domingo, 14 de janeiro de 2018

Área de produção biológica aumentou para 243,8 mil hectares em 2016


12.01.2018 às 16h08


De acordo com o Relatório do Estado do Ambiente hoje divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente a produção em regime biológico apresentou um aumento de 21% em realação a 2010

A área agrícola em modo de produção biológico subiu para 243.816 hectares em Portugal continental, em 2016, e corresponde a 6,7% do total da superfície agrícola utilizada, indica o Relatório do Estado do Ambiente 2017 (REA).

O REA, disponível no 'site' de internet da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), refere também que em 2016, na produção animal, os ovinos e os bovinos foram as principais espécies animais em modo de produção biológica, representando cerca de 40,2% e 37,6% respetivamente do efetivo nacional total naquela forma de produção.

Dados da Direção-geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) relativos a 2015, apontavam para uma superfície em agricultura biológica de 239.864 hectares, equivalente à área do distrito do Porto.

O peso da superfície em agricultura biológica em relação à superfície agrícola utilizada total era em 2015 de cerca de 7%, com as regiões do Alentejo e da Beira Interior a apresentar maior percentagem (64% e 19%, respetivamente).

Segundo a APA, em 2016, a produção biológica apresentou um aumento de 21% na comparação com 2010.

Cativações comprometem promoção dos vinhos do Porto e Douro


12.01.2018 às 9h16

Uma parte da receita das taxas aplicadas ao vinho do Porto está cativa no IVDP

Empresas indignadas. O sector "sofre com dupla tributação"
Abílio Ferreira
ABÍLIO FERREIRA

Com as exportações em queda, a Associação de Empresas do Vinho do Porto (AEVP) está indignada com a política de cativações que retira capacidade de promoção ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), financiado com taxas aplicadas ao setor.

A AEVP calcula em 8 milhões de euros o dinheiro acumulado, resultante dos saldos de gerência dos últimos exercícios. Esse dinheiro poderia ser aplicado em ações no exterior para contrariar a queda gradual de receitas, mas está à ordem da Direção Geral do Tesouro, como sucede com os outros institutos públicos.

A política de cativações "faz com que o sector do vinho do Porto sofra uma dupla tributação", acusa António Saraiva, presidente da AEVP. Porque o pagamento de uma taxa "pressupõe a prestação de um serviço".

Além dos impostos correntes, as empresas "sofrem com as taxas que financiam a atividade do IVDP e que o governo trata como se fossem impostos encapotados", acrescenta António Saraiva.

A associação tem manifestado a sua indignação junto da secretaria de Estado da Agricultura e Alimentação que alega que o tema é do âmbito do Ministério das Finanças. O IVDP remete explicações para a tutela. O Ministério da Agricultura, contactado pelo Expresso, não respondeu
PRÁTICA ANTIGA

Esta realidade não é nova. Em 2011, o governo de Sócrates, desviou o pecúlio acumulado (8,6 milhões de euros) para reforçar os cofres do Estado central. Depois, no governo PSD/CDS as cativações do IVDP serviram para a Casa do Douro pagar salários (400 mil euros).
Mas, a AEVP não se conforma e quer impedir que se torne uma tradição uma "prática que penaliza severamente o sector". A receita das taxas deve ser aplicada na defesa e desenvolvimento do Douro, como refere uma declaração recente aprovada pelo Conselho Interprofissional da região.

Entre as missões de IVDP, o organismo que regula, fiscaliza e defina a política vitivinícola do Douro, conta-se a promoção e internacionalização dos vinhos da região demarcada.

REDUÇÃO DE 1,9 MILHÕES DE CAIXAS EM 10 ANOS

As cativações afetam a capacidade do IVDP de impulsionar a cruzada externa, num momento em que os mercados externos dão sinais de declínio.
Em 10 anos, o sector "perdeu 28 milhões de euros e 1,9 milhões de caixas", diz António Saraiva.

Em 2017, a receita no exterior voltou a cair. Como se combate esta tendência? "Investindo mais em promoção, divulgando mais e melhor um produto que é único no mundo", responde o gestor da casa Rozès. Saraiva dá como exemplo o caso francês, o mercado externo que mais receita gera e que se encontra em declínio acelerado. caso francês
Em maio, a AEVP promove uma ação pelo Oriente, paga pelas empresas, com paragens em Tóquio, Xangai e Hong Kong que poderia ser replicada noutras geografias se contasse com o impulso do orçamento do IVDP. O Japão foi dos mercados que mais caiu em 2017 (40% em valor), a China não aparece ainda no top 25.

Saraiva aponta os mercados do Canadá e Estados Unidos como os que apresentam uma maior margem de progressão, contando já com uma posição de relevo nas exportações.
Os operadores reconhecem ser fundamental investir na valorização e reposicionamento do vinho do Porto no exterior, reduzindo a dependência dos mercados europeus.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Taxa sobre plásticos poderia ser nova receita orçamental da UE


De Isabel Silva

Últimas notícias: 10/01/2018

Criar uma taxa sobre plásticos e embalagens a pagar diretamente pelos contribuintes à União Europeia foi um exemplo dado pelo comissário europeu Gunther Oetinger para criar novas fontes de receita para o orçamento comunitário.

"Teremos que fazer cortes nos fundos de coesão e para a agricultura" 


O comissário europeu com essa pasta fez a proposta durante uma conferência de imprensa, quarta-feira, em Bruxelas.

"Produzimos e usamos muitos plásticos que, apesar dos esforços de reciclagem, se tornam lixo e que já não podemos vender nos mercados globais da maneira que fazíamos devido ao bloqueio de importação decidido pela China", explicou Gunther Oetinger.

[EUobserved] UK silent on EU origins of plastic bags law
UK prime minister Theresa May is expected to announce that a ban on free plastic bags will extend to all shops. By doing so, the UK will fulfil a requirement of an EU directive.


Bruxelas quer aumentar ligeiramente o plafond de 1% da riqueza nacional que cada Estado-membro paga e que alguns dizem equivaler a um café diário por cidadão.

Oettinger defende, ainda, algumas poupanças, dizendo que "no que diz respeito aos fundos de coesão e para a agricultura, teremos que cortar nesses programas, mas vou tentar que sejam os menores cortes possíveis para não prejudicar os programas".

Defesa, migração e inovação são algumas das novas prioridades para o orçamento que vai vigorar entre 2021 e 2028 e que a Comissão Europeia começa a estruturar. 

O tema vai ser abordado numa cimeira informal dos líderes da União Europeia, a 23 de fevereiro, sobre o conjunto de impactos do Brexit.

Exportação de vinho regressa aos recordes e aproxima-se dos 800 milhões de euros



Depois da quebra de 2016 a fileira do vinho acabou o ano passado em grande. Aumentaram os volumes, a venda de vinho certificado, a facturação e o preço médio. Mas ainda há um mar de granel a obscurecer o horizonte do sector

Manuel CarvalhoManuel Carvalho

7 de Janeiro de 2018, 7:30

Os produtores e as empresas da fileira do vinho português têm razões de sobra para brindarem aos sucessos do ano passado. Depois de, em 2016, as exportações terem recuado pela primeira vez em duas décadas, o ano que acabou inverteu a tendência e abriu portas a todos os recordes. As vendas ao exterior cresceram entre 8 e 10%, ficando acima dos 780 milhões de euros (números estimados pela ViniPortugal), as quantidades vendidas aumentaram, os vinhos com denominação de origem ou engarrafados, que produzem mais valor acrescentado, viram a sua quota subir, o preço médio melhorou e, para dar mais brilho aos festejos, as vendas no mercado interno deverão ter crescido cerca de 7% em valor. "Foi de facto um ano muito bom", congratula-se Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, a associação vocacionada para a promoção externa do vinho português. "Vai ser de novo o nosso maior ano de sempre", diz Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, que espera para este ano uma aceleração nas vendas ao exterior na ordem dos 10%.
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Ao contrário do que aconteceu em 2016, quando uma queda abrupta das compras de Angola arrastou os números da exportação para o vermelho, no ano passado os dez principais mercados de destino do vinho nacional ou tiveram registos positivos, ou recuos ligeiros. A França, que continua a ser o principal comprador de vinho do Porto e lidera a procura externa. Os Estados Unidos, cujas compras cresceram 8,3% em valor e 7,6% em volume entre Janeiro e Setembro, mas também o Reino Unido, o Canadá e a Alemanha reforçaram os seus estatutos de mercados para o futuro. O Brasil registou um salto surpreendente e aumentou as suas compras em 55% em volume e em 60% no valor. E se Angola está ainda longe de ocupar o lugar de destaque de há uma década atrás, duplicou as suas compras em volume e em valor – é hoje o nono mais importante mercado do país.

