quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Exportações do agroalimentar nacional cresceram 6% até agosto


Nuno Miguel Silva 22 Outubro 2018, 07:45

O setor agroalimentar nacional gerou exportações de 6,6 mil milhões de euros em 2017

As exportações do setor agroalimentar nacional cresceram 6% nos primeiros oito meses deste ano fsace ao período homólogo de 2017, revelou hoje Luís Medeiros Vieira, secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, na cerimónia de inauguração da feira SIAL Paris 2018.


No entanto, Luís Medeiros Vieira não revelou o valor das exportações.

De referir que no ano passado, o setor agroalimentar nacional gerou exportações de 6,6 mil milhões de euros.

A SIAL é a maior do setor alimentar a nível mundial.

Nesta edição, Portugal via estar representado através de 117 empresas, que marcam presença, na sua maioria, sob a marca-chapéu Portugal Foods ou enquadradas no InovCluster da Região Centro.

A visita do secretário de Estado às empresas nacionais na SIAL está a prosseguir durante esta tarde, tendo Luís Medeiros Vieira sublinhado que "a crescente participação de empresas nacionais neste tipo de eventos contribui para o aumento das exportações dos nossos produtos agroalimentares, uma relação que tenho vindo a comprovar ao longo do tempo".

"O Governo tem vindo a acentuar a aposta na internacionalização e nas exportações, acelerando o processo de abertura de novos mercados", destaca um comunicado do Ministério da Agricultura.

Segundo Luís Medeiros Vieira, esta é "uma dinâmica que é fruto, em primeiro lugar, do empenho e determinação dos nossos empresários, que apostam cada vez mais na inovação e na internacionalização", acrescentando que "para estes objetivos contribuem também as políticas públicas, nomeadamente através da diplomacia económica, tendo este Governo já aberto mais de 50 mercados para Países Terceiros, estando a trabalhar ativamente para a abertura de mais 53 novos mercados, bem como o apoio ao investimento privado nas empresas".

Fazendo um balanço na área do investimento, o secretário de Estado lembrou que "foram já aprovados mais de 20.000 projetos no PDR 2020, que correspondem a um investimento de 3,1 mil milhões de euros, aos quais foram concedidos incentivos a fundo perdido de 1,5 mil milhões de euros".

O Melhor Jovem Agricultor Europeu de 2018 é português


Projecto de um amendoal superintensivo em Portel, Évora, valeu a Manuel Grave, de 29 anos, o prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018.

P3/LUSA 19 de Outubro de 2018, 15:47 Partilhar notícia

O promotor do amendoal superintensivo em Portel (Évora) que ganhou esta quinta-feira, 18 de Outubro, o prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018, em Bruxelas, mostrou-se "feliz" com a distinção. "Estou muito feliz com a atribuição deste prémio e significa, principalmente, que as escolhas que fizemos são bem vistas pelo comité de júri do congresso, o que indica que esta exploração estará no bom caminho para ser sustentável, inovadora e do maior sucesso", afirmou Manuel Grave, contactado pela agência Lusa.

O prémio Melhor Jovem Agricultor Europeu 2018 foi atribuído, em Bruxelas (Bélgica), ao projecto de Manuel Grave, que investiu na instalação de um amendoal em regime superintensivo numa exploração no concelho de Portel, segundo divulgou a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

Segundo a CAP, o jovem agricultor alentejano viu o seu projecto, numa área de cerca de 70 hectares, premiado no Congresso Europeu de Jovens Agricultores, que decorreu na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas. O investimento envolve a instalação de um amendoal com uma densidade de 2.469 árvores por hectare, das variedades Soleta e Lauranne, ambas com boa aceitação de mercado e ajustadas ao modelo superintensivo.

O projecto vencedor foi ainda escolhido pelas suas preocupações ambientais e de gestão dos recursos hídricos e pela criação de postos de trabalho.


1,5 milhões de euros de investimento

O jovem agricultor alentejano, de 29 anos, explicou à Lusa que o projecto está situado na freguesia de Portel, em terrenos arrendados, e envolve um investimento de 1,5 milhões de euros, com apoios do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.

"Isto só foi possível devido ao apoio da Europa e também do projecto Alqueva", porque, "sem o perímetro de rega, não teria havido possibilidade nenhuma de fazer este projecto", já que é a água disponibilizada pelo empreendimento que permite "dinamizar uma zona que era muito pobre" e com terras "secas", afiançou Manuel Grave.

As árvores foram plantadas no ano passado, entre Outubro e o início de Novembro, num "regime de alta densidade ou em sebe", que "tem várias vantagens", como "a entrada em produção mais rápida, a facilidade na colheita" e "nas podas" e o facto de acompanhar os outros regimes "na produção cruzeiro", precisou. Trata-se de um moelo "muito inovador", sublinhou o agricultor, assinalando que as suas árvores ainda não entraram em produção, o que está previsto apenas "para o Verão de 2020".


