quarta-feira, 12 de abril de 2017

Em 41 idas às compras no supermercado, três são grátis



06.04.2017 às 12h15
 
Segundo um estudo encomendado pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), em cada 41 idas aos supermercados, com as campanhas de descontos e promoções da Grande Distribuição, os portugueses conseguem não pagar três

ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

Em média, os consumidores portugueses usufruíram de uma poupança média de 32% nos produtos que a Distribuição colocou em promoção, em 2016. Estão também mais atentos aos benefícios de saúde dos produtos e procuram cada vez mais alimentos biológicos

Joana Madeira Pereira
JOANA MADEIRA PEREIRA

No ano passado, nas suas idas às compras, os portugueses conseguiram obter descontos médios de 32% no cabaz de produtos em promoção. Em 2014, esse valor tinha sido de 28%. O que significa, de acordo com um estudo da Deloitte encomendado pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), que em cada 41 idas às compras, três são grátis, considerando os valores poupados com as promoções.

A estratégia de descontos das grandes superfícies, associadas a cartões de fidelização e a parcerias com outras empresas (nomeadamente de combustível) têm mudado a forma como os consumidores tendem a consumir e não admira, por isso, que, em 2015, 41% do total das vendas de produtos de grande consumo em Portugal tenham sido realizadas em promoção (o que denota o aumento de 20 pontos percentuais desde 2010).

A compra inteligente (smart shopping), ou seja, o planeamento, a escolha racional e o esforço por reduzir a compra por impulso, é a uma forma de estar cada vez mais comum dos consumidores portugueses, segundo o estudo "Have you met the new consumer? – Análise às tendências de consumo alimentar", apresentado esta semana no congresso que marcou os 30 anos da FIPA.

O relatório da Deloitte avança ainda que 75% dos portugueses consultam e comparam promoções antes de entrar num supermercado.

Segundo as previsões da FIPA, a indústria alimentar e das bebidas terá atingido, no final de 2016, um volume de negócios de 15,4 mil milhões de euros e um volume acrescentado bruto (VAB) de perto de 2,9 mil milhões de euros.

A pressão exercida pela Grande Distribuição tem sido criticada publicamente por vários operadores da indústria agroalimentar, dos mais pequenos aos maiores, que se veem obrigados a baixar os preços para continuarem nas prateleiras das cadeias de distribuição. Jorge Henriques, presidente da FIPA, explica ao Expresso que "na relação entre agentes económicos, existe a obrigação da fixação individual de tabelas de preços e condições de venda.

Quando se passa para a venda ao consumidor final, a decisão sobre a fixação do preço na prateleira compete ao retalhista. O que é importante assegurar é que não haja recurso a práticas negociais abusivas, tais como imposições unilaterais, nem situações de venda com prejuízo. Tudo o resto passa pela negociação comercial e cada empresa conhecerá os seus limites".


Jorge Henriques prefere, antes, apontar para a forma como a indústria agroalimentar portuguesa se tem adaptado às novas formas de consumo. "Os consumidores estão, acima de tudo, a mudar. São hoje mais informados, exigentes e atentos durante os atos de compra e de consumo", reflete o responsável. Por exemplo, estão mais atentos aos benefícios de saúde dos produtos e procuram não só evitar alimentos de menor valor nutricional, como também preferem alimentos biológicos.

Na Europa, o consumo de produtos biológicos cresceu 110% entre 2005 e 2014 e Portugal segue na mesma linha: num inquérito realizado em 2016, 60% dos consumidores afirmaram refletir a sua preocupação com a saúde e bem-estar nas escolhas que fazem (mais 19 pontos percentuais do que em 2012). Além disso, 68% dos inquiridos declararam estar dispostos a pagar mais por produtos que não contêm ingredientes indesejáveis (um crescimento de 26% face ao ano anterior.

CONSUMIDORES MAIS PREOCUPADOS COM SAÚDE QUEREM MAIS CONVENIÊNCIA E FLEXIBILIDADE
Por outro lado, os portugueses também estão mais preocupados com a sustentabilidade e, por isso, 45% dos consumidores afirmam estar dispostos a pagar mais por produtos e serviços prestados por empresas comprometidas em ter um impacto social e ambiental positivo.

Da mesma forma, procuram maior conveniência e flexibilidade nos produtos que adquirem (assim como no ato de compra). Procuram formatos mais pequenos, ajustados às suas necessidades, flexíveis e transportáveis (como os snacks), e produtos de preparação rápida (como alimentos congelados).

À escala global, estima-se que 58% das encomendas de refeições sejam feitam online através de plataformas específicas. Na Europa, entre 2010 e 2015, o mercado de entrega em casa e takeaway cresceu 2,2% enquanto o consumo da restauração caiu.

Além disso, complementam as compras realizadas em grandes superfícies comprando também em estabelecimentos mais pequenos (como lojas de bairro e supermercados pequenos). Entre 2014 e 2015, enquanto se registou o crescimento de 2% no número de hipers e supers de grande dimensão, os supermercados de pequena dimensão cresceram 5%, enquanto as lojas tradicionais aumentaram 4%.

De certa forma, os consumidores, um pouco por todo o mundo, sobretudo as gerações mais jovens, estão a dar mais importância à experiência de consumo do que propriamente ao bem físico que adquirem.

O novo perfil do consumidor traz grandes desafios à indústria agroalimentar, que tem "procurado entender a evolução, o estilo de vida e as preferências dos consumidores", diz Jorge Henriques. E as empresas do sector estão a adaptar diferentes estratégias: umas são mais pragmáticas, apostando no acompanhamento dos atributos essenciais exigidos pelo consumidor (sobretudo o preço); outras mais especializadas em nichos de mercado e apostando em produtos com benefícios específicos e cada vez mais segmentados; há também aquelas que apostam na flexibilidade e em formatos práticos e flexíveis; outras que assumem posições ativistas e mostram total transparência nas suas práticas e outras ainda que apostam tudo na sua marca, o principal ativo, e constroem narrativas à sua volta, para surpreender os consumidores e oferecerem-lhe experiências positivas.

"A indústria portuguesa agroalimentar tem vindo a desenvolver uma capacidade exemplar de investigar e inovar", assume o presidente da FIPA. A indústria alimentar e a das bebidas conta com mais de 11 mil empresas, na sua maioria familiares e de pequena dimensão, dando emprego a mais de 108 mil postos de trabalho diretos. "As exportações cifraram-se em 4,6 mil milhões de euros, um aumento de 3,7% face a 2015. Este sector representou ainda, no mesmo período, 9,2% do total das exportações da indústria transformadora nacional", avança Jorge Henriques.

Symington saem do Douro e compram Altas Quintas no Alentejo

Grupo passa pela primeira vez a explorar vinhas fora da sua região de origem. O projecto Altas Quintas vai ser completamente reformulado
 Manuel Carvalho

O grupo empresarial da família Symington concluiu esta segunda-feira a operação de aquisição da Quinta da Queijeirinha, uma propriedade com 207 hectares, dos quais 43 são de vinha, na zona da serra de São Mamede, Portalegre. Depois de, em 1989, ter adquirido uma participação maioritária na Madeira Wine Company, a aquisição da empresa que produz os vinhos da marca Altas Quintas é um passo em frente na estratégia de diversificação do grupo familiar que no ano passado gerou um volume de negócios na ordem dos 90 milhões de euros. O valor do investimento não foi revelado por acordo do comprador e o vendedor, a família de João Lourenço.

A quinta da Queijeirinha estende-se a uma altitude entre os 490 e os 550 metros, numa zona mais temperada do Norte alentejano onde há disponibilidade de água. Nas suas vinhas estão plantadas castas tradicionais, com predominância para as tintas, em vinhas com uma idade situada entre os 15 e os 20 anos. Num ano normal, a empresa é capaz de produzir 140 mil garrafas. A exploração dos recursos da propriedade pela mão dos Symington vai iniciar-se já nesta vindima e implica uma reformulação total do projecto. "Queremos fazer tudo de novo", diz António Filipe, director-geral da Symington Family Estates. "Vamos encontrar uma equipa nova" para a viticultura e para a enologia "e vamos mudar a marca", nota este responsável.

Esta opção implica que a Queijeirinha permaneça como uma empresa autónoma, fora do chapéu onde se encontram hoje as marcas consagradas da família no sector do vinho do Porto, como a Dow's, a Warre ou a Graham's, ou nos vinhos no Douro, onde os Symington estão presentes com os Altano, os Quinta do Vesúvio ou, mais recentemente, com os Quinta do Ataíde. Mas, "em última análise", o controlo técnico e a gestão comercial contarão com a participação das equipas que trabalham nas vinhas do Douro.

Depois de se consolidar como líder no comércio das categorias especiais do vinho do Porto e de acumular uma área de vinha no Douro na ordem dos mil hectares, os Symington olham para o investimento no Alentejo como uma oportunidade de crescer por via da diversificação. "Depois de 135 anos no Douro, a família entendeu que era o momento indicado para produzir vinho noutra grande região vinícola de Portugal", diz Rupert Symington. A serra de São Mamede é uma zona de baixas produtividades que produz vinhos conceituados pela sua frescura e complexidade.

Para lá da área agrícola, a Queijeirinha dispõe de um edifício de meados do século XIX classificado como monumento de interesse municipal e uma série de construções que podem ser mais tarde utilizadas numa operação turística. "Vamos considerar essa possibilidade depois de consolidarmos a nossa aposta na produção de vinho", diz António Filipe. Os Symington fizeram uma aposta forte nos últimos anos no turismo, quer nas suas caves de Vila Nova de Gaia, quer na sua Quinta do Bonfim, no Pinhão.


Grupo angolano e empresário português investem 11,2 milhões em matadouro


Um consórcio formado por um grupo angolano e um empresário português vai investir 12 milhões de dólares (11,2 milhões de euros) na instalação, na província do Cuanza Norte, de um matadouro com mais de 100 trabalhadores.

Segundo o contrato de investimento entre o consórcio, formado pela empresa angolana Lusounu Internacional (90%) e o empresário português Ivo Cruz Marques (10%), residente em Angola, e a Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), a que a Lusa teve acesso, o projeto "Matadouro Unicarnes" será instalado num prazo de um ano no município angolano do Dondo.

Consiste na construção de uma unidade de abate, processamento e comercialização de gado bovino e caprino, além de armazenamento de carne refrigerada e congelada, respetiva embalagem e expedição, mas também com o fabrico de farinha de carne e gorduras.