Entre todos os destinos do vinho nacional, porém, os Estados Unidos são cada vez mais uma espécie de paraíso que nenhuma região nem nenhum produtor quer perder. Empurrado pelas críticas positivas de gurus como Robert Parker ou pelas revistas da especialidade como a Wine Spectator (e também pelo aumento de consumo que tornaram o país no maior importador de vinho do Mundo), as exportações do vinho nacional cresceram 45% em valor entre 2012 e 2016 e tudo indica que essa tendência se mantenha. "É uma das nossas prioridades para o futuro", reconhece Jorge Monteiro. Até porque, para lá das quantidades, nos Estados Unidos conta muito o factor preço. Os norte-americanos compram vinho português por valores bastante acima da média. Até Setembro do ano passado, o litro era exportado para a América a 3.82 euros, quando a média mundial era de 2.51 euros.
PÚBLICO -
Aumentar

Nesse enorme mercado em crescimento, parece haver lugar para todos. Para marcas especiais como a "Silk & Spice", um tinto com elevado teor de açúcar criado pela Sogrape. Para os Porto Vintage. Para os tintos de nicho a preços acima dos 30 euros. Para os Vinhos Verdes que têm aqui o seu principal mercado. Mas também para pequenos produtores como a Caves Transmontanas, que produz e comercializa o espumante Vértice. "Nos Estados Unidos conseguimos colocar os nossos vinhos na gama de preços que definimos. O mercado é profissional e transparente e se os compradores reconhecerem a qualidade dos nossos produtos não regateiam preços. É por isso que nós temos lá espumantes a serem vendidos a 40 ou 45 dólares", diz Celso Pereira, enólogo e administrador da empresa. Como foi isso possível? "Fazendo muitas visitas e muitas provas", responde Celso Pereira. Mas, os 95 pontos dados por Robert Parker a um dos seus vinhos ajudou. Como ajuda o facto de o espumante feito com a casta Gouveio estar a ser servido a copo no restaurante Eleven Madison Park.

À procura de valor
Alentejo e Verdes apostam no crescimento da vinha

O caminho de Celso Pereira não é original. Vários produtores do Douro, do Alentejo ou dos Vinhos Verdes (principalmente os que trabalham a casta Alvarinho) perceberam há muito que a única forma de um país que produz apenas 2% do vinho mundial sobreviver no mercado global é apostando no valor acrescentado. "Ao contrário dos países do Novo Mundo, na Europa a cultura da vinha é condicionada e não podemos acreditar que vamos ser capazes de aumentar muito a nossa produção", lembra Jorge Monteiro, para logo depois acrescentar: "O caminho é, por isso, o valor acrescentado do que produzimos". Os números do ano passado indicam que esse caminho está a ser percorrido. Enquanto os volumes de vendas de vinhos certificados (com as denominações de origem Douro ou Alentejo ou com indicações geográficas de proveniência do tipo Alentejano ou Terras Durirenses) cresceram entre 7 e 22% em volume (até Setembro), os vinhos indiferenciados aumentaram as suas vendas em apenas 1.9%.

Mas, é neste domínio em concreto que há ainda muito a fazer. Portugal é um médio produtor à escala mundial e a sua produtividade média por hectare é incomparável com a de outros países europeus, da Austrália ou dos Estados Unidos. Ainda assim, 38% dos vinhos nacionais exportados enquadram-se nas categorias dos vinhos não certificados. E entre Janeiro e Setembro Portugal vendeu 30 milhões de litros de vinho a granel a um preço médio de 53 cêntimos por litro (um quinto do preço médio da exportação), de acordo com a publicação especializada Wine by Numbers. Um valor acima do granel espanhol (39 cêntimos) ou do sul-africano, mas ainda assim incapaz de remunerar a produção – fontes ligadas ao sector afirmam que boa parte destes quantitativos são afinal reexportações, ou seja, granel comprado em Espanha e revendido para mercados como o de Angola.

Numa altura em que Portugal exporta quase metade do vinho que produz, os responsáveis pela fileira acreditam ter chegado a hora de acabar com este desperdício de valor que afecta praticamente todas as regiões nacionais. "Temos uma enorme margem de progressão para os vinhos certificados e engarrafados e é por aí que temos de ir", diz Jorge Monteiro. Nos Vinhos Verdes, cujo perfil de exportação se pautava há apenas duas décadas atrás quase em exclusivo pelo volume, esse percurso está a ser seguido. "As nossas categorias especiais, principalmente os vinhos que apostam nas castas da região como a Loureiro ou a Alvarinho, já representam entre 17 a 18% do volume total e continuam a crescer acima da média. Essa é a imagem mais positiva do futuro que nós temos", diz Manuel Pinheiro. Com o aumento da procura interna e externa, haverá cada vez menos espaço para vinhos indiferenciados.

Com uma quota no mercado mundial correspondente ao seu potencial produtivo (2% do total), o vinho de Portugal dificilmente poderá ser vendido aos preços dos franceses (4.7 euros por litro em média), mas o reforço da imagem dos vinhos nacionais na imprensa especializada, com destaque para os tintos do Douro, a singularidade de produções como a dos Vinhos Verdes, com vinhos menos alcoólicos e ajustados aos modernos perfis do consumo, ou a identidade que resulta de um património natural (as castas) único, tornam o futuro mais risonho.  

Governo ameaça cortar verbas se câmaras falharem na limpeza de mato


10/1/2018, 8:46999

Proprietários privados têm até 15 de março para criar faixas de segurança livres de vegetação. Em caso de incumprimento, a responsabilidade é dos municípios, que têm dois meses e meio para agir.

O Governo ameaça reter parte das verbas das câmaras caso estas não atuem em substituição dos proprietários privados — moradores e empresas — que até 15 de março não criem faixas de gestão combustível, isto é, "faixas de segurança livres de vegetação nas florestas, em torno das estradas, casas, fábricas e linhas de energia", tal como escreve esta quarta-feira, na edição impressa, o Jornal de Notícias.

A medida faz parte do Orçamento do Estado para 2018 e será colocada em prática em junho. Em caso de proprietários privados incumpridores — que ficarão, assim, sujeitos a multas a dobrar, tendo em conta a lei da defesa da floresta contra incêndios –, a responsabilidade passa para as autarquias. As câmaras têm dois meses e meio, de 15 de março a 31 de maio, para criar as faixas de segurança e dispõem de uma linha de crédito de 50 milhões de euros. O JN fez as contas: são 308 câmaras, pelo que, dividindo o valor, dá 162 mil euros a cada uma.



Caso os municípios não cumprem o exigido pelo Governo, e não se substituam aos incumpridores até 31 de maio, as câmaras sofrerão um corte de "20% do duodécimo das transferências correspondentes ao Fundo de Equilíbrio Financeiro" no mês seguinte.

O líder da Associação Nacional de Municípios, Manuel Machado, considera a medida uma "ofensa ao poder local", bem como uma ameaça que "não é razoável" dado o prazo proposto. "Temos de reunir as condições indispensáveis. Há trabalho a fazer, não sobre a forma de intimidação, mas de colaboração", disse ao jornal já citado. Também o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, considera a retenção de verbas como algo "impensável".

De referir que até meados de outubro de 2017 arderam 418 mil hectares em Portugal, sendo que morreram mais de 100 pessoas resultantes das vagas de incêndios que assolaram o país em junho e em outubro.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Precipitação total do dia 9/1/2017

Dois meses e meio para limpar as florestas? Presidente dos autarcas socialistas contesta lei "impossível de cumprir"


10 jan 2018 19:24

O presidente da Associação Nacional de Autarcas Socialistas (ANA/PS) acusou o Governo e o Parlamento de aprovaram uma "lei impossível de cumprir", impondo apenas dois meses e meio para limpar a floresta e sanções aos municípios.
 
Rui Santos, presidente da Câmara de Vila Real, disse ter ficado "surpreendido" e "estupefacto" quando se apercebeu que é imposto aos municípios um prazo de dois meses e meio para limpar faixas de combustível em torno das casas, estradas, fábricas e linhas de energia, devendo substituir-se aos proprietários.

De acordo com o OE 2018, os proprietários têm até 15 março para proceder à limpeza e, depois, se não cumprirem, caberá aos municípios concretizar esta medida até 31 de maio.

