programada para Alqueva.

A actividade agrícola baseada no regadio surge destacada pelo recurso ao "uso de fertilizantes", com as consequências associadas a essa prática: o retorno à linha de água das escorrências produzidas que contribuem para um "apreciável enriquecimento em nutrientes" do rio. Em algumas áreas, é detectada "a contaminação por pesticidas", constata o estudo.

Contribuem ainda para este cenário de poluição aquática, as "várias estações de tratamento de águas residuais que recebem descargas a partir das cidades de Mérida, Badajoz, Villanueva de la Serena, Valdívia, La Encomienda, Povoa de la Calzada, Montijo, entre outras.

O débito lançado por esta carga de efluentes no caudal do Guadiana é reforçado com "determinados resíduos industriais produzidos em fábricas de transformação de produtos alimentares em Medellin, Valdetorres, Villanueva de la Serena, etc.)".

O estudo destaca as consequências resultantes da contaminação da água na degradação de vegetação autóctone, que associa a fenómenos de erosão e ao surgimento de outras espécies invasivas (especialmente peixes exóticos).  As águas da bacia do Gaudiana em território espanhol têm-se revelado o "habitat ideal" para a concentração e proliferação de espécies invasoras, como o jacinto-d'água (Eichhornia crassipes), nenúfar mexicano (Nymphaea mexicana) e peixes exóticos com "alto potencial" de impacto no meio aquático e nas espécies autóctones, prossegue o documento.

As consequências são visíveis desde 2004. A disseminação do jacinto-d'água, uma das mais perigosas e resistentes pragas aquáticas do mundo, estende-se por uma extensão do rio que já ultrapassa os 150 quilómetros, sendo de "difícil controlo". 

Apesar de já terem sido aplicados em acções de limpeza quase 30 milhões de euros, não foi possível erradicar esta espécie, que já se encontra em território nacional.

A detecção de fragmentos de jacinto-d'água no Alqueva é quase diária e obrigou a EDIA a instalar três barreiras de retenção da planta oriunda da Amazónia, e a proceder à recolha semanal dos exemplares que germinam na albufeira.

Acresce, por fim, a "sobreexploração da água na bacia do Guadiana, um problema actual e bem conhecido", observa o Ministério da Agricultura espanhol, destacando o impacto das barragens e represas, instaladas na bacia do Guadiana — cerca de meia centena —, que vieram transformar "drasticamente o habitat natural fluvial".

Ovibeja celebra 35 anos a mostrar "todo o Alentejo deste mundo"


A internacionalização dos produtos agroalimentares de origem vegetal é o tema em destaque na feira agropecuária Ovibeja deste ano, que arranca na sexta-feira com lotação esgotada para celebrar 35 anos a mostrar "todo o Alentejo deste mundo".

 Ovibeja celebra 35 anos a mostrar "todo o Alentejo deste mundo"

13:05 - 24/04/18 POR LUSA
   
"Houve um aumento da área de exposição da feira" em relação à edição do ano passado e a 35.ª Ovibeja vai decorrer com "lotação esgotada", até terça-feira, no Parque de Feiras e Exposições de Beja, disse hoje à agência Lusa Claudino Matos, diretor-geral da associação ACOS - Agricultores do Sul, a organizadora da feira.

Através do tema deste ano, a Ovibeja quer "dar realce ao grande potencial de produção e exportação dos produtos agroalimentares de origem vegetal produzidos no Alentejo", como azeite, vinho e frutos, explicou.

Neste sentido, disse, a feira vai promover várias iniciativas, como colóquios e o 3.º Simpósio Internacional Azeites do Sul, e ter vários espaços para "mostrar a qualidade e promover as exportações" dos produtos agroalimentares de origem vegetal do Alentejo.

Entre os espaços, Claudino Matos destacou o AgroAlentejoExport - Salão Internacional de Promoção dos Produtos Agroalimentares da Região do Alentejo, que este ano é dedicado aos de origem vegetal.

Para celebrar os 35 anos da Ovibeja, referiu, a organização "apostou forte" no cartaz de espetáculos para animar as "famosas ovinoites" e vai mostrar uma exposição, patente junto ao pavilhão multiusos do recinto, e lançar um livro sobre os "principais marcos" da história da feira.

Segundo Claudino Matos, a organização volta a homenagear e a "prestar um tributo" a Manuel Castro e Brito, que foi "pai, mentor e grande dinamizador" da Ovibeja e presidente da ACOS e morreu em 2016.

A homenagem vai ser feita com o descerrar da placa que marca a atribuição do nome Manuel Castro e Brito ao Parque de Feiras e Exposições de Beja, que foi proposta pela ACOS e aprovada por unanimidade pela Câmara e pela Assembleia Municipal.

A placa vai ser descerrada na avenida principal do parque, numa cerimónia na sexta-feira, a partir das 13:00, que vai marcar a inauguração da feira deste ano e deverá contar com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, e do Comissário Europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.

Segundo a ACOS, "a determinação, a persistente influência e as conversações com decisores políticos" de Manuel Castro e Brito foram "decisivas" para a criação do parque, que foi inaugurado no ano 2000 pelo então primeiro-ministro, António Guterres, e é gerido pelo município e pela associação.

Melhores condições e mais espaço para o crescimento e a consolidação da Ovibeja e "a criação de uma infraestrutura com relevância estratégica para a cidade de Beja e a região foram alguns dos objetivos perseguidos" por Manuel Castro e Brito para a construção do parque, explica a ACOS.

A Ovibeja deste ano volta a apostar no Campo da Feira, para demonstração e venda de máquinas, equipamentos e serviços agrícolas, no Pavilhão Terra Fértil, uma mostra de inovação na agricultura e nas agroindústrias, e na Arena do Azeite, dedicada à promoção do Alentejo como "principal região produtora" de azeites de Portugal.

A feita volta também a apostar no Pavilhão do Cante, das Artes e dos Ofícios, que "reúne o ser e o fazer alentejanos" e vai ter um "museu vivo" com artesãos e artistas a trabalhar ao vivo, uma mostra de arte contemporânea de artistas do Alentejo e uma zona para petiscos, convívio e atuações de grupos corais alentejanos.

O certame também vai promover vários colóquios sobre assuntos do mundo agrícola e, como é hábito, deverá ser destino de uma "romaria" de políticos, entre governantes e líderes partidários.

Expositores de empresas e instituições, comércio de produtos, gastronomia, provas de azeites, entrega dos prémios do 8.º Concurso Internacional de Azeites Virgem Extra, a 23.ª Mostra de Aves, corrida de touros, exposições, concursos, garraiadas e provas desportivas são outras ofertas da feira.

Quanto ao cartaz de espetáculos para animar as "ovinoites", os destaques vão para os concertos dos Xutos e Pontapés, na sexta-feira, de Richie Campbel, no sábado, do jovem cantor alentejano Buba Espinho e amigos, entre os quais Rui Veloso e a banda Virgem Suta, no domingo, e de Diogo Piçarra, na segunda-feira.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Fogo controlado ainda só queimou 100 quilómetros


Programa nacional prevê que seja criada uma faixa de proteção contra incêndios florestais de 600 quilómetros, mas chuva não deixou avançar mais.