Contará com 110 postos de trabalho, essencialmente angolanos, e a "alavancagem da atividade de criação de gado bovino" é um dos impactos do projeto previstos pelos investidores, no respetivo contrato, bem como o "aumento da oferta de um produto cujas importações anuais andam à volta dos 600 milhões de dólares".

O consórcio promotor do investimento estima que 25% da produção anual desta unidade será para exportar.

Em contrapartida, ao abrigo do contrato de investimento com a estatal UTIP, os investidores vão beneficiar de isenções fiscais, como a redução de 70% no pagamento de imposto Industrial, sobre Aplicação de Capitais e de Sisa, na aquisição de terrenos e imóveis, durante oito anos.

O Governo angolano aprovou no final de janeiro um plano para importar já este ano 10.500 cabeças de gado para repovoar o planalto de Camabatela, no interior norte do país, cortando desta forma nos 328 milhões de euros de carne importada anualmente.

O plano foi aprovado em reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros e visa o objetivo de tornar o planalto de Camabatela, que abrange as províncias do Cuanza Norte, Malanje e do Uíge, "autossuficiente", até 2025, na produção de bovinos para o abate e repovoamento, conforme explicou o ministro Agricultura.

Marcos Alexandre Nhunga adiantou, em declarações aos jornalistas no final daquela reunião, tratar-se de um investimento superior a 206 milhões de dólares (193 milhões de euros), a realizar pelos empresários nacionais, permitindo poupar nas importações de carne para consumo, que custam anualmente mais de 350 milhões de dólares (328 milhões de euros).

O setor da agricultura, segundo o Governo, importar este ano 8.000 cabeças de gado bovino para confinamento e 2.500 para a reprodução, no quadro do programa de repovoamento da região do país.

"Há toda uma necessidade para se fazer um esforço para que esse planalto seja repovoado", enfatizou o governante.

Só este investimento, para o qual ainda será necessário garantir financiamento e disponibilização de divisas, pelo Estado, permitirá garantir no futuro dez mil toneladas de carne por ano, "correspondente a 60% das necessidades de consumo do país", explicou Marcos Alexandre Nhunga.

O planalto de Camabatela ocupa uma área de 12 mil quilómetros quadrados e é descrito como reunindo condições climatéricas propícias para o desenvolvimento agropecuário, nomeadamente a criação de gado.


domingo, 9 de abril de 2017

Presidente moçambicano defende que país precisa melhorar estratégia de comercialização agrícola

24/3/2017, 15:48

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu que Moçambique precisa de melhorar a estratégia de comercialização agrícola, considerando que o modelo vigente é "essencialmente reativo".

A falta de vias de acesso e a chuva que está a cair fortemente em alguns pontos do país são normalmente pontadas como as principais dificuldades no âmbito da produção agrícola
LUSA

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu esta sexta-feira que Moçambique precisa de melhorar a estratégia de comercialização agrícola, considerando que o modelo vigente é "essencialmente reativo".

"Não é segredo que ainda não conseguimos alcançar as bases estruturantes que possam elevar a nossa agricultura e respetivo comércio a níveis que Moçambique realmente merece", avançou o chefe de Estado moçambicano, falando durante a abertura no Primeiro Fórum de Comercialização Agrícola, que decorre esta sexta-feira na província da Zambézia, centro de Moçambique.

Embora destaque "alguns sucessos", Filipe Nyusi entende que as estratégias de comercialização agrícola de Moçambique devem procurar espaço no mercado internacional, garantindo que o país aproveite no máximo o seu potencial.

Ao destacar os benefícios de um bom plano comercialização agrícola, o chefe de Estado moçambicano sublinhou que a estratégia do país deve valorizar o mercado interno também e garantir que não haja casos de perdas de produção por falta de compradores ou por ineficiência de conservação.

Para o chefe de Estado moçambicano, o plano operacional da comercialização agrícola tem a obrigação de criar um sistema transparente entre os produtores e os grandes compradores, bem como garantir a ligação entre o mercado e as zonas rurais.

"É um imperativo nacional o investimento de todos para remover os pedregulhos que dificultam o fluxo normal do comércio agrícola", afirmou Filipe Nyusi, que reitera que há necessidade de um maior investimento para a exportação.

"É necessário que se reconheça que se o modelo de comercialização que temos vindo a seguir é essencialmente reativa e sem capacidade para responder de forma proactiva aos desafios e expetativas das nossas populações", observou.

Para 2017, Moçambique prevê produzir mais de 17 milhões de toneladas de produtos agrícolas diversos.

As províncias do Zambézia, Tete, Sofala e Manica, no centro de Moçambique, e Niassa, no norte, são as que mais contribuíram na produção, principalmente de cereais, como consequência da chuva que está a cair nestas regiões, depois de uma campanha agrícola devastada por uma seca severa que deixou no ano passado 1,5 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em todo país.

A falta de vias de acesso e a chuva que está a cair fortemente em alguns pontos do país são normalmente pontadas como as principais dificuldades no âmbito da produção agrícola, que ainda maioritariamente de subsistência.

‘Know-how’ português leva primeiro centro de produção por hidroponia a Angola

22/3/2017, 18:19

O Governo angolano saudou o primeiro projeto de produção agrícola à base de água, de 'know-how' português, numa altura em que Angola está sem divisas para a importação de insumos agrícolas.

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O projeto implicou um investimento de 176 milhões de kwanzas (94,5 mil euros)
LUÍS FORRA/LUSA

O Governo angolano saudou esta quarta-feira o primeiro projeto de produção agrícola à base de água, de 'know-how' português, numa altura em que Angola está sem divisas para a importação de insumos agrícolas devido à crise financeira que enfrenta.

O projeto, um investimento de 176 milhões de kwanzas (94,5 mil euros), localizado em Luanda, na zona do Kikuxi, foi esta quarta-feira inaugurado pelo secretário de Estado da Agricultura para o setor empresarial, Carlos Pinto. A hidroponia é uma técnica de produção agrícola que consiste no cultivo sem necessidade de solo, já que as raízes – mergulhadas em água – recebem dessa forma uma solução nutritiva balanceada que todos os nutrientes necessários. O investimento luso-angolano denominado Hidrobem, a mais recente empresa do grupo Kibabo, um conceito de negócios criado em Portugal e presente em Angola há mais de cinco anos, permitiu criar, para já, 25 postos de trabalho diretos.

Em declarações à imprensa, a diretora da Hidrobem, Carla Paulino, referiu que é utilizado o sistema "NTF" (Nutrient Film Technique) e "Sacos Gota-a-Gota", para a produção, nesta primeira fase, de alfaces, tomate, salsa, manjericão, hortelã, cebolinho, coentro e agrião. A unidade tem ainda capacidade para produzir rúcula, poejo, orégãos, pimento, pepino e fisálias. "Todas as semanas tiramos meia tonelada de alface e meia tonelada de ervas aromáticas e uma tonelada de tomate para salada", disse Carla Paulino, referindo-se à produção implantada numa propriedade de dois hectares, com uma exploração de 2.000 metros quadrados de estufas.

Segundo a responsável, a empresa tem capacidade técnica para avançar com este projeto para qualquer parte do país, sendo este que esta quarta-feira arrancou uma espécie de "boutique". O retorno do investimento por agora feito deverá acontecer em três anos, segundo Carla Paulino, salientando que a segunda fase arrancará no fim do primeiro semestre deste ano, com mais 6000 metros quadrados de estufas, uma escola de formação e um polo de água indústria de processamento de quarta gama, onde se pretende proporcionar ao cliente produtos frescos prontos a confecionar.

Na sua intervenção, o secretário de Estado da Agricultura para o setor empresarial disse que o desenvolvimento do setor agrícola define-se esta quarta-feira como uma aposta principal para a diversificação da economia angolana, a geração de emprego, o combate à fome e à pobreza no seio familiar. Para o governante, Iniciativas desta natureza representam uma mais-valia para o processo produtivo que Angola tem vindo a implementar.

"O Ministério da Agricultura garante o seu incondicional apoio às iniciativas do grupo Kibabo, através da empresa Hidrobem, numa fase de crise económica bastante acentuada, na obtenção de recursos financeiros em divisas para a importação dos insumos agrícolas e outras matérias-primas para a dinamização da nossa produção agrícola", frisou. Carlos Pinto sublinhou a importância do projeto pela sua técnica, que não está dependente da qualidade e correção de solo, nem de fertilizantes e pesticidas, proporcionando uma produção durante o ano e em contraciclo, por não depender do clima.

MIT vê na plantação digital o futuro da agricultura

Por Ana Marta Ferreira 14:30 7 de Abril, 2017

O MIT Media Lab está a desenvolver computadores que permitem a produção de alimentos em qualquer ambiente do planeta.


FOTO: OPEN AGRICULTURE INICIATIVE

Com o avançar dos séculos, a crescente urbanização acentua a falta de áreas produtivas para agricultura. O facto emerge como um problema real para a alimentação do futuro.

No MIT Media Lab, Caleb Harper e a sua equipa acreditam que vai ser possível todos sermos agricultores, mesmo em ambientes totalmente urbanos. Harper é o principal investigador da Iniciativa Open Agriculture (OpenAG) e diretor do CitiFARM, no MIT Media Lab, e quer mudar o sistema de alimentação através da ligação entre os produtores e o mundo digital. Em conjunto com a sua equipa, desenvolveu um computador que pode recriar um ambiente específico em que as plantas crescem sem necessidade de solo.


O Food Computer permite cultivar plantas em qualquer parte do mundo, adaptando as condições climáticas necessárias. Fonte: Open Agriculture Iniciative
O Food Computer é uma espécie de centro de controlo de uma estufa digital. De dimensões semelhantes a um computador pessoal, o Food Computer utiliza tecnologias agrícolas sem terra, como a hidroponia (técnica de cultivar plantas em alternativas ao solo, como líquidos ou areia) e a aeroponia (manter as plantas suspensas no ar), para controlar as condições climáticas dentro de uma câmara de crescimento para as plantas. Permite regular variáveis como o dióxido de carbono, a temperatura do ar, a humidade, o oxigénio dissolvido ou o pH.