No entanto, em caso de incumprimento, serão retidos às câmaras 20% das transferências correntes do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), no mês seguinte.

"Se o Estado não foi capaz de fazer o cadastro e de impor aos privados a limpeza das florestas, como é querem que, agora, as câmaras municipais em dois meses e meio façam aquilo que não conseguiram fazer em 40 anos. É impossível", afirmou Rui Santos.


Para o presidente da ANA/PS, aquilo que é solicitado às câmaras "é feito, pensado ou legislado por alguém que não conhece o território, que não conhece em concreto as condições em que está identificado e cadastrado o território e que a preocupação que teve foi a de passar culpas, isto é, se a coisa correr mal a culpa é dos municípios".

É uma "meta impossível de cumprir" até porque, segundo o autarca, "é também imposta uma atualização dos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios até 31 de março".

"Esses planos têm que estar sob consulta pública durante 60 dias, têm que ser aprovados nas câmaras e nas assembleias municipais. Só em termos processuais queimam-se entre 70 a 80 dias e como é que é possível, até março, fazerem esta atualização", salientou.

E reforçou: "é imporem aos municípios a resolução de um problema que o Estado central não conseguiu resolver durante 40 anos e se alguma coisa correr mal a responsabilidade deixa de ser do Estado central e passa a ser dos municípios".

Rui Santos disse esperar ainda que "o bom senso seja retomado".

"Colocarem-nos uma responsabilidade com estas características e com esta dimensão, sem meios, sem que esses prazos possam ser cumpridos e ainda por cima ameaçando os municípios, isto é, ameaçando as populações desses municípios com cortes, é algo que nunca me passaria pela cabeça", frisou.

Este é, na sua opinião, "um mau princípio" para o processo de delegação de competências e de descentralização que se está a discutir.

"Se a prática é esta, com certeza que começamos mal e com certeza que é um caminho errado, porque quando as leis são impossíveis de cumprir as pessoas nem sequer se preocupam em as cumprir", frisou.

O JN noticiou hoje a possibilidade, prevista no Orçamento do Estado para 2018, de corte nas transferências de verbas para as autarquias no caso de não concluírem até ao final de maio as faixas de segurança contra incêndios.

O Orçamento do Estado prevê que as autarquias assumam a responsabilidade pela criação de faixas de segurança para prevenir a propagação de incêndios, em redor de localidades e de residências, caso os proprietários e empresas não o façam até 15 de março.

Está prevista uma linha de crédito de cerca de 50 milhões de euros para apoiar as autarquias nas intervenções, mas as câmaras que não cumprirem até ao final de maio poderão ver retidas 20% das verbas a transferir do Orçamento do Estado.

O secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, citado pela rádio TSF, admitiu que "o Governo está perfeitamente aberto, na eventualidade de ser necessário", de se alargar o prazo para a intervenção das autarquias, mas "em situações concretas" e "sempre em parceria com os municípios".

Em relação à verba de 50 milhões de euros, o governante sublinhou que se destina a casos em que a "autarquia não consegue ressarcir do trabalho que teve" junto dos proprietários e que, se o montante se vier a revelar insuficiente, "o Governo terá que a reforçar".

Capoulas Santos considera que “ano agrícola foi positivo”


João Girão
JORNAL I
09/01/2018 13:25

Ministro da Agricultura afirmou que nem todas as atividades agrícolas foram afetadas pela seca

"Os efeitos da seca têm sido muito assimétricos. Se há atividades, como por exemplo a pecuária que tem sofrido bastante, há outras atividades em que o ano agrícola foi excecional. Em que o aumento da produção foi de mais de 7% e as nossas exportações agrícolas cresceram mais de 12% nos primeiros 10 meses do ano", afirmou Capoulas Santos, ministro da Agricultura, na sequência da reunião do Conselho Económico e Social. O ministro considerou ainda que, no geral, "o ano agrícola foi positivo".

Relativamente às verbas disponibilizadas pelo Estado para apoiar e combater a seca, o ministro referiu que primeiro serão fornecidos "apoios aos agricultores para captações e transporte de água", acrescentando que foi ainda aberta "uma linha de crédito de cinco milhões de euros para a alimentação animal".

O Conselho Económico e Social (CES) reuniu-se esta terça-feira para apurar os problemas provenientes da seca que afetou severamente Portugal no verão de 2017.

CTT reforçam atendimento para pagamento de indemnizações


10/1/2018, 7:34
OS CTT vão reforçar o atendimento até sexta-feira nos concelhos mais afetados pelos incêndios de outubro. Espera-se uma grande afluência para pagamento de indemnizações a agricultores.

INE. Exportações agrícolas angolanas aumentaram 120 vezes em três meses


10/1/2018, 10:09
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As exportações agrícolas angolanas aumentaram 120 vezes em três meses. O volume total passou de 2.419 milhões de kwanzas para uns históricos 292.479 milhões de kwanzas.


As exportações angolanas de produtos agrícolas cresceram 120 vezes do segundo para o terceiro trimestre de 2017, atingindo a fasquia dos 21,1% do total de vendas ao exterior, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola.

De acordo com dados do relatório estatístico do comércio externo do terceiro trimestre do INE, compilados esta quarta-feira pela Lusa, a exportação de produtos agrícolas por Angola passou de um volume total de 2.419 milhões de kwanzas (12 milhões de euros) no segundo trimestre de 2017, para uns históricos 292.479 milhões de kwanzas (1.400 milhões de euros) entre julho e setembro.



Face ao mesmo período de 2016, o crescimento das exportações agrícolas angolanas foi superior a 5.700%, mas o INE não adianta qualquer explicação, no mesmo relatório divulgado oficialmente na terça-feira, para este aumento exponencial num curto espaço de tempo.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, desvaloriza estes números, que classifica como "bons de mais para serem verdade", tendo em conta a pretensão, arrastada no tempo, de diversificação da economia nacional.

"Não é possível um crescimento assim", afirma o empresário.

A Lusa tentou confirmar estes números junto do INE, mas sem sucesso até ao momento.

A Lusa noticiou na terça-feira que, segundo o mesmo relatório do INE, as exportações angolanas aumentaram 3,4% entre julho e setembro, face aos três meses anteriores, para um volume de negócios total de 1,385 biliões de kwanzas (6.999 milhões de euros).

A balança comercial angolana registou um saldo positivo, de 873.175 milhões de kwanzas (4.400 milhões de euros), melhorando 6,8% face ao período entre abril e junho, e com o peso do petróleo a descer para menos de 75% do total das exportações.

O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou na segunda-feira que é tempo de Angola passar das ações à prática no que toca à diversificação da economia, para que quando se fale das exportações nacionais não seja apenas do petróleo.

O Presidente da República falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa, com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança no Governo, tendo sido questionado sobre os efeitos da austeridade no processo de diversificação da economia.

"É absolutamente necessário. A nossa salvação está aí. E a autoridade não significa não diversificar a economia, antes pelo contrário. É precisamente a austeridade que nos obriga a diversificarmos a economia", defendeu.

Até ao segundo trimestre de 2017, segundo os dados do INE, cerca de 95% das exportações angolanas eram de petróleo bruto, pelo que a economia do país se ressente, desde finais de 2014, da quebra prolongada na cotação do barril de crude no mercado internacional.

"Angola não tem outra saída senão diversificamos de facto a sua economia. Sobre isso já muito se falou, já correu muita tinta. Temos que passar a ações concretas, no sentido de fazer com que as nossas exportações não se baseiem apenas no crude, no petróleo bruto, mas quando falarmos de exportações de Angola falemos sobretudo mais de outros produtos", defendeu João Lourenço.

Ainda assim, as receitas fiscais angolanas com a exportação de petróleo deverão atingir, em 2018, mais de 2,399 biliões de kwanzas (12 mil milhões de euros), com o Governo a estimar vender cada barril a 50 dólares.

Os dados constam do relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, que o Governo angolano entregou na Assembleia Nacional e que tem votação na generalidade prevista para 18 de janeiro.

O documento do Governo angolano prevê que 24,8% de todas as receitas a angariar pelo Estado sejam provenientes do setor petrolífero, enquanto os impostos do setor não petrolífero deverão ascender, em 2018, a 1,740 biliões de kwanzas (8.875 milhões de euros).