Quando o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, chega para observar uma ação de fogo controlado na serra de Montemuro, em área do concelho de Lamego, pouco depois das 10 horas da manhã, já se está mesmo no limite da janela de segurança para a realizar. O dia é de primavera, já com 20 graus de temperatura naquele momento e vento a soprar a 28 quilómetros por hora. "Estamos a queimar porque está cá o senhor secretário de Estado. Numa situação normal não queimaríamos porque já começa a ser arriscado", avisa Marília Almeida, da Associação de Produtores Florestais de Montemuro e Paiva, com sede em Castro Daire

Esta técnica está a coordenar aquela ação que ocorre na área da União de Freguesias de Bigorne, Magueija e Pretarouca. Explica ao secretário de Estado que está a ser executada numa faixa da rede primária com cerca de 125 metros, integrada no plano de fogo controlado do Município de Lamego. Foi a primeira parcela selecionada porque tinha tojo, que "neste momento é o que arde melhor". Acrescenta que "a giesta tem muita humidade nesta altura pelo que não arde tão bem". Sendo assim, "só será queimada lá para outubro ou novembro".

Este é apenas um pedaço dos 10 quilómetros de fogo controlado previstos para aquela zona do lado de Lamego, a que se somam mais 20 quilómetros do lado de Castro Daire, com o objetivo de fazer uma faixa de proteção contra incêndios florestais. A nível nacional serão "cerca de 600 quilómetros de rede primária", lembra Miguel Freitas.

Porém, essa meta não será alcançada antes do período mais crítico de incêndios florestais. "Nesta altura estão queimados cerca de 100 quilómetros e falta fazer mais 500 quilómetros de fogo controlado até ao final do ano", adianta o membro do Governo. Justifica que "durante o último mês choveu e não foi possível fazer este tipo de fogo, pelo que a janela de oportunidade vai ser pequena durante este período".

Observando a rapidez com que o fogo progride nesta manhã, Miguel Freitas ainda sublinha a necessidade de este tipo de trabalho ter de ser feito "de forma profissional". Lembra que tem havido vítimas de queimadas ultimamente, pelo que "é preciso transmitir às pessoas que estejam bem informadas e que façam esta ação de forma controlada". Para isso, é necessário "informar a GNR e que sejam acompanhadas pelas entidades competentes".

O secretário de Estado lembra que "há queimadas que não estão a ser feitas no quadro da lei" e que por causa disso, há dias, em Castro Daire, "foram levantados dois autos". A ação a que assistiu em Lamego não só foi acompanhada pela GNR como teve a atuação de duas equipas de bombeiros e uma de sapadores da Associação Florestal Ribaflor de Lamego.

Envolve 6500 hectares

O secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, adianta que a primeira fase do Plano Nacional de Fogo Controlado abriu uma candidatura para 10 mil hectares. Registou 24 candidaturas envolvendo um total de 6500 hectares. Antes do fim deste ano vai ser aberto um novo anúncio.

Faltam técnicos credenciados

Miguel Freitas reconhece que "existem poucos técnicos credenciados", pelo que é necessário fazer "um esforço de formação". Embora ainda se esteja na primeira fase do Programa Nacional de Fogo Controlado, "é importante é que este tipo de trabalho seja contínuo".

Compatibilizar com pastorícia

O secretário de Estado nota que se está a tentar "compatibilizar o uso do fogo controlado e o uso do território para a silvopastorícia". Anunciou que, em breve, vai ser lançado o programa das cabras sapadoras para "compatibilizar e evitar ilícitos nestas ações por parte dos pastores".

Queimadas têm de ser vigiadas

O Governo tem um programa nacional de queimadas que vai abranger 5600 hectares de terrenos e terão de ser sempre vigiadas pelas entidades competentes. Significa que, conjuntamente com o outro programa, "o fogo vai ser usado para controlar cerca de 12 mil hectares".

terça-feira, 24 de abril de 2018

Gulbenkian acolhe evento de partilha de experiências de agricultura urbana

A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, acolhe na terça-feira um evento internacional que visa partilhar experiências e iniciativas de agricultura urbana experimentadas por governos locais, estrangeiros e nacionais, nomeadamente Funchal, Torres Vedras e Cascais.

"O que se pretende é que os municípios saiam de lá [do evento] com ferramentas que lhes permitam desenvolver as estratégias que já estão no terreno e principalmente conseguir conectá-las com várias iniciativas que estão a acontecer, não só dos governos locais, mas também da sociedade civil", disse à Lusa a investigadora Cecília Delgado, voluntária da Quercus especialista em agricultura urbana e sistemas alimentares.

O debate vai contar com a presença de pelo menos 20 municípios portugueses e com a participação de peritos internacionais da Fundação Rede Global para a Agricultura e Sistemas Alimentares "cidade-região" Sustentáveis (RUAF), responsável pela organização do evento em parceria com a Universidade Nova de Lisboa e com o apoio da Quercus.

As cidades de Toronto (Canadá), Quito (Equador) e Gent (Bélgica) vão apresentar experiências que estão a realizar, bem como o Funchal, Torres Vedras e Cascais, três dos municípios portugueses que estão a desenvolver iniciativas neste âmbito.

Segundo Cecília Delgado, a cidade do Funchal vai apresentar "algo que em Portugal Continental não é muito comum que é a forma como conseguem criar uma identidade em torno destas questões através de dois concursos, um das hortas das escolas e outro do melhor jardim, e com isso conseguem envolver a comunidade".

Já o município de Torres Vedras "está a trabalhar o abastecimento das cantinas escolares através dos seus próprios agricultores locais".

Também a cidade de Cascais se encontra a promover iniciativas que vão "desde a produção ao abastecimento de cabazes a muitas iniciativas pedagógicas no âmbito da agricultura urbana e tem um forte apoio político nesse sentido".

Apesar das dificuldades em implementar iniciativas deste género, nomeadamente relativas ao financiamento, a investigadora afirmou que também existem aspetos positivos, como por exemplo "vontade política de que estas coisas aconteçam", assim como "equipas motivadas nos municípios" para trabalhá-las.

Líder do porco ibérico entra na start-up tecnológica FarmControl

Líder do porco ibérico entra na start-up tecnológica FarmControl

A dona da Montibérico investiu na jovem empresa especializada em zootecnia de precisão. A participada pela Portugal Ventures vai aumentar a equipa comercial, espera reforçar em Espanha e quer entrar na França e Alemanha.

23 de abril de 2018 às 12:24

A Sirculo Investimentos, uma "holding" que detém várias empresas nas áreas de agro-pecuária, gestão de património e investimento imobiliário, acaba de entrar na estrutura accionista da tecnológica FarmControl, já presente em mais de uma centena de explorações de suínos, aves e bovinos.