Caleb Harper é o principal investigador do projeto OpenAg, no MIT Media Lab Fonte: Open Agriculture Iniciative
Ao Huffington Post, Caleb Harper explica que "quando dizemos que gostamos dos morangos do México, estamos na verdade a dizer que gostamos das condições em que os morangos foram cultivados". Por isso, questiona: "Porquê importar alimentos a milhares de quilómetros, quando se pode importar o clima onde o alimento é cultivado?". Harper acredita que as mudanças climáticas produzidas em computadores conectados em rede e com um sistema agrícola informatizado são o futuro da alimentação. Ainda de acordo com os engenheiros do MIT, a câmara de produção pode ser utilizada até em ambientes extremos, como em um deserto ou na Antártida.

Qualquer pessoa pode construir um Food Computer e o MIT ensina como

A Iniciativa OpenAg é um projeto de plataforma aberta ("open-source"), o que significa que assenta num software informático cujo autor fornece, a custo zero, o direito de estudar, modificar e distribuir o software, para qualquer um e para qualquer finalidade.

Sobre a decisão de abrir a licença do software a qualquer pessoa, Caleb Harper argumentou, em entrevista ao "IEEE Spetrum", que o futuro da agricultura deve passar por um sistema partilhado por todos: "Toda a gente projeta o seu próprio pequeno centro de dados para as estufas de armazém ou para as estufas verticais. Dizem que é super especial e tentam criar uma propriedade intelectual a partir dela. E não deixam as pessoas entrarem ou usarem os seus mecanismos, porque não querem que roubem as suas ideias brilhantes. Esse é o problema na minha indústria neste momento. As pessoas ainda não perceberam que há um sistema subjacente a isso. E não vai escalar até que haja uma plataforma comum."

Outra inovação neste projeto do MIT é a inclusão nos Food Computers da luz azul de LED de alta eficiência que deu a três investigadores japoneses o Prémio Nobel da Física em 2014.

No separador do site "Build a Food Computer",  os cientistas envolvidos no projeto oferecem listas de materiais necessários, tutoriais em vídeo e um fórum onde a comunidade mundial contribui com as suas experiências. Ainda na página oficial da iniciativa, os investigadores explicam que o investimento financeiro tornou-se "bastante atrativo" para quem deseja construir um Food Computer, já que o tempo de retorno de lucro, que se estimava em 10 ou 12 anos, reduziu para seis a oito anos graças ao aparecimento de novas tecnologias.

Artigo editado por Filipa Silva

Lidl investe €70 milhões em Portugal até ao final do ano

08.04.2017 às 18h30
 
O vinho é um dos produtos portugueses que a marca coloca nas lojas lá fora

NUNO BOTELHO

Em entrevista ao Expresso, Afrodite Pampa, presidente do Lidl em Portugal, explica que o grupo irá remodelar perto de 70 lojas. Atualmente mais de 50% dos fornecedores, no sortido fixo [produtos que todas as lojas têm], são portugueses. E "queremos que este número continue a aumentar", conclui aquela responsável

ALDA MARTINS
Afrodite Pampa está à frente do Lidl Portugal desde 2015 e diz que marca alemã ainda tem muito espaço para crescer no país. A chegada da espanhola Mercadona não é preocupante.

Qual o plano de expansão para Portugal? 
Este ano [que começou a 1 de março] vamos abrir seis novas lojas, com cerca de 1400 metros quadrados cada, à semelhança do ano fiscal anterior. As últimas aberturas foram no Seixal e na Figueira da Foz. Temos um total de 246 lojas.

E onde vão ser as novas lojas? 
Por todo o país, não serão concentradas em Lisboa e Porto. Queremos estar nas grandes mas também nas pequenas cidades. Onde há clientes disponíveis para comprar no Lidl.

Acredita que continua a haver espaço para mais supermercados? 
Sim.

Porquê, se a população portuguesa não está a aumentar? É o turismo? 
O turismo ajuda, em zonas específicas, mas não é só isso. Há pequenas cidades onde ainda não estamos e há cidades onde verificamos que há mais necessidades, como aconteceu com a Figueira da Foz onde já tínhamos uma loja.

O que traz de novo este conceito de loja? 
As novas lojas [10 no final do ano fiscal de 2016] são amplas para permitirem aos clientes fazer as compras de uma forma mais eficiente e até mais agradável. Além disso, introduzimos um novo conceito, de cafetaria. Uma extensão da nossa padaria que já era muito bem-sucedida.

É conceito exclusivamente português? 
Em Portugal somos portugueses. Definimos o que fazer com base nas preferências do país e adaptamo-nos, até nos conceitos que vêm da casa-mãe. Pagamos os nossos impostos aqui [O Lidl pagou cerca de €360 milhões em Portugal nos últimos 10 anos]. Investimos aqui. E o cliente português gosta de beber um cafezinho antes ou depois das compras. A cafetaria é um conceito "made in Portugal".

Quanto esperam investir este ano? 
No ano passado investimos €50 milhões e este ano esperamos investir €70 milhões.

O investimento inclui as remodelações? 
Sim. Vamos remodelar perto de 70 lojas. Vão ficar com uma aparência muito semelhante às que têm o novo conceito mas nem todas terão cafetaria. Há outras ainda para remodelar [não para já] porque o processo não para.

Há outras mudanças na calha?
Estamos a testar um novo conceito de pronto a levar.

Onde?
Numa loja no Porto. Pode levar para casa ou comer na loja, no caso das lojas com cafetaria.

Há um limite para o número de lojas Lidl em Portugal?
Claro que há um número no qual podemos dizer que a expansão está concluída mas estamos muito longe desse número.

A entrada da espanhola Mercadona no mercado preocupa-a? 
Somos bons e vamos preparar-nos para cada novo concorrente que entre no mercado. Olhamos para o Mercadona como olhamos para a restante concorrência no mercado.

O mercado português do retalho alimentar é concorrencial?
Para nós o que interessa é o crescimento sustentável. E fixarmos sempre novas metas onde queremos chegar.

E onde é que querem chegar?
Ao máximo. Segundo a consultora Nielsen, fomos a insígnia que mais cresceu, em 2016, em termos de quota de mercado –— quota de 8,5%. Queremos continuar a crescer e consolidar o nosso crescimento. As apostas que estamos a fazer permitem-nos acreditar nisso, não só em termos de quota de mercado, como de vendas. Não vou dizer quanto, mas queremos o máximo possível.

Como pretende fazer isso? Por exemplo, apostando em produtos portugueses?
Sim. Atualmente mais de 50% dos nossos fornecedores, no sortido fixo [produtos que todas as lojas têm], são portugueses. E queremos que este número continue a aumentar.

Têm uma relação muito especial com alguns produtos portugueses, sobretudo o vinho?
A relação preço/qualidade do vinho português é imbatível e tentamos passar essa perceção para os países onde o Lidl está presente. Não ganhamos nada nesse negócio. Somos embaixadores de Portugal. Mas fazemos isso com 115 produtos portugueses.

Ao nível da tecnologia o que podem esperar os vossos clientes?
A nova aplicação é mais um exemplo da nossa adaptação às necessidades do cliente. Permite-lhe fazer compras rápidas e eficientes. O cliente entra na loja com a aplicação do telemóvel, faz as compras e faz sozinho o pagamento. Introduzimos também a "My Lidl Shop" [em fevereiro]: as crianças ou os adultos podem gerir uma loja Lidl e fazê-la crescer. E estamos a começar a oferecer, nas lojas da nova geração, estações de carregamento gratuito de carros elétricos.

Que aspetos poderiam melhorar a atividade no sector?
A concorrência segue o seu caminho. Estamos todos no mesmo mercado, e ligados pela APED.

Essa é a resposta socialmente correta?
É a resposta.

sábado, 8 de abril de 2017

Regresso da resinagem à Serra da Lousã conta já com 15 hectares de exploração

12/3/2017, 9:29

O regresso da resinagem à Serra da Lousã, em 2016, permite já explorar uma área de 15 hectares nos Baldios de Vila Nova, concelho de Miranda do Corvo, que poderá quadruplicar nos próximos anos.

PAULO NOVAIS/LUSA

O regresso da resinagem à Serra da Lousã, em 2016, permite já explorar uma área de 15 hectares nos Baldios de Vila Nova, concelho de Miranda do Corvo, que poderá quadruplicar nos próximos anos.

Cerca de seis mil pinheiros estão a ser resinados, ao abrigo de um contrato de exploração assinado em 2016 com a empresa United Resins, da Figueira da Foz, que constituiu o regresso desta atividade do setor primário à região, da qual se espera no final do ano uma produção na ordem das 12 toneladas de resina.

"A produção depende das condições do clima e, por exemplo, o ano passado não foi muito favorável", salientou à agência Lusa João Martins, operador de resinagem, que se desloca com regularidade de Paranhos da Beira (Seia) para a freguesia de Vila Nova, no distrito de Coimbra, numa distância superior a 100 quilómetros.

O regresso da atividade "foi uma aposta dos Baldios de Vila Nova, que teve início com um projeto da Câmara de Penela", explicou Dulce Margalho, técnica superior dos Baldios de Vila Nova, que gerem uma área florestal de cerca de mil hectares na Serra da Lousã.

"Na altura, convidaram-nos como parceiros, bem como a todos os baldios da Serra da Lousã, com o intuito de os envolver a todos no projeto [de resinagem], mas, entretanto, só os baldios de Vila Nova o conseguiram implementar", sublinhou.

Apesar da distância, João Martins faz um balanço positivo de um ano de atividade, que começou com quatro mil pinheiros numa área de 12 hectares, que este ano aumentou para seis mil pinheiros e uma mancha de 15 hectares, com a perspetiva de aumentar nos próximos anos.

"Surgiu a oportunidade de virmos para aqui trabalhar e como procurávamos áreas como a que estamos a resinar, onde se pode trabalhar e com pessoas que convivem connosco no dia-a-dia, sempre dispostas a ajudar naquilo que é necessário, viemos explorar esta área", frisou.

Segundo Dulce Margalho, o levantamento inicial aponta para uma área de 90 hectares de povoamentos de pinheiro bravo aptos a resinar nos Baldios de Vila Nova, o que revela um enorme potencial de crescimento face aos 15 hectares atuais.

Nas operações de resinagem, João Martins conta com mais três trabalhadores, mas "a perspetiva é aumentar o número, "porque os Baldios [de Vila Nova] ainda têm uma área bastante grande" para alargar a área de exploração.

"Vamos apostar aqui, aumentar a produção e meter mais pessoal", sublinhou.

