terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Hortas: A ajuda que vem da terra

Agricultura



Cultivar os próprios alimentos pode funcionar como um complemento à
economia familiar. Mas não só: serve também de ocupação a
desempregados e de convívio em caso de solidão

Luísa Oliveira
8:00 Terça feira, 10 de Dezembro de 2013 |


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Manel não descuida das couves para o Natal - há que fazer face a uma
grande encomenda da EDP
José Carlos Carvalho

Aos 57 anos, Manuel do Carmo é o "guardião" daquelas terras. Ficam
ali, nas traseiras do lar da Misericórdia de Almada. Do morro vê-se
Lisboa, a Torre de Belém e a ponte sobre o Tejo. De manhã faz frio.
Muito frio.

Mas vê-se gente a cuidar dos legumes, naqueles 40 talhões de 150
metros quadrados, atribuídos, a troco de um valor simbólico, a quem
tenha rendimento per capita abaixo dos 150 euros. Também há exceções,
como um professor reformado da escola do Feijó, que ali se entretém
nos tempos mortos, e até já convenceu ex-alunos a cultivarem couves
para os cabazes de Natal, que hão de entregar aos mais carenciados.
Manel não desarma, está ali todo o dia. O que brota deste solo
alimenta 32 famílias.

Mas ainda há 21 em lista de espera. É por isso que este projeto tem
intenção de crescer, pelo menos com mais 20 talhões espaço não falta.
As hortas estão a ser cultivadas desde março. Manel tem a
contabilidade em dia: já apanhou 150 quilos de tomate, 20 de feijão
verde, 15 de ervilhas, 8 de pimentos, 12 de meloas e 30 de couves. O
que não conseguiu consumir com o irmão, ou oferecer, vendeu em feiras.
Para este desempregado da construção civil, os 150 euros que já
amealhou fizeram mesmo a diferença. Mas a maior mudança é estar ali.
Ora fala com este, ora ensina qualquer coisa a outro.

A partilha assume o seu verdadeiro significado por estas bandas.
Quando os dias estão melhores, os hortelãos organizam piqueniques,
trocam experiências, sementes, produtos. Mas os talhões têm de estar
bem tratados as técnicas da Santa Casa andam muito por ali. E a
Fundação EDP, que financiou o projeto, também gosta de ver se a
agricultura é, de facto, sustentável. Para ajudar nessa tarefa, há
cursos de formação a que todos assistem.

Milhares de couves para o Natal

Lurdes Barradas, 52 anos, gosta tanto de vir à horta que até tirou
férias para pô-la em dia, com favas, ervilhas e alhos. Recrutou um dos
filhos e o sobrinho, ambos desempregados, para os trabalhos mais
duros. Mas é impossível não reparar nos morangueiros que ainda
sobrevivem ao tempo. Lurdes gaba-se: "Já colhi toneladas deles. Agora,
tenho de renová-los." Apesar de trabalhar como educadora na Câmara de
Almada, tem a seu cargo três filhos, dos 19 aos 25 anos, sem ocupação.
O seu ordenado não chega. O que retira da terra, para consumo e venda,
constitui uma boa ajuda. E soma-a ao peixe que o marido, também
desempregado, traz do mar. Agora só precisa de aviar-se de carne.

Na mesa lá de casa, passaram a pousar mais legumes e produtos de que a
família nunca tinha ouvido falar, como as acelgas, cedidas por um
colega da enxada.

Por estes dias, não há ali pedaço de terra que não tenha uma área
reservada à couve portuguesa. Pudera: a EDP encomendou 1 500 para os
seus cabazes de Natal. E há que satisfazer tão distinta encomenda.

Quando o sol se vai, Manuel do Carmo saca as chaves do bolso e fecha o
portão de acesso. Por aqui só passa quem procura sustento na terra.

BONS AGRICULTORES

Mais de 4 mil pessoas beneficiaram da rede de hortas apoiadas pelo
programa EDP Solidária, em mais de 35 projetos espalhados pelo País.
Eis outros alunos exemplares:

ERICEIRA

Alimenta 200 pessoas, familiares de pescadores, mas também tem uma
vertente pedagógica para escolas da região

SETÚBAL

Serve famílias dos utentes do Centro Jovem Tabor. Há um hectare de
vinha para futura integração de jovens institucionalizados

BRAGA

Terreno cultivado para a sustentabilidade da Cruz Vermelha e para
inserção de sem-abrigo

ALFÂNDEGA DA FÉ

Aposta forte na agricultura biológica, com mais valor no mercado,
funcionando como complemento aos orçamentos familiares baixos



http://visao.sapo.pt/hortas-a-ajuda-que-vem-da-terra=f760331#ixzz2p5AfXjv5

Plano de acção nacional para a redução do uso de antibióticos nos animais

A ACOS - Agricultores do Sul publicou no seu site o texto integral do
Plano de acção nacional para a redução do uso de antibióticos nos
animais, da autoria da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária.

Consulte aqui. http://acos.pt/repository/docs/PlanoAccao_Antibioticos_DGAV.pdf

Fonte: ACOS - Agricultores do Sul

http://www.365agro.com/atualidades/Plano_de_accao_nacional_para_a_reducao_do_uso_de_antibi%C3%B3ticos_nos_animais.aspx

Vencedores do Prémio Agricultura 2013

Decorreu no passado dia 19 de dezembro, em Lisboa, a cerimónia de
encerramento e entrega dos Prémios Agricultura 2013, na qual esteve
presente a Ministra Assunção Cristas.

O Prémio Agricultura 2013, que já está na segunda edição, tem por
objectivo promover, incentivar e premiar os casos de sucesso da
agricultura nacional. Participaram empresas a operar nos sectores
agrícola, florestal e agroindustrial.

Este Prémio foi uma iniciativa do BPI, do Correio da Manhã e do Jornal
de Negócios, e contou com o Patrocínio do Governo de Portugal e com o
apoio da PwC.

As empresas / entidades / personalidades premiadas foram:

Prémio Carreira

Manuel Évora: Presidente da Portugal Fresh

Prémio Grandes Empresas Agrícolas

Finançor, Agro-alimentar SA

Menção Honrosa Grandes Empresas Agrícolas

Delta Cafés

Lusiaves

Vitacress

Prémio Produto do Ano

Azeite

Prémio Projecto Inovação

"Castanha Isenta de Químicos": AgroAguiar, Comércio de Produtos Alimentares Lda

Prémio PME Agrícolas

Zêzereovo

Menção Honrosa PME Agrícolas

Cartuxa: Fundação Eugénio de Almeida

Herdade Vale da Rosa

Salsicharia Trancosense

Prémios Associações / Cooperativas

Associação Florestal do Lima

Menção Honrosa Associações / Cooperativas

Adega Cooperativa de Ponte de Lima

Agromais

Prémios Startup

Fermentum, Engenharia de fermentações Lda

Menção Honrosa Startup

Myfarm.com

Terrius

Prémios Jovem Agricultor

Agro-Mancelos, Maria Manuela Pereira Marinho

Menção Honrosa Jovem Agricultor

Calos Nuno Azaredo, gerente da Casa de Penalva

Pedro Simões, gerente da Vagoleite

O júri foi composto por Amândio Santos (Presidente da Portugal Foods),
António Serrano (Deputado da Assembleia da República e Ex-Ministro da
Agricultura), António Vicente (Professor Associado do Departamento de
Engenharia Biológica da Universidade do Minho), Armando Sevinate Pinto
(Ex-Ministro da Agricultura), Clara Moura Guedes
(Administradora-Delegada da empresa Queijo Saloio, SA), Emídio Gomes
(Diretor da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica
do Porto), João Machado (Presidente da Direção da CAP – Confederação
dos Agricultores de Portugal), Maria Celeste Hagatong (Administradora
do Banco BPI, SA) e Ricardo Brito Paes (Presidente da AJAP –
Associação dos Jovens Agricultores de Portugal).

Publicada: 22-12-2013 18:00

http://www.365agro.com/atualidades/Vencedores_do_Premio_Agricultura_2013.aspx

Abate para auto-consumo nas explorações pecuárias

Foi publicado, no passado mês de novembro, o Despacho n.º
14535-A/2013, que determina, a partir de 1 de Janeiro de 2014, a
possibilidade de abate de bovinos, para auto-consumo, nas explorações
pecuárias.

Os abates para auto-consumo passarão assim a ser possíveis para
bovinos, ovinos e caprinos com idade inferior a 12 meses, suínos, aves
de capoeira e coelhos domésticos, desde que se destinem exclusivamente
ao consumo doméstico do respetivo produtor e do seu agregado familiar.

Este abate está limitado a uma quantidade máxima por exploração e por
ano, de 2 bovinos, 3 suínos, 8 caprinos e 6 ovinos.

Consultar Despacho n.º 14535-A/2013:
http://dre.pt/pdfgratis2s/2013/11/2S218A0000S01.pdf

http://www.365agro.com/atualidades/Abate_para_auto_consumo_nas_exploracoes_pecu%C3%A1rias.aspx

Conclusões do 7º Congresso Florestal Nacional

Estão disponíveis para download as conclusões do 7º Congresso
Florestal Nacional subordinado ao tema "Florestas - Conhecimento e
Inovação", que decorreu no passado mês junho em Vila Real e em
Bragança.

O congresso foi organizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências
Florestais, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e pela
Escola Superior Agrária de Bragança.

http://esa.ipb.pt/7cfn2013/images/Conclus%C3%B5es_finais_revistas.pdf

http://www.365agro.com/atualidades/Conclusoes_do_7_Congresso_Florestal_Nacional.aspx

ZIF: Comunicado do Conselho de Ministros

No dia 19 de dezembro o Conselho de Ministros emitiu um comunicado
relativo às ZIF (zonas de intervenção florestal).

Extrato do Comunicado

O Conselho de Ministros aprovou a alteração do regime de criação das
zonas de intervenção florestal (ZIF), bem como os princípios
reguladores da sua constituição, funcionamento e extinção, e a
alteração do regime jurídico dos planos de ordenamento, de gestão e de
intervenção de âmbito florestal.

A revisão das ZIF visa redinamizar as zonas de intervenção florestal,
favorecer a gestão comum dos espaços florestais e minimizar o abandono
daqueles espaços e os riscos de incêndio florestal, fitossanitários e
de desertificação.

Para tal, simplifica as atuais exigências e facilita o processo de
constituição. Reforça ainda os poderes das entidades gestoras.

