terça-feira, 29 de agosto de 2017

Vespa asiática ensombra "ano excepcional" de produção de mel no Caramulo



25 ago, 2017 - 16:14

Abelhas já deram 60 toneladas de mel, mas as vespas asiáticas "já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas".

Foto: Estela Silva/Lusa (arquivo)
A produção de mel na Serra do Caramulo atingiu as 60 toneladas naquele que é considerado um "ano excepcional", mas que está a ser ensombrado pela propagação da vespa velutina, que pode por em risco muitas colmeias.

"As condições climatéricas no Caramulo permitiram médias fantásticas nas colmeias e vai ser difícil haver um ano igual", disse à agência Lusa Isidro Ferreira, da Associação de Apicultores da Serra do Caramulo, acrescentando que, no entanto, este é também um ano marcado pelo crescimento abrupto da vespa velutina (asiática) na região.

Segundo o apicultor, "no ano passado foram detectadas as primeiras velutinas" e este ano "já estão espalhadas por todo o lado e há colmeias bloqueadas".

Só Isidro Ferreira já identificou "sete ninhos de velutina num raio pequeno" e tem um colega que "apanhou mais três ou quatro".

"Mas serão muitos mais. Quando chegar o outono as folhas vão cair e serão mais fáceis de identificar. Com uma mata com esta densidade é quase impossível descobrir ninhos", afirmou.

Com a perspectiva de haver cada vez mais colmeias bloqueadas - ou seja, com vespas velutinas a pairar à entrada, impedindo as abelhas de trabalhar e de recolher alimento - a associação decidiu promover uma acção de esclarecimento sobre esta praga, que decorrerá no domingo de manhã, durante a Festa do Mel.

Segundo Isidro Ferreira, "os apicultores vão ter que viver com a velutina quer queiram, quer não", mas, para isso, terão que "mudar completamente o seu maneio".

Por exemplo, explicou, vão "ter que começar a espalhar armadilhas na primavera", porque é a altura do ano em que as fundadoras dos ninhos vão "andar à caça para alimentar as suas crias".

"Cada fundadora que caçarmos é menos um ninho em Agosto/Setembro. Só que é um trabalho ingrato, espalhamos armadilhas e muitas vezes não caçamos nada", lamentou.

Aplicar os fitossanitários "contra os parasitóides que a colmeia tem, como a varroa", e alimentar as colmeias que estão bloqueadas "com alimento bastante diluído", são algumas das medidas a tomar, explicou.

Isidro Ferreira disse que a presença da vespa velutina "aumenta os custos em todos os aspectos: é o tempo que se gasta, as deslocações que se fazem e o próprio alimento para as colmeias".

Na sua opinião, a situação será complicada sobretudo para os apicultores "que têm um apiário com quatro ou cinco colmeias" e um ninho de vespa velutina perto.

"Nos apiários de 30/40 colmeias será mais diluído e o apicultor irá tratar aquelas colmeias de outra forma. Mas vai ter sempre perdas", acrescentou.

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