Além da criação de postos de trabalho e do aumento do rendimento dos proprietários florestais, com cada bica instalada a render 30 cêntimos, a técnica Dulce Margalho realça que "uma das mais-valias" da presença dos resineiros "será a defesa da floresta contra incêndios".

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina disse que a resinagem está lentamente a regressar, depois do apogeu dos anos 1980 e da crise que se verificou a seguir com a importação de resina chinesa, que revolucionou os preços de mercado.

"Nos anos de 1980 atingimos o apogeu com uma produção superior a 100 mil toneladas, mas a partir de meados dos anos 1990 houve uma forte quebra de preços devido à entrada da China no mercado", explicou Hilário Costa.

Só a partir de 2010, acrescentou, com a quebra de produção na China, é que a atividade em Portugal voltou a crescer, embora lentamente, com o alargamento das áreas de exploração e o regresso de antigos resineiros aos pinhais.

Atualmente, a produção nacional situa-se em cerca de oito mil toneladas, o que, segundo Hilário Costa, "não é nada face ao que já se produziu".

Portugueses vão poder procurar produtos biológicos através de aplicação

MARTA CERQUEIRA

29/03/2017 12:48

Governo vai criar o Dia da Alimentação Biológica

Não falta muito para que, através de uma aplicação, saiba onde pode encontrar unidades de produção e venda de produtos biológicos.

O governo quer aproximar o consumir dos produtos biológicos e, nesse sentido, prepara-se para criar o Dia da Alimentação biológica. Além disso prevê a promoção da produção biológica a nível local e nacional, um plano de comunicação que desperte a atenção do grande público para os benefícios deste tipo de agricultura e a divulgação dos produtos biológicos nacionais em certames nacionais e internacionais.

A Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica tem uma meta bem definida para a próxima década: duplicar a área de agricultura biológica para cerca de 12% da Superfície Agrícola Utilizada (atualmente é de 7%) e triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, frutos secos, cereais e outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação. Os números atuais podem ser de esperança no alcance desta meta: o número de produtores agrícolas biológicos tem vindo a aumentar durante a última década e em 2015 chegou aos 3837 e a superfície destinada a agricultura biológica atingiu os 239.864 hectares.

Em termos globais, Espanha é o estado-membro com a maior superfície dedicada à agricultura biológica, com quase 2 milhões de hectares. Em segundo lugar vem a Itália, com 1,5 milhões de hectares e a Alemanha com 1 milhão. Estes três países representam 40% da superfície total de agricultura biológica da União Europeia.

Aki vende joaninhas para proteger hortas biológicas



04/04/2017

Para ter acesso a produtos biológicos nem sempre é necessária uma deslocação ao mercado. Também é possível cultivar este tipo de alimentos em casa, recorrendo ao chamado Do It Yourself (DIY) e é aqui que o Aki quer ter uma palavra a dizer.

A marca vai vender nas suas lojas soluções naturais para proteger os jardins e hortas, eliminando o recurso a pesticidas e químicos. Em comunicado, o Aki diz ser a primeira empresa do sector da Grande Distribuição, em Portugal, a comercializar em loja insectos auxiliares.

Isto significa que, na próxima visita ao Aki, vai poder encontrar joaninhas e outros predadores naturais, que ajudam a controlar ou destruir os parasitas e pragas que podem arruinar as culturas de alimentos. Ao utilizar estes insectos auxiliares, é assegurada uma produção biológica.

Esta luta Bio, como é apelidada pelo Aki, levou a marca a disponibilizar também abrigos para que estes bichos se possam desenvolver, proteger e manter perto das zonas que preservam. A nova oferta pode ser encontrada na secção de Jardim e inclui também crisopídeos e nemátodos, sendo que cada espécie é indicada para o combate a pragas específicas.

Os clientes não podem, porém, simplesmente visitar uma loja Aki e sair de lá com as joaninhas necessárias. É disponibilizado um pack pré-pago de insectos auxiliares, sendo depois necessário efectuar a encomenda online com o código de registo detalhado na embalagem ou enviar o cupão pelo correio. Os insectos serão, depois, entregues directamente na morada indicada.

«Esta é uma novidade que muito nos orgulha e que se enquadra a 100% na nossa estratégia de negócio e de responsabilidade ambiental», refere Pedro Morais Barbosa, responsável de Comunicação Institucional do Aki. «São produtos que vêm inovar e democratizar o mercado da agricultura biológica, sendo este um nicho no qual queremos apostar. Queremos que deixe de ser algo de especialistas. Queremos que passe a ser "fácil de fazer" para qualquer um que tenha esse projecto», conclui.

http://marketeer.pt/2017/04/04/aki-vende-joaninhas-para-proteger-culturas-biologicas/

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Etiquetas das frutas e legumes substituídos por impressão laser na casca

Para substituir as etiquetas e autocolantes, uma cadeia de supermercados na Suécia recorre à gravação laser dos produtos hortícolas.

A batata-doce foi o primeiro produto submetido a este novo procedimento chamado etiquetagem natural. O objetivo da empresa sueca é reduzir o uso de plástico.

"É uma nova técnica. Queremos encontrar uma forma mais inteligente de etiquetar os nossos produtos. Há demasiado embalagens e plásticos desnecessários", sublinhou Peter Hagg, gestor da cadeia de supermercados ICA, na Suécia.

Tal como as etiquetas tradicionais, a impressão laser indica o nome do produto, o país de origem e o código. O supermercado sueco garante que esta forma de etiquetagem não tem impacto no sabor do produto.

"O laser envia uma luz clara e faz com que os pigmentos da casca do fruto se evaporem deixando uma marca. É um processo subtil, porque a marca não atravessa a casca e o procedimento não afeta a qualidade nem o sabor do produto", afirmou o responsável.

A batata-doce foi um dos primeiros legumes testados porque habitualmente as pessoas não consomem a casca do produto.

"A embalagem de plástico tem vantagens e, em certos casos, ajuda a aumentar o ciclo de vida de um produto , por isso, não a vemos como um inimigo, mas, nalguns casos ela é desnecessária porque não conserva melhor o produto, só acarreta custos suplementares", admite o responsável.

O próximo passo é testar a etiquetagem laser em frutos cuja casca é comestível, como a maça.

"É a primeira vez que vejo este tipo de etiqueta, é uma abordagem mais sustentável, sou a favor", disse Jonas Kullendorff, cliente do supermercado.

"Tenho dois filhos. Este tema é importante porque tento comprar produtos de qualidade e amigos do ambiente, acho que é uma boa técnica", afirmou Emma Jeppsson, outra cliente.

Para as organizações de proteção do ambiente, a etiquetagem tradicional representa uma fonte de poluição importante, por isso, é essencial encontrar alternativas.

Sabemos que há uma grande quantidade de lixo produzido ao longo da cadeia de abastecimento antes da chegada dos produtos embalados às prateleiras. Os fornecedores têm tentado reduzir a quantidade de embalagens mas não chegaremos a um resultado próximo do zero senão apostarmos em embalagens biodegradáveis e naturais que não vão parar ao aterro depois de usadas", afirmou Kierra Box, responsável da organização Friends of the Earth.

Um estudo recente indica que, se nada for feito, em 2050, haverá tanta quantidade de plástico como de peixe nos oceanos.

As tecnologias de marcação a laser para substituir as etiquetas e autocolantes da fruta foram aprovadas pela Comissão Europeia.

Portugal tem a quarta maior superfície de produção de uva, mas longe dos três primeiros

4/4/2017, 13:17

As vinhas em Portugal representam 9% do total da União Europeia, a quarta maior superfície depois da Espanha (30%), da França (25%) e da Itália (19%).

Em Portugal a produção de vinhos de qualidade atinge 87,8% do total, acima da média da UE (78,2%)

Miguel A.Lopes/LUSA

As vinhas em Portugal representam 9% do total da União Europeia (UE), a quarta maior superfície depois da Espanha (30%), da França (25%) e da Itália (19%), sendo que estes três países concentram quase três quartos do total da UE, divulga o Eurostat. Em termos de superfície de exploração vitícola, e segundo dados de 2015, em Espanha há 941 mil hectares, em França 803 mil, em Itália 610 mil hectares, em Portugal 199 mil, na Roménia 184 mil (6% do total da UE) e na Grécia e Alemanha cerca de 103 mil hectares cada (3%).

Segundo o gabinete oficial de estatísticas da UE, a Roménia é o país com maior número de explorações vitícolas (855 mil, 36% do total), seguindo-se a Espanha (518 mil, 22%), a Itália (299 mil, 12%), Portugal (212 mil, 9%) e a Grécia (189 mil, 8% do total).

No que respeita à superfície média por exploração, a França registou a maior, com 10,5 hectares, seguindo-se o Luxemburgo com 4,0 hectares, a Áustria (3,1 hectares), o Reino Unido (3,1) a Alemanha (2,4), a Itália e a Eslováquia (2,0 cada), a Espanha e a Hungria (1,8 hectares cada).

As menores superfícies médias por exploração foram identificadas na Roménia (0,2 hectares), em Malta (0,3 hectares), na Croácia (0,4 hectares), na Grécia, em Chipre e na Eslovénia (0,5 cada) e em Portugal (0,9 hectares).

Em relação à qualidade do vinho produzido, a Alemanha e o Luxemburgo dedicam a totalidade das suas vinhas à produção deste vinho de qualidade, seguindo-se o Reino Unido (99,9%), a República Checa (99,8%), a Áustria (99,7%) e a Eslovénia (99,3%).

Em Portugal a produção de vinhos de qualidade atinge 87,8% do total, acima da média da UE (78,2%).

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Novas obrigações para quem tem animais entram em vigor em maio

Dinheiro Vivo 05.04.2017 / 09:51 

Os animais deixam de ser "coisas" e passam a ter direitos, nomeadamente, em relação à saúde e bem estar e em caso de divórcio. 

 Está prestes a entrar em vigor o novo estatuto jurídico dos animais, que traz novas obrigações legais para os proprietários e também para quem se deparar com um animal perdido ou ferido. A partir de 1 de maio, os nossos "melhores amigos" passam a ser encarados como "seres sencientes" e quem não os respeitar pode pagar pesadas multas ou ir preso. 

A alteração relativa ao direito à saúde e bem-estar será a que de uma forma mais generalizada implica mudanças para quem possui animais de estimação, mas também para quem encontrar um animal na rua. Isto significa que, para quem os tem em casa, os animais terão de ter acesso a água, alimento e cuidados veterinários. Passando a estar incluída a possibilidade de deduzir 15% do IVA das faturas com despesas veterinárias, não há desculpa para não assegurar a proteção da saúde e bem-estar dos animais com os quais convive. 