No que respeita ao regime jurídico dos planos de ordenamento, de
gestão e de intervenção de âmbito florestal, o diploma agora aprovado
elimina a obrigatoriedade de elaboração do plano de gestão florestal
na apresentação de candidaturas, por parte das explorações florestais
e agro-florestais, a fundos nacionais ou comunitários destinados à
beneficiação e valorização florestal, produtiva e comercial, ajudando
a colocar as ZIFs como atores prioritários para beneficiarem dos
fundos do próximo quadro comunitário de apoio.

Fonte: http://www.portugal.gov.pt

http://www.365agro.com/atualidades/ZIF_Comunicado_do_Conselho_de_Ministros.aspx

Bagaço de azeitona revela efeitos antitumorais

Além do cardo, há outro recurso endógeno com potencialidades
antitumorais, segundo revelou um estudo levado a cabo por
investigadores do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do
Alentejo (Cebal). Trata-se do bagaço de azeitona, resíduo que resulta
da extração do azeite e no qual foi encontrado um composto capaz de
potenciar o efeitos da quimioterapia em células humanas do cancro da
mama.


Texto Carla Ferreira


Além de ser responsável por um aumento no rendimento final da produção
do bioetanol, através de novos procedimentos, o bagaço de azeitona
apresenta também um composto fenólico capaz de maximizar os efeitos da
quimioterapia em células humanas do cancro da mama. Eis os principais
resultados obtidos no âmbito do projeto RefinOlea – Valorização
Integrada de Resíduos e Subprodutos da Extração do Azeite, levado a
cabo, entre 2009 e início do presente ano, pela parceria Centro de
Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Alentejo (Cebal) e União de
Cooperativas Agrícolas do Sul (Ucasul), com financiamento no âmbito do
Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
No que respeita às potencialidades do bagaço de azeitona para a
produção de bioetanol, o Cebal, informa Fátima Duarte, investigadora
principal e coordenadora do estudo, "centrou a sua atividade no
desenvolvimento de estratégias otimizadas para uma maior produção".
Otimização que foi conseguida através, nomeadamente, da "acoplação
inovadora de um processo de membranas, permitindo a remoção de
inibidores do processo fermentativo", o que levou a um aumento de
"cerca de 30 por cento no rendimento final de produção do bioetanol".
Neste momento, tais resultados são "pertença" da Ucasul, que tem a
funcionar uma unidade à escala piloto, produzida no âmbito do projeto,
para a produção do bioetanol.
Em simultâneo, a equipa estudou igualmente o potencial deste resíduo
quanto aos seus compostos bioativos. E neste processo, quando se
iniciou a avaliação da fração fenólica do bagaço de azeitona extratado
(resíduo resultante da extração do óleo de bagaço), deparou-se com um
"resultado muito interessante". "Este resíduo era riquíssimo num
composto fenólico denominado hidroxitirosol, já descrito na literatura
como tendo uma elevada atividade biológica", lembra Fátima Duarte,
acrescentando que, quando se decidiu avaliar em detalhe a sua
atividade biológica "verificámos que extratos derivados deste resíduo
de bagaço de azeitona extratado apresentavam uma atividade
antioxidante muito apreciável, e detetámos que células humanas de
cancro da mama, quando incubadas com estes extratos, cresciam muito
menos, começando a morrer".
Recorde-se que o subtipo de cancro da mama estudado, apesar de
apresentar uma "incidência relativamente baixa", tem uma taxa de
mortalidade associada "elevadíssima, devido à falta de terapêuticas
eficazes". Pelo que, conclui Fátima Duarte, "é de extrema importância
o desenvolvimento/descoberta de novas estratégias terapêuticas que
contribuam para um aumento da sobrevida destas pacientes".
Com base nestes resultados, o próximo passo foi analisar o potencial
destes extratos em inibir o crescimento tumoral, em comparação com um
composto químico (5-fluoracil) muito utilizado em protocolos de
tratamento em quimioterapia. E o que se verificou foi que "células
humanas de cancro da mama incubadas com o medicamento quimioterápico
(5-fluoracil) mais o extrato de bagaço de azeitona proliferam menos,
morrendo mais, do que células só incubadas com o referido
medicamento". O que, concretiza a investigadora, vem mostrar "que a
presença do extrato de bagaço de azeitona, rico em hidroxitirosol,
poderá potenciar o efeito terapêutico do 5-fluoracil".
No global do projeto RefinOlea estiveram envolvidos 12 investigadores,
quatro dos quais apenas dedicados à componente dos compostos bioativos
e à investigação da atividade antitumoral. De momento, resume a
cientista, este é um resultado que "está a merecer todo o nosso
empenho, no sentido de compreendermos a nível molecular quais os
mecanismos que se encontram ativados e como podemos potenciar ainda
mais o seu efeito antitumoral".

http://da.ambaal.pt/noticias/?id=4060

Ouro: a queda após 12 anos de subidas consecutivas (Milho liderou as quedas em 2013)

31 Dezembro 2013, 13:06 por Carla Pedro | cpedro@negocios.pt

O ano de 2013 marcou a interrupção no palmarés de ganhos do metal
amarelo. Depois de marcar valorizações durante 12 anos seguidos,
conseguidas à conta do estatuto de valor-refúgio que lhe tem sido
associado quando os investidores procuram alternativas ao mercado
accionista, obrigacionista e cambial, acabou por não resistir à
melhoria da economia mundial.

O metal precioso negociado no mercado nova-iorquino recuou 28% entre
Janeiro e Dezembro, marcando também assim a maior queda das últimas
três décadas. Com efeito, desde 1981 que não caía tanto num ano. O
ouro tem um estatuto de valor-refúgio e é bastante procurado em épocas
de crise, funcionando como um activo de protecção, pelo que a retoma
económica global acabou por o penalizar.


Esta mesma retoma económica levou a que a Reserva Federal
norte-americana anunciasse, em Dezembro, que vai começar a retirar os
estímulos à economia, notícia que confirma a melhoria do panorama
económico dos EUA e que tem pressionado o ouro.

Foi em Maio passado que o presidente da Fed, Ben Bernanke, aludiu pela
primeira vez à possibilidade de o banco central norte-americano
reduzir a compra mensal de activos (que estava nos 85 mil milhões de
dólares), no âmbito da terceira ronda de flexibilização quantitativa
["quantitative easing" – QE3]. Desde essa altura, muita especulação
correu sobre a data em que a Reserva Federal começaria de facto a
retirar esses estímulos. Em Dezembro, foi finalmente avançado que a
partir de Janeiro de 2014 começarão a ser retirados 10 mil milhões de
dólares por mês ao valor dessas compras de activos.



Assim, o banco central passará a injectar menos dinheiro na economia,
pelo que os receios inflacionistas são menores. E o ouro é um dos
activos preferidos como cobertura contra a inflação, perdendo assim
mais pontos neste campo.



Também a renovada aposta nos mercados accionistas por parte dos
investidores tem apagado o brilho deste metal precioso.



Na última sessão do ano, os futuros do metal precioso para entrega em
Fevereiro seguiam a cair 0,02% no mercado nova-iorquino, para 1.203,50
dólares por onça.



Sublinhe-se que os contratos spot (entrega imediata) são negociados no
mercado londrino.

Prata seguiu as pisadas do metal amarelo

A prata também perdeu terreno em 2013, encerrando com um saldo
negativo de 36%. De acordo com o índice S&P GSCI, foi a segunda
matéria-prima que mais desceu no ano (o ouro foi a terceira),
suplantada por uma "commodity" agrícola, o milho.

À semelhança do ouro, também a prata não perdia tanto num ano desde 1981.

Os futuros da prata seguiam a recuar 0,30 no dia 31 de Dezembro, no
mercado de Nova Iorque, a negociar nos 19,55 dólares por onça.

Já os metais industriais registaram uma performance mista este ano,
com o níquel a perder 0,53%, ao passo que o zinco desvalorizou 0,78.

Milho liderou as quedas em 2013

O milho foi a matéria-prima que mais caiu em 2013, ao registar uma
perda de 39,4%, naquela que foi a maior queda desde pelo menos 1965.
Os futuros deste produto foram fortemente penalizados na parte final
do ano pelos receios de que a China possa rejeitar mais entregas de
milho norte-americano com variedades geneticamente modificadas.

Entre outras "commodities" agrícolas, também o trigo viu neste ano uma
"má colheita", ao ceder 23%, bem como o café, que se depreciou em 21%.
O trigo tem estado a ser pressionado pelas estimativas do Departamento
norte-americano da Agricultura, que apontam para uma colheita recorde
a nível mundial na próxima campanha, para 711,4 milhões de toneladas,
ao passo que os inventários antes da colheita de 2014 subirão 4% para
182,8 milhões de toneladas.

Já o cacau esteve entre as que matérias-primas agrícolas que mais
subiram, ao somar && no conjunto do ano.

Gás natural foi a vedeta dos ganhos

O sector energético fechou o ano em alta, com destaque para o gás
natural, que teve o melhor desempenho entre as matérias-primas que
compõem o índice S&P GSCI.



Também o Brent, crude de referência para as importações portuguesas,
que é negociado em Londres, encerrou o ano com ganhos, a valorizar
7,5%. O mesmo não aconteceu com o seu congénere dos Estados Unidos, o
West Texas Intermediate, que na última sessão do ano acumula uma
descida de 0,3 em 2013.


Destaque ainda para o gasóleo e gasóleo para aquecimento, que também
ficaram mais caros este ano.

Recorde-se que o índice S&P GSCI, que agrupa 24 matérias-primas, é
calculado com base na produção mundial das "commodities" que tem
listadas. Os 24 contratos que o constituem abrangem todos os sectores
das matérias-primas: produtos energéticos, metais industriais e
preciosos, produtos agrícolas e gado.

http://www.jornaldenegocios.pt/mercados/detalhe/ouro_a_queda_apos_12_anos_de_subidas_consecutivas.html

Desinvestimento em renováveis e obras em áreas protegidas no balanço 2013 da Quercus

Lusa30 Dez, 2013, 21:14

Desinvestimento em energias renováveis, obras em áreas protegidas e a
incapacidade do Governo em gerir a questão dos resíduos marcaram
negativamente o ano de 2013, segundo um balanço hoje feito pela
organização ambientalista Quercus.