As nossas escolhas alimentares: as acções são o nosso futuro
No tipo de pomar, existem "muitas árvores por hectare", as quais "criam uma sebe, como se fosse uma vinha", mas com preocupações ambientais e de poupança de água, segundo a CAP e o agricultor. "Apesar de ter mais árvores por hectare, o consumo de água acaba por ser menor, porque a área de folhas da árvore é menor e são as folhas que respiram e bebem água", destacou, acrescentando que "a rega é da mais alta tecnologia", com "gotejadores de última geração que deitam a água de que a árvore necessita".

Num concelho como o de Portel, que tem terras "boas, mas maioritariamente secas", e, por isso, tem "pouco dinamismo agrícola, com a possibilidade da criação destes projetos, houve criação de postos de trabalho, tanto sazonais, como fixos", e atração de empresas prestadoras de serviços, congratulou-se ainda o agricultor. Já este ano, Manuel Grave, que possui mestrado em Engenharia Agronómica, tinha conquistado em Portugal o prémio de Jovem Agricultor do Ano, com o mesmo projecto.

Autarcas confiantes na construção da Barragem do Pisão no Alto Alentejo

A Barragem do Pisão já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso, mas continua por construir.


A aldeia de Pisão será submersa pela barragem ANTONIO CARRAPATO

Os autarcas do distrito de Portalegre afirmaram-se nesta terça-feira confiantes na construção da Barragem do Pisão, no Crato, num investimento de 100 milhões de euros, depois de uma reunião com os ministros do Ambiente e da Agricultura.

A concretização do projecto hidroagrícola, reivindicado há dezenas de anos por diversos sectores regionais, foi discutida, na segunda-feira, em Lisboa, numa reunião solicitada ao Governo pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA).

"Estamos confiantes que a barragem vai avançar. Só o perímetro de rega é de 9.500 hectares, que serviria uma série de concelhos", disse nesta terça-feira à agência Lusa o presidente da CIMAA, Ricardo Pinheiro, referindo que o projecto constitui também como um "reforço" à Barragem de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide, que abastece oito dos 15 municípios do distrito.

Além dos ministros do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, participaram na reunião os presidentes dos municípios do Crato, Campo Maior (também líder da CIMAA), Portalegre, Avis, Fronteira, Sousel, Alter do Chão e Castelo de Vide e os deputados eleitos por Portalegre, Luís Moreira Testa (PS) e Cristóvão Crespo (PSD).

Segundo o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, o Ministério da Agricultura "assume o valor da rede de rega na totalidade".

"Os autarcas assumiram o contributo, até ao limite, para a transferência das pessoas que vivem na aldeia do Pisão e parcelamento do terreno e o Ministério do Ambiente compromete-se em liderar todo este processo e o valor do investimento público quanto à água", disse à Lusa o autarca do Crato, concelho para onde está projectada a barragem.

Pisão espera há 50 anos por uma barragem

O projecto hidroagrícola de fins múltiplos, que prevê à submersão da pequena aldeia do Pisão, com 60 habitantes, foi recentemente alvo de um estudo da Associação de Produtores Agrícolas de Precisão e que foi apresentado ao Governo.

Segundo o estudo, a que a Lusa teve acesso, a obra deverá ter um custo total de 100 milhões de euros, cinco milhões dos quais para o projecto de execução e 10 milhões para o realojamento dos habitantes da aldeia de Pisão.

O estudo prevê ainda 35 milhões de euros para a construção da barragem e 50 milhões para a rede de rega.

Já a CIMAA prevê que a barragem possa ter uma capacidade para 114 milhões de metros cúbicos de água, podendo, além de "reforçar" a Barragem de Póvoa e Meadas, "garantir" o subsistema do Caia, que abastece os concelhos de Arronches, Elvas, Campo Maior e Monforte.

Os 9.500 hectares de regadio serviriam os campos agrícolas dos concelhos de Alter do Chão, Avis, Crato e Fronteira, podendo, neste sector, serem criados "500 postos de trabalho" directos, segundo os autarcas.

"Neste bolo todo [100 milhões de euros] faltam cerca de 25 milhões de euros, que têm de entrar através do Orçamento do Estado", referiu o presidente da Câmara do Crato, realçando que, na reunião de segunda-feira, "o ministro do Ambiente chamou o processo a ele, em coordenação com a Secretaria de Estado da Energia".


Joaquim Diogo considerou ainda que "o mais importante" da reunião foi o sentimento por parte dos autarcas de um "compromisso" dos ministros, situação que não se verificava anteriormente.

A Barragem do Pisão já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso, mas continua por construir, sendo considerada por diferentes entidades da região como um projecto "estruturante" para o desenvolvimento do distrito de Portalegre.