Agricultores dizem que ajuda do Governo “ainda não chegou”


O apoio efectivo ronda os 20 mil euros de 15 milhões potenciais que foram colocados à disposição dos agricultores.
LUSA 9 de Janeiro de 2018, 16:34 Partilhar notícia


A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse nesta terça-feira que a ajuda do Governo para a situação de seca "ainda não chegou", revelando que dos 15 milhões de euros anunciados apenas foi paga uma pequena fatia de cerca de 20 mil euros.

"Quem sentiu e está ainda a sentir na pele os efeitos da seca dramática que Portugal atravessa são os produtores pecuários", afirmou o presidente da confederação, Eduardo de Oliveira e Sousa, indicando que os agricultores "solicitaram ajuda no início da Primavera do ano passado, ajuda essa que ainda não chegou" quando já começou o ano de 2018.

Agricultores querem Governo a atenuar consequências de "seca fora do vulgar" 


De acordo com o representante dos agricultores, "o apoio efectivo pago, neste momento, é de cerca de 20 e poucos mil euros de 15 milhões potenciais que foram colocados à disposição dos agricultores".

"Alguma coisa correu mal e isso tem que ser analisado, tem que se verificar por que é que ainda não foi possível os agricultores terem recebido essas verbas e por que é que demoraram tanto tempo numa situação de emergência", declarou o dirigente da CAP.

No âmbito de uma reunião plenária da Comissão Permanente de Concertação Social sobre o plano de combate à seca, em Lisboa, Eduardo de Oliveira e Sousa expôs que "os agricultores tiveram de vender animais, há animais que morreram à fome ou à sede, há agricultores que estão falidos por causa da seca".

O representante frisou que tinha alertado "há meses" o Governo para o problema, considerando que a situação de seca poderia ser classificada como calamidade, já que "localmente há pessoas que vivem uma tragédia de falência".


Segundo o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, que também falou após a reunião, a primeira medida adoptada no âmbito da situação de seca foi a atribuição de "apoios aos agricultores para captações e transporte de água". "O Governo disponibilizou 15,3 milhões de euros, correspondentes a 1771 candidaturas", avançou o ministro, acrescentando que esse apoio será atribuído.

Capoulas Santos lembrou ainda que foi aberta uma linha de crédito de cinco milhões de euros para alimentação animal, foram antecipados vários pagamentos da Política Agrícola Comum na ordem dos 500 milhões de euros, foram distribuídas mais 4500 toneladas de alimentos para pequenos e grandes ruminantes e foram distribuídas 200 toneladas de açúcar para as abelhas.

Canábis pode ser legalizada em Portugal amanhã (saiba o que está em causa)


O movimento pró-legalização da canábis, em especial para fins medicinais, tem crescido de forma sustentada em Portugal nos últimos anos. A planta continua a ser ilegal, mas o Infarmed aprovou plantações para exportação, duas das quais este ano.
10/01/2018

Texto de Ana Rita Guerra

«Acreditamos que o enorme potencial terapêutico da canábis, aliado aos ótimos resultados económicos e sociais que se têm verificado a nível mundial, têm feito eco na Europa, e vários países europeus já legalizaram a canábis para fins medicinais», indica à NM a Cannativa – Associação de Estudos sobre a Canábis, que foi fundada em 2017 para estudar os efeitos da planta e educar a sociedade civil.

É com isso em mente que o Bloco de Esquerda voltou à carga com iniciativas legislativas, depois de tentativas que não surtiram efeito no passado. O PAN também vai apresentar um projeto de lei no Parlamento, enquanto o PCP vai fazer recomendações ao governo para que estude mais aprofundadamente a questão. As votações sobem ao plenário para votação na quinta, 11 de janeiro.

Os projetos de lei do Bloco de Esquerda e PAN visam dar enquadramento legal à venda de canábis para uso medicinal nas farmácias portuguesas, assim como o cultivo pessoal.

Durante a Cannadouro – Feira Internacional do Cânhamo do Porto, que decorreu em novembro, o deputado Moisés Ferreira anunciou uma audição publica para discutir a questão.

Esta audição decorreu em dezembro com o objetivo último de aprovar um projeto de lei que permita a venda de canábis para uso medicinal nas farmácias portuguesas, e outro que enquadre o cultivo pessoal.

A Cannativa tem apoiado o BE na elaboração do projeto de lei. «Temos disponibilizado dados, conhecimento e uma opinião técnica sobre o que deve constar no projeto de lei, sendo que o nosso objetivo é o de salvaguardar os direitos dos pacientes», explica a associação.

A associação vê a legalização da planta como uma oportunidade de revitalizar a agricultura e repovoar o interior do país, acabando com o tráfico ilegal.

«Vamos desenvolver campanhas de uso responsável, numa perspetiva de redução de riscos, tendo em vista evitar a banalização e assegurar um consumo informado e consciente para adultos, em parceria com especialistas de renome na área, desde médicos a psicólogos», acrescenta.

A associação vê a legalização da planta como uma oportunidade de revitalizar a agricultura e repovoar o interior do país, acabando com o tráfico ilegal. Para evitar um risco de monopólio de grandes multinacionais, explica a associação, é preciso que haja mais transparência e igualdade de direitos para todos os produtores (portugueses ou estrangeiros), independentemente do capital por trás do investimento.

Os especialistas encaram o cânhamo industrial como uma alternativa sustentável ao eucalipto, visto que oferece mais produtividade que qualquer tipo de árvore para a indústria da pasta de papel.

Há ainda outro ângulo relevante: os especialistas encaram o cânhamo industrial como uma alternativa sustentável ao eucalipto, visto que oferece mais produtividade que qualquer tipo de árvore para a indústria da pasta de papel.

Este derivado da canábis sativa tem potencialidades ao nível dos têxteis e fibras, além de cosméticos, óleos terapêuticos e suplementos alimentares – porque contém elevados teores de CBD e apenas vestígios de THC, a componente psicotrópica.

Esta última questão é relevante: nos cultivos legais de cânhamo, o limite de THC é de 0,2%. O problema é que as condições climatéricas podem fazer com que as mesmas plantas que cumprem o limite no norte da Europa atinjam os 0,9% em Portugal.

Os países do sul da Europa estão em desvantagem pelo seu clima natural, o que leva associações como a Cannativa a defenderem limites mais elevados. Por exemplo, subir para 1% não tem impacto psicoativo, mas permitirá uma concorrência séria dos produtores portugueses – se os projetos do BE forem aprovados.

E no resto da Europa?
O consumo medicinal e a descriminalização estão a varrer a Europa. A Grécia e a Alemanha legalizaram para fins terapêuticos em 2017, tal como já acontece na Finlândia e na República Checa há alguns anos, e em Espanha há clubes sociais onde se consome marijuana.

O último relatório da britânica Prohibition Partners prevê que, dentro de cinco anos, o mercado de marijuana represente 56,2 mil milhões de euros na Europa, liderado pela portentosa Alemanha.

Corticeira Amorim compra 70% da sueca Elfverson por 5,5 milhões de euros

A Corticeira Amorim adquiriu 70% do capital social da Elfverson por 5,5 milhões de euros. Relativamente ao remanescente, há "uma opção de venda por parte da vendedora (a sociedade sueca Vätterledens Invest AB) e uma opção de compra por parte da Amorim Bartop exercíveis a partir de 2020".

10 de janeiro de 2018 às 07:59

A Corticeira Amorim adquiriu 70% do capital social da empresa sueca Elfverson, que produz tops de madeira de alta qualidade para rolhas capsuladas e que é detida, desde a década de 1990 pela Vätterledens Invest AB. No âmbito desta operação, a empresa portuguesa pagou 5,5 milhões de euros, de acordo com a informação presente no site da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"A Corticeira Amorim, através da sua participada Amorim Bartop – Investimentos e Participações, S.A. - que integra a Unidade de Negócios (UN) Rolhas, desenvolvendo e produzindo rolhas capsuladas para o segmento de bebidas espirituosas - celebrou um acordo para a aquisição da sociedade ELFVERSON & Co AB, com sede em Påryd, Suécia", pode ler-se no comunicado.

"Nos termos do acordo celebrado, são adquiridos 70% do capital social da ELFVERSON & Co AB, pelo montante de cerca de 5,5 milhões de euros", é ainda referido.