Apesar do "enorme potencial" de Portugal para o aproveitamento de
diversas formas de energia renovável, o Governo, "com contas mal
feitas e uma lógica de curto-prazo, provocou em 2013 a estagnação do
setor com consequências ambientais, económicas e sociais negativas
para o futuro", diz a Quercus em comunicado.

A organização ambientalista aponta porém como um indicador positivo
que "60% da energia elétrica consumida" em Portugal continental seja
produzida por fontes renováveis.

Entre o melhor que aconteceu em 2013, a Quercus destaca também que 98%
da água fornecida pelos sistemas públicos de abastecimento é de boa
qualidade e ainda que no Centro Nacional de Reprodução do
Lince-Ibérico, em Silves, tenham nascido 17 crias.

No balanço, a Quercus afirma-se preocupada com a proliferação de
intenções de projetos turísticos insustentáveis, de se ter permitido o
projeto de exploração mineira da Boa Fé, em Évora, e a construção de
um empreendimento turístico na Praia Grande, concelho de Silves, ou
ainda a revisão do Plano de Ordenamento do Parque Natural do Tejo
Internacional, que porá em causa áreas de reprodução da cegonha-preta.

"Também ao nível local, várias situações lesivas ao ambiente
continuaram infelizmente a ocorrer em Portugal. O ano de 2013 termina
sem que as descargas poluentes, bem visíveis, no troço final do rio
Diz (afluente do rio Noéme) tenham chegado ao fim", diz o comunicado.

Mas o ano, acrescenta, foi também marcado pela desistência do terminal
de contentores da Trafaria, pela criação do Sistema Integrado de
Licenciamento do Ambiente, uma "excelente plataforma", e pelo novo
Plano dos Resíduos Urbanos, que prevê a reciclagem de 50% em 2020.

Para o próximo ano, a organização quer o "reforço e a reinvenção da
ferrovia e do transporte marítimo" e a criação de um "plano de
mobilidade nacional, que se centre em questões graves por resolver nos
grandes centros urbanos", e quer uma renegociação com Espanha da
gestão das bacias hidrográficas comuns (Minho, Douro, Tejo e
Guadiana).

"Em contexto de crise", as emissões poluentes têm vindo a diminuir em
Portugal, mas "é vital que em 2014, com uma eventual retoma económica,
estejamos preparados para promover um desenvolvimento apostado na
redução de consumos, na eficiência energética, em simultâneo com a
melhoria da qualidade de vida", avisa a Quercus, que quer no próximo
ano "estabilidade" e soluções "robustas e eficazes" por parte do
Governo, na área do ambiente.

E porque 2014 é o Ano Internacional da Agricultura Familiar a
organização ambientalista deseja o aumento da visibilidade desse tipo
de agricultura e destaca o papel que tem na erradicação da fome e
pobreza, na correta gestão de recursos naturais e na proteção do
ambiente e desenvolvimento sustentável.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=706464&tm=6&layout=121&visual=49

Os vinhos portugueses em destaque no Financial Times

Num artigo bastante interessante, a crítica de vinhos Jancis Robinson
coloca Portugal em primeiro lugar no top de vinhos tintos produzidos
entre 1999 e 2012, muito à frente de países como Espanha, França e
Itália.

Este artigo revela igualmente dados importantes sobre o consumo de
vinho a nível mundial: O mundo está a consumir mais vinho do que
nunca, apesar da descida no sul da europa, e este aumento deve-se à
procura nos EUA, China e Rússia, onde beber vinho é visto como
novidade, moda e sinal de sofisticação. Ao contrário da Europa,o vinho
tornou-se mais popular do que nunca entre os os norte-americanos, em
particular nas gerações mais jovens, que frequentam clubes de vinho,
fazem cursos de vinho e procuram turismo que envolva a história do
vinho.

Pode ler aqui o artigo completo em: http://on.ft.com/1cWzIFJ

http://blog.esporao.com/os-vinhos-portugueses-em-destaque-no-financial-times/

Ovibeja 2014 lança 4º Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra

Ana Elias de Freitas - 19/12/2013 - 07:04 - Imprimir

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A 31ª edição da Ovibeja, que se realiza entre 30 de Abril e 4 de Maio
de 2014, já abriu as inscrições para o 4º Concurso Internacional de
Azeite Virgem Extra – Prémio Ovibeja.


Mariana Matos fala do 4º Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra

O concurso, o único de âmbito internacional realizado em Portugal, é
organizado pela ACOS – Agricultores do Sul – entidade organizadora da
Ovibeja e conta com o apoio da Casa do Azeite – Associação do Azeite
de Portugal e da Divisão da Competitividade e dos Mercados Agrícolas
do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura.

O Concurso Prémio Ovibeja visa promover a qualidade do azeite
português e também o seu reconhecimento além-fronteiras e os
interessados podem fazer a sua inscrição junto da Casa do Azeite.

Mariana Matos, da Casa do Azeite, revelou o facto de se tratar do
único concurso internacional realizado em Portugal, de ser rigoroso e
de ter como objectivo distinguir os melhores dos melhores. Acrescentou
que em 2014, a organização espera ultrapassar os números do concurso
realizado em 2013.

De referir que, de ano para ano, tem vindo a aumentar a participação
neste concurso. O ano passado a organização recebeu 73 azeites de
diferentes partes do globo, com destaque para a participação de
azeites de Espanha, Itália – que participou em 2013 pela primeira vez
– Grécia, mas também azeites de outros destinos mais distantes, como o
Chile.

http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?go=noticias&id=1805

Brasil aumenta importação de azeite de oliva na safra 2012/2013

Compras de azeitonas do exterior também cresceram

POR REDAÇÃO GLOBO RURAL
|
|TAMANHO DO TEXTOA+A-
Brasil importou 5% mais azeite de oliva no período 2012/2013 (Foto:
Shutterstock)

O Brasil encerrou a temporada 2012/2013 registrando uma importação 5%
maior de azeite de oliva. A informação é do Conselho Oleícola
Internacional. O ano-safra do setor vai de outubro de um ano até
setembro do ano seguinte.

De acordo com o Conselho, o mercado brasileiro importou 74,873 mil
toneladas. Do total 88% tiveram como origem os países da União
Europeia, com destaque para Portugal, Espanha, Itália e Grécia. O 12%
restantes do volume foram importados, principalmente, da Argentina e
do Chile.

O mercado brasileiro recebeu também um volume maior de azeitona
importada. Foram 109,051 mil toneladas no período 2012/2013. O
principal fornecedor foi a Argentina, com 75% do volume. A Espanha
respondeu por 13% do volume importado (14,127 mil toneladas) e o Peru
por 11% (11.706 mil).

http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/noticia/2013/12/brasil-aumenta-importacao-de-azeite-de-oliva-na-safra-20122013.html

O azeite não é como o vinho do porto

Fonte

A máxima de que "quanto mais velho melhor" não se aplica ao azeite.
Como produto natural que é, o azeite, ao contrário do vinho, não
melhora com o tempo. Por isso é aconselhável consumi-lo o mais cedo
possível.
Quando bem acondicionado o azeite pode conservar-se, sem alteração das
suas características, ao longo de 18 meses a partir da extração, mas
depois disso há o risco de perder qualidade.
Para o manter em boas condições o azeite deve guardar-se em
recipientes de vidro, de preferência escuro, ou em recipientes de
folha de flandres ou de aço inox. Já agora, ponha sempre o seu azeite
em local fresco, sem luz e bem longe de produtos com cheiros intensos,
pois há o risco de poder absorvê-los.
Por vezes, quando sujeito a temperaturas baixas, o azeite pode
solidificar. Retomará, contudo, o seu aspeto inicial quando voltar à
temperatura ambiente, e isto sem perder nenhuma das suas
características.

*Autoria da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica
Portuguesa, no Porto.

"Faça-nos perguntas!" aqui questoesbiotecnologia@porto.ucp.pt

http://rr.sapo.pt/rubricas_detalhe.aspx?fid=194&did=132969

A acidez e a cor do azeite

Fonte

O azeite é um produto tipicamente mediterrânico, que melhora a
gastronomia e beneficia a saúde. Vale por isso a pena conhecer o
azeite e consumi-lo com frequência. Na altura da compra, a acidez e a
cor podem ser fatores de escolha. Mas o que nos dizem estes
parâmetros?
O grau de acidez é uma característica importante para avaliar a
qualidade, mas não tem implicação direta no cheiro ou sabor. A acidez
tem a ver com a quantidade de ácidos gordos livres que o azeite possui
e também com a variedade e o estado de maturação da azeitona quando é
colhida. Normalmente deve optar-se por azeites de baixa acidez.
E o que reflete a cor do azeite? A cor mostra, simplesmente, o estado
de maturação das azeitonas: o verde provém de azeitonas ainda verdes,
enquanto o dourado provém de azeitonas maduras. Como geralmente o
azeite é obtido a partir de uma mistura de variedades de azeitonas, e
com diferentes graus de maturação, a cor final é muito variável. Neste
caso a escolha vai depender da preferência pessoal de quem o consome.

*Autoria da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica
Portuguesa, no Porto.

