quarta-feira, 22 de maio de 2019

De alicate na mão, Melo e Cristas defendem Erasmus para agricultores

16.05.2019 às 18h53


NUNO VEIGA/LUSA

"Alentejo num dia" resume a passagem do CDS por Portalegre, Évora e Beja. Para falar de agricultura, a líder do partido encontrou-se com Nuno Melo nas vinhas das uvas sem grainha, na Herdade Vale da Rosa, onde há trabalhadores de oito nacionalidades. O maior problema, defendem, é o envelhecimento no sector agrícola - e para isso querem intercâmbio europeu de jovens agricultores

Cerca de 300 pessoas trabalham nas vinhas da Herdade de Vale da Rosa, em Ferreira do Alentejo. Têm em média 37 anos, a maioria é de nacionalidade portuguesa, mas também há quem venha do Nepal, Bangladesh e Tailândia, além de 40 lusovenezuelanos, que o proprietário da herdade quer que venham a ser 400. Foi com esses trabalhadores que Nuno Melo e Assunção Cristas se cruzaram nas vinhas, na tarde desta quinta-feira, onde andaram a cortar as pontas dos futuros cachos de uvas.

"É um trabalho de extrema delicadeza", concluiu Assunção Cristas, enquanto "mondava" as pontas dos cachos para que possam fortalecer. "E é um trabalho à sombra", acrescentou Nuno Melo, debaixo das vinhas tapadas por plásticos, enquanto guardava na mão as pontas dos cachos que ia cortando. "O senhor deputado compreende-nos bem porque também é agricultor", rematou António Silvestre Ferreira, comendador e proprietário da herdade que produz 8 mil toneladas de uvas por ano e exporta 30%.

Nuno Melo aproveitou a visita à herdade para plantar na campanha às Europeias o tema da agricultura, reforçado com a presença de Cristas, responsável por essa pasta no anterior Governo. "Na União Europeia, por cada agricultor com menos de 35 anos há nove agricultores com mais de 55 anos. Isto dá uma ideia do envelhecimento dos agricultores. Não está a haver renovação do ponto de vista geracional", explicou o cabeça de lista do CDS às Europeias.

"A agricultura não se renova porque os jovens não veem este como um sector apelativo. Mas pode ser estratégico." E é por isso que propõem um Erasmus para agricultores: uma espécie de intercâmbio de jovens agricultores europeus que possam estagiar em diferentes países. "Como temos o projeto 'Plástico Zero', criámos o 'Semente Europa'. Passaria a ser possível ter agricultores irlandeses, franceses, polacos ou espanhóis a estagiar aqui, como os universitários de Erasmus".

Sob as vinhas e quando questionado sobre que tipo de grainha tiraria desta campanha, Nuno Melo disse que seriam as 'fake news'. E aproveitou para voltar a criticar os 'fake rankings', como o ranking da influência dos deputados. "Quando não se avalia o trabalho, avalia-se a influência. Se fosse o trabalho, o CDS estava no início. E não sei o que é isso da influência. Só a simples circunstância de se ser socialista já dá mais pontos."

FIXAR OS LUSOVENEZUELANOS NO ALENTEJO
A mão de obra é uma das preocupações de António Silvestre Ferreira e isso também fez com que criasse uma fundação destinada a dar formação a futuros trabalhadores. "Não temos quadros de comando aqui, porque esta era uma região onde se achava que não se precisava de gente", apontou António Silvestre Ferreira. "Os trabalhadores que vêm da Ásia são fantásticos, só que acabam por não ficar um segundo ano. Já os lusovenezuelanos tentam fixar-se aqui e é bom trazê-los para o concelho, com as suas famílias, para fazer crescer a população. Como diz o presidente da câmara, Ferreira do Alentejo tem agora menos de metade dos habitantes que tinha em 1950."

Sobre a questão do regresso a Portugal dos emigrantes lusovenezuelanos, Assunção Cristas disse que o partido "tem estado mais atento à forma de os acolher". "Muitos pedem oportunidades para trabalhar. E é bom ver uma empresa com essa preocupação em particular."

Entre junho e novembro, na altura da colheita das uvas, o Vale da Rosa chega a ter mil trabalhadores. No caso dos que vêm de fora, é-lhes dado apoio no alojamento, nos contentores de casas localizados perto da herdade, e é-lhes pago o transporte entre a casa e o trabalho. Os operadores agrícolas ganham o salário base - que corresponde ao salário mínimo - a que são acrescentados os subsídios de férias e de almoço.

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