O ministério da Agricultura vai cortar nos custos das empresas que tutela como aDocapesca, Companhia das Lezírias e EDIA, mas espera também obter receitas vendendo terrenos e prédios rústicos.
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O corte de 15% nos custos operacionais do setor empresarial O Expresso apurou que há já uma lista de várias herdades estatais espalhadas por todo o país que irão ser vendidas. No entanto essa lista ainda vai ser entregue ao Ministério das Finanças que irá proceder à respectiva avaliação pecuniária para posterior alienação. Companhia das Lezírias continua no EstadoA Companhia das Lezírias, a maior herdade do Estado, situada no Ribatejo, está fora da lista de vendas possíveis que o Ministério da Agricultura vai entregar às Finanças. O ministro da Agricultura, António Serrano, que hoje esteve na Assembleia da República para responder às dúvidas dos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças, disse à Lusa que estas empresas devem entregar as suas propostas de corte "nos próximos dias". Gestalqueva é extintaA proposta do OE 2011 extingue também a Gestalqueva, um organismo participado pela EDIA (Empresa de Infra-Estruturas e Desenvolvimento do Alqueva) e sete municípios alentejanos, e cuja participação estatal, segundo o ministro, já não se justifica. "O que esta extinção envolve é uma redução do capital social, não se justifica que uma empresa pública tenha uma participação nessa empresa face à sua natureza e actividade. Será uma decisão da assembleia-geral dessa entidade que terá uma proposta da EDIA para a sua extinção", declarou António Serrano. A proposta do OE2011 estabelece também a reestruturação dos serviços desconcentrados da Direção Geral de Veterinária (DGV) e da Autoridade Florestal Nacional (AFN), mas desconhece-se como vai ser concretizado este processo. "Está a ser analisado para ver de que forma pode ser feito sem comprometer a autoridade de comando e controlo no caso da DGV, não pode haver divergências em matéria sanitária", adiantou o ministro. Aumento da eficiênciaAntónio Serrano acrescentou que esta reestruturação não envolve "uma poupança de recursos financeiros significativos", e que se trata sobretudo de "uma medida tomada numa lógica do aumento da eficiência". Fonte do ministério da Agricultura, adiantou ainda que em 2011 se prevê continuar a "alienar terrenos e prédios rústicos, estando a decorrer atualmente o período de avaliação", para poder definir os preços. Em 2010, a alienação do património pertencente ao ministério da Agricultura rendeu 31 milhões de euros aos cofres do Estado, entre casas florestais, terrenos e instalações desativadas do Instituto da Vinha e do Vinho e edifícios do IROMA (Instituto Regulador e Orientador dos Mercados Agrícolas) e do IFAP, em Lisboa, que foi vendido por 20 milhões de euros. http://aeiou.expresso.pt/agricultura-corta-nas-empresas-tuteladas-e-quer-vender-herdades=f615809 |
O alerta é da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, no seu relatório bianual sobre perspectivas alimentares. O custo das importações de comida pode ultrapassar este ano o bilião (um milhão de milhões) de dólares, devido ao brusco aumento de preços face a 2009.
O índice FAO Food Price subiu 34 pontos entre Junho, data da divulgação do anterior relatório, e Outubro, quando registava uma média de 197 pontos, apenas 16 abaixo do pico de 2008. A factura alimentar dos países mais pobres deve subir este ano 11 por cento, valor estimado em 20 por cento para países com baixo rendimento e défice alimentar.
O aumento de preços deve-se a diferentes factores, o mais importante dos quais foram as más colheitas de alguns produtores-chave, designadamente estados da antiga União Soviética, o que vai implicar uma redução de stocks e levar a dificuldades no abastecimento.
A subida começou por se fazer sentir no mercado de cereais, mais acentuadamente no trigo e na cevada, em Agosto, devido a condições climatéricas desfavoráveis que levaram a que as previsões de crescimento de 1,2 por cento na produção, adiantadas em Junho, dessem lugar a um cenário de queda de dois por cento.
As estimativas da FAO são de que os stocks de cereais caiam sete por cento, com baixa mais acentuada na cevada, 35 por cento, milho, 12 por cento, e trigo, dez por cento. Só nas reservas de arroz se espera uma subida, da ordem dos seis por cento. O enfraquecimento do dólar ajuda também a explicar a subida de preços, uma vez que a maior parte das transacções é feita nessa moeda.
A FAO espera que as reservas, actualmente maiores do que na crise de 2007
2008, designadamente de arroz e farinha de milho, alimentos de primeira necessidade em muitos países vulneráveis, permitam enfrentar melhor o problema, mas isso não a impede de estar preocupada com o efeito dos aumentos. A apreensão estende-se aos próximos anos, devido à previsível diminuição de reservas. "Tendo em conta a expectativa de quebra geral de stocks, a dimensão das colheitas dos próximos anos será um dado crítico para a estabilidade", refere.
A expectativa é de que em resposta à subida de preços os agricultores alarguem as áreas de cultivo, o que pode não apenas fazer face às necessidades mais imediatas como permitir repor stocks. Mas os cereais não são as únicas culturas atraentes para os agricultores – produtos como a soja, o açúcar e o algodão registaram também aumentos de preços –, o que "pode limitar as plantações a níveis insuficientes para aliviar o aperto", diz a FAO.
Neste quadro, assinala a organização, os consumidores podem ter que resignar-se a pagar "preços mais elevados pelos alimentos".
http://www.publico.pt/Mundo/subida-de-precos-ameaca-provocar-nova-crise-alimentar_1466723