"Faça-nos perguntas!" aqui questoesbiotecnologia@porto.ucp.pt

http://rr.sapo.pt/rubricas_detalhe.aspx?fid=194&did=132814

Produção de azeite em Borba aumenta 110%

00h00 - sábado, 30/11/2013



Os olivicultores de Borba estão a colher este ano azeitona para azeite
de "boa qualidade" e prevêm um aumento de 110% da produção, em relação
a 2012, revela o presidente da cooperativa.
Diogo Sapatinha, presidente da Cooperativa de Olivicultores de Borba,
explica à Agência Lusa que, na campanha deste ano, a produção deve
rondar 2,1 milhões de quilos de azeitona, o que vai corresponder a 310
mil litros de azeite.
Na campanha deste ano, segundo Diogo Sapatinha, a cooperativa de
Borba, uma das principais do Alentejo, está a produzir azeite de "boa
qualidade", mas com "grau de acidez um pouco maior que em 2012, o que
não é bom para alguns mercados de exportação, sobretudo para o
Brasil".
A Cooperativa de Borba produz azeite com Denominação de Origem
Protegida (DOP), tendo já exportado este ano 26 por cento da produção
de azeite engarrafado para os mercados do Brasil, Alemanha, Holanda,
Singapura e França, indica o responsável.
"Em 2014, prevemos aumentar as exportações para os mercados em que já
estamos a vender", realça.
Diogo Sapatinha refere que, este ano, as vendas de azeite engarrafado
para o mercado nacional "baixaram um pouco", face a 2012, enquanto as
vendas para o mercado externo subiram 40 por cento.
O mesmo dirigente adianta que, em 2014, a cooperativa de Borba vai
concluir um projecto de investimento de 200 mil euros, com 30 por
cento de apoio através de fundos comunitários, que envolve uma linha
de engarrafamento, enchimento e rotulagem, melhoria nas instalações,
um armazém para azeite e uma mini-estação de tratamento de águas
residuais (ETAR).
Fundada em 1951, a Cooperativa de Olivicultores de Borba, que produz a
marca "Dom Borba", tem cerca de mil associados e abrange vários
concelhos dos distritos de Évora e Portalegre.
O azeite "Dom Borba" já foi premiado com medalhas de ouro e ouro
prestígio nos concursos Terra Olivo, em Jerusalém, Israel.

http://www.correioalentejo.com/?diaria=10469&page_id=36

Azeites do Douro e Alentejo, outra riqueza de Portugal

A utilização do azeite na alimentação humana é muito mais antiga do
que a invenção da escrita. Há séculos que faz parte da alimentação dos
portugueses, mas foi tornada uma gordura maldita na década de sessenta
e setenta do século passado, quando monopólios financeiros
desenvolveram grandes campanhas em favor de outros óleos vegetais,
mais baratos de produzir e que lhes davam maiores lucros. Mas o
embuste durou pouco tempo e, de há 15 ou 20 anos a esta parte, por
todo o mundo se tem incrementado a utilização do azeite, hoje produto
gourmet, indispensável da cozinha e na mesa dos melhores restaurantes
de todos os continentes.

A medicina descobriu-lhe virtudes e negou-lhe os defeitos e os
lavradores portugueses voltaram a dar-lhe a importância que merece.

Em Portugal, o azeite é de muito boa qualidade e cada vez mais se
produzem azeites gourmet, óptimos para o prato, para tempero de salada
e para barrar o pão torrado.

Propomos cinco azeites de quinta para as comidas da época. São azeites
de qualidade fantástica, cada um com seu estilo, aromas e sabores
muito próprios.

01. QUINTA DO CRASTO SELECTION - 6,9€ Frutado com notas de ervas
frescas e com uma sensação notável de picante e amargo com um
excelente fim de boca.

02. QUINTA DO CRASTO PREMIUM - 11€ Aromas muito complexo com notas de
frutos secos verdes (amêndoa e noz) e ainda erva fresca, e com um doce
e picante bastante notáveis que potenciam um excelente e prolongado
fim de boca.

03. ALMOGRAL - 15,9€ Este azeite Virgem Extra provém da Quinta do
Arnozelo, no Douro. É extraído de azeitonas das variedades cobrançosa,
verdeal e madural. Como todos os bons azeites de quinta é extraído a
frio sem qualquer processo químico. Sabor persistente, que reforça a
intensidade dos pratos mais tradicionais ou que sublinha, sem abafar,
as delicadezas de uma cozinha mediterrânica mais leve.

04. MONTE DO MOUCHÃO - 6,9€ Com uma cor palha citrina e aroma fresco,
tem notas de maçã verde e amêndoa e um ligeiro travo picante. Grande
ligação com as comidas do Alentejo.

05. ESPORÃO DOP MOURA - 5€ Com uma qualidade excepcional, este azeite
provém de azeitonas das variedades galega, cordovil, verdeal e
cobrançosa. De cor esverdeada, tem aroma a maçã. Na boca voltam a
sentir-se as notas de maçã e um ligeiro picante e amargo. Tem no seu
activo importantes prémios internacionais.

http://www.ionline.pt/artigos/igastronomia/azeites-douro-alentejo-outra-riqueza-portugal/pag/-1

São Tomé: quando a merenda escolar ajuda a agricultura de um país

ALEXANDRA PRADO COELHO

30/12/2013 - 21:56

Conseguir que os pequenos agricultores regressem à terra, reduzir o
desemprego, reintroduzir vegetais na alimentação das crianças,
oferecer refeições quentes nas escolas – o projecto que está a ser
lançado em São Tomé, com o apoio do Instituto Marquês de Vale Flor,
pode ajudar a resolver vários problemas ao mesmo tempo.

A ideia é muito simples, mas o facto é que ainda ninguém se tinha
lembrado de a pôr em prática. Enrolado num grande casaco para se
proteger do frio que por estes dias se sente em Lisboa, o são-tomense
Celso Garrido explica como tudo começou: havia carência de alguns
alimentos, especialmente legumes, na dieta das crianças de São Tomé e
Príncipe; e, por outro lado, havia cada vez mais pequenos agricultores
a abandonar as suas parcelas de terra. Como quebrar este ciclo?
Criando um outro, mas este de sustentabilidade.

A solução, que já começou a ser lançada, tem o nome de Projecto
Descentralizado de Segurança Alimentar (PDSA) e prevê que as merendas
escolares passem a integrar obrigatoriamente hortícolas, e que estes
sejam comprados pelo Estado aos pequenos agricultores, que assim
passam a ter garantia de escoamento dos seus produtos – algo que até
aqui não acontecia. E quem está à frente deste programa, lançado pelo
Instituto Marquês de Vale Flor, é precisamente Celso Garrido.

O retrato que a FAO (Food and Agriculture Organization, das Nações
Unidas) traça da situação em São Tomé é preocupante, indicando que a
situação de pobreza tem vindo a piorar: um quarto da população é pobre
e um terço está em risco de pobreza. Um inquérito do Programa
Alimentar Mundial (PAM) realizado em 2007 indica que 36 mil pessoas
encontram-se em situação de insegurança alimentar, e, dessas, 16 mil
têm um consumo alimentar pobre.
Outro problema identificado pela FAO é a enorme dependência que o país
tem do exterior "quer em termos orçamentais, quer em termos de ajuda
alimentar". Essa é uma situação que Celso também conhece bem e que o
projecto que lidera quer ajudar a combater.

"Antes, há mais de dez anos, tudo o que as crianças comiam nas escolas
era dado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e era tudo importado",
conta. "Agora que o PAM vai começar a deixar alguns distritos [três,
para já, e todos até 2016, ano em que o Estado são-tomense assumirá o
Programa de Alimentação Escolar, responsável pelo fornecimento de
alimentos a todas as escolas do país], estamos a começar a incorporar
na dieta alimentar das crianças alguns produtos produzidos localmente.
Por exemplo, a mandioca, que temos em grande quantidade, pode
substituir a farinha de milho, que o país não produz."

Tudo começou em 2008, numa altura em que os problemas de insegurança
alimentar se fizeram sentir de forma mais preocupante. Surge então uma
iniciativa, que parte do Instituto Marquês de Vale Flor e de um
conjunto de ONG, para uma candidatura a um programa da União Europeia
que pretendia precisamente ajudar os países a terem alimentos
disponíveis para as respectivas populações. A proposta foi aprovada e
o programa começou em 2009.

"Houve uma primeira fase em que o objectivo era produzir alimentos e
disponibilizá-los para a população", explica Celso. "Conseguimos
importar sementes de qualidade para hortícolas, dos quais tínhamos
deficiências no mercado local, produtos como cebola, tomate,
feijão-verde, repolho, pimentão. E importámos alguns factores de
produção, nomeadamente adubos."

Um dos problemas identificados tinha a ver com a forma como as
sementes eram importadas pelos agricultores. "As sementes não são
produzidas localmente, e a importação nem sempre obedece ao ciclo
produtivo. As pessoas fazem-na de uma forma não muito coerente, por
isso há momentos em que existe muita semente e outros em que não
existe nenhuma." O PDSA tentou resolver esta dificuldade, importando
as sementes de acordo com o calendário agrícola "para estarem
disponíveis na altura certa e a um preço acessível". Esse era, aliás,
outro problema. "Quando são importadas por empresas privadas, têm um
custo elevadíssimo. Um quilo de sementes importadas chega a custar mil
e tal euros, e um pequeno agricultor não tem essa capacidade." Com o
apoio do programa, houve uma alteração: "Nós compramos as sementes,
distribuímos às cooperativas, que depois distribuem aos seus
associados por um valor muito insignificante."

Com sementes mais baratas, e a garantia de que os produtos são
comprados para serem integrados nas ementas escolares, muitos pequenos
agricultores que tinham abandonado as suas parcelas de terreno, por
não conseguirem tirar qualquer lucro da venda de meia dúzia de
produtos num mercado local, começaram a pensar voltar a trabalhar a
terra.

E assim, a pouco e pouco, os hortícolas começam a aparecer nas
merendas das escolas (por enquanto apenas nas primárias e
pré-primárias) – o que, lembra Celso, representa já um universo de 45
mil alunos. E, acrescenta o coordenador do programa, este é um número
com tendência para aumentar, porque "já se constatou que quando não há
um prato quente nas escolas, a afluência dos alunos cai". Além disso,
"se o agricultor conseguir esse mercado, vai produzir com cuidado,
porque sabe que os seus filhos também vão comer daquela comida".

Tomate a preço fixo
O programa, que garante também a construção de centros para o
armazenamento de alimentos, tem ainda a vantagem de garantir um preço
fixo para os produtos (a definição desse preço para cada produto é
algo que está actualmente em negociação). Isso pretende resolver o
problema da enorme instabilidade de preços em São Tomé. "Há meses em
que um quilo de tomate custa o equivalente a uns cêntimos de euro, e o
agricultor quase que abandona a produção, mas depois vem o tempo da
chuva, e o mesmo quilo de tomate pode estar a dois euros e meio. O que
nós pretendemos é conseguir o preço fixo para cada produto."

Para além do cultivo de hortícolas, o PDSA está também a trabalhar
noutras frentes. Uma delas é a da transformação dos produtos locais,
"agregando valor, por exemplo, à mandioca". Partindo de um produto que
é, juntamente com a banana e a matabala, uma das bases da alimentação
no país, os responsáveis pelo programa fizeram um estudo e concluíram
que a transformação da mandioca em farinha era feita por "senhoras que
trabalhavam há mais de 40 anos de forma precária, sem condições de
higiene, com pequenas infra-estruturas o mais modestas possível". E,
apesar disso, são elas geralmente a base de sustento das suas
famílias.