Quem não o fizer pode sofrer sanções, nomeadamente pena de prisão até um ano ou multa até 120 dias – a mesma aplicada a quem infligir dor, sofrimento ou maus tratos físicos a um animal de companhia. Se causar uma lesão ao animal de companhia de outra pessoa, terá de indemnizar o proprietário ou quem tenha socorrido o animal, não só das despesas veterinárias, como também de danos morais em caso de danos permanentes, dificuldade grave ou morte do animal. 

Desconhecendo o dono do animal, quem o encontrar só poderá ficar com ele em caso de indícios fundamentados de maus tratos ou tendo passado um ano após a procura do proprietário, devidamente publicitado o achado e pesquisada a existência de 'microchip' num veterinário. 

E como a lei admite que os animais sentem dor e angústia, no caso de divórcio dos donos, o destino dos "patudos" passará a ter de constar dos documentos obrigatórios que acompanham o pedido nas Conservatórias, tal como sucede relativamente às responsabilidades parentais, em caso de mútuo consentimento, determinando a quem fica confiado o animal segundo os interesses dos cônjuges e das crianças que possam existir, bem como o bem-estar do animal. - 

IMI: Agricultores dizem que avaliação dos terrenos é inconstitucional

A decisão do Governo de avançar com uma avaliação que abrangerá apenas os prédios rústicos de dimensão superior a 50 hectares viola a Constituição da República, sustenta a Confederação dos Agricultores de Portugal.

Filomena  Lança Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 15:56

"Não podemos fazer uma legislação fiscal só para alguns" e a avaliação de prédios rústicos, visando apenas os que tenham acima de 50 hectares, "discrimina claramente um tipo de prédios relativamente aos restantes, sustenta João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). "Esta discriminação não faz sentido. Se é para fazer uma reavaliação, então reavaliemos todos", afirma.
 
Tal como o Negócios noticiou esta segunda-feira, 3 de Abril, o Ministério das Finanças está a ultimar um conjunto de alterações ao código do IMI por forma a avançar com a avaliação de prédios rústicos que está prevista no Orçamento do Estado para 2017. E, tal como aí se estipula, a avaliação abrangerá, para já, apenas os prédios com uma dimensão superior a 50 hectares.
 
A essa decisão não será alheio o facto de o cadastro geométrico do território estar apenas concluído relativamente à zona sul, onde os imóveis têm em geral, uma maior dimensão. Partindo dos elementos constantes no cadastro, os avaliadores terão a vida bastante facilitada no momento de proceder às reavaliações e de estabelecer o novo valor patrimonial tributário dos prédios.
 
Não havendo cadastro geométrico, tudo fica mais difícil. De resto, o Executivo lançou o  Sistema de Informação Cadastral Simplificada com o objectivo de conhecer a titularidade de todo o património rústico a nível nacional. Para tal, foi criado um período transitório de 30 meses em que o registo dos prédios será feito sem qualquer custo.
 
Ora, sustenta o presidente da CAP, "a reavaliação só deveria ser feita depois disso", quando já fosse possível ter informação cadastral sobre todos os prédios. Nesse caso seria possível ter "uma reavaliação equitativa, para todos e não apenas para alguns. É por ser mais fácil que se vai começar pelos maiores e isso é inconstitucional", sustenta.
 
João Machado lembra ainda que "a agricultura está a puxar pela economia do país" e lamenta que com esta avaliação se vá "penalizar aqueles que têm alguma dimensão", numa altura em que o país continua a ter uma "propriedade muito pulverizada".  Em Portugal a dimensão média dos prédios rústicos "ronda os 13 hectares, quando na Europa anda acima de 20", acrescenta.
 
João Machado segue também a linha de críticas do CDS-PP, que esta segunda-feira veio defender que, com esta avaliação geral de prédios rústicos, estamos perante uma nova reforma agrária, não através de expropriações, mas por via fiscal. "É o PS a reboque do PCP", afirma o presidente da CAP, sublinhando que a medida inscrita do Orçamento do Estado foi por iniciativa dos comunistas.

Avaliação fiscal de terrenos rústicos passará a olhar para área e localização

Até agora, o IMI era pago de acordo com a sua produtividade.
PÚBLICO 3 de Abril de 2017

 A primeira fase incidirá em prédios rústicos acima dos 50 hectaresFoto
A primeira fase incidirá em prédios rústicos acima dos 50 hectares RITA FRANCA/ARQUIVO
O Governo vai proceder a uma reavaliação dos terrenos rústicos, abandonando a regra de avaliação dos prédios rústicos pelo seu rendimento líquido (retorno teórico que as culturas podem dar) e substituí-lo por uma metodologia assente na área e na localização, escreve o Jornal de Negócios esta segunda-feira.

A proposta integra o Orçamento do Estado para 2017 e prevê, até ao final do mês de Abril, apresentar à Assembleia da República uma proposta com os novos critérios, aplicável, numa primeira fase, a imóveis que ultrapassem os 50 hectares.

A Autoridade Tributária e Aduaneira contém o registo destes imóveis e respectivos valores materiais. No entanto, a desactualização dos — com limites e titulares que podem ter sido alterados —, sobretudo quando estão em causa terrenos mais pequenos põe em causa a sua fiabilidade.

De acordo com os dados da Associação Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia existem cerca de 11,5 milhões de prédios rústicos em todo o país e, destes, menos de um quarto (2,5 milhões) têm uma dimensão superior a 50 hectares. A maioria está localizada a sul do país.

Importa sublinhar, no entanto, que a região norte — que para já ficará a salvo desta avaliação — é a mais rica em terrenos valiosos, como os da zona do Douro vinhateiro, classificada como Património da Humanidade pela Unesco. 

As linhas vermelhas de Portugal na revisão da PAC


Mónica Silvares

Portugal, França e Polónia, foram os primeiros países a tomar uma posição escrita na consulta pública para a revisão da Política Agrícola Comum.

Manter "uma política europeia comum, contra qualquer tentativa de renacionalização" e garantir a "manutenção de um orçamento adequado e a sua atual chave de repartição" são duas das linhas vermelhas com que Portugal parte para a revisão da Política Agrícola Comum (PAC), que já arrancou em Bruxelas.

O ministro da Agricultura explicou ao ECO que Portugal quer ainda a "garantia de que a PAC mantém critérios ambientais para o cálculo dos pagamentos diretos" e "a garantia de que prosseguirão os mecanismos de convergência, por forma a aproximar os pagamentos entre agricultores e Estados-membros". Estes esclarecimentos de Capoulas Santos surgem num momento em que se iniciou a discussão das possíveis alterações que esta política deverá ter a partir de 2020. Uma negociação que decorre a par da elaboração do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia (UE).

No primeiro Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, Portugal, a par de França e Polónia, foi dos primeiros a tomar uma posição escrita. "Foi uma forma de colocar o jogo em cima da mesa e balizar os nossos interesses", disse ao ECO uma fonte conhecedora do processo.

Nesse documento, Portugal defende, por exemplo, que "é essencial que haja uma resposta para lidar preventivamente com fenómenos extremos", como as inundações ou a seca, "em que o apoio a infraestruturas de prevenção, incluindo o regadio, atua como fator de promoção da previsibilidade na atividade económica". Portugal considera que "é necessário prosseguir o apoio ao investimento, inovação e à investigação que é a resposta aos maiores desafios da PAC atual e futura enfrentará, nomeadamente a adaptação às alterações climáticas".

A PAC deve ainda funcionar como uma almofada que ajude a colmatar os "riscos individuais incomportáveis, nomeadamente devido à diminuta capacidade financeira da pequena e média agricultura, que influenciam negativamente as decisões de investimento ou mesmo a viabilidade das explorações agrícolas", defende Portugal, no documento escrito que Capoulas Santos entregou em Bruxelas com as linhas de orientação estratégica para o debate sobre o futuro da PAC.

"Os défices de investimento estão associados, frequentemente, a diferentes condições de acesso ao crédito não relacionadas com a agricultura e à indisponibilidade de instrumentos adequados de gestão de risco."

Documento com a posição de Portugal

O ministro português sublinha ainda o interesse em "manter um nível base de apoio direto ao rendimento", porque é uma forma de atenuar "a volatilidade dos rendimentos dos agricultores". "O regime de pagamento base, e os vários apoios para zonas com condicionantes naturais (incluindo apoios associados devidamente justificados) deverão ser mantidos, mas estes instrumentos poderão ser mais bem combinados". Nesse sentido, Portugal avança com a sugestão de reservar-se uma parcela destes pagamentos "para dar resposta a situações inesperadas e extremas através de um veículo financeiro voluntariamente contratado por conjuntos de agricultores com interesses comuns (a nível setorial ou regional) para dar uma resposta preventiva (através do investimento) ou por compensações a posteriori", ou seja, regimes de seguros ou fundos mutualistas.

Convites para o grupo de peritos já "estão a decorrer"

Com uma consulta pública sobre a PAC já em curso na UE, o ministro da Agricultura decidiu criar um órgão de consulta, que integrará peritos nesta área, para acompanhar o debate e a evolução das posições dos Estados-membros.

Ao ECO, Capoulas Santos revelou que os convites para este grupo já "estão a decorrer" e são "dirigidos a cerca de uma dezena de personalidades de reconhecida competência". Personalidades essas que "contribuirão certamente para promover um amplo consenso em torno do processo negocial e para fortalecer a posição portuguesa nas negociações", acrescentou o ministro.

A expectativa é de que este órgão consultivo seja criado nas próximas semanas.

Países com posições divergentes

A PAC nunca foi consensual e sempre que procede à revisão desta política as divergência voltam à tona. Numa conferência organizada pelo Ministério de Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente espanhol, sob o tema "Construindo a PAC do Futuro" a Holanda personificando os países menos beneficiários da PAC defendeu que "é preciso ser realista" e que, face ao 'buraco' orçamental que será deixado pela saída do Reino Unido da União Europeia, "existem outras prioridades", como a migração.


Já a diretora-geral de Desenvolvimento Económico, Ambiental e Empresas do Ministério francês de Agricultura, Catherine Geslain-Lanéelle, em declarações à Efe, recordou que cada vez que se inicia o debate sobre uma reforma agrícola surge a questão orçamental, mas face ao desafio do Brexit, a "Europa deve ser mais forte e não se degradar" e que será fundamental conservar os "recursos necessários" para a PAC.