Os 30% da empresa sueca que não foram adquiridos pela empresa portuguesa de cortiça poderão passar, ainda assim, para a Corticeira Amorim a partir de 2020. "Sobre os restantes 30% recai uma opção de venda por parte da vendedora (a sociedade sueca Vätterledens Invest AB) e uma opção de compra por parte da Amorim Bartop – Investimentos e Participações, S.A., exercíveis a partir de 2020, por um preço que, tendo por base o valor já pago pelos primeiros 70%, dependerá ainda da evolução da performance da Elfverson & Co AB nos próximos anos".

No exercício de 2017, a Elfverson – cujas rolhas capsuladas (bartops) são usadas pelos "grandes grupos da indústria de bebidas espirituosas" – registou um volume de negócios de cerca de 4,8 milhões de euros, segundo a informação presente na CMVM.

"Através desta operação, a UN Rolhas adquire uma participação relevante numa empresa com um portefólio de produtos premium e uma carteira de clientes de relevo que pretende desenvolver, reforçando também as fontes de abastecimento de tops de madeira de reconhecida qualidade, o que permitirá acompanhar o crescimento das necessidades dos seus clientes no segmento das rolhas capsuladas", pode ler-se ainda no comunicado.

Numa nota do Caixa BI, a que o Negócios teve acesso, o analista Carlos Jesus sublinha que a Corticeira Amorim "adquire uma participação relevante numa empresa com um portefólio de produtos premium e uma carteira de clientes de relevo que
pretende desenvolver, reforçando também as fontes de abastecimento de tops de madeira de reconhecida qualidade, o que permitirá acompanhar o crescimento das necessidades dos seus clientes no segmento das rolhas capsuladas".

"Salienta-se ainda que a Corticeira Amorim apresenta uma sólida situação financeira, o que permite alavancar o seu crescimento", acrescenta ainda o CaixaBI.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Fogos e seca fazem disparar emissões de CO2 para recorde da década


7/1/2018, 15:34165

Emissões de dióxido de carbono dispararam 20% no ano passado para um nível recorde na década. É o duplo efeito da seca que obrigou a usar centrais térmicas para substituir as renováveis e dos fogos.


O ano passado não fica na história como um marco para as energias renováveis em Portugal. Ao contrário do que aconteceu em 2016, quando o país viveu durante quatro dias apenas de eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, 2017 fica marcado pelo recuo significativo nesta produção que no ano anterior tinha abastecido 64% do consumo em Portugal.

Em 2017, a produção de fontes renováveis, sobretudo água e vento, chegou apenas para responder a 44% da procura nacional de eletricidade, de acordo com números avançados pela associação ambientalista ZERO e a APREN (Associação das Empresas Portuguesas de Energias Renováveis). A energia produzida pelas barragens foi a grande responsável por esta queda, que é explicada sobretudo pelos efeitos da seca e pelas restrições à geração hidroelétrica de modo a preservar os recursos para o consumo humano. Outro resultado desta limitação foi a energia eólica ter ultrapassado no ano passado a produção hídrica, tendo sido a principal fonte renovável.


A consequência imediata deste cenário foi o aumento da produção de eletricidade com origem fóssil, com recurso a carvão e ao gás natural que no ano passado atingiu um recorde de consumo. Esta necessidade foi responsável por um acréscimo de quatro milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, segundo os dados da ZERO e APREN.

Mas este nem terá sido o principal contributo para as emissões de CO2 que, segundo as duas associações, atingiram o maior nível desta década, com um aumento de 20% em relação ao ano anterior.

"As emissões associadas à produção de eletricidade não renovável no ano de 2017, foram de aproximadamente 19,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono, um aumento de cerca de 4 milhões de toneladas em relação ao mesmo período do ano passado (+25%). Com os efeitos da seca na produção de eletricidade e com grandes áreas ardidas, o ano de 2017 é o ano com maiores emissões de gases com efeito de estufa em Portugal desde o início da década. Em 2017 por cada kWh consumido foi emitido 360 g de CO2″.

Apesar da queda do peso das renováveis no mix de produção e consumo, a APREN e a ZERO destacam os "benefícios significativos" das renováveis no ano passado como o contributo para reduzir o preço médio da eletricidade no mercado grosssista com um benefício estimado de 727 milhões de euros. E poupanças de 770 milhões de euros na importação de combustíveis. Aliás outro dos efeitos da queda da produção renovável na Península Ibérica foi precisamente o aumento dos preços no mercado grossista.

Assinalando que 2017 foi um "ano cheio de desafios para o setor", as duas associações consideram que a seca extrema fez veio demonstrar a necessidade de um mix energético diversificado (várias tecnologias de produção de eletricidade), de bombagem e de interligações com outros países. E pedem uma aposta "consistente" nas energias endógenas e renováveis para aumentar a independência energética e cumprir os acordos de Paris.

Seca: Alqueva pode levar água a mais albufeiras pequenas


Quem o diz é o ministro do Ambiente, que alerta os agricultores para darem indicação das suas necessidades até final de janeiro

2018-01-09 15:52 / MM

O ministro do Ambiente defendeu esta terça-feira que o Alqueva pode levar água a muitas outras albufeiras mais pequenas no sul do país e realçou que os agricultores devem indicar as suas necessidades até final de janeiro.

O "Alqueva tem, de facto, uma grande capacidade para que, de forma programada, possa levar a água a um número muito vasto de outras albufeiras de menor dimensão", nas bacias hidrográficas do Sado e do Guadiana, apontou João Matos Fernandes.

O governante falava aos jornalistas no final da reunião da Comissão Permanente do Conselho Económico e Social (CES), que reúne representantes do Governo, das empresas e dos trabalhadores, com confederações e centrais sindicais, e que teve como tema o balanço do plano de combate à seca.

Já no final de janeiro os agricultores e as associações regantes vão ter de dizer qual a quantidade de água de que precisam", referiu o ministro.

Esta transferência de água é paga pelas associações de regantes e, no ano passado, "ficámos todos à espera, na expectativa da chuva e isso não pode acontecer" este ano, realçou.


João Matos Fernandes afirmou que no final de janeiro ou início de fevereiro "tem de ficar completamente definida" qual a quantidade de água transferida para cada uma das bacias hidrográficas de maneira a que não existam os problemas registados no último ano.

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que também participou na reunião, disse ter sentido "alguma retração" do ministro do Ambiente relativamente à necessidade de Portugal constituir mais capacidade de reservas de água.

"Creio que é evidente que nós precisamos de equacionar, melhorar as condições de reservar água" de forma a garantir a qualidade e quantidade para o abastecimento urbano, mas também assegurar uma regularidade do abastecimento de água aos sistemas de agricultura, referiu Eduardo Oliveira e Sousa.

Precisamos de soluções como o Alqueva noutras regiões do país", acrescentou o representante dos agricultores.

Também o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, apontou a capacidade de distribuição de água do Alqueva, que foi concebido para cerca de 120 mil hectares e vai abranger mais 50 mil, ou seja, "com a mesma água [vai] regar mais área".

Apesar da seca, agricultura cresceu em 2017


09 DE JANEIRO DE 2018 - 14:33

O ministro da Agricultura adianta que a produção agrícola cresceu 7% e as exportações aumentaram 12%, no último ano.



Luís Capoulas Santos afirmou que, apesar da seca, a agricultura portuguesa produziu mais em 2017. No final da reunião da Concertação Social, esta terça-feira, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural classificou o último ano como "globalmente positivo" para o setor.

"Se há atividades, como por exemplo a pecuária, que têm sofrido bastante, há outras atividades em que o ano agrícola foi excecional", afirmou o ministro. "O aumento da produção agrícola em Portugal em 2017 foi de mais 7% e as nossas exportações agrícolas cresceram 12% nos primeiros dez meses do ano".

Capoulas Santos destacou os bons resultados conseguidos em atividades como a produção de frutas, hortícolas e vinho.


O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, destacou o aumento da produção e das exportações no setor

O ministro afirma que é difícil quantificar os impactos negativos no setor, lembrando que não houve uma aliteração significativa dos preços dos produtos, mas acredita que os prejuízos registados não são determinantes em termos globais.

Já o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, considerou que Portugal soube enfrentar a seca da melhor maneira. Matos Fernandes afirma que a ação do Governo impediu que faltasse água nas torneiras.

"A situação de seca foi uma situação sem precedentes neste país", afirmou Matos Fernandes. "Não faltou a água na torneira de ninguém. Tivemos um plano e cumprimo-lo", sublinhou.

O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, lembra que o abastecimento de água se manteve durante a seca

Ainda assim, o ministro do Ambiente reafirmou que a seca é um problema estrutural com que o país terá de aprender a viver e destacou algumas medidas que irão ser tomadas, como a dragagem de até 10 barragens no sul do país.