O objectivo foi, portanto, melhorar as condições de trabalho destas
mulheres, criando uma cooperativa e construindo uma pequena fábrica,
que foi inaugurada em 2011. "As mulheres participaram activamente na
construção da fábrica, e ela já funciona, apesar de algumas
limitações, porque estamos a falar de pessoas que outrora não tinham
espírito de associativismo. Neste momento já estamos a trabalhar no
melhoramento e higienização do produto final, e já se fazem alguns
derivados da farinha que são fornecidos ao Programa de Alimentação e
Saúde Escolar", conta Celso.

Voltemos ao diagnóstico que a FAO faz de São Tomé: "As principais
dificuldades do país são: baixa produção agrícola, elevados índices de
inflação, elevados custos dos factores de produção, incapacidade de
gerar emprego, instabilidade do valor da moeda, incapacidade de
assegurar mecanismos de estabilidade financeira, insuficiência de
infra-estruturas socioeconómicas, êxodo rural e desigualdade de acesso
a recursos."

É certo que o PDSA não poderá resolver todos estes problemas, mas, à
sua escala, pode começar a lidar com alguns: reduzir o desemprego,
contrariar o êxodo rural, diminuir a dependência do exterior. "Estamos
a falar de um país que tem entre dez mil e 13 mil agricultores
familiares num universo de 137 mil habitantes, dos quais 30% são
crianças. Portanto é um número representativo", diz Celso. "Um núcleo
familiar tem entre quatro e sete filhos, por isso, é muita gente que
depende desta agricultura. Se não se dedicassem a ela, a única
actividade alternativa seria o comércio a retalho, e isso leva mais
pessoas para as cidades, e não desenvolve um país."

E – o mais importante –, se tudo correr como previsto, este programa
vai melhorar a dieta das crianças nas escolas. Celso espera que a
influência positiva se espalhe e que os bons hábitos adquiridos pelos
filhos acabem por influenciar os pais, levando-os, a pouco e pouco, a
introduzir mais hortícolas nas suas refeições. Assim,
"paulatinamente", como Celso gosta de dizer, se vai tentando mudar um
país.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/sao-tome-quando-a-merenda-escolar-ajuda-a-agricultura-de-um-pais-1617970

Incêndios Florestais 2013

Acréscimo

A 17 de maio último, a Acréscimo expressou os seus comentários sobre a
gestão política do flagelo dos incêndios florestais em Portugal.

Da estratégia nacional para as florestas à prevenção, enquanto
conjunto de operações silvícolas integradas necessariamente em plano
de gestão florestal, passando pelos desajustamentos nos mercados
silvícolas, o diagnóstico não é positivo. Na falência destes
instrumentos, parte exagerada do esforço de defesa das florestas
contra os incêndios assenta num último reduto, o combate.

Ora, o relatório agora conhecido sobre os incêndios florestais de 2013
vem demonstrar que, também aqui, é evidente a incapacidade política em
conter este flagelo nacional.

Independentemente das responsabilidades dos diferentes atores
envolvidos no combate, importa salientar o risco destes poderem estar
a potenciar ainda mais este flagelo, tal como indicia estar a
acontecer com a política de florestações do último quarto de século.

As suspeitas do sobredimensionamento das ignições, situação já
denunciada na década de 90, a par do uso desregrado da técnica de
contrafogo, para além das insuficiências evidenciadas nos rescaldos,
com os reacendimentos frequentes, parecem ser indicadores desta
potenciação. Potenciação essa que, para alguns agentes, poderá servir
de base à reivindicação de uma ainda maior alocação de verbas públicas
ao combate.

Do rescaldo de 2013, ressaltam a perda inestimável de vidas humanas e
a incapacidade política em conter o problema no limite dos 100 mil
hectares/ano de área ardida, limite esse já de si inaceitável.
Incapacidade essa estimada em avultados prejuízos económicos, sociais
e ambientais para o País.

A Acréscimo vem, mais uma vez, realçar a necessidade de abordar esta
problemática pelo essencial, pela necessidade de um plano integrado
para o Desenvolvimento Rural, baseado nas pessoas e na sua
subsistência em meio rural. Não apenas de combate ao êxodo rural, mas
sobretudo com uma estratégia de repovoamento do interior. Onde o
funcionamento dos mercados seja acompanhado pelo Estado, impedindo
iniciativas extrativistas por parte de agentes económicos que operam
com base em produções agroflorestais. Onde o rendimento proveniente da
produção sustentável de bens e serviços, entre eles os oriundos das
superfícies florestais, possam garantir uma adequada gestão das
propriedades rústicas.

Infelizmente, no último quarto de século, apesar do esforço dos
cidadãos, através da alocação de centenas de milhões de Euros dos seus
impostos às florestas, o rendimento dos proprietários florestais
entrou em declínio progressivo, o valor económico e ambiental das
florestas degradou-se, o próprio peso das fileiras silvo-industriais
no Produto Interno Bruto contraiu (tendo o próprio PIB contraído na
última década). Apenas o flagelo dos incêndios florestais progrediu,
continuando a superar o limite, definido na Estratégia Nacional para
as Florestas, dos 100 mil hectares/ano. Estes indicadores, parece-nos,
são mais do que suficientes para evidenciar a falência da politica
florestal do País nos últimos 25 anos (pós-adesão à CEE, apesar dos
apoios da PAC).

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/12/30.htm

Sector Agrícola: 2013 foi um ano de crescimento

MAM

COMUNICADO



O sector agrícola ao longo de 2013 cumpriu os seus objetivos de
crescimento. Foi um ano muito importante, com o aumento da
concentração da oferta, a regularização dos apoios e uma taxa de
execução do PRODER de 77%.

CRESCIMENTO DE 4,5% E AUMENTO DA CONCENTRAÇÃO DA OFERTA MARCAM O ANO
AGRÍCOLA DE 2013

Segundo dados divulgados pelo INE o rendimento da atividade agrícola
em Portugal deverá, em 2013, crescer em termos reais 4,5% em
comparação com 2012, o que comprova a boa performance do sector.

Um dos grandes objectivos do Ministério da Agricultura e do Mar (MAM)
é promover uma maior concentração da oferta em todas as áreas do
sector agrícola. Esta é uma das formas do nosso tecido agrícola
acrescentar mais valor à sua produção.

Mais uma vez o sector respondeu positivamente, assistimos em 2013 a um
aumento significativo da concentração de oferta em diversos sectores,
nomeadamente, no sector do arroz que aumentou a sua concentração de
oferta em 15%, passando de 52% para 67% o valor da produção
comercializada através de Organização de Produtores, os cereais que
aumentaram em 9%, o milho em 6% e as hortícolas em 4%.

1º PILAR DA PAC - REGIME DE PAGAMENTO ÚNICO (RPU) EXECUTADO EM PLENO

O ano de 2013 começou com a legislação aprovada atempadamente o que
tornou possível iniciar a campanha mais cedo. No que diz respeito ao
parcelário, este foi revisto em mais 25%, cumprindo assim os objetivos
traçados para 2013.

Este ano o MAM conseguiu veicular o apoio comunitário (RPU) a todos os
agricultores, incluindo aqueles que foram objeto de controlo, sendo o
primeiro ano em que nenhum agricultor controlado ficou sem receber as
ajudas diretas. Esta melhoria no sistema deve-se a um trabalho de
racionalização dos controlos dentro dos serviços do MAM e a um esforço
para a concretização dos controlos durante 2013, com o objetivo de
contemplar o máximo possível de agricultores. Inverte-se, assim, uma
situação do passado em que os agricultores controlados recebiam mais
tarde (por exemplo, em 2009 cerca de 10 mil agricultores ficaram sem
receber ajudas).

Com este esforço de execução dos controlos foi possível antecipar para
outubro os pagamentos das ajudas diretas que estavam previstos para
dezembro, o que permitiu proporcionar aos agricultores uma situação de
estabilidade de tesouraria e uma melhor execução orçamental.

Como previsto, em dezembro foram feitos os pagamentos do 1º pilar da
PAC, nomeadamente, da primeira prestação de 45% do Regime de Pagamento
Único (185 M€), de 15% do Prémio por Vaca em Aleitamento (18 M€) e de
45% do Prémio por Ovelha e Cabra (15 M€), que vêm complementar os
adiantamentos já efectuados em outubro, no âmbito das medidas de
mitigação dos efeitos das cheias.

2º PILAR DA PAC - TAXA DE EXECUÇÃO DO PRODER CHEGA AOS 77% E OS
MONTANTES VEICULADOS ATINGEM ASSIM NOVAMENTE NÍVEIS HISTÓRICOS

O objetivo traçado pelo MAM era chegar ao fim de 2013 com 75% de taxa
de execução e esse objetivo foi superado em 2%, atingindo assim os
77%. Os pagamentos efetuados no âmbito do PRODER atingem, pelo
terceiro ano consecutivo, níveis históricos.

A totalidade de pagamentos PRODER efetuados em 2013 foi assim de 731
milhões de euros, dos quais, 110 milhões de euros são referentes a
Orçamento de Estado. Trata-se do maior montante global a nível de
pagamentos de sempre no PRODER. A taxa de execução atinge assim os
77%, ultrapassando os objetivos para 2013.

Segundo o Secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque:
"Em termos operacionais o ano de 2013 foi um ano estável e positivo.
Houve uma forte preocupação em garantir aos agricultores a segurança e
estabilidade de políticas públicas ao sector, necessárias para a
continuação do bom ritmo de crescimento do sector agrícola. A
antecipação do pagamento das ajudas diretas em outubro, inicialmente
previsto para dezembro de 2013, trouxe mais segurança aos agricultores
e uma melhor execução orçamental. Podemos congratular-nos dizendo que
o Estado já não se atrasa nos controlos, e que isso tem permitido
antecipar os pagamentos, ajudando o sector a progredir. Estamos muito
satisfeitos com o facto de termos superado o objetivo a que nos
propusemos no âmbito da taxa de execução do PRODER. A nossa meta era
os 75% de execução e terminamos 2013 com 77%, isto mostra que com uma
gestão eficaz dos fundos comunitários o sector dá uma reposta rápida e
muito positiva".

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2013/12/30a.htm

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Príncipe William vai estudar agricultura

REINO UNIDO



por Irina FernandesHojeComentar



Numa universidade de Cambridge, o príncipe William vai frequentar um
curso para apreender, entre outros conhecimentos, como se deve
trabalhar no campo e tratar produtos biológicos.

É já no início de janeiro que o príncipe William vai voltar a estudar.
O filho mais velho do príncipe Carlos de Inglaterra vai frequentar,
até meados de março, um curso de especialização em agricultura.