Aprovação de projetos agrícolas demora mais
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Portugal tem uma posição sui generis neste capítulo porque é dos poucos países que tem um equilíbrio nos apoios recebido, ou seja, nos pagamentos diretos aos agricultores (primeiro pilar) e dos apoios ao desenvolvimento rural (segundo pilar). Por isso, Portugal "deve tentar salvaguardar os dois pilares", sublinha, ao ECO, João Machado.

É por isso que o ministro da Agricultura traçou como linha vermelha garantir a "manutenção de um orçamento adequado e a sua atual chave de repartição".

O presidente da Confederação dos Agricultores reconhece que "Portugal está sozinho" porque como os outros países têm mais apoios através do primeiro pilar a tendência negocial será retirar apoios do segundo pilar, "o que afetaria muito Portugal". João Machado acredita que "Portugal, através de uma política de alianças", vai conseguir "novamente" não perder verbas face ao quadro anterior".

Verbas já são curtas

Apesar de Portugal não ter perdido dinheiro face ao quadro comunitário anterior João Machado denuncia o facto de "haver candidaturas para investimento que já estão esgotadas". Uma situação que reflete "o interesse que o setor despertou", diz o responsável da CAP.

João Machado lembra que "dentro do Programa de Desenvolvimento Rural há muitas medidas, nomeadamente naquilo que não são ajudas diretas, por isso o Governo pode reafetar verbas de umas medidas para as outras".

"Dentro do Programa de Desenvolvimento Rural há muitas medidas, nomeadamente naquilo que não são ajudas diretas, por isso o Governo pode reafetar verbas de umas medidas para as outras."
João Machado
Presidente da CAP

Questionado sobre quais as formas de tentar multiplicar o dinheiro, Capoulas Santos lembrou o reforço do financiamento da contrapartida nacional em 155 milhões de euros até 2022 (nos fundos comunitários há uma margem adicional de dois anos para realizar os investimentos com apoios dos fundos) mas também:

"Estabelecimento do limite de investimento máximo elegível por beneficiário, durante o período de programação, em cinco milhões de euros no caso dos apoios ao investimento nas explorações agrícolas e em dez milhões de euros no caso dos apoios ao investimento na transformação e comercialização de produtos agrícolas".
"Aumento de 25 mil para 40 mil euros o montante máximo elegível dos projetos de investimento para os pequenos agricultores";
"Aumento de 15 mil para 20 mil euros o valor base do prémio à primeira instalação para os jovens agricultores, com compensação nos valores mais elevados, por forma a assegurar a neutralidade financeira"; e ainda "Concessão de prioridade aos jovens agricultores que pretendam instalar-se assumindo a atividade agrícola como ocupação principal, bem como privilegiar o estabelecimento de residência na zona da exploração e, por outro lado, flexibilização das exigências em termos de investimento mínimo".

Completamente fora de questão está, no âmbito da negociação de meio termo do atual quadro comunitário de apoio, o Governo pedir a Bruxelas para passar verbas de outros programas operacionais para o PDR. "Para além de não haver nenhuma intenção nesse sentido, as regras não o permitem", garantiu o ministro da Agricultura, ao ECO.

Sogrape compra empresa de distribuição no Reino Unido

O maior grupo português de vinhos tomou uma participação de 25% na Liberty Wines, especializada na restauração de topo, que absorve a estrutura que tinha criado há seis anos e passa a distribuir todas as marcas no mercado britânico.
Sogrape compra empresa de distribuição no Reino Unido

Paulo Duarte
António  Larguesa António Larguesa alarguesa@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 06:00

A Sogrape acaba de entrar no capital da Liberty Wines (LW), uma das principais distribuidoras britânicas, através da compra de uma participação de 25%, adiantou ao Negócios o presidente executivo, Fernando Cunha Guedes. O Reino Unido, o segundo maior importador mundial de vinhos, é o quarto mercado mais relevante para a principal empresa portuguesa de vinhos, valendo 7% das vendas globais de 214 milhões de euros em 2016.

Além da aquisição de 25%, por valores não divulgados pelas partes, o "acordo de parceria estratégica" fechado na semana passada prevê a passagem, em exclusivo, de todo o portefólio da Sogrape – incluindo os vinhos que produz em Espanha, Argentina, Chile e Nova Zelândia – para a alçada desta empresa. Criada há duas décadas, no ano passado facturou 53 milhões de libras (62 milhões de euros) e continuará a ser gerida pelo fundador David Gleave.

Neste novo quadro, a Sogrape UK vai ser integrada na estrutura da LW, composta por 130 pessoas e uma carteira que ultrapassa os 2.300 clientes. Cunha Guedes sublinhou a "enorme complementaridade" entre as duas organizações na gestão de canais. É que a operação de distribuição própria que tinha criado em 2011 – e que vendeu 10 milhões de libras (11,7 milhões de euros) no último exercício – estava concentrada no retalho, enquanto 70% da actividade da adquirida está na restauração, sobretudo de gama alta e em Londres.

"Maximizar as sinergias através de um maior controlo da cadeia de valor" foi o motivo que levou a Sogrape a avançar com este negócio, que lhe assegura a posição de "único sócio estratégico em termos de produtores de vinho" na LW. As restantes quotas estão repartidas pelo fundador, pela sua família e alguns accionistas individuais.

Com este reforço na distribuição, o grupo familiar com sede em Gaia procura manter a posição do Mateus Rosé (o mais vendido) no Reino Unido e impulsionar outras marcas, como a Casa Ferreirinha e a Sandeman (vinho do Porto). "Os vinhos portugueses estão a afirmar-se nos mercados internacionais. A qualidade ninguém põe em causa, a notoriedade cresce dia após dia, mas nem sempre é fácil encontrar uma rede de distribuição que permita chegar com êxito ao consumidor", resumiu o gestor.
Seguir a estratégia

O líder da Sogrape salvaguardou que a operação, concluída sem receios na semana em que o Brexit foi oficializado, "é consequência da execução de uma estratégia definida há dois anos" e que "não há uma causa-efeito" por estar "próxima de zero" a dívida líquida que em 2015 rondava os 15 milhões de euros. "Esta operação vinha a ser desenvolvida há meses, mas é verdade que coincidiu com uma fase boa da nossa vida, com aumentos de venda e da rentabilidade e de redução de dívida", respondeu.

Das 35 marcas detidas pela Sogrape, cinco surgem em destaque no plano estratégico por representarem mais de 50% das vendas: Mateus, Casa Ferreirinha, Gazela, Sandeman e a espanhola Lan. E seguindo a expressão dos melhores destinos em termos consolidados – o maior mercado é o português, que vale 25% do total e cresceu 11% em 2016; seguindo-se os EUA, Espanha e Reino Unido –, o grupo apontou-os também como focos de actuação nesse plano desenhado há dois anos.

"Para todos eles fixámos como objectivo ter uma posição forte em termos de distribuição", recua Cunha Guedes, notando que essa meta fica agora cumprida com a aquisição da LW.


PERGUNTAS A - FERNANDO CUNHA GUEDES 
PRESIDENTE EXECUTIVO DA SOGRAPE
Brexit? É nas fases difíceis que se fazem bons negócios

O líder da Sogrape reconhece a indefinição, mas afirma que são os "actos de coragem" que diferenciam as empresas.

Fecharam este negócio na semana em que o Reino Unido iniciou formalmente a saída da União Europeia. Que influência teve o Brexit na decisão? 
Foi um factor que tivemos em conta no momento de decidirmos avançar. O Brexit traz algumas incertezas, ninguém sabe o que vai acontecer e que tipos de acordos serão feitos com a União Europeia. Mas continuará a ser um mercado relevante, no qual os vinhos europeus representam 55% das importações, e é também a verdadeira montra mundial em termos vitivinícolas. Como a nossa estratégia é de longo prazo, estamos tranquilos quanto à opção tomada.

Não temem que venha a prejudicar o sucesso deste negócio? 
É um acto de ousadia, que está no nosso perfil. Faz parte do nosso ADN. Gestão também é isto: analisar o enquadramento actual e ter alguns actos de coragem que depois nos fazem diferentes no futuro. Perguntaram-nos o mesmo quando comprámos a [produtora espanhola] Lan em 2012, no pico de crise em Portugal e Espanha. Todos nos recomendavam prudência e hoje estamos convictos de que foi um passo certo. É nestes momentos difíceis que se podem fazer boas operações.
 
Por outro lado, a Sogrape pode ficar mais protegida das atribulações no mercado britânico?
O principal objectivo é estratégico e não de protecção. Apesar de surgir num contexto mais complicado, a operação não é para defender o que já tínhamos, é para fortalecer a posição no mercado.

Brasil garante estar a fiscalizar casos de fraude no azeite


Governo português foi informado pelo Ministério da Agricultura do Brasil que estão em curso várias ações de fiscalização sobre o caso

2017-04-04 07:57 / AM

Azeite é uma gordura boa, mas tem de ser usada com moderação. Uma collher equivale a 119 calorias
Azeite é uma gordura boa, mas tem de ser usada com moderação. Uma collher equivale a 119 calorias. Reuters
O Ministério da Agricultura do Brasil informou o Governo português de que tem em curso várias ações de fiscalização sobre o caso da fraude do azeite naquele país, adiantou à Lusa o gabinete do ministro português, Capoulas Santos.

Questionado pela Lusa acerca de um estudo que demonstrou que há marcas brasileiras que vendem produtos como sendo azeite e de Portugal, fonte oficial do Ministério da Agricultura português afirmou que contactou o Governo brasileiro para pedir "uma intervenção forte da administração do país nesta matéria".

Em resposta, disse a mesma fonte, "o Ministro da Agricultura do Brasil transmitiu que estão já em curso diversas ações de fiscalização" e que essas "serão intensificadas nos próximos dias".

O Governo português afirma que está em causa "um dos mais emblemáticos produtos portugueses" e que é "urgente combater" as "práticas ilegais" relacionadas com o azeite.

Os contactos entre Portugal e o Brasil sobre este tema acontecem depois de, num estudo publicado recentemente, a Proteste brasileira ter sugerido a retirada do mercado, por fraude ao consumidor, de sete marcas de azeite, algumas identificadas como de origem portuguesa e assinaladas como sendo "azeite extra virgem".


