domingo, 9 de outubro de 2016

ANPOC divulga lista de variedades recomendadas para trigos de qualidade



 07 Outubro 2016, sexta-feira  Grandes Culturas

A ANPOC - Associação Nacional de Produtores de Cereais, Oleaginosas e Proteaginosas divulgou esta semana a LVR – Lista de Variedades Recomendadas para Trigos de Qualidade - 2016.

Em comunicado a associação salienta que «a produção de cereais, inserida no contexto de crescimento economicamente competitivo, ambientalmente sustentável e territorialmente equilibrado, apresenta-se atualmente como um desafio, a atuação necessária para responder a esse desafio implica o envolvimento alargado de todos os agentes setoriais».

Neste âmbito a ANPOC juntamente com o INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, a Escola Superior Agrária de Beja e a Indústria transformadora de trigo (Germen, Ceres e Cerealis), tem vindo a desenvolver um trabalho conjunto que visa promover e incentivar a divulgação de variedades bem adaptadas à realidade portuguesa (de trigos de qualidade) testadas nos diferentes campos de ensaios, com características e potencial conhecidos, susceptíveis de assegurar em simultâneo os interesses da indústria e da produção nacional.

O resultado deste trabalho é publicado anualmente através de uma Lista de Variedades Recomendadas para trigos de qualidade.

«A LVR constituir-se como um importante instrumento de reforço de conhecimento técnico, dirigido a todos os agentes da fileira dos cereais , na persecução de uma estratégia comum: a melhoria da produtividade e qualidade da produção de cereais em Portugal», salienta a ANPOC.

A LVR 2016 para Trigo Mole está acessível para consulta em Lista de Variedades Recomendadas 2016 - Trigo Mole em www.anpoc.pt.

Em breve será disponibilizada a LVR 2016 para Trigo Duro. 

Azeite alentejano vendido ainda na árvore



02.10.2016 às 12h3322
 
Portugal é o primeiro país produtor a colocar azeite no mercado mundial
Falta quase um mês para se iniciar a apanha da azeitona, mas já há operadores internacionais a visitar olivais no Alentejo e a comprar centenas de toneladas de azeite a preços convidativos

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
A um mês do início da apanha da azeitona na campanha 2016/17 já há traders (operadores de mercado) internacionais a negociar a compra do azeite no Alentejo, propondo preços que variam entre os €3,2 e os €3,5 por quilo — acima do preço médio praticado do ano passado no azeite virgem, onde se negociou nos €3,1/k (um quilo equivale a cerca de 1,1 litros de azeite).

Produtores alentejanos contactados pelo Expresso confirmam que foram abordados por compradores de vários países, com destaque para Espanha e Itália, no sentido de venderem a sua produção (ou parte dela) com a azeitona ainda nas árvores.

Uma situação inédita em Portugal mas que, segundo vários agentes do sector e também algumas organizações, se fica a dever essencialmente a três fatores: a quebra previsível na produção mundial; o facto de Portugal ser o país mais precoce a colocar azeite no mercado e, por último mas não menos importante, a qualidade crescente dos azeites nacionais, o que tem vindo a ficar anualmente demonstrado na conquista de prémios de relevo internacional, cada vez em maior número e em mais mercados nos dois lados do Atlântico.


Suinicultores queixam-se de terem sido excluídos de fundos comunitários

LUSA 24/09/2016 - 17:31

Governo atribuiu situação ao anterior executivo e promete corrigir os problemas nos futuros concursos

Os suinicultores queixam-se de terem sido excluídos dos apoios comunitários do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020), uma situação que o Governo atribui ao anterior executivo e que promete tentar corrigir.

De acordo com João Correia, do Gabinete de Crise dos Suinicultores, o cancelamento dos financiamentos foi comunicado na semana passada aos empresários e afecta mesmo projectos que já tinham sido aprovados até Junho de 2015 e que já estão em andamento.

"Todo o sector da suinicultura foi excluído, há pessoas que têm projectos aprovados, que gastaram do seu próprio dinheiro e que pensaram que com resto do financiamento público conseguiam fazer a obra e que agora, com obras adjudicadas e empreiteiros contratados, foram excluídos", afirmou João Correia hoje à Lusa, à margem de uma acção de promoção da carne de porco, em Lisboa.