"O duque de Cambridge irá frequentar entre 18 e 20 horas de aulas
semanais, e irá assistir também a conferências. Poderá vir a realizar
pesquisa de campo", avançam fontes do Palácio de Kensington.

A inscrição no curso não acontece por acaso. Trata-se, sim, de uma
preparação para ajudar o príncipe William a enfrentar o futuro:
enquanto duque da Cornualha, William terá de gerir terrenos agrícolas,
imóveis e investimentos que vai herdar do pai, o príncipe de Gales.

Lembre-se que o príncipe William terminou, em setembro, o desempenho
das suas funções como piloto de resgate da RAF (Royal Air Force).

http://www.dn.pt/inicio/pessoas/interior.aspx?content_id=3609590

A importância e o enquadramento da promoção da marca Wines of Portugal

OPINIÃO



JORGE MONTEIRO

29/12/2013 - 02:15


É frequente ouvirmos os nossos compatriotas afirmarem que Portugal é
um grande produtor de grandes vinhos. Curioso, pois, num país
excessivamente aberto aos estrangeirismos, o vinho talvez seja o único
produto nacional cuja preferência pelos consumidores nacionais é
inquestionável.

No entanto, a surpresa vem-nos de um inquérito realizado em 2008 no
Reino Unido e Estados Unidos, o qual claramente demonstrava que nestes
dois mercados Portugal não possuía nenhuma imagem enquanto país
produtor de vinho. Nenhuma imagem: nem boa, nem má.

Foi esta constatação que esteve na base do processo de criação da
marca "Vinhos de Portugal / Wines of Portugal" num exercício da
iniciativa do IVV, que reuniu personalidades do mundo do vinho
português e que ficou concluído em 2008.

De então para cá passou a existir um novo instrumento de promoção
internacional dos nossos vinhos, o qual tem sido essencialmente, mas
não em exclusivo, utilizado pela ViniPortugal. A utilização de uma
marca país tem sido um instrumento de promoção em crescente uso, sendo
variados os casos: Wines of Chile, Wines of California, Wines of
Áustria ou Wines of Spain. Mas esta tendência não é exclusiva do
vinho, encontrando-se em outros produtos alimentares, como, por
exemplo, a recente campanha, lançada na China, sobre a Amêndoa da
Califórnia.

Porquê a necessidade de uma marca País?

Historicamente, o designado Velho Mundo vitivinícola caracteriza-se
por uma elevada fragmentação da propriedade, por pequenos produtores e
pela existência de um extenso número de empresas. Esta fragmentação da
produção, se, por um lado, estimula a inovação e introduz irreverência
no sector, por outro lado, torna-se num forte travão sobretudo na
abordagem dos novos mercados, mas até mesmo nos mercados tradicionais,
por aquela já referida ausência de escala. Note-se que, no mercado do
vinho, regra geral, a marca líder raramente ocupa quotas acima de 5%.

Por outro lado, esta falta de dimensão ou escala conduz a que as
empresas dificilmente gerem meios suficientes que lhes permitam
grandes investimentos de promoção no mercado, ao contrário de muitos
outras bebidas, de grande escala, normalizadas, cuja qualidade não
muda ao longo dos anos, obedecendo mais a lógicas de produtos
industriais.

O produto "vinho" afirma-se pela complexidade, varia conforme o
território de origem, assim como das castas e até varia de ano para
ano. Assim, mesmo que houvesse tal disponibilidade financeira para
investimentos na imprensa ou na televisão, muitos são os especialistas
que consideram que a "publicidade" não resulta num grande número de
mercados e a sua eficácia diminui à medida que o grau de conhecimento
do produto é menor. E à medida que nos deslocamos de mercado maduros,
conhecedores do produto, para mercados emergentes, menos interesse
haverá em comunicar para massas, sendo necessário identificar outras
formas de trabalhar o mercado.

É aqui consensual que nestes mercados emergentes ganha importância o
marketing assente em acções de relações públicas e de educação dos
diferentes actores intervenientes. Nos mercados "iniciados" é
essencial educar quem importa e quem vende (públicos profissionais),
enquanto nos mercados em processo de amadurecimento, o foco deve ser a
educação dos consumidores.

Em todos os mercados, Portugal deve afirmar-se pela apresentação de
vinhos diferentes, fruto da sua enorme diversidade de solos e climas,
suportado nas suas mais de 250 castas indígenas e fugindo à
"cabernização" ou ao efeito "EBC - Everything But Chardonnay", e as
abordagens aos mercados serão mais fortes se alicerçadas na via da
educação, fortalecendo o conhecimento dos profissionais e dos
consumidores.

Em mercados de menor dimensão, e onde existe já algum conhecimento por
parte do consumidor, este papel pode ser bem desempenhado por algumas
Denominações de Origem ou Indicações Geográficas, como é o caso, por
exemplo, dos Vinhos Verdes, do Douro, do Alentejo e, muito em
particular, o Vinho do Porto e o Madeira.

No entanto, à medida que nos orientamos para mercados de maior
dimensão (EUA, Canadá), ou mercados emergentes (China, Rússia) ou mais
distantes (Japão) aquelas marcas colectivas regionais (as Denominações
de Origem) perdem expressão ou eficácia e abrem espaço para a marca
País, no nosso caso a marca Wines of Portugal.

É o que se passa actualmente no nosso país, com uma crescente
articulação entre as Comissões Vitivinícolas Regionais (CVR's), os
Institutos do Vinho do Porto e da Madeira, por um lado, e a
ViniPortugal, por outro.

Não se pense, no entanto, que uma campanha genérica, mesmo quando se
trata da marca País, por si só, seja eficaz. De facto, só poderá ter
sucesso se existir articulação e complementaridade com acções de
natureza comercial por parte das empresas. A primeira cria notoriedade
para o território, seja o País ou a Região, enquanto as segundas
promovem a sua marca, assente na imagem criada para a marca País. Os
melhores exemplos chegam-nos dos países do dito Novo Mundo
Vitivinícola, resultado de uma boa concertação e complementaridade.

Observando em particular o caso português, por maioria de razão, dada
a predominância da dimensão micro, nenhuma marca privada terá
capacidade de se afirmar nos mercados internacionais, pela falta de
escala e capacidade financeira. Mas, por outro lado, nenhuma campanha
genérica trará resultados positivos se não estiver acompanhada por
acções no mercado da parte das empresas detentoras das respectivas
marcas.

Presidente da ViniPortugal

http://www.publico.pt/economia/noticia/a-importancia-e-o-enquadramento-da-promocao-da-marca-wines-of-portugal-1617791

domingo, 29 de dezembro de 2013

A operação "Azeitona Segura" está no "terreno" até ao dia 31 de Janeiro de 2014.

Tenente-coronel Rosa: Operação Azeitona Segura

A GNR está a promover, até 31 de Janeiro de 2014, a operação "Azeitona
Segura", com o objetivo de prevenir os furtos daquele produto
agrícola, após a sua colheita e antes da sua entrega nos lagares.

A operação consiste na promoção de contactos com proprietários,
trabalhadores e associações de produtores, na intensificação do
patrulhamento de proximidade nas explorações agrícolas onde decorre a
apanha de azeitona e na realização de ações de fiscalização nos
acessos aos lagares de azeite e nos acessos aos locais de armazenagem.
Uma operação apresentada à Voz da Planície pelo tenente-coronel Rosa,
oficial de relações públicas da GNR de Beja.

Recorde-se que nos primeiros dois meses desta operação foram
detectadas, nalgumas explorações agrícolas, algumas irregularidades e
que as 838 operações de fiscalização realizadas, na campanha de 2012,
resultaram na detenção de 21 pessoas por furto de azeitona e na
apreensão de 13. 929 quilos de azeitona.

http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?go=noticias&id=1849

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os bombeiros morrem solteiros

Publicado em 2013-12-12


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Nelson Mandela foi em certo sentido um bombeiro do seu tempo. Deu a
vida pelo bem comum. Trago o seu nome a este texto porque a
incompreensão que desfez parte da sua vida durante o 'apartheid' é um
pouco a mesma que trucida os bombeiros nos incêndios todos os verões.

O relatório de Xavier Viegas, um especialista de renome internacional
em fogos, provavelmente não pode tirar outra conclusão que não seja a
de sublinhar a negligência dos operacionais no terreno e dos seus
chefes nas centrais de comando. Faltam agora as ilações do ministro da
Administração Interna, Miguel Macedo. Mas é por este prisma redutor de
análise que se percebe por que continuam a morrer bombeiros. Discutir
se os meios de combate são suficientes, e quanto tem de se gastar mais
no ano seguinte, é a conversa superficial.

O problema real está noutra equação: a gigantesca dimensão do
eucaliptal em Portugal, uma espécie exótica que se tornou na principal
espécie arbórea do país, cujo único objetivo é abastecer as celuloses
enquanto gera desertos de biodiversidade em seu redor. Esta
monocultura egoísta e desadaptada ao país reflete-se numa agricultura
menos produtiva porque não está rodeada de habitats variados, mas é
também uma das causas do despovoamento de um interior que vive num
"barril de pólvora". A espiral destruidora entende-se à crescente
eutrofização de albufeiras - mais poluídas por cinzas e com água pior
para consumo humano e agrícola. Até as cidades ficam irrespiráveis com
incêndios incontroláveis se as condições climatéricas forem propensas
a isso, como se viu este verão.

As corporações de bombeiros voluntários sabem que combater fogos em
condições extremas é arriscadíssimo. E se vão para estes fogos de
coração aberto, arriscam muito. É um ciclo vicioso: mais fogos
representam mais meios, mais homens, gerando investimentos (para
terceiros e para si próprios) de centenas de milhões de euros todos os
anos - 3,2 mil milhões de dinheiro público em onze anos, segundo o JN.
O ganho principal, no entanto, fica nas celuloses e madeireiros porque
beneficiam do dinheiro público para apagar incêndios e transacionam
matéria-prima de um país ardido e ao desbarato.

Contrariar esta espiral exige coragem. Os bombeiros podiam/deveriam
dizer que vão deixar arder a floresta (protegendo apenas casas e
pessoas) porque não é possível combater este Portugal sem outro
"Ordenamento do Território". Sejamos lúcidos: não há multas que façam
os proprietários pegar nas enxadas para limparem terrenos de alguma
dimensão. E mandar limpar pode custar, todos os anos, mais de mil
euros por hectare. Tudo isto porque, idealmente, a Secretaria de
Estado das Florestas acha que pode continuar a estimular o crescimento
do eucaliptal, numa lógica de criação de 'riqueza económica', à custa
de uma economia que só beneficia quem produz papel. Um hectare de
eucaliptos, cortado de 10 em 10 anos, vale pouquíssimas centenas de
euros. Quando arde, ainda menos.