Na semana passada, a Casa do Azeite disse à Lusa que vai apresentar uma reclamação formal junto da defesa do consumidor brasileira contra as marcas que falsificam o produto e a sua origem.

São marcas reincidentes nestas fraudes, mas vamos reclamar formalmente de continuarem a dizer que a origem é portuguesa", disse então à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.

A responsável adiantou ainda que a Casa do Azeite está em permanente contacto com as autoridades do Ministério da Agricultura brasileiro e que já houve marcas cujas fábricas foram encerradas.

Jerónimo de Sousa defende que nova reforma florestal não passa de “boas intenções”

O secretário-geral do PCP defendeu no distrito de Aveiro, onde se registou a maior área ardida nacional em 2016, que a reforma florestal aprovada esta semana em Conselho de Ministros não passa de "boas intenções" do Governo.
Jerónimo de Sousa defende que nova reforma florestal não passa de "boas intenções"

Negócios jng@negocios.pt
25 de março de 2017 às 23:42

Por considerar que os incêndios nesse distrito constituem um "importante problema regional", Jerónimo de Sousa abordou o tema durante a assembleia que reuniu em S. João da Madeira dirigentes de diversas concelhias do partido.

"O PCP reafirma que o conjunto de diplomas anunciados não responde aos problemas da floresta portuguesa. Mesmo algumas medidas positivas e melhorias na versão agora aprovada não passarão de boas intenções, por falta de resposta aos estrangulamentos, à natureza e às características estruturais da floresta portuguesa, nomeadamente o peso que tem a pequena propriedade", explicou.

As críticas do líder dos comunistas prendem-se com a sua convicção de que, na nova reforma, "esquece-se a questão central do preço da produção lenhosa para não tocar nos interesses da Portucel e da Altri, [empresas] de Belmiro [Azevedo] e [Américo] Amorim".

Jerónimo de Sousa diz também que o Governo está a subestimar o papel dos pequenos produtores, dos compartes de baldios e das suas associações.

"Vai continuar sem solução o cadastro florestal", lamenta. "E não será o grande capital e a empresarialização privada da gestão florestal que poderão responder aos problemas da floresta que o país tem", realça.

Para o secretário-geral do PCP, os problemas da floresta portuguesa não terão solução enquanto não for tida em conta "a destruição de milhares de explorações agrícolas familiares com um papel único na ocupação do território e a desertificação do mundo rural e do interior".

Por isso mesmo, exige "a ruptura com essas políticas, a par da defesa dos rendimentos dos pequenos produtores e dos baldios, do seu associativismo e da intervenção pública com recursos e meios adequados".

"Só assim se defenderá a floresta do flagelo dos incêndios e se concretizará um ordenamento que privilegie o seu uso múltiplo, as economias locais e a sua função ambiental", remata.

Na passada terça-feira, o Governo, reunido em Conselho de Ministros no Palácio de Monserrate, na serra de Sintra, aprovou um pacote de novas medidas na área florestal e alterações às propostas legislativas iniciais para a reforma da floresta, divulgadas no final de Outubro numa reunião na Lousã.

Como as empresas agro-alimentares portuguesas planeiam ultrapassar as barreiras proteccionistas

A Sovena está a pensar em "ser mais americana", reforçando a produção local. O Grupo Cerealis também sugere "fazer parte do processo local". O Brexit também integra a lista de preocupações.
Como as empresas agro-alimentares portuguesas planeiam ultrapassar as barreiras proteccionistas

Sara Ribeiro Sara Ribeiro sararibeiro@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 13:43

As empresas portuguesas da indústria agro-alimentar confessam ter alguns receios em relação à nova onda de políticas proteccionistas que estão na agenda de diversos países. Tendo em conta que grande parte da força das suas vendas passa pela exportação, dada a queda do mercado interno nos últimos anos, estão a acompanhar de perto os desenvolvimentos nesta matéria.
 
Dada a proximidade, o Brexit está no topo da preocupação. Pelo menos para a Sovena, que detém marcas como a Oliveira da Serra. "No nosso caso, estamos por todo o mundo. E há alguns focos de proteccionismo que geram alguma preocupação, nomeadamente, aqui mais perto, o Brexit", disse António Simões, chairman e CEO da Sovena durante o 6.º Congresso da Indústria Portuguesa Agro-alimentar que está a decorrer esta terça-feira, 4 de Abril, em Lisboa.
 
Já no Brasil, explicou que com a actual pauta aduaneira "estamos numa situação parecida com todos os concorrentes". Este mercado também não parece levantar preocupações à Unicer, que detém a Super Bock. 
 
Rui Lopes Ferreira, presidente da comissão executiva do grupo (na foto), admitiu que "obviamente vemos com preocupação estas políticas de proteccionismo. Mas não têm sido impeditivas do processo de internacionalização", sublinhou. E exemplificou: "O Brasil é um dos países mais proteccionistas e temos casos bem sucedidos de exportação". 
 
No que toca às políticas da administração de Donald Trump nos EUA, as opiniões são diferentes. Rui Amorim de Sousa, CEO do Grupo Cerealis, por exemplo, está confiante que "o pragmatismo irá vingar".  E acredita que "as ameaças têm de se transformar em oportunidades". Como neste caso em concreto? "Fazer parte do processo local". 
 
Uma opinião partilhada pelo responsável da Sovena. António Simões revelou que os EUA representam 20% das vendas do grupo. E apesar do mercado norte-americano "não ter grande produção de azeite, tem a sua indústria na Califórnia", explicou. Por isso, as empresas podem sofrer com estas eventuais barreiras, apesar de não atingirem tanto a Sovena por causa da produção local. Como solução, "estamos a pensar em ser mais americanos, na perspectiva de ter as nossas plantações e originação lá,"acrescentou.
 
Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, a dona dos chocolates Regina, acredita que o facto de Portugal não gerar "animosidade" e ter "políticas externas moderadas, ajuda que o consumidor global não rejeite os produtos portugueses", concluiu.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

IFAP tem nova direção para agilizar distribuição dos fundos comunitários



03.04.2017 às 15h57

Mário Centeno assinou o despacho de dissolução do anterior conselho diretivo no final da semana passada. Nova direção estreou-se esta segunda-feira para resolver os problemas da plataforma informática que gere a submissão das candidaturas às ajudas comunitárias para os sectores da agricultura e das pescas

Joana Madeira Pereira
JOANA MADEIRA PEREIRA

O ministro das Finanças, Mário Centeno, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, assinaram no passado dia 30 de março, quinta-feira, o despacho de dissolução do conselho diretivo do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), o instituto público que tem como missão proceder à validção e ao pagamento das ajudas e medidas de financiamento, nacionais e comunitárias, no âmbito da agricultura, desenvolvimento rural e pescas.

Segundo o despacho, o orgão presidido então por Luís Souto Barreiros, nomeado em 2012, pelo Governo de Passos Coelho, sessou as suas funções no dia seguinte, 31 de março. Ainda no dia 30, os ministros procederam à nomeação da nova direção, agora liderada por Pedro Raposo Ribeiro.

De acordo com o despacho publicado em Diário da República na passada sexta-feira, esta alteração acontece por se ter tornado "necessário imprimir uma nova orientação à gestão" do IFAP. "Importa introduzir novos métodos de gestão dos recursos, designadamente no que concerne à componente informática, e conferir uma nova abordagem no que respeita ao pagamento e controlo dos apoios comunitários atribuídos, (...) reduzindo ao mínimo as taxas de erro e a consequente devolução dos apoios", lê-se no despacho.

A plataforma informática do IFAP, que desmaterializou o procedimento de submissão das candidaturas aos diversos apoios e fundos para a agricultura e as pescas, tem reportado sistematicamente anomalias o que, ao que o Expresso sabe, tem atrasado a distribuição das ajudas e a aprovação de projetos de investimento. Terá sido a incapacidade para resolver os problemas informáticos que levou à exoneração do anterior conselho consultivo.

Para a presidência do IFAP é agora nomeado Pedro Raposo Ribeiro, 56 anos, adjunto do ministro Capoulas Santos desde janeiro de 2016. Licenciado em Agronomia, pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, e com um curso avançado de Gestão Pública, pelo Instituto Nacional de Administração, o novo presidente tem um extenso currículo ao serviço do ministério. Foi chefe de gabinete de Fernando Gomes da Silva (1995-1998) e também acompanhou, na mesma função, a primeira vez em que Capoulas Santos teve a pasta da agricultura (1998-2002). Entre 2009 e 2011 foi adjunto do secretário de Estado da Agricultura quando António Serrano foi ministro, no segundo governo de Sócrates.

A centrista Assunção Cristas, a ministra que se seguiu, nomeou-o técnico superior do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geram do ministério da agricultura. Quando Capoulas Santos passou a ministro, Raposo Ribeiro passou a seu adjunto. Agora, o é novo presidente do instituto público que gere e distribui diversos fundos, como o Fundo Europeu Agrícola de Garantia, do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

Nuno de Sousa Moreira, doutorado em Engenharia de Sistemas no Instituto Superior Técnico, assume a vice-presidência. Maria José de Moura (até agora vogal na administração da Docapesca) e Rui Costa Martinho (gestor adjunto do Programa de Desenvolvimento Rural PDR2020) passam a vogais.

Para o cargo de adjunto de Capoulas Santos, deixado vago pelo novo presidente do IFAP, entra António Cerca Miguel, vindo do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

domingo, 2 de abril de 2017

Casa do Azeite reclama por Proteste brasileira atribuir a Portugal azeite falsificado

A Casa do Azeite vai apresentar uma reclamação formal junto da defesa do consumidor brasileira, que num estudo divulgado na semana passada atribui a Portugal a origem de produtos embalados no Brasil como se fossem azeite.

"São marcas reincidentes nestas fraudes, mas vamos reclamar formalmente de continuarem a dizer que a origem é portuguesa", disse à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.

Num estudo publicado na semana passada, depois de em 2016 ter publicado um trabalho idêntico, a Proteste brasileira sugere a retirada do mercado, por fraude ao consumidor, de sete marcas de azeite, algumas identificadas como de origem portuguesa e assinaladas como sendo "azeite extra virgem".

No novo teste de qualidade realizado pela Proteste brasileira, sete marcas de azeite foram 'chumbadas' por conterem misturas de óleos vegetais e animais.

"De português [estes produtos] não têm nada. São duas falsificações: de produto e de origem", explicou Mariana Matos.