Segundo o porta-voz do Gabinete de Crise, isto é muito grave para o sector da suinicultura, que continua a passar por uma fase difícil, e que tem de fazer face a investimentos regulares uma vez que o material das explorações "é de desgaste rápido e exige constantes melhorias", considerando que os critérios usados para definir o acesso aos fundos comunitários não fazem sentido no caso da suinicultura.

Os produtores de carne de porco querem agora uma reacção rápida do Ministério da Agricultura: "Queremos rapidamente que o Ministro da Agricultura se decida, que resolva a situação do PDR 2020 e volte a incluir a suinicultura, tal como estava", pediu.

Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do ministro Capoulas Santos adiantou que em causa estão concursos abertos durante o mandato da anterior ministra, Assunção Cristas, e acrescentou que "o Governo considera absurdos esses critérios que tratam com enorme injustiça o sector pecuário", em particular o sector da suinicultura. "Naturalmente que em futuros concursos os critérios serão alterados", afirmou a mesma fonte.

Segundo explicou, os projectos que foram apresentados vão ser analisados à luz dos critérios do aviso de abertura do concurso determinado pelo anterior Governo, mas "este governo tentará corrigir a situação em futuros concursos, sendo que o sector poderá candidatar-se a medidas de investimento cujas candidaturas abrirão já em Novembro".

Estas declarações foram dadas à margem de uma acção de promoção da carne de porco produzida em Portugal onde os suinicultores anunciaram a criação de um selo de qualidade para ser atribuída à carne que cumpra padrões de excelência. Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porco.PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda.  

João Correia criticou ainda a suspensão, desde 26 de Agosto, da recolha de animais mortos em explorações agrícolas, considerando que se trata de um "crime ambiental" que pode ter consequências gravosas.

"Se isto se sabe na comunidade europeia podemos ficar proibidos de exportar o pouco que conseguimos", disse, questionando ainda que como pode o Estado obrigar suinicultores individuais a fazer incineração dos cadáveres se ele próprio não o faz e está a enterrar os animais.

O Sistema Integrado de Recolha de Cadáveres de Animais (SIRCA) foi criado durante a crise da doença das 'vacas loucas' para permitir a despistagem de eventuais encefalopatias espongiformes transmissíveis (BSE) e garantir a destruição do agente infeccioso, o prião, e alargou-se, entretanto, à destruição dos vários tipos de animais mortos.

Em Agosto, o serviço através do qual são retirados das explorações pecuárias cerca de mil cadáveres de animais por dia foi suspenso por se ter esgotado a verba disponível no contrato trienal celebrado com as duas empresas que fazem parte do consórcio responsável pelo SIRCA (ITS e Luís Leal & Filhos), no valor de 36 milhões de euros, remetendo a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária para os produtores a responsabilidade da eliminação dos cadáveres.

O novo contrato para a recolha de cadáveres de animais já foi assinado a 19 de agosto para entrar em vigor em 09 de Setembro, mas está à espera do visto do Tribunal de Contas, obrigatório para contratos de entidades públicas superiores a 350 mil euros.

Suinicultores criam selo de qualidade Porco.PT para promover carne nacional

LUSA 24/09/2016 - 16:07

Selo de excelência deverá implicar toda a fileira e estar nas prateleiras no início do próximo ano

Os suinicultores vão criar a marca Porco.PT para atribuir à carne de porco feita em Portugal que cumpra padrões de excelência e que deverá chegar às prateleiras dos supermercados no início do próximo ano.

"A carne já tem qualidade, mas é preciso elevar a qualidade para a excelência. Queremos que o suinicultor pense que o caminho é a diferenciação, para que quando uma pessoa provar aquela carne de porco se sinta guloso, pela palatabilidade, para que amanhã lhe apeteça outra vez", disse  João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise dos Suinicultores, que este sãbado está a assar oito porcos no espeto em Lisboa, junto à Gare do Oriente, e a distribuir gratuitamente a quem passa numa acção de promoção da carne de suíno portuguesa.

Segundo João Correia, já foi criado um caderno de encargos que tem de ser cumprido pelos produtores que queiram vir a aceder ao selo de qualidade Porco.PT e cujas medidas cobrem toda a fileira da carne de porco, incluindo fabricação da ração, transporte de animais, produção dos animais, unidades de abate, salas de desmanche até à distribuição e às unidades de venda.