Sem divulgar a percentagem ou os montantes envolvidos, a directora de vendas da FarmControl, Francisca Martins, disse ao Negócios que esta "é uma parceria natural", dado que o grupo detentor da Montibérico – produz anualmente 13.000 animais e exporta quase tudo para Espanha –, "tem conhecimento sobre o sistema" e "também vê com bastante importância as questões da inovação".

Monitorizar e controlar em tempo real variáveis como ração ou água; criação de regras automáticas para poupança energética; controlo de equipamentos críticos como os de ventilação, iluminação ou frigoríficos; análise de dados de produção e integração com outros softwares. Estas são as principais valências da solução tecnológica para agricultura e agro-pecuária disponibilizada por esta empresa, criada em 2014.

Este investimento vai permitir o reforço da equipa comercial, uma maior progressão no mercado espanhol e a entrada em novos países, como França e Alemanha.
 
Com sede em Lisboa e uma equipa de cinco elementos a tempo inteiro, que combina a experiência em produção animal e desenvolvimento de software, a FarmControl está presente em seis países: Portugal, Espanha, Croácia, Bélgica, Angola e também Brasil, onde na próxima semana estará para participar numa feira. Além do reforço da equipa comercial, com este investimento, Francisca Martins antecipa "uma maior progressão no mercado espanhol" e a entrada em novos mercados, destacando a Alemanha e a França.

Figos e vinhos entre capital de risco

A Sírculo Investimentos tem na génese um grupo industrial com meio século de experiência na transformação animal e, ainda na área agrícola, tem interesses também na fruticultura (figos) e nos vinhos, detendo uma propriedade a 20 quilómetros de Estremoz. "Convicto de que o futuro do desenvolvimento agrícola passa pela utilização de ferramentas tecnológicas", Carlos Silvestre fala numa "aposta [com] condições para ter sucesso".

"Desde a primeira hora que acompanhamos este projecto e pensamos que podemos também contribuir, com a nossa experiência no terreno, para o desenho de novas soluções, que aumentem a rentabilidade das explorações. Temos elevadas expectativas que, no caso de se concretizarem, poderão levar-nos a outro patamar de participação", acrescentou o presidente do grupo, citada numa nota de imprensa.

A Sírculo junta-se assim a outros investidores privados que se uniram para fundar este projecto – entre eles António Correia, da Intersuínos, que é o presidente executivo da FarmControl – e também à Portugal Ventures. A sociedade de capital de risco, que gere 213 milhões de activos e acaba de eleger Rita Marques para a presidência, participou numa ronda de financiamento desta start-up em Julho do ano passado.

"Já existia uma relação de muito respeito e confiança entre as pessoas de ambas as empresas, que agora também se consolida neste projecto comum ao qual a Sírculo irá, com certeza, trazer uma mais-valia estratégica, sobretudo na área da produção de porco ibérico onde são líderes em Portugal", conclui o co-fundador e CEO da Farmcontrol, António Correia, no mesmo documento divulgado esta segunda-feira, 23 de Abril.

Governo alarga seguro de colheitas a novas produções


O Governo procedeu hoje à alteração do regulamento do seguro de colheitas e da compensação de sinistralidade, alargando-o a novas produções, de acordo com uma portaria publicada hoje em Diário da República.

"O interesse crescente manifestado pelo setor agrícola na produção de romã, colza e soja, culturas até à data não abrangidas pelo seguro de colheitas, justifica a sua inclusão no seguro de colheita horizontal, passando aquelas culturas a beneficiar do sistema de seguros agrícolas", lê-se no diploma.

Conforme indica o documento assinado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, e pelo ministro da Agricultura, Capoulas Santos, o aumento da instalação de pomares intensivos de amendoeiras, "com a introdução de novas variedades", justifica a antecipação do início da cobertura do seguro para o terceiro ano de plantação.

No caso das amendoeiras, a área mínima deve ser de 0,5 hectares (ha), não sendo permitido "o seguro de plantas isoladas, bem como o de pomares com uma densidade inferior a 100 árvores por ha".

Para além disto, o seguro passa a abranger leguminosas para grão (feijão, fava, grão-de-bico, ervilha, soja, tremoço, tremocilha e similares), oleaginosas arvenses (cártamo, girassol e colza) e frutos de casca rija.

"Nas culturas de tabaco, batata, lúpulo, cebola, cenoura, feijão-verde, melão, meloa, melancia, alho, beterraba hortícola, abóbora, alface, pimento, tomate, alho-francês, aipo, batata-doce, beringela, chicória de folhas, courgette, couve-brócolo, couve-chinesa, couve-flor, espargo, espinafre, agrião, ervilha, fava, pepino, quiabo, morango, leguminosas para grão, figo, linho algodão, diospireiro, nespereira e romãzeira, os riscos de geada e de queda de neve são cobertos a partir das datas e nas regiões constantes da tabela a publicar no portal do IFAP [Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas] ", acrescentou.

O seguro de colheitas aplica-se a todo o continente e as culturas e respetivas limitações decorrem da "densidade, área de cultivo e da idade da plantação".

A portaria em causa produz efeitos desde o dia 01 de janeiro e entra em vigor esta terça-feira.

Governo atribui subsídios a organizações representativas dos agricultores


Lisboa, 23 abr (Lusa) -- O Governo determinou a atribuição de um subsídio a organizações nacionais representativas dos agricultores e filiadas em organizações europeias, bem como o montante destinado a cada, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.

O diploma determina assim a atribuição de um subsídio de 84.980 euros à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), bem como à Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (CONFAGRI); de um apoio de 66.610 euros à Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a entrega de um montante de 51.430 euros à Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP).

"Tendo sido feita a apreciação e seleção das candidaturas para os apoios financeiros previstos, procede-se agora à atribuição dos subsídios para o ano de 2018, de acordo com os princípios da racionalidade na utilização dos recursos financeiros disponíveis e de rigor orçamental, tendo também em conta o balanço da aplicação dos subsídios nos anos transatos", lê-se no diploma.

domingo, 22 de abril de 2018

Kiwis. O apelo da terra como força para mudar o rumo de uma vida Carla Cunha vai começar com kiwis.


 Investigadora admite vir a viver da produção de frutas e assim evitar o abandono dos terrenos 

É doutorada em Biologia e exerce investigação em Engenharia Biomédica na Universidade do Porto, mas essas circunstâncias não demovem Carla Cunha de um dia viver apenas da agricultura. Por agora, prepara simplesmente a mudança. O clique aconteceu quando recebeu um prémio. O apego à terra tem conduzido o sonho de não deixar cair no abandono os terrenos da família, em Paredes. Para os revitalizar, decidiu, juntamente com o marido, investigador formado em Engenharia Agrónoma, começar com uma plantação de kiwis, de dois hectares, que deverá proporcionar no próximo outubro a primeira colheita "profissional". 