Seca. Agricultores dizem que ajuda do Governo “ainda não chegou”


09.01.2018 às 13h53

Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal refere que "o apoio efetivo pago, neste momento, é de cerca de 20 e poucos mil euros de 15 milhões potenciais que foram colocados à disposição" pelo Governo

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) diz que a ajuda do Governo para a situação de seca "ainda não chegou", revelando que dos 15 milhões de euros anunciados apenas foram pagos cerca de 20 mil euros.

"Quem sentiu e está ainda a sentir na pele os efeitos da seca dramática que Portugal atravessa são os produtores pecuários", afirma o presidente da CAP, Eduardo de Oliveira e Sousa, indicando que os agricultores "solicitaram ajuda no início da primavera do ano passado, ajuda essa que ainda não chegou" quando já começou o ano de 2018.

De acordo com o representante dos agricultores, "o apoio efetivo pago, neste momento, é de cerca de 20 e poucos mil euros de 15 milhões potenciais que foram colocados à disposição dos agricultores".

"Alguma coisa correu mal e isso tem que ser analisado, tem que se verificar porque é que ainda não foi possível os agricultores terem recebido essas verbas e porque é que demoraram tanto tempo numa situação de emergência", declarou esta terça-feira o dirigente da CAP.

São precisos “dois meses de chuva como hoje” para acabar com a seca


O ministro do Ambiente afirmou esta terça-feira que só com dois meses seguidos de chuva como a que está a cair hoje é que será possível inverter a situação de seca. O maior problema agora é a Sul, mas as chuvas dos últimos dias já permitirão chegar até Abril "sem sobressaltos".
São precisos "dois meses de chuva como hoje" para acabar com a seca
Reuters

Filomena  Lança Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt
09 de janeiro de 2018 às 13:21

As chuvas que estão a cair nos últimos dias deixam algum conforto, mas estão longe de ser suficientes. Para que se inverta a situação de seca que uma parte significativa do país ainda atravessa, seriam precisos "dois meses de chuva como hoje", afirmou esta terça-feira, 9 de Janeiro, o ministro do Ambiente.

Matos Fernandes falava aos jornalistas no final da primeira reunião de concertação social de 2018 que teve como tema o combate à seca. O objectivo foi fazer um balanço das medidas já tomadas pelo Executivo e  que "permitiram que grande parte das culturas tivesse sido levada até ao fim" e, por outro lado, "preparar o melhor possível o próximo ano".

Graças às chuvas de Dezembro e agora deste início de Janeiro, acima do Tejo já não existe seca, mas a Sul esta mantém-se intensa, sobretudo na bacia hidrográfica do Sado, onde  a quantidade de água das barragens "em pouco ultrapassa os 20%", referiu Matos Fernandes. Ainda assim, as reservas que há agora permitirão chegar "até Abril sem sobressaltos". Depois disso, as chuvas de Abril e Maio serão determinantes.

Pouco depois, também à saída da reunião, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa partilhou as preocupações: "A chuva de hoje serve para dar de beber às plantas, mas não é suficiente para achar que a seca é uma situação do passado", avisou.

Agricultores têm de dizer a quantidade de água de que precisam este ano

A sul, Alqueva é a resposta à seca. A barragem "tem uma grande capacidade" e poderá levar a água onde for precisa "desde que de forma programada". Assim, alertou o ministro do Ambiente, já no final de Janeiro os agricultores e associações de regantes "vão ter de dizer a água que precisam". Como esta água é paga, no ano passado ficaram à espera que chovesse e a programação não ocorreu da melhor forma. Para este ano, "no final de Janeiro tem de ficar definida a quantidade de agua a transferir paras as bacias hidrográficas", sublinhou.

Aos consumidores e agricultores, José Matos Fernandes deixou um alerta: daqui para a frente a palavra de ordem tem de ser "adaptar". "Temos mesmo de nos adaptar a um tempo com menos água. Todos nós, consumidores comuns e agricultura, que consome 80% da água. É essencialmente esse o caminho".

E é já no sentido da adaptação às alterações climáticas que vai o plano nacional de regadios preparado pelo Ministério da Agricultura, afirmou, por sua vez, o ministro Capoulas Santos, também em declarações no final da concertação social.

"O Alqueva foi concebido para regar 120 mil hectares e nós vamos acrescentar-lhe mais 50. Por forma a dar respostas de forma sustentada", exemplificou o ministro. Capoulas Santos lembrou mesmo que em 2017 "o ano agrícola foi positivo, ainda que de forma assimétrica" e as explorações agrícolas registaram crescimentos, como "o vinho e o azeite, que no regadio teve aumentos muito grandes de produção porque no regadio foi possível manter toda a campanha de rega até ao fim". A produção agrícola do país aumentou 7%, mas no entanto, houve sectores muito afectados, nomeadamente o do arroz no Vale do Sado e o sector pecuário. "Houve pessoas que foram obrigadas a vender os seus animais" e que tiveram prejuízos difíceis com quantificar, disse o ministro.

Ajudas prometidas não chegam aos agricultores, diz a CAP

"Temos de melhorar as condições de reserva de água para assegura água para o abastecimento urbano e assegurar uma regularidade de abastecimento de água para a agricultura", alertou Eduardo Oliveira e Sousa. E Alqueva não é resposta para tudo, porque "precisamos de soluções para outras zonas como as de Trás-os-Montes, Beira Interior ou zonas do Alentejo onde Alqueva não chega".

Por outro lado, frisou o representante dos agricultores na Concertação Social, "a seca é muito mais do que isso" e há o caso dos produtores pecuários, cujos animais "passaram fome e sede dias a fio".

Houve "pessoas que solicitaram ajuda na Primavera do ano passado e ainda não chegou", denunciou o presidente da CAP. Em 2017, "há 20 e poucos mil euros, de 15 milhões potenciais que foram colocados à disposição dos agricultores. Alguma coisa correu mal", lamentou. "Porque não receberam e porque demora tanto tempo numa situação de emergência? Os agricultores tiveram que vender animais". 

As linhas de crédito anunciadas pelo Governo também não são resposta porque, diz Eduardo Oliveira e Sousa, "nós sabemos o que os bancos fazem com pessoas que têm problemas à sua frente" e "localmente há pessoas que vivem uma tragédia", rematou.

Governo anuncia apoios suplementares aos produtores florestais


08 DE JANEIRO DE 2018 - 19:11
Capoulas Santos garante 4 euros extra por tonelada para a madeira vendida a, pelo menos, 25 euros e ainda um apoio de 3 ou 3,5 euros para quem guarde a madeira por um período mínimo de nove meses.

O ministro da Agricultura apresentou medidas para apoiar produtores florestais prejudicados pelos incêndios, que visam evitar que a madeira seja vendida a um preço muito baixo. Capoulas Santos lembra que o excesso de oferta que se verificou a seguir aos fogos fez cair o preço pago aos produtores.

"Iremos atribuir aos produtores florestais uma ajuda de 4 euros por tonelada, desde que a madeira seja adquirida a um preço mínimo de 25 euros. Quer dizer que aos produtores não será pago um valor inferior a 29 euros. Será ainda atribuído um apoio de 3 ou 3,5 euros por tonelada para aquela madeira que for depositada nestes parques e que neles fique estacionada pelo menos nove meses, para evitar que com o excesso de oferta imediata que se verifica houvesse um enorme aviltamento dos preços."


Com estes apoios, diz o ministro da Agricultura, o governo espera proteger os produtores e garantir que nos próximos anos o país não terá de importar madeira.

"Visa dar resposta ao problema enorme das árvores que arderam e cujo valor económico se vai depreciar rapidamente se as árvores não forem cortadas e tratadas, sobretudo a madeira nobre, que tem importância para a indústria do mobiliário, em que o país é deficitário. Seria uma pena perder-se este ativo. É a melhor forma de garantir o melhor preço possível aos produtores, garantir que nos próximos anos a indústria vai ter as suas necessidades satisfeitas e que não vai ser preciso importar."

Capoulas Santos explica os objetivos das medidas

Sobre a polémica no suposto atraso na entrega dos vales de indemnização, Capoulas Santos diz que não faz qualquer sentido valorizar uma demora de um ou dois dias nos pagamentos das indemnizações a alguns agricultores afetados pelos incêndios.