Nos últimos meses, membros do Gabinete de Crise da suinicultura visitaram vários países europeus onde foram tomadas iniciativas para reforçar o sector da suinicultura, que também estava em dificuldades, sendo que a medida agora a ser tentada em Portugal do selo de qualidade é semelhante a uma que foi tomada na Suécia.

"Na Suécia, aderiu [a essa iniciativa] o maior retalhista, que tem 50% do mercado, e os outros andaram a assobiar para o lado nos últimos três anos e agora estão dispostos a pagar para ter aquele produto porque perderam vendas", disse, referindo que naquele país nórdico os consumidores passaram a valorizar a carne produzida nacionalmente.

No fim do ano passado, perante a difícil situação do sector, os suinicultores portugueses criaram o Gabinete de Crise e fizeram várias acções de protesto pelo país para pedir medidas que evitassem o colapso do sector.

Umas das principais reivindicações era o aumento do preço da carne de porco pago aos produtores, que no início de 2016 rondava os 1,05 euros por quilo, bem abaixo do custo de produção.

Actualmente, disse João Correia, o quilo da carne já é vendido em média a 1,65 a 1,70 euros, o que considera "aceitável", uma vez que "dá para libertar alguma margem - não para comprar casas ou carros -- para honrar compromissos que estavam atrasados".

Ainda assim, afirmou, apenas no primeiro semestre deste ano, desapareceram 20 mil postos de trabalho directos e indirectos, referindo que agora existem 180 mil pessoas a laborar no sector e que continuam muitos postos de trabalho "na corda bamba".

Quanto à questão da rotulagem da carne de porco nos supermercados, outra reivindicação do sector que acusava as principais cadeias de não referirem o país de origem, criação e abate do animal, levando os consumidores a pensar que era português produto que era importado, João Correia disse que a situação está bem melhor mas que o grupo Jerónimo Martins (dono do Pingo Doce) ainda não cumpre totalmente a legislação em vigor. Portugal produz cerca de 55% da carne de porco que consome.

Barragens em fim de vida dão origem a 20 hectares de terra para cultivo


O Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território deu início em Beja, na barragem da Misericórdia, ao processo de demolição de infraestruturas que atingiram o limite útil de vida.

Ao abrigo da Estratégia Global de Reposição do Continuum Fluvial, o Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território (MAOT) identificou oito barragens que vão ser destruídas.

A estratégia de demolir as barragens "já esgotadas", visa a "reposição de linhas de água" e das características dos "sistemas fluviais, dos habitats aquáticos e ribeirinhos", justificou Carlos Martins, secretário de Estado do Ambiente, que esteve presente em Beja e Pias (Serpa), nas operações de abertura de rasgos no corpo das barragens da Misericórdia e da Sardinha.

André Casadinho, o proprietário da barragem da Misericórdia e terras limítrofes, localizadas na freguesia e concelho de Beja, revelou que "a intervenção custa 50 mil euros", justificando esta vai permitir "rentabilizar dois hectares de terras de cultivo", revelando que inicialmente vai "colocar um pivot de rega e plantar cereais" e que posteriormente poderá reverter para colza, "uma cultura rentável", concluiu.

"A alteração da forma de rega só é possível face às infraestruturas de Alqueva", que permitir passar para o regadio em pressão", disse o secretário de Estado.

Carlos Martins justificou a presença nestas duas ações com o facto das obras de duas infraestruturas serem "suportados pelos empresários" e que ao mesmo tempo "devolvem à capacidade agrícola", vinte hectares de terra (dois em Beja e dezoito em Pias), que segundo o secretário de Estado, "mudam o paradigma e visão de uma importante atividade em Portugal e na região".

Foi criado no Conselho Nacional da Água (CNA) um grupo de trabalho que "vai identificar nas mais de seis mil barragens de Portugal outro conjunto que possa merecer prioridade de intervenção e deixar de perturbar o escoamento da rede hidrográfica", adiantou Carlos Martins.

O secretário de Estado revelou que o estudo do grupo de trabalho do CNA "deverá estar concluído até ao final do primeiro trimestre de 2017", identificando as infraestruturas a intervir, com verbas, "dos proprietários ou fundos públicos", segundo as iniciativas sejam "privadas ou públicas" concretizou.