Repare-se: há um mês o Governo anunciou garbosamente que a Portucel
iria fazer mais um investimento de 120 milhões de euros em Cacia. Toda
a gente parece achar bem - é mais emprego, exportações e
desenvolvimento. Eu também defendo mais emprego e exportações, mas não
este tipo de desenvolvimento. Mas só um país cada vez mais
terceiro-mundista permite o crescimento desordenado de uma
matéria-prima que representa já mais de 25% de toda a floresta e, em
menos de cem anos, vai inutilizar os solos onde cresceu.

Claro, nessa altura nem nós estamos cá, nem os ministros ou
secretários de Estado das Florestas irão a votos. Mas por isso é que é
preciso classificar de potenciais homicidas todas as pessoas que
estimulam este Portugal sem pés nem cabeça. O problema é sempre o
mesmo: é fácil ser hoje admirador de Mandela. Difícil era estar ao
lado dele quando ele tinha razão, mas não dava jeito admiti-lo. A
cobardia em Portugal é isto: os bombeiros morrem e a culpa é quase só
deles. Não é. Algo tem de ser feito para travar esta espiral de
empobrecimento natural. O território fica para além da nossa louca
geração e destes governantes que, na prática, são apenas instrumentos
governados à distância por líderes de negócios de uma economia
devastadora.

http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=3582933&opiniao=Daniel%20Deusdado

A retirada perigosa das regras do comércio mundial

25 Dezembro 2013, 23:30 por Pascal Lamy

Durante os últimos 50 anos, o mundo conheceu uma "grande
convergência", com os rendimentos per capita nos países em
desenvolvimento a crescerem quase três vezes mais rápido do que nos
países mais avançados.

Mas os acontecimentos de 2013 revelaram que o regime de comércio livre
que facilitou este progresso está agora sob uma grave ameaça, à medida
que o impasse nas negociações do comércio multilateral estimula a
proliferação de "acordos preferenciais de comércio" (PTA, na sigla
original), incluindo os dois maiores acordos alguma vez negociados – a
Parceria Trans-Pacífico (TPP, sigla original) e a Parceria
Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, sigla original).

As regras e normas que surgiram com o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT, sigla original) e com o seu sucessor, a Organização
Mundial do Comércio (OMC), apoiaram o modelo de crescimento baseado
nas exportações. Modelo esse que permitiu aos países em
desenvolvimento tirar milhões de pessoas da pobreza. A ironia é que a
ascensão de muitas economias em desenvolvimento a uma importância
sistémica está no centro do actual impasse nas negociações comerciais
multilaterais.

Os países desenvolvidos argumentam que as economias emergentes devem
abraçar a reciprocidade e estabelecer regimes comerciais semelhantes
aos seus. As economias emergentes alegam que os seus rendimentos per
capita são bastante mais baixos que os dos países desenvolvidos e
insistem que, abordar os seus enormes desafios de desenvolvimento,
exige flexibilidade em termos das suas obrigações comerciais. O
impasse resultante impediu uma discussão séria sobre as questões
essenciais – incluindo medidas não tarifarias, restrições às
exportações, comércio electrónico, taxas de câmbio e as implicações
para o comércio das políticas relacionadas com as alterações
climáticas – levantadas por uma economia aberta mundial.

Contrariando estes argumentos, os grandes acordos preferenciais de
comércio parecem preparados para reformar o comércio mundial. As
negociações do TPP envolvem dezenas de países da Ásia, América Latina
e América do Norte, incluindo o Japão, México e Estados Unidos. O TTIP
engloba as duas grandes áreas económicas mundiais, a União Europeia e
os Estados Unidos, e a Parceria Económica Regional Ampla (RCEP, sigla
original) incluiu 16 países da Ásia-Pacífico. O Japão está também a
desenvolver um acordo com a China e com a Coreia do Sul, bem como um
acordo com a União Europeia.

Tais acordos preferenciais alegadamente têm o potencial para
melhorarem as condições para além das fronteiras dos países que
assinam estes documentos. Se tanto o TPP como o TTIP produzirem
reformas significativas no que diz respeito aos subsídios agrícolas,
que provocam distorções comerciais – tornando-se no primeiro acordo
não multilateral a fazê-lo – os benefícios seriam verdadeiramente
internacionais. Mas os acordos preferenciais que existem actualmente
estão a ser negociados com um maior foco na regulação do que nas
tarifas, o que torna necessário que os participantes alcancem um
acordo quanto a um amplo conjunto de regras de execução, como por
exemplo, investimento, competição justa, saúde e padrões de segurança
e regulação técnica.

Isto representa vários obstáculos. Enquanto algumas medidas não
tarifarias podem ser facilmente rejeitadas por serem consideradas
proteccionistas, muitas outras servem os objectivos legítimos da
política pública, tal como a segurança dos consumidores ou a protecção
ambiental, o que faz com que seja difícil assegurar que eles não
entram em conflito com os princípios básicos da justiça e da abertura.

Além disso, tais acordos podem fechar vários grupos em diferentes
abordagens regulatórias, o que leva a uma subida os preços das
transacções para o comércio interno e torna difícil que os bens
externos e serviços entrem no bloco. Tal segmentação de mercado pode
perturbar as cadeias de valor e levar a uma diversificação comercial
prejudicial ao nível da eficiência.

Finalmente, a capacidade dos grandes acordos preferenciais em
estabelecer normas que beneficiem os não participantes pode provar ser
mais limitada do que muitos acreditam. As regras do comércio
transatlântico sobre a valorização da moeda, por exemplo, podem deixar
o Japão indiferente. E as regras específicas de protecção à
propriedade intelectual podem não fazer mais do que evitar que o
Brasil e a Índia participem.

Ultrapassar estes obstáculos pode exigir, antes de mais, algum nível
de coerência entre os acordos preferenciais, como vários acordos a
seguir aproximadamente princípios semelhantes quando abordam questões
regulatórias. Além disso, se o regionalismo for percebido como
coercivo e hostil, os países podem formar blocos comerciais
defensivos, o que pode levar à fragmentação económica e elevar tensões
relacionadas com a segurança. Para evitar este desfecho, os acordos
devem ser relativamente abertos para os recém-chegados e receptivos à
possibilidade de "multilateralização".

Mas a necessidade de coerência política vai para além dos grandes
acordos preferenciais. Óptimos resultados para o comércio
internacional exigem atenção a todos os níveis para que haja uma
relação entre comércio e várias outras áreas políticas.

Considerando a segurança alimentar. Políticas nacionais eficazes no
que diz respeito aos terrenos, água e à gestão de recursos naturais,
infra-estruturas e redes de transporte, serviços agrícolas, direitos
de propriedade, energia, armazenamento, crédito e pesquisa são tão
importantes como os acordos comerciais para transferir alimentação dos
países que têm excedentes para aqueles que precisam.

Da mesma maneira, a cooperação regional no que diz respeito à água e
às infra-estruturas é fundamental para melhorar as relações
diplomáticas e estabelecer mercados funcionais. E, ao nível
multilateral, a produção agrícola e o comércio está influenciado por
políticas que dizem respeito a subsídios, tarifas e restrições à
exportação (embora o último não esteja actualmente a ser governado por
regras estritas da OMC).

Apesar do grande valor da cooperação regional e de políticas nacionais
coerentes, um sistema de comércio multilateral funcional continua a
ser vital. De forma a revigorar a cooperação comercial multilateral,
os governos têm de trabalhar em conjunto para abordar questões que
ainda não estão solucionadas desde a agenda de Doha, tais como a
escalada dos subsídios e tarifas na agricultura. Para ser claro, o
acordo alcançado na recente conferência ministerial da OMC, em Bali,
representa uma bênção para o comércio mundial e para a cooperação
multilateral.

Mas os governos têm de alargar a agenda para incluir linhas
orientadoras cujo objectivo seja assegurar que grandes acordos
preferenciais não levam à fragmentação económica. As futuras regras da
OMC sobre as restrições às exportações podem ajudar a estabilizar os
mercados internacionais das matérias-primas agrícolas. O comércio de
serviços pode ser mais liberalizado e os subsídios industriais podem
evitar que os objectivos de inovação ecológica dos países se percam
devido à pressão doméstica para impulsionar o emprego.

Além disso, as regras mundiais para o investimento podem melhorar a
eficiência da alocação de recursos, enquanto as linhas orientadoras
internacionais, para as políticas de concorrência, serviriam de forma
mais eficiente os interesses dos consumidores e de grande parte dos
produtores do que o sistema actual retalhado. Aumentar a cooperação
com o Fundo Monetário Internacional sobre questões cambiais e com a
Organização Internacional do Trabalho sobre os padrões de trabalho
pode diminuir as tensões comerciais e aumentar a contribuição do
comércio para a melhoria das condições de vida das pessoas.

Uma estratégia partilhada para abordar as medidas não-tarifárias
poderia ajudar os países a evitar atritos comerciais desnecessários. E
novos desenvolvimentos na produção de energia podem facilitar uma
cooperação internacional mais significativa sobre o comércio de
energia e investimento.

Tudo isto exigiria que as economias emergentes aceitassem um possível
alinhamento nos seus compromissos comerciais com os países
desenvolvidos e os países avançados teriam de aceitar que os países
emergentes merecem um longo período de transição. De 2014 em diante,
todas as partes têm de reconhecer que, num mundo multipolar, um
sistema de comércio internacional baseado num conjunto de regras
actualizadas é a forma menos arriscada de perseguir os seus objectivos
de crescimento. O acordo da OMC recentemente alcançado em Bali, na
simplificação de controlos fronteiriços, entre outras questões, mostra
que os passos importantes nesta direcção podem de facto ser dados.



Pascal Lamy. Antigo director-geral da Organização Mundial do Comércio
é, actualmente, presidente da Comissão Oxford Martin para as Gerações
Futuras

Direitos de Autor: Project Syndicate, 2013.
www.project-syndicate.org
Tradução: Ana Laranjeiro

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/a_retirada_perigosa_das_regras_do_comercio_mundial.html

Jovens Agricultores: O caminho faz-se ao andar?