CTT: Agricultores começam a receber vales postais a 10 de Janeiro

Os Correios esclareceram que os vales postais com o valor das indemnizações para os agricultores afectos pelos incêndios de Outubro vão estar disponíveis a partir de 10 de Janeiro.


08 de janeiro de 2018 às 16:34

Os agricultores sem conta bancária afectados pelos incêndios de Outubro vão começar a receber a indemnização através de vales postais a partir do dia 10 de Janeiro. A informação foi adiantada pelos CTT numa nota de esclarecimento enviada às redacções.


"Os CTT informam que os vales postais contendo as indemnizações para os agricultores afectados pelos incêndios têm a data de emissão da próxima quarta-feira, 10 de Janeiro, data articulada e programada com o IFAP - Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, não existindo qualquer atraso", sublinha a empresa.


Os Correios garantem ainda que "nesse mesmo dia, 10 de Janeiro, os CTT procederão à distribuição da totalidade dos vales postais, ficando os mesmos imediatamente disponíveis para o respectivo pagamento em qualquer um dos cerca de 2.300 pontos de acesso dos CTT ou para depósito bancário".


A nota de esclarecimento surge no seguimento das notícias que davam conta que os agricultores iriam começar a receber a partir desta segunda-feira, 8 de Janeiro – data que tinha sido apontada pelo Ministério da Agricultura.


Na semana passada, o ministério defendeu ainda que os 3.782 agricultores - (65% do total) -afectados pelos incêndios na região Centro a 15 e 16 de Outubro do ano passado - são os que não têm conta bancária. Estes agricultores vão receber por vale postal 75% da verba que lhes foi atribuída, com os restantes 25% a serem atribuídos após uma validação dos serviços no terreno.

Incêndios: Governo vai disponibilizar 10 milhões para a criação de parques de madeira

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, disse esta segunda-feira que o Governo vai apoiar a criação de parques de madeira, com um montante total de 10 milhões de euros.

08 de janeiro de 2018 às 19:35

"O Governo irá apoiar a criação de dois tipos de parques de madeira. Um, aquele que é a nossa principal prioridade neste momento, dedicado à madeira de serração e, para isso, [será concedido] um apoio financeiro de quatro euros por tonelada aos produtores [...] e um apoio de três euros por tonelada aos parqueadores, desde que, quer no pagamento ao produtor, quer na entrega no parque, sejam respeitados preços mínimos de 25 e 46 euros, respectivamente", referiu Capoulas Santos. 

Em declarações aos jornalistas, no Ministério da Agricultura, em Lisboa, Capoulas Santos adiantou que também será atribuído um montante para a criação de parques para a madeira que se destina à trituração, no valor de um euro e meio por tonelada, até um limite de 250 mil euros por parque.

O objectivo desta medida é garantir a retirada de madeira de pinho dos terrenos ardidos durante os incêndios de 2017, de forma a "salvaguardar um património", que se deteriorará se não for tratado, adiantou o ministro. 

"[Através] dos contactos que têm vindo a ser estabelecidos concluímos que, pelo interesse manifestado pelos representantes desta fileira, autarquias, organizações de produtores e associações podemos aspirar vir a criar, a curto prazo, entre 25 a 30 parques de madeira no caso da serração e, pelo menos, seis no que diz respeito à madeira de trituração", acrescentou.

Por sua vez, o secretário de Estado das Florestas, Miguel de Freitas, indicou que o período de candidaturas se prolonga durante o mês de Janeiro. "Durante o mês de Janeiro vão estar abertas, em contínuo, as candidaturas aos parques de serração, isto é, cada vez que um parque [se candidatar], será feita a vistoria para aprová-lo. Para os parques de trituração, temos um prazo até ao dia 30 de Janeiro, para a apresentação das candidaturas", concluiu.   

sábado, 6 de janeiro de 2018

"Vamos limpar 10 barragens até junho para aumentar as reservas"



O secretário de Estado esteve na entrega de carros elétricos às Águas de Portugal  |  ORLANDO ALMEIDA / GLOBAL IMAGENS
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Ao volante de um dos 127 carros elétricos, ontem entregues às Águas de Portugal (AdP), com financiamento do Fundo Ambiental, o secretário de Estado do Ambiente falou com o DN sobre a seca e como o país se prepara para evitar novas situações extremas como foi o abastecimento da albufeira de Fagilde, em Viseu.

Tendo em conta que a seca é já uma consequência das alterações climáticas, Carlos Martins sublinhou a importância de mudar a frota automóvel para emissões zero. Pela primeira vez ao volante de um carro elétrico, mostrou-se mais à vontade do que a gerir a passagem nas portagens da A2, entre Setúbal e a ETAR da SIMARSUL, na Quinta do Conde, Sesimbra. Fica a nota de que à parte de não se ouvir nenhum ruído do carro, não se notaram diferenças na condução.

Como está a situação de seca?

Poderemos considerar que a norte do Tejo há um certo alívio, com uma maior capacidade de reserva, graças à precipitação e com as necessidades agrícolas e de regas a ficarem reduzidas. A sul do Tejo a situação é melhor. Do ponto de vista das reservas em albufeiras, diria que a situação mantêm-se com vigilância e crítica.

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Situações como a de Fagilde estão já resolvidas?

Até abril é muito normal que a situação que estávamos a viver não volte a ter paralelo. Nessa altura vamos ter de diagnosticar qual é a reserva para o período mais seco e tomaremos decisões de outras medidas. O que pode acontecer é que até abril a precipitação acabe por estar em linha com os consumos, mas a barragem tem uma capacidade de reserva, mesmo cheia, para um período relativamente pequeno. Se ela não estiver praticamente acima dos 75% pode vir a dar problemas no final do verão.

Estão a ser estudadas alternativas para resolver a situação de Fagilde?

Através do grupo AdP, houve um trabalho técnico no sentido de encontrar alternativas em albufeiras de outros sistemas nomeadamente as Águas do Norte e as Águas do Planalto. Alternativas que do ponto de vista do financiamento, até poderiam vir a ser financiadas pelas AdP, mas para isso era necessário que os municípios decidissem aderir a uma decisão multimunicipal. No dia 10, os municípios terão uma reunião na Secretaria de Estado e vão tomar a posição que julgarem mais adequada. De qualquer maneira se optarem por serem eles a promover as obras, poderão candidatar-se - com uma solução sempre de natureza intermunicipal - a um aviso PO SEUR, que já está aberto, no valor de 75 milhões de euros, dos quais poderão vir a ter um valor entre os 20 e os 22,5 milhões de euros. Se for através das AdP, podem avançar desde já, porque as AdP têm capacidade financeira para promover algumas obras, sem prejuízo de fazer candidaturas a fundos comunitários.

Há mais casos como Fagilde?

Estamos com um calendário de várias medidas. Na próxima semana haverá reuniões com as ARH [Administração das Regiões Hidrográficas] no sentido de identificar albufeiras que ao longo dos últimos 40, 50 anos nunca foram objeto de dragagem e que têm um volume reduzido, com solos que estão no seu fundo, que pode ser dragado, aumentando a sua capacidade útil em 20 a 30%. A ideia é que possamos fazer algum desse trabalho até junho, aproveitando as albufeiras estarem com menos água, sendo mais fácil e barato. Estamos também a promover pelas ARH - até ao final do ano -, a elaboração de planos de contingência, com inventários das águas subterrâneas e dos sistemas antigos de natureza semipúblico. Estes sistemas permitiriam com uma boa manutenção, assegurar que têm qualidade para o abastecimento público e energia quando ela é precisa. Permitindo que em situações de constrangimentos noutros sistemas vir a utilizar os antigos como reforço. Através da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] vamos realizar um plano estratégico nacional para a reutilização das águas residuais tratadas nas 50 maiores ETAR, responsáveis por tratar 80% dos caudais, vamos fazer um programa de ação, no sentido de poder durante o ano de 2019 financiar projetos para a reutilização de águas tratadas. Num primeiro período de cinco anos pretendemos atingir 10%, e nos cinco anos seguintes os 20%. Durante 2018, vais ser também aprovado um novo regulamento quer dos sistemas prediais de água, quer dos sistemas públicos que vão permitir soluções mais inovadoras, com vista a possibilitar a reutilização sem constrangimentos técnicos ou o uso de dispositivos em casa que permitam um uso mais eficiente da água. Queremos ainda, através de um aviso do PO SEUR pôr à disposição dos municípios 20 a 30 milhões de euros para o controlo de perdas...

...há a consciência que existem muitas perdas dos municípios.