"Sozinha nunca me teria aventurado. É preciso força física e outro tipo de força. Isso na agricultura não pode ser descurado", observa Carla Cunha. Entretanto, candidatou-se à Academia do Centro de Frutologia Compal, que atribui bolsas de instalação para fruticultores, tendo sido um dos três vencedores na última edição. Do mérito resultou a atribuição de uma bolsa no valor de 20 mil euros. "Isto foi o início de uma atividade mais séria e a agricultura pode deixar de ser um part-time, para ser um investimento mais concreto. 

O prémio significou o ponto de viragem na nossa exploração", prosseguiu. Com o acréscimo financeiro proporcionado pelo prémio, que representa metade do investimento total previsto, Carla Cunha prepara a expansão do projeto. A ideia é agora apostar no cultivo adicional de marmelos e dióspiros, embora tenha de esperar mais dois ou três anos até ver o retorno do investimento. As novas plantações deverão ocupar 4,5 hectares, junto dos kiwis, tudo em Paredes, na propriedade familiar. A própria mão de obra tem sido "recrutada" na família, incluído as filhas gémeas de oito anos. As contratações de serviços técnicos têm sido pontuais. Para produzir os primeiros kiwis, 

Carla Cunha optou pelo modo de produção integrada, mas a ideia é que evolua para a certificação da agricultura biológica, por ser o sistema que, em sua opinião, "mais respeita a natureza" e aquele que está mais de acordo com as suas convicções. "Acreditamos que podemos dar a melhor fruta às nossas filhas, sem preocupação. Isto é qualidade vida", justifica. Por esse motivo, tenciona alargar a produção biológica às plantações de marmeleiros e diospireiros. Quanto à comercialização, para já, perspetiva colocar a produção de kiwis à venda através da Cooperativa Agrícola de Felgueiras, numa quantidade que ainda tem dificuldade em antever, mas que espera generosa.

“Produzir vinho à porta fechada acabou”


22.04.2018 às 10h00

Em dezembro, Paul Symington faz 65 anos e deixa o comando do grupo familiar. Para já celebra o Porto Vintage 2016


História da família Symington, agora apostada em explorar o enoturismo

No mundo dos vinhos, um produtor pode guardar alguns segredos do seu negócio, mas tem de abrir as portas ao público para mostrar o que faz e como faz — é o que defende a Symington Family Estates (SFE). Paul Symington, presidente deste grupo familiar líder nas categorias especiais de vinho do Porto, concretiza: "Produzir vinho à porta fechada acabou. Temos de mostrar o que fazemos. Sabemos que o enoturismo é um palco único para as marcas."

A aposta da SFE no enoturismo vai, assim, continuar depois do investimento de mais de €6 milhões feito nos últimos três anos entre o Pinhão e Gaia. Até à Páscoa do próximo ano, inaugura restaurantes nas Caves da Cockburn's, em Gaia, e na Quinta do Bomfim, no Pinhão, que investiu €2,9 milhões para abrir um novo centro de visitas em 2015, recebe 30 mil pessoas por ano e foi a vencedora Global na categoria de Serviços de Enoturismo dos prémios Best of Wine Tourism 2017. Mas há novos projetos em estudo nesta área para aproveitar o potencial das 27 quintas do grupo no Douro.

"Reconhecemos a enorme importância do enoturismo. Os resultados têm superado as expectativas e, a isso, juntamos a parte não tangível da notoriedade", justifica Paul, admitindo que a Quinta do Vesúvio, já na rota das viagens do histórico comboio presidencial ao Douro, é uma escolha possível para crescer neste segmento que rende €6 milhões ao grupo.

A Quinta Fonte Souto, como acaba de ser batizada a propriedade com 43 hectares de vinha comprada no Alentejo, no ano passado, também pode abrir portas ao enoturismo quando os primeiros vinhos feitos aqui, a 400 metros de altitude, no Parque Natural da Serra de São Mamede, chegarem ao mercado, em 2019.

A DITADURA DA QUALIDADE
Mas enoturismo, na Symington, continuará a significar apenas visitas e provas. "As dormidas são outro campeonato. Nós somos uma empresa de vinhos", garante Paul, à espera de receber mais de 100 mil turistas nas caves da SFE em Gaia: pela Graham's, onde o grupo investiu €2 milhões, passam 55 mil pessoas. Na Cockburn's, que absorveu €1,2 milhões na renovação do espaço, no ano passado, e passou a mostrar ao público os segredos da arte da tanoaria (na foto) são esperados 50 mil visitantes em 2018.

A confirmar a atenção dada ao vinho, Paul Symington fala da nova adega da Quinta do Ataíde, no Vale da Vilariça, dedicada aos vinhos DOC Douro da empresa, presente neste segmento com as marcas Altano, Quinta do Ataíde, Quinta do Vesúvio e P+S, este em parceria com Bruno Prats. Será um investimento na ordem dos €6 milhões, cuidadosamente preparado pela equipa de enologia liderada pelo seu primo Charles, que esteve esta semana a visitar adegas em Espanha para preparar o projeto.

No Douro, a família tem nove adegas e Paul sabe que "à primeira vista, esta multiplicação parece ser uma opção ineficaz, como diria qualquer consultor", mas ele insiste na virtude da aposta "ditada pela qualidade". A Symington tem duas adegas grandes, nas quintas do Sol e do Bomfim, onde vinifica as uvas que compra a mais de 1200 lavradores do Douro, e tem mais sete pequenas adegas para fazer os seus melhores vinhos, nas quintas mais importantes das marcas da empresa. "Se as uvas tivessem de ser transportadas durante duas horas, a temperaturas elevadas, durante a vindima, até uma adega central, a qualidade final, na garrafa, não seria a mesma", explica.

"Os bons resultados só têm uma explicação: a aposta constante na qualidade", diz Paul Symington. "No vinho do Porto, os dias do negócio assente em grandes volumes de vinho corrente estavam contados e nós soubemos ler esses sinais", sublinha o presidente deste grupo que leva os seus rótulos até 100 países.

A marca deixada pela 4ª geração dos Symington na empresa fundada pelo bisavô de Paul, Andrew James Symington, "é a luta constante para subir a fasquia na qualidade e no valor". É assim que a quota dos vinhos de categorias especiais como os Reserva, os Tawny, os LBV ou os Vintage nas vendas da SFE chegou aos 60%, com o valor deste segmento a crescer €10 milhões em cinco anos. Ao mesmo tempo, o investimento contínuo na terra tornou a família no maior proprietário de vinhas do Douro, deu-lhe "ancoras para os seus vinhos" com controlo total da vinha e de todas as decisões sobre poda, tratamentos, vindimas. Mais: por ano, sem contabilizar as aquisições que têm sido feitas, o grupo investe €5 milhões nos seus projetos, €1,5 milhões dos quais na renovação de vinhas.

VINTAGE NA DESPEDIDA
"É preciso ter coragem, arriscar, assumir uma visão de longo prazo. Não fomos os únicos a fazer isto, mas fomos mais longe do que os outros. Olhando para trás, sei que a aposta na terra foi uma das melhores coisas que fizemos", afirma Paul Symington, já a preparar a passagem de testemunho no final do ano, quando fizer 65 anos.