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Carlos Neves

"O optimista vê a luz ao fundo do túnel, mesmo quando ela não está lá;
O pessimista vai a correr apagá-la!"

Passámos as últimas décadas a ouvir discursos de despedida e elogios
fúnebres à agricultura portuguesa: Por causa da PAC e de muitas
causas, vozes do povo e elites encartadas concordaram que a
agricultura acabara em Portugal, se não acabara faltava pouco, não
tinha futuro, etc., etc. Recordo-me de tentar avisar que "as notícias
da nossa morte eram claramente exageradas", mas poucos me leram e
acreditaram. Depois veio a crise para o resto da economia e as "novas
oportunidades", as "novas tecnologias" e os sonhos de um emprego como
funcionário público atrás de uma secretária foram todos por água
abaixo e o pessoal lá teve de sair da sua "zona de conforto", uns
emigrando à procura de emprego, outros deixando as ideias feitas sobre
o fim da agricultura e arriscando investir numa actividade que,
afinal, talvez desse para sobreviver e, claro, tinha apoios para a
instalação. E assim, o país do "êxodo rural" que se lamentava com o
abandono da agricultura, porque "os jovens não querem trabalhar a
terra", ficou a saber que se inverteu a tendência e passaram a
"instalar-se" na agricultura 280 jovens por mês. E agora?

Bem, o pessimismo continua. Agora, em vez dos lamentos sobre o
abandono da agricultura, ouvimos os receios sobre o futuro destes
jovens agricultores, das suas explorações agrícolas e dos seus
investimentos. Que não têm formação, não têm experiência, que estão a
hipotecar o seu futuro…

São fundados os receios? Talvez. E então, soluções? Alternativas?
Suspender a instalação de jovens agricultores e voltar ao velho
discurso sobre o abandono da agricultura? Não pode ser, foram já
milhares os que se instalaram, continua a haver terra para cultivar e
gente para alimentar.

É provável que a formação de muitos seja insuficiente, mas desconheço
qualquer estudo sobre esse assunto; quem faz afirmações, fala com base
em impressões e senso comum. Nunca percebi porque não deixavam (não
deixam) fazer os cursos de jovem agricultor antes de apresentar o
projecto. Contudo, os que se instalam hoje têm mais formação de base
(ensino secundário e superior) ferramenta que lhes permite procurar
com mais sucesso a formação e apoio técnico que necessitem. Haja da
parte das empresas, universidades e organizações agrícolas capacidade
e iniciativa para disponibilizar esse apoio. Se for possível fazê-lo a
custo reduzido, no âmbito de serviços de acompanhamento pagos pela
PAC, melhor; Mas não fiquem à espera do dinheiro para os cursos
enquanto os mirtilos se estragam.

Os milhares de jovens que se instalam na agricultura, depois de darem
trabalho e passarem valor aos projectistas e a quem lhes forneceu os
investimentos (máquinas, plantações, etc.) poderão agora dar trabalho
e valor a quem os queira apoiar e acompanhar tecnicamente.

Com mais ou menos adversidades climáticas ou problemas técnicos, a
produção irá vingar. Resta depois o desafio do mercado. Organizar a
comercialização. Refundar cooperativas ou impulsionar novas
organizações de produtores. Defender a produção face à pressão de
intermediários e grande distribuição, que tem direito ao lucro, mas
que se forem deixados "à solta" vão querer ganhar num dia mais do que
o produtor ganha num ano. Haja coragem do poder político para lançar
leis que regulem o mercado (como a recente lei que penaliza as
promoções abusivas), para vigiar a sua execução e haja trabalho das
organizações agrícolas para defender essas leis e exigir o seu
cumprimento, pois é no mercado que se valorizam os produtos agrícolas
e será do mercado que virá o retorno para pagar o investimento e o
esforço de quem abraça o trabalho na terra.

Haverá falhas, desistências, falências? Certamente, acontece em todos
os sectores económicos. A agricultura não é excepção. Desconheço
qualquer estudo que demonstre taxas de insucesso na agricultura
superiores a outros sectores. Vejo, portanto, como muito positivo que
os jovens se instalem na agricultura, que arrisquem. Seria bom poder
coloca-los num simulador (faz muita falta a prática de estágios) mas
só na prática podemos testá-los e distinguir os empresários mais ou
menos competentes. Acho mil vezes melhor assumir que alguns possam
falhar do que deixar a terra abandonada à espera de um D. Sebastião
que venha fazer tudo certinho e direitinho.

Carlos Neves

O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO

"Caminhante, as tuas pegadas

São o caminho e nada mais;

Caminhante, não há caminho,

O caminho faz-se ao andar.



Ao andar faz-se o caminho

E ao olhar-se para atrás,

Vê-se a senda que jamais

Se há-de voltar a pisar.

Caminhante, não há caminho,

Somente sulcos no mar."

António Machado (Sevilha 1875 - França 1939) - Cantares - O Caminho
Faz-se Caminhando.

http://www.agroportal.pt/a/2013/cneves7.htm

Presidente francês vai poupar nos vinhos

26 de Dezembro de 2013, por Elisabete Mendes

Em Maio deste ano, o governo francês colocou à venda 1.200 garrafas de
vinho da sua adega, entre elas, rótulos como Pétrus, Latour, entre
outros. A venda foi feita para «renovar a adega, que deveria se
autofinanciar». Na ocasião, o leilão alcançou mais de 500 mil euros.
Agora, poucos meses passados, o governo francês vai às compras e
decidiu gastar apenas 10% do valor arrecadado para renovar a colecção.

O presidente François Hollande busca vinhos do Languedoc, Alsácia e
Gasconha (cujos preços costumam ser mais convidativos que os de
Bordéus, Borgonha e Champagne, por exemplo. «O dinheiro da venda será
investido em vinhos mais modestos e o equilíbrio vai voltar ao
orçamento governamental», disse uma assessora.

A sommelier do governo, Virginie Routis disse que a adega presidencial
consiste de 30% Grands Crus e 30% de bons vinhos. Os 40% restantes
devem ser reservados para «produtores que merecem ser melhor
conhecidos», disse Routis. «Não podemos mais colocar garrafas que
custam 2 ou 3 mil euros na mesa», rematou.

http://www.mariajoaodealmeida.com/catalogo_noticias.php?ID=3988&ID_ORG=3

Produtores desconfiados com novo filme de Bordéus

25 de Dezembro de 2013, por Maria João de Almeida




Entre as colheitas de 2009 e 2011 de Bordéus, os produtores do filme
Red Obsession (Obsessão Vermelha) gravaram as cenas do documentário
que mostra a relação do mercado chinês com os produtores bordaleses. O
filme é narrado pelo actor Russell Crowe e mostra entrevistas com
alguns dos principais châteaux da região sobre o consumo na China.
Apesar de uma produção digna de Hollywood, Warwick Ross, produtor do
filme, diz que os produtores de vinho foram relutantes em conceder as
entrevistas. «Latour foi muito difícil. Outros tenderam a ser
'escorregadios', muito profissionais e muito chatos no primeiro
encontro. Somente depois de os entrevistarmos duas ou três vezes é que
relaxaram e contaram-nos o que queríamos», disse Ross. Segundo ele,
esse comportamento deveu-se à lembrança que eles tinham do
documentário Mondovino, que não deixou boas impressões na região.
«Eles achavam que era um Mondovino parte 2», conta.

O filme Red Obsession apresenta figuras emblemáticas de Bordéus, como
Paul Pontalier, do Château Margaux, e Christian Moueix, do Château
Petrus, além de um bilionário chinês que se tornou coleccionador de
vinhos. O documentário foi escolhido como um dos melhores
longas-metragens do Festival Internacional da Uva e do Vinho Oenovideo
2013 e está agora a ser lançado na Austrália e Estados Unidos.
.

http://www.mariajoaodealmeida.com/catalogo_noticias.php?ID=3987&ID_ORG=3

Incertezas!

*

________________________________

Pedro Pimenta

O ano que passou foi marcado por uma inesperada bonança para os
produtores de milho. As secas observadas nos EUA - um gigante na
produção a nível mundial - levaram a uma escassez que,
consequentemente, conduziu a um aumento dos preços.

Como tal, os produtores de milho viram um ano com rendimento acima da
média. Ao invés os produtores pecuários, tanto nacionais como
internacionais, viram o custo alimentar dos seus efectivos crescer de
tal forma que inviabilizou muitas explorações, por incapacidade de
repercutir no consumidor final esse aumento do custo alimentar.

Este ano, graças à melhoria do abastecimento e a uma recuperação das
reservas mundiais de cereais, os produtores de milho assistiram a uma
queda de preços significativa, que baixou, consideravelmente, as altas
expectativas dos produtores de milho trazidas do ano transacto.

A acentuada volatilidade que caracteriza o mercado mundial de cereais
cria inúmeras dificuldades não só aos produtores de cereais,
dificultando de sobre maneira o correcto planeamentos das suas
explorações agrícolas, como também aos nossos clientes dos sectores
animais que face a estas constantes oscilações têm dificuldade em
programarem atempadamente as seus investimentos ao longo do ano.

Cabe-nos no entanto relembrar que, de forma a minimizar os efeitos da
volatilidade dos preços dos cereais na União Europeia, é necessário
criar mecanismos de regulação dos mercados que permitam garantir o
rendimento dos agricultores europeus e assegurem o aprovisionamento
alimentar da população europeia.

Além das medidas da PAC há ainda que ter uma certa consciencialização
de quem investe na fileira do Milho. É de facto uma cultura de
excelência, mas que não pode ser vista à luz de investimentos a curto
prazo. Há que perspectivar e planificar as culturas a longo prazo, de
modo a fazer face à acentuada oscilação dos preços.

Não podemos ainda cair na tentação de fazer avaliações com base em
questões meramente economicistas. Apesar das cotações variarem
mundialmente, de região para região, há que saber avaliar o nível de
qualidade e reconhecer a excelência do nosso milho. Continuará a ser
nosso objectivo primordial garantir qualidade e segurança alimentar,
que terá necessariamente de ser valorizada perante os nossos
agricultores.

Vivemos assim na incerteza daquilo que será o dia de amanhã, mas com a
certeza que seremos suficientemente fortes para continuarmos a apostar
no crescimento de sectores fortes e promissores.

Pedro Pimenta
Director da ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo

http://www.agroportal.pt/a/2013/ppimenta.htm