A responsável da Casa do Azeite defende ainda que a associação a Portugal "prejudica toda a imagem do azeite português, que tem feito um esforço nos últimos anos no sentido de melhorar a sua qualidade".

"E a Proteste sabe disso perfeitamente. Sabe que este produto é embalado no Brasil, que é indústria brasileira e que são produtos falsificados, portanto, e vamos reclamar formalmente, não pode atribuir origem portuguesa a este azeite, que nem azeite é", acrescentou.

Mariana Matos adianta ainda que a Casa do Azeite está em permanente contacto com as autoridades do Ministério da Agricultura brasileiro e que já houve marcas cujas fábricas foram encerradas.

"As autoridades estão perfeitamente conscientes e trabalhamos em conjunto no sentido de minimizar e acabar com estas situações de fraude sobre o azeite no brasil", afirmou a responsável da Casa do Azeite, defendendo que é preciso mais consequências nestes casos.

Angola negoceia apoio de Marrocos à produção de fertilizantes para a agricultura

21/3/2017, 17:43

O Governo angolano está a negociar com Marrocos apoio no domínio da produção de fertilizantes, um setor em que o país, apesar das potencialidades agrícolas, continua a ser largamente deficitário.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo

O Governo angolano está a negociar com Marrocos apoio no domínio da produção de fertilizantes, um setor em que o país, apesar das potencialidades agrícolas, continua a ser largamente deficitário.

Para o efeito, de acordo com informação governamental enviada à Lusa, o ministro da Agricultura angolano, Marcos Alexandre Nhunga, realiza a partir de quarta-feira uma visita de trabalho de quatro dias a Marrocos, visando o "reforço da cooperação" entre os dois países, no domínio agrícola.

A visita pretende "analisar e discutir" com as autoridades competentes da Agricultura de Marrocos e o Grupo Marroquino de Fosfatos (OCP) "as modalidades práticas de fornecimento de fertilizantes compostos" a Angola, tendo em conta a implementação da Estratégia para o Aumento da Oferta de Fertilizantes no país, aprovada na reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real, de 23 de ferreiro passado. Esta missão angolana a Marrocos integra igualmente empresários nacionais ligados à fileira de fertilizantes, de acordo com a mesma informação.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo, tendo lançado há mais de um ano um programa governamental de diversificação da economia, apostando nomeadamente na agricultura. Contudo, os agricultores nacionais têm vindo a lamentar as dificuldades no acesso a adubo, exclusivamente de importação, devido à falta de divisas, o que obrigou à intervenção do Governo, no segundo semestre de 2016, apoiando a importação de 25.000 toneladas.

Dados de julho último do Ministério da Agricultura apontavam para a necessidade de importação de 70.000 toneladas de adubos entre 2016 e 2017, com o Governo a defender a necessidade de instalação no país de uma indústria nacional de adubos e fertilizantes, tendo em conta o aumento da produção agrícola em perspetiva.

Agricultura chegou à Península Ibérica através do Mediterrâneo



As investigadoras Joana Pereira e Luísa Pereira, da Universidade do Porto

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Investigadores do Porto reconstituíram a história daqueles primeiros agricultores ibéricos através do estudo genético de amostras atuais da população das várias regiões em causa

Investigadores do Porto reconstituíram a viagem dos primeiros agricultores que chegaram à Península Ibérica, há 7500 anos, recorrendo a estudos genéticos. Com isso, a equipa coordenada por Luísa Pereira, do instituto de investigação I3S, da Universidade do Porto, conseguiu comprovar que essa primeira rota foi feita através do Mediterrâneo, e não por terra, pondo assim termo a um mistério: o da aparente rapidez com os povos agrícolas oriundos do Médio Oriente chegaram às terras mais ocidentais do continente europeu.

"Estudando as linhagem genéticas atuais, através de amostras de 200 indivíduos, conseguimos fazer essa viagem ao passado, lendo e datando as pequenas alterações que essas linhagens sofreram através das gerações", explica ao DN Luísa Pereira, que coordenou o trabalho, juntamente com o investigador Martin Richards, da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Joana Pereira é a principal do estudo, que resulta do seu próprio doutoramento, e que foi publicado ontem na revista Proceedings of the Royal Society B.

Os achados arqueológicos mais antigos que documentam a atividade agrícola na Península Ibérica, entre restos de cerâmicas, de utensílios ou de ossos de animais domesticados, como ovelhas e cabras, datam de há 7500 anos. Em Itália, por outro lado, os vestígios mais antigos desse tipo têm cerca de oito mil anos, o que muito intrigava os arqueólogos. Como teria sido possível que esse movimento populacional só tivesse levado 500 anos a completar-se, entre a Itália e a Península Ibérica, sendo a distância tão grande?

"O arqueólogo português João Zilhão propôs um modelo, apontando a possibilidade de essa viagem ter sido feita por via marítima, através do Mediterrâneo", conta Luísa Pereira, sublinhando que o estudo da sua esquipa veio agora "confirmar exatamente isso".

Usando amostras de ADN mitocondrial (a informação genética que existe na mitocôndria, uma pequena estrutura celular) que é transmitido por via exclusivamente materna, a equipa conseguiu encontrar em Itália, na região da costa oriental, o elo comum que deslinda a questão, mostrando que a chegada dos primeiros agricultores a esta ponta do Velho Continente foi feita por via marítima.

O que esta história genética conta é que esses agricultores, chegados a Itália há oito mil anos, se misturaram aí com as populações locais, transmitindo-lhes também os novos conhecimentos que traziam. E foi depois dessa mistura de povos que saíram, então, os agricultores que, 500 anos depois, acabaram por se estabelecer em vários pontos da costa sul da Península Ibérica: por toda a zona de Barcelona, Valência, Málaga, costa sul de Portugal ou região do Sado. A exceção é a costa norte da Península Ibérica, onde apenas se encontram vestígios mais tardios de agricultura, o que poderá explicar-se por uma migração diferente, feita já internamente, através do território da península.

"Os nossos dados mostram outra coisa interessante, que é o facto de aquele grupo que se instalou na região de Itália, vindo do Médio Oriente, ter sido relativamente reduzido", diz Luísa Pereira.

Ou seja, não se tratou de uma grande migração, mas de um pequeno grupo, o que mesmo assim foi suficiente para que os povos que viviam naquelas paragens adotassem a nova cultura agrícola. "O que aconteceu foi sobretudo a adoção por parte da população local das novas práticas e vivências que esses grupos traziam consigo", sublinha a investigadora, notando que isso se repetiu também na península. Os que chegaram até cá através do Mediterrâneo eram um grupo relativamente pequeno. Mas, uma vez mais, os povos locais adotaram os novos conhecimentos e práticas que, assim, se disseminaram.

Para o grupo de Luísa Pereira, que desde 2006 dirige no IPATIMUP, agora integrado no I3S, um grupo de investigação sobre diversidade genética, o que se segue agora, nesta linha de investigação, é tentar perceber melhor como se deu a expansão da agricultura para o Norte de África. "Os vestígios mais antigos ali são de há cerca de seis mil anos e portanto é possível que ela tenha lá chegado a partir da Península Ibérica. É o que vamos tentar verificar".

Governo quer duplicar área da agricultura biológica



29.03.2017 às 20h07

 
Em 2015 a agricultura biológica ocupava 239.864 hectares em todo o país (dados oficiais mais recentes). O objetivo do Governo é conseguir atingir o dobro desta área ao longo dos próximos dez anos

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
O Governo anunciou hoje que quer duplicar a área de agricultura biológica, que em 2015 ocupava 239.864 hectares em todo o país (dados oficiais mais recentes). O objetivo é conseguir atingir essa meta ao longo dos próximos dez anos.

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, garante que "há um interesse crescente neste tipo de produtos por parte dos consumidores, devido não só às suas características, mas também ao facto de se tratar de um modo de produção ambientalmente sustentável".

Na apresentação pública da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica, o ministro disse ainda que "é cada vez mais importante estimular o consumo de hortofrutícolas e temos plena consciência de que, através da produção biológica e da sua mensagem, esta é também uma via para melhorar os hábitos alimentares da nossa população, tornando-os mais saudáveis". E comprometeu-se ainda a introduzir produtos biológicos nas ementas escolares.

DUPLICAR O CONSUMO EM DEZ ANOS
A ambição do Governo é que o consumo deste tipo de produtos possa aumentar 50% no espaço de uma década. Para ajudar à difusão de informação sobre o tema, será também criado um Portal "BIO", essencialmente orientado para promoção da inovação e toda a informação técnico-científica associada.

O ministro disse ainda que "o interesse nestes produtos por parte dos consumidores tem vindo a transformar a produção biológica numa área de negócio cada vez mais relevante do ponto de vista económico". No entanto, não são adiantados números que comprovem a dimensão do negócio em Portugal.

Em termos de culturas biológicas, os dados que o ministério de Capoulas Santos apurou apontam para um largo domínio das pastagens (que representam 90% do total da área identificada). Segue-se o olival, com 9% e as culturas forrageiras, com 8,1%. Depois aparecem os frutos secos, vinha, hortícolas e plantas aromáticas, mas com uma expressão muito reduzida face ao total.

ALENTEJO E BEIRA INTERIOR LIDERAM
No mesmo documento que faz o levantamento do sector, as regiões do Alentejo e da Beira Interior, no ano de 2015, continuavam a ser as que tinham maior peso na superfície em agricultura biológica (63,8% e 18,6%, respetivamente). A região da Beira Interior surge como a que detém maior peso da área em produção biológica face ao total da área agrícola utilizada - cerca de 13,2%, seguida do Alentejo com 7,8%.

"A superfície cultivada com pastagens, culturas forrageiras, culturas arvenses, pousio e olival têm a sua maior representatividade na ocupação cultural das explorações em agricultura biológica do Alentejo", pode ler-se no mesmo documento hoje apresentado por Capoulas Santos. Já a fruticultura, tem a sua maior expressão na ocupação cultural das explorações em agricultura biológica da Beira Interior e do Alentejo. Quanto aos produtos hortícolas, volta a ser o Alentejo que domina, sendo que é Trás-os-Montes que se destacam as explorações de frutos secos.

Quanto à atração de pessoas para o sector, os números indicam que estamos perante uma tendência crescente: 234 produtores registados em 1994 contra quase 4000 em 2015. O segmento que mais gente ocupa é claramente o do olival, com 1708 produtores identificados.