A tradição na família ditava esta saída e Paul quis manter a regra. Para ele, é fundamental dar lugar aos novos, até porque a quinta geração já começou a entrar na Symington.

Deixa a presidência da SFE ao primo Johnny e a direção-executiva ao primo Rupert. Os principais desafios que o grupo tem agora pela frente são a inovação, a atenção aos mercados, a continuidade da componente familiar na viticultura e enologia e a qualidade, sintetiza. 
E a hora é de festa. A SFE acaba de declarar 2016 ano de Porto Vintage para os vinhos produzidos nos lagares da Graham's, Cockburn's Dow's, Warre's e Quinta do Vesúvio.

egunda-feira, no lançamento oficial dos seus vintage, no coração do Douro, estará um primeiro grupo de 20 convidados. Seguem-se as apresentações nos Estados Unidos e em Londres. Depois, fica tudo nas mãos do mercado, mas a tradição mostra que os consumidores reconhecem a qualidade superior destes vinhos. "Um ano vintage tem reflexo positivo na notoriedade e nas vendas", diz.

Um exemplo? Na última declaração de Porto Vintage, em 2011, quando o Dow's da família foi considerado o melhor vinho do ano pela "Wine Spectator", o preço da garrafa subiu duas vezes e meia comparativamente ao valor de lançamento. Já no conjunto da fileira do vinho do Porto, as vendas totais aumentaram €10 milhões.

Presidente apela por "luta crucial" contra redução do orçamento europeu

O Presidente da República considera que Portugal sairia muito afetado com a redução do orçamento comunitário pós 2020.

O Presidente da República defendeu, em Santarém, que Portugal tem uma "luta crucial" pela frente nos próximos meses, que deve mobilizar todos "para combater contra o risco de diminuição do orçamento europeu".

Sublinhando que Portugal seria "muito afetado" com uma redução do orçamento comunitário pós 2020, Marcelo Rebelo de Sousa disse, no encerramento do seminário "Água, Um Recurso Estratégico", promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que o país "ganharia" em "travar e ganhar" esta batalha "o mais cedo possível", não deixando para depois das eleições europeias e "para a nova Comissão uma definição cheia de imponderáveis e de incógnitas".

O Presidente apontou como "cruciais" as próximas semanas, até à cimeira de junho, lembrando que, antes disso, estará em Santarém a participar precisamente num encontro que tem esse assunto por tema, e que decorrerá no âmbito da Feira Nacional da Agricultura (de 02 a 10 de junho).

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que o debate a travar em Bruxelas é essencial para o investimento público e privado também no domínio da agricultura e que o "tipo de linguagem, de discurso, de expectativas" serão "completamente diferentes" conforme o seu desfecho.

Para o Presidente, o debate em Bruxelas pode não ser "tão intenso e apelativo" como o que é feito na Assembleia da República e na confrontação entre Governo e oposições, "mas, neste momento, é mais importante para muitos efeitos, mais urgente".

Encerramento do seminário "Água, Um Recurso Estratégico"

Marcelo Rebelo de Sousa falou depois de ouvir o presidente da CAP, Eduardo de Oliveira e Sousa, a considerar "imperioso" que se crie no país uma 'task force' em torno das questões da água e a "lançar o desafio" da "construção de uma visão" para o setor, "uma estratégia a 30 ou mesmo a 50 anos".

Pedindo o patrocínio do chefe de Estado para este "compromisso nacional", Oliveira e Sousa afirmou que a CAP quer encontrar "uma solução para Portugal" em conjunto com os outros setores da economia, com os organismos oficiais e com as Universidades.

Marcelo Rebelo de Sousa disse aos cerca de 300 participantes no seminário que juntou especialistas de várias áreas que a reflexão sobre o armazenamento de água "não é apenas um assunto do mundo agrícola", pois afeta o abastecimento das populações e é negativo para outros setores, como a indústria e o turismo.

Defendendo que "não é por haver agora algumas albufeiras mais cheias" que o debate deve esmorecer, o Presidente apelou a que se comece já a preparar o futuro, sendo "crucial armazenar e reter a água das chuvas e dos rios", para enfrentar os períodos em que ela falta.

Para o chefe de Estado, é preciso uma "visão nacional transversal", reconhecendo, contudo, a dificuldade em "converter princípios em orgânicas, estruturas e processos".

Exortação à boa relação entre Portugal e Espanha

Marcelo Rebelo de Sousa exortou ainda a que se aproveite a "relação excelente" existente atualmente com Espanha para uma "articulação cada vez mais intensa", no âmbito dos acordos existentes entre os dois países para gestão dos rios transfronteiriços.

Considerando que "a escassez de água não é uma fatalidade", o Presidente admitiu que, "mais cedo ou mais tarde virá a discutir-se a viabilidade económica e financeira, ou não, da construção de centrais de dessalinização modernas, eficientes e geradoras de energia ou a pensar-se ainda com mais profundidade na criação de reservas de água em pontos vitais do território nacional".

O seminário realizado hoje pela CAP nas instalações do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) debateu, ao longo do dia, questões como a gestão dos recursos hídricos, a importância das águas subterrâneas ou o uso da água para a agricultura, tendo sido apresentado o Projeto "Mais Tejo", que prevê a construção de pontos de retenção de água neste rio.

À tarde, António Carmona Rodrigues, da Universidade Nova de Lisboa, moderou uma mesa redonda sobre como "Conciliar usos múltiplos dos recursos hídricos", que contou com representantes da Águas de Portugal, da indústria, do turismo, da agricultura, da EDP e da Liga para a Proteção da Natureza.

Luís Mira. "As florestas não são nenhuma cozinha. O que é limpar? Aquilo não está sujo"


O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal diz que "o setor agrícola era tido como um velho com uma enxada na mão e com o arado e hoje não é nada disso"


No dia 26 vai comemorar-se o Dia da Produção Nacional. O que se pode esperar deste dia?

É necessário chamar a atenção dos consumidores portugueses para a produção nacional e para o facto de ser importante consumir português, não só por razões económicas, mas também por razões sociais e ecológicas. Ao consumirmos produtos portugueses não estamos a consumir produtos do outro lado do mundo que, muitas vezes, têm uma pegada de carbono muito grande. As pessoas, de uma forma geral, perderam a noção do ciclo natural das culturas, principalmente no caso das frutas. Quando se consome cereja no Natal ou melão em fevereiro, esses produtos não podem vir de uma produção portuguesa. Nas grandes superfícies há atualmente todas as frutas durante todo o ano e como têm a indicação do país, as pessoas sabem muito bem o que estão a comprar.

O preço também pesa na decisão…

Sem dúvida, mas muitas vezes, as frutas que vêm da outra parte do mundo são muito mais caras e não é o preço que as impede de tomarem essa decisão. Vou-lhe dar um exemplo. Qual é a fruta que há em quase todos os restaurantes em Portugal, desde o mais caro ao mais modesto? Manga e abacaxi. Se pedir uma maçã ou uma pera, a maioria não tem. Quanto muito têm pera com vinho tinto. E porque é que isso acontece? Porque os consumidores querem. Caso contrário, os restaurantes não tinham manga na lista e não é barata. Tudo isto está relacionado com a perceção dos consumidores e aí temos um longo caminho para evoluir. Basta ir aos nossos vizinhos espanhóis, para eles tudo o que é espanhol é bom, não interessam os outros. 

As grandes superfícies não influenciam nessa decisão?

Isso é uma questão de circuito comercial, se os consumidores deixarem de comprar fruta espanhola nos hipermercados, deixam de a ter lá.

Nota que os consumidores estão mais sensíveis para esta questão?

Acho que estão mais sensíveis. Até as novas gerações estão mais sensíveis, nem que seja por razões ecológicas ou de saúde, ou por outra razão qualquer. Mas a questão da educação também influencia muito. Por exemplo, se for à faixa dos 50 anos, a maioria tem whisky em casa, mas não tem vinho do Porto, que é uma bebida nacional, idolatrada pelos estrangeiros e que nós nem valorizamos. Ou seja, temos uma coisa que é nossa e preferimos o que é dos outros, quando os outros preferem o que é nosso. Não faz sentido, isso é uma questão cultural, principalmente quando há poucos anos foi considerado o melhor vinho do mundo, não podemos alegar que é falta de qualidade. Mas tenho uma explicação: antes do 25 de abril só havia aguardente, vinho do Porto e bagaço, só as pessoas que tinham possibilidade de ir ao estrangeiro é que compravam whisky. Quando se deu o 25 de abril, abriu-se esse mercado e, como é natural e normal, as pessoas passaram a querer ter o que não tinham. E se perguntar a essas pessoas de 50 anos porque é que bebem whisky e não bebem vinho do Porto nem sabem responder. Isso está muito relacionado com as raízes das pessoas, com a própria postura que o português tem face àquilo que é produzido cá. Basta pensar que tínhamos a maior onda do mundo e quem a descobriu foi um americano, enquanto os surfistas portugueses iam para o Havai. 

Portugal é agora um destino da moda. Os produtores portugueses não poderão beneficiar dessa notoriedade?

Acho que podemos beneficiar um pouco, mas como disse é uma moda, não é eterna e rapidamente muda. É bom aproveitarmos enquanto estamos na moda porque há de chegar uma altura em que esta passa para outro. Claro que para já é benéfico por causa dos produtos que exportamos, como a fruta, o vinho, o azeite. Os turistas gostam de Portugal, os portugueses são simpáticos, o clima é bom, a comida é fantástica, os vinhos são baratos. Lisboa é bonita, o Porto também e o próprio país apesar de ser pequeno tem a vantagem de ser diverso. O pior que pode haver para um turista é fazer mil quilómetros e estar sempre tudo igual. Em Portugal isso não acontece, em quase cada 50 quilómetros a paisagem muda. 

E as empresas do setor não podiam aproveitar mais?

Acho que estão a aproveitar. As exportações do setor agroalimentar estão a crescer mais do que o crescimento da economia. Neste primeiro trimestre cresceu 6 ou 7% e tem vindo a aumentar nos últimos anos. 

Uma das novidades do setor diz respeito ao recurso da tecnologia. O que mudou?

Estamos a assistir a uma verdadeira revolução. O setor agrícola era tido como um velho com uma enxada na mão e com o arado e hoje não é nada disso. Claro que nos pequenos produtores que só produzem para eles não houve espaço para aderirem a grande tecnologia, mas nas empresas utiliza-se a tecnologia do mais sofisticado que existe. Recorrem a drones, a sensores de rega, a regras de precisão, a tablets para controlar a humidade do solo, tudo o que é de mais sofisticado. Vi no outro dia um esmagador de uva que separava os bagos da uva pelo peso e pela cor, ou seja, tinha uma cromatografia e pelo peso de bago separava todos aqueles que tivessem o mesmo grau de maturação. Vai resultar num vinho que nunca foi feito no mundo, era impossível alguém escolher bago a bago e, pelo peso e pela cor, conseguir fazer um lote perfeito. Isso só é possível através do recurso à informática e à tecnologia. Também as técnicas de extração das azeitonas e as técnicas de produção do vinho são agora muito diferentes. Há pessoas, mais uma vez com 50 e tal anos, que ainda hoje dizem que não bebem vinho branco porque faz dores de cabeça, mas isso acontecia há 30 ou 40 anos atrás, porque recorria-se a produtos químicos. Não havia tecnologia para fazer um vinho branco sem que oxidasse e, por isso, recorria-se a determinados produtos. Alguns exageravam no uso desses produtos e era isso que fazia as tais dores de cabeça. Hoje isso não existe, os vinhos são feitos com sumo de uva pasteurizada, em baixas temperaturas, num ambiente totalmente diferente. O mesmo acontece com o leite que sai da teta da vaca e entra no refrigerador em vácuo sem tocar numa partícula de ar. E também na parte da produção temos técnica e tecnologia que nos permite usar muito menos água na rega e sermos verdadeiramente cirúrgicos, usar muito menos adubo, muito menos pesticida ou só usar quando é verdadeiramente necessário porque existem meios de diagnóstico e meios de conhecimento que não existiam há 30 anos. Havia uns desenhos animados, a família Prudêncio, que apareciam na televisão, onde se dizia ao agricultor que as embalagens de pesticidas não podiam ser deitadas para o rio, tinham de ser queimadas e enterradas, que hoje é um crime ambiental. Isso demonstra bem a evolução que todo este setor teve. 

Mas a tecnologia foi entrando a pouco e pouco...

As tecnologias vieram também no setor agrícola permitir um conjunto de inovações brutais. Hoje já há tratores que já são guiados sem condutor e são guiados por um tablet. A agricultura caracteriza-se por uma atividade física forte, com mãos na terra, mas atualmente isso não existe. As atividades são feitas por um trator com cabine, com ar condicionado, com computador ao lado e quem é hoje empresário tem de utilizar alta tecnologia. Passámos da enxada para o engenheiro químico que utiliza todas as ferramentas que tem ao seu dispor: internet, câmaras de vídeo, sensores, gestão de base de dados. 

Passámos de um trabalho de mão suja para bata branca?

Exatamente. Hoje entra num lagar e encontra pessoas de bata branca. É por isso que é possível ter um azeite com um aroma e sabor que nunca teve na vida porque é usada uma determinada técnica para extrair as azeitonas. O mesmo acontece com o vinho. Alguma vez se pasteurizou o vinho? Nunca e agora é para não se adicionar qualquer produto químico. O vinho evoluiu tanto que tem o melhor do vinho novo e o melhor do vinho velho e é possível fazer as duas coisas. Antigamente tinha-se de guardar os vinhos para serem velhos, do ponto de vista do negócio isso não era bom porque os produtores tinham de esperar cinco, seis ou sete anos e os consumidores também não têm condições para estarem a guardar vinho debaixo da cama. As casas são pequenas e não apresentam condições de temperatura e de humidade. 

Mas isso implica perda de postos de trabalho?

A mão-de-obra na agricultura tem vindo a diminuir, mas ganhou trabalhadores mais especializados e com maior formação. Por exemplo, para apanhar azeitona era necessário um rancho de mulheres com varas na mão e outras para apanhar do chão, agora não é preciso ninguém. É tudo feito com uma máquina que trabalha dia e noite. E mesmo que fosse feito da forma antiga não havia gente suficiente para o olival que existe no Alentejo. 

As oliveiras são agora mais pequenas…

Adaptou-se para que tudo seja feito de forma a que as máquinas possam apanhar. 

E as outras?

Continuam a exigir um custo brutal. Um quilo de azeite apanhado de forma artesanal custa cinco ou seis vezes mais do que se fosse apanhado pela máquina. E o azeite que é apanhado desta forma mais moderna não é pior. Só se apanha de forma tradicional se for para conservas porque as azeitonas não podem ser tocadas por aquela máquina. É o que acontece com as vinhas do Douro, as uvas continuam a ser apanhadas à mão, mas depois isso tem uma implicação no preço, tornando o vinho muito mais caro. 

Mas há quem critique os olivais estarem quase todos nas mãos de espanhóis...

E quantos bancos portugueses estão na mão dos espanhóis? E os bons jogadores portugueses jogam aonde? Os olivais não são todos dos espanhóis. Eles começaram a investir, trouxeram a tecnologia, mas a grande maioria já vendeu. Mas as empresas até podem ser espanholas, mas o azeite é português e é em Portugal que criam os postos de trabalho. A agricultura não é um estado à parte dos outros setores. Se na banca, se nas construtoras, nos seguros, os espanhóis têm comprado muitos dos ativos portugueses então na agricultura não? E percentualmente até considero que é muito inferior àquilo que se verifica nos outros setores.

O INE diz que o setor perdeu mais de 100 mil mulheres desde a entrada da troika...

Isso deve-se ao facto de o setor se ter vindo a transformar. Antigamente não havia máquinas para apanhar uvas, hoje há, antigamente não havia máquinas para apanhar azeitona, hoje há. Ninguém aposta num olival sem ser desses, caso contrário, onde é que arranjava pessoas para apanhar a azeitona? Tudo isto leva a que a necessidade de mão-de-obra seja cada vez menor.

E quando havia essa necessidade também era mais difícil contratar pessoas…

Além do interior do país estar desertificado, muitas das atividades agrícolas são sazonais e não permitem contratar uma pessoa permanentemente. Antigamente havia mão-de-obra para tudo porque as condições de vida eram muito más e as pessoas também ganhavam muito mal, o que permitia ter sempre muita mão-de-obra. Mas quando as pessoas exigem outro nível de vida, isso já não é possível. Se há uns anos uma empresa podia ter três ou quatro trabalhadores a tempo inteiro, hoje se tiver é um e, por norma, é o próprio dono. Os agricultores tiveram de mecanizar porque não tinha rendimentos para pagar salários a três ou quatro trabalhadores. Há 30 anos isso era possível porque os salários eram baixíssimos. 

Mas nos últimos anos apareceu uma geração mais nova de agricultores…

O setor à medida que é mais rentável e menos físico tem outra atratividade, outro sex appeal. 
Passámos por um período de seca. Estas últimas semanas de chuva vêm ajudar a produção?
Passámos por um período de seca muito severa nos últimos três anos. Ainda não se foi embora, mas já deu para recuperar as reservas de água, as barragens e as florestas. Só uma pequena parte do país é que consegue ter regadio, a outra não. As alterações climáticas começam a fazer sentir o seu efeito. No mês de março choveu imenso, com temperaturas abaixo da média, se calhar daqui a 15 dias vem o calor e passamos de uma situação extrema para outra. 

Ainda assim há culturas que são beneficiadas pela seca, como a amêndoa…

Todas são afetadas. As culturas que não são de regadio tiveram uma grande quebra, as que são de regadio se agora não tivesse chovido não era possível fazer nada. Alguns agricultores nem sequer cultivaram porque só começou a chover em março e já tinham tomado outra decisão porque não podiam estar à espera desta situação anormal. Muitas pessoas já não acreditavam que viesse a chover, nem era expetável que isso acontecesse. Tem de chover na altura normal, se chover em junho destrói as vinhas, os cereais, as cerejas. 

Os agricultores não deveriam adaptar-se a esta mudança?

O setor já está a adaptar-se, a fazer mitigações desta situação e a ter um tipo de gestão que preveja com mais frequência a ocorrência destes fenómenos. Só há duas soluções: ou muda a altura ou muda de cultura. Estas variações sempre existiram, demoravam era uma geração ou duas a consolidarem-se. Se calhar daqui a 20 anos algumas das castas de uvas que existem no Alentejo têm de ser mudadas por outras com mais resistência. Se calhar daqui a 40 anos a pera rocha no Oeste não pode ser produzida porque não tem temperaturas baixas e é necessário ir mais para norte. Essas consequências já são visíveis com a produção da castanha ao registar uma quebra de produção na ordem dos 60% devido à falta de chuva. Mas mesmo com a falta de chuva há sempre uma solução que é regar, com falta de frio é que não há solução, pois não posso pôr um frigorífico ao lado de cada planta. 

O setor também foi bastante penalizado pelos incêndios do ano passado…

O governo auxiliou alguns agricultores, outros não conseguiu. Esteve cá uma pessoa que perdeu tudo o que tinha e recebeu cinco mil euros, não compensa o que perdeu. Está patente junto de todos os portugueses que houve uma enorme falha da Proteção Civil que deu origem a mortes de muitas pessoas. O fogo faz parte do clima mediterrânico, vai haver sempre fogos, o que não se pode é repetir o número de mortes de pessoas, nem as situações que assistimos. Mas quando se repetirem situações de alta temperatura, de baixa humidade e de ventos fortes, o país vai sempre arder.

Tem o levantamento de quantos agricultores foram afetados?

O Ministério da Agricultura tem esses dados. O incêndio de junho afetou poucos agricultores porque era uma zona muito florestal, no de outubro houve mais.

Como está o ponto de situação dos pagamentos das indemnizações dos agricultores afetados?

Essas indemnizações começaram a ser pagas pelo mecanismo do Ministério da Agricultura e algumas foram provenientes do Orçamento do Estado. 

O ministro da Agricultura já veio admitir que o governo está disponível para apreciar novas candidaturas a apoios para agricultores afetados pelos incêndios se demonstrarem que não concorreram por motivos de "força maior"…

Quanto mais pessoas forem ajudadas melhor. Mas não nos iludamos, não vão ser todos ajudados. A ajuda foi importante, mas podia ter sido sempre mais. Muitos dos agricultores que foram afetados não têm neste momento nada, porque ardeu tudo, incluindo máquinas. E estamos a falar de muitas pessoas com 60 anos ou mais e, por isso, não é fácil começar do zero, nem sequer têm motivação. 

O governo deveria dar mais benefícios ao setor?

O dinheiro é sempre pouco para a dimensão da catástrofe e para os prejuízos que provocaram. Quinhentos mil hectares ardidos é muito, acrescido dos prejuízos que houve com fábricas e casas ardidas. Portugal não é um país rico. Podemos dizer que era possível dar mais, mas temos de ter em consideração aquilo que são as disponibilidades que o governo tem e que o país tem. O que não é aceitável foi o que aconteceu, a segurança dos cidadãos que é uma das funções de um Estado de direito não foi minimamente conseguida. E depois dizer que o problema deveu-se à falta de limpeza é igualmente grave. A limpeza de uma floresta é uma utopia de um urbano. O governo, como não sabe o que está a fazer, mandou limpar terrenos até dia 15 de março. As pessoas que limparam quando chegarem a junho já vão ter outra vez a erva grande. E os técnicos dizem que as distâncias que foram colocadas estão erradas, pois consideram que, quanto mais juntas as árvores estiverem, menos cresce erva em baixo. 

E o pânico que se gerou levou alguns proprietários a abaterem árvores de fruto e de jardim...

Assistimos a muitos disparates porque a forma como as pessoas foram contactadas também foi um disparate. As pessoas deram os seus dados para serem contactados pelas finanças, não deram os seus dados para serem intimidados e ameaçados com multas se não cortassem as árvores. Conclusão, muitas pessoas não compreenderam bem a lei ou não leram aquilo com atenção ou não se aperceberam que isso só se aplicava às áreas florestais e não às áreas agrícolas e, como tal, cortaram tudo à volta das suas casas. O governo devia ser responsável por essas coisas e como não há oposição essas coisas passam e não acontece nada. Foi tudo uma estupidez e depois viu-se o primeiro-ministro e os outros elementos do governo a fazer uma limpeza em quatro sítios e acha-se que a limpeza já está feita. As florestas não são nenhuma cozinha. O que é limpar? Aquilo não está sujo. E daqui a dois ou três anos está tudo igual. Tudo isso tem um custo e a floresta não dá rendimento para suportar esse custo. 

Mas há a questão de terrenos abandonados…

Isso também é uma utopia muito grande. Na realidade os terrenos abandonados andam à volta dos 100 mil hectares. Se tem um pequeno terreno que não é possível rentabilizar o que é que faz? Se tivesse numa situação dessas e me fossem multar por falta de limpeza oferecia o terreno. É como quem não percebe do assunto e passa por um terreno e acha que é tudo muito bom para se fazer qualquer coisa. Aliás Salazar fez essa asneira, impôs a cultura do trigo no Alentejo, fizeram-se verdadeiras barbaridades porque cortaram-se sobreiros e azinheiras para produzir trigo e, o que se está a ver agora é que o concelho de Beja, que era o grande celeiro de Portugal, está todo transformado num olival. Temos um clima mediterrânico, o trigo não é uma cultura propícia ao nosso clima. Temos um clima mediterrânico que é bom para as culturas mediterrânicas. É claro que Portugal é capaz de produzir trigo, mas sempre com baixa produtividade. 

Que balanço faz do ministro Capoulas Santos?

É um ministro que conheço bem há muitos anos. É uma pessoa conhecedora do setor, mas tem as limitações impostas por um acordo que foi feito pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista. Isso limita a atuação do ministro, como também limita todos os outros, assim como o do próprio primeiro-ministro. Mas nas questões europeias é conhecedor da matéria e na negociação da próxima PAC acho que vamos ter condições para conseguir um resultado final que espero que venha a ser positivo para o país.

Acordo com a esquerda limita em quê?

Há algumas matérias que faziam parte do acordo, nomeadamente a questão da plantação dos eucaliptos que é um assunto que está mal contado. É um mito que o eucalipto estraga o terreno, é um mito que o eucalipto beba muita água ou que seca tudo o que está à volta. Se se puser o mesmo número de árvores, e em vez de eucaliptos optar por macieiras, pereiras ou oliveiras, vai ver que bebem a mesma água. E se puser nogueiras bebem ainda mais. O eucalipto tornou-se uma questão ideológica. A esquerda não gosta de tudo o que significa ganhar dinheiro e é óbvio que os eucaliptos estão ligados à indústria papeleira, apesar de esta indústria exportar muito eucalipto de outros países. E também não é verdade que o eucalipto arde mais do que os outros. As pessoas que têm lareira, a lenha que põem lá são de eucalipto? Não, todas as pessoas usam lenha de pinheiro, azinho ou sobreiro porque têm muito maior capacidade calórica. Então o pinhal de Leiria não ardeu todo? O concelho de Mação não era o que estava mais protegido dos fogos e não ardeu? Com aquelas condições de temperatura, de ventos e humidade daqui a 10 anos o que devia estar a crescer outra vez volta a arder. Repitam-se aquelas condições e vai voltar a arder. Arder vai arder sempre, não podem é morrer pessoas nem arder 500 mil hectares. 

Mas a limitação da plantação de eucaliptos é para se manter...

Uma das condições impostas é não se poder aumentar a área. Um partido quando estabelece acordos com a esquerda e com a extrema-esquerda fica limitado na sua capacidade de fazer política e de agir. O ministro Capoulas Santos conhece bem o setor e tem bom senso nas decisões que toma, mas quando há assuntos que fazem parte do acordo e quando as decisões já estão tomadas não há muito a fazer. Mas a verdade é que a agricultura para este governo e, isso não tem nada a ver com o ministro Capoulas Santos, está relacionado com as diretrizes políticas do executivo, não tem a relevância e a importância que teve em outros governos.

Nomeadamente pelo governo anterior?

Sim, a agricultura tinha o peso do vice-primeiro-ministro. Paulo Portas sempre apoiou publicamente a lavoura. E não é só dizer. Na altura, em que existiam dificuldades financeiras profundíssimas no país, o Proder, ou seja, o plano que apoia o investimento no setor e, que agora está a dar frutos, tinha dotações de 150 milhões de euros e agora não tem. Foi também a altura em que os pagamentos aos agricultores foram feitos mais atempadamente. 

Quanto é agora a dotação?

São 90 milhões de euros. E pergunte aos agricultores como estão os pagamentos, os próprios agricultores não se aperceberam da relevância que teve isso. Estou na CAP há 28 anos e nunca assisti ao posicionamento da agricultura ao nível do vice-primeiro-ministro. Há opções políticas de apoio ao setor e elas foram mais notórias no governo anterior. Os bons resultados de agora são reflexo do investimento que foi feito há quatro anos e o que se está a passar agora vai ser repercutido daqui a uns 4 anos e é natural que venha a estagnar porque não há grande investimento.