E é uma constatação. Importa também dizer que essas perdas não podem ser todas imputadas a perdas físicas, porque muitas delas são perdas comerciais. Ou seja, há um conjunto que são de facto perdas físicas, de má utilização da água em determinados usos, outras são perdas em que as câmaras, entidades gestoras, acabam por prestar serviços em determinadas instalações que não dispõem ou de contadores para depois serem debitados ou o próprio sistema comercial não funciona devidamente. A não substituição regular de contadores pode induzir perdas 5 a 10%.

Com o somatório de todas estas medidas, pensamos encontrar uma capacidade de poupança que nos permita atravessar períodos críticos com maior tranquilidade. Vamos manter as campanhas de comunicação e de sensibilização para o uso eficiente por parte dos cidadãos e se cada um de nós, tiver um comportamento mais adequado a lidar com a água nas nossas casas, podemos facilmente poupar valores entre 15 a 20%, que somados no contexto nacional podem representar o adiamento de investimentos significativos que permitem com as infraestruturas já existentes ultrapassar períodos críticos.

Falou de albufeiras que não são dragadas há anos. Qual é a estimativa para o número de intervenções?

Algumas nunca foram dragadas. Já identificamos três passíveis de intervenção pela ARH Alentejo, porque essa já entregou o trabalho, as outras têm como prazo para entregar o trabalho, a próxima sexta-feira. Mas a nossa expectativa é que esse número possa andar próximo de 10 albufeiras e estamos muito motivados para, nessas, intervirmos até ao final do mês de junho.

Há razão para manter a desconfiança em relação a Espanha e o cumprimento dos caudais dos rios ibéricos?

Do ponto de vista dos caudais eles têm vindo a ser respeitados, têm vindo a ser monitorizados e muito acompanhados pela APA e, portanto, não há motivos para pensar que do ponto de vista quantitativo não há cumprimento do acordo. Há aspetos qualitativos que teremos que estar atentos, há evidências que sobretudo o fósforo apresenta valores acima daquilo que seria desejável.

Em todos os rios?

De uma maneira geral o fósforo, mercê até da difusão que resulta da atividade agrícola, acaba por ser sempre mais difícil de controlar e a sua ocorrência nas análises, mostra algum caráter crítico. Quase sempre acima daquilo que era desejável. Temos encetadas conversações, no sentido, de fazer uma reflexão em torno dos aspetos qualitativos. Para já, não há evidência que as autoridades espanholas não estejam a cumprir as disposições que regulam a relação entre os nossos dois países e, portanto, vamos manter essas conversações ao nível que julgamos adequado.

Herdade Maria da Guarda bate novo recorde de produção de azeite

 Herdade Maria da Guarda 1 / 2D.R. Virgínia Alves 05.01.2018 / 08:39 

Produção total da Herdade Maria da Guarda representa na campanha 2017/18 cerca de 2% da produção nacional. 

A Herdade Maria da Guarda bateu um novo recorde de produção, com 2 milhões de quilos de azeite, e dessa forma a campanha 2017/18 representa cerca de 2% da produção nacional, o que mantém esta a casa agrícola do Alentejo no top dos produtores portugueses. Para João Cortez de Lobão, acionista da Casa Agrícola Cortez Lobão, "num ano em que muitos setores da agricultura foram fortemente afetados pela seca, conseguimos ter uma colheita muito boa e aumentar novamente a produção de azeite na Herdade Maria da Guarda. 

Voltamos a focar-nos na exportação e notamos uma maior procura internacional, que reconhece a qualidade do nosso azeite e que não consegue produzir em quantidade suficiente". 
O azeite produzido destina-se na totalidade à exportação, tendo como principais mercados Itália – o maior exportador do mundo de azeite embalado, mas que tem registado sucessivas quebras de produção própria. Os grandes embaladores italianos têm cada vez mais vindo procurar em Portugal azeite de qualidade superior. O acionista acrescenta, que "a Olivum, de que a Herdade Maria da Guarda faz parte, deverá ter registado entre os seus associados um valor recorde superior a 250 milhões de euros de produção na presente campanha". 

E, adianta que "este é claramente um sector em crescimento que contribui fortemente para a produção agrícola nacional e consegue atrair novos talentos para o sector e criar mais emprego na região". Planta mais 120 mil oliveiras Os valores de produção desta campanha estão associados a um ciclo de investimentos efetuados pela Herdade Maria da Guarda num valor a rondar os 5 milhões de euros, consubstanciados na aquisição de mais terrenos na região; na plantação de mais 120 mil oliveiras – aumentando o olival para 1,3 milhões de oliveiras –; na aquisição de uma máquina "apanhadora cavalgante" e de dois novos tratores, para além da contratação de novos colaboradores. 

Este novo investimento "vai-nos permitir aumentar o olival, beneficiar diretamente a produtividade e a rapidez com que apanhamos a azeitona e a transportamos para o lagar, preservando a qualidade da azeitona, e aumentar a eficiência da capacidade instalação do nosso lagar", conclui João Cortez de Lobão. Também conhecido por "ouro líquido", o azeite é um dos produtos com mais qualidade produzidos em Portugal e a Herdade Maria da Guarda, pela sua dimensão, volta a ser responsável por cerca de 2% da produção nacional, reforçando assim a sua posição enquanto empresa portuguesa independente, das maiores e mais eficientes na produção de azeite. 

Em conjunto com o seu lagar, o olival produz 100% de azeite virgem extra, de qualidade superior e com acidez entre 0,2 e 0,5%. A Herdade Maria da Guarda contribui também para uma pegada ecológica positiva. As 1,3 milhões de oliveiras da Herdade Maria da Guarda produzem anualmente oito toneladas de oxigénio para o país. Cada duas oliveiras, por exemplo, limpam da atmosfera a poluição anual de um automóvel. e bate novo recorde de produção Situada no Alentejo, a Herdade Maria da Guarda beneficiada pelos canais de distribuição de água da Barragem do Alqueva e pelo tipo de olival em sebe que aumentou e está plantado ao longo de 2000 km de mangueiras de rega gota-a-gota nos seus terrenos, conseguiu obter melhorias de eficiência na presente campanha.

Primeiro-ministro defende revitalização do interior e critica fecho de serviços

"Quem defendeu e decidiu o encerramento está hoje na primeira linha da defesa da reabertura desses serviços", declarou António Costa.

LUSA 5 de Janeiro de 2018, 18:47 Partilhar notícia


O primeiro-ministro, António Costa, defendeu nesta sexta-feira, em Lisboa, a revitalização do interior do país e criticou o encerramento de serviços por anteriores governos, nomeadamente na área da Justiça.

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"Relativamente ao interior - que hoje toda a gente diz que tem de estar no centro das prioridades - convém lembrar que ainda há muito pouco tempo, as decisões que eram tomadas eram do encerramento dos serviços", disse o primeiro-ministro durante a cerimónia de apresentação das cinco carrinhas do Espaço Cidadão Móvel, que vão percorrer o país.

"Vejo com grande satisfação que mesmo quem na altura defendeu e decidiu o encerramento desses serviços está hoje na primeira linha da defesa da reabertura desses serviços", declarou António Costa. António Costa citou como "caso exemplar" o que aconteceu na área da Justiça: "Depois de uma reforma judiciária que encerrou muitos tribunais, foi possível abrir mais 20 novos juízos de proximidade, alargar o número de actos que podem ser praticados e, ao fim de um ano, podemos verificar que foram atendidas presencialmente mais de 45 mil pessoas e realizados mais de mil julgamentos" nestas instâncias.

Para o governante, os números mostram que os serviços eram efectivamente necessários. "E são necessários. E se queremos revitalizar esta zona do nosso território, a primeira condição que temos de ter é não retirar o Estado desse território", frisou.

"Quando começamos a retirar o Estado temos menos um motivo para que as pessoas possam viver nesse território. Num território onde as pessoas não vivem é um território onde não há vida e que naturalmente vai falecer", acrescentou.

As carrinhas dotadas de serviços públicos vão começar agora a circular pelo país, inicialmente pela região centro para apoiar as populações afectadas pelos incêndios. Espaço Cidadão Móvel é o nome da iniciativa, com a qual se pretende desenvolver um serviço público de proximidade, complementar aos existentes nos centros urbanos.
Os serviços disponibilizados vão desde a Segurança Social à Justiça, passando pelas Finanças, Agricultura, Infra-estruturas e Saúde. O objectivo é levar os serviços aos cidadãos, tentando responder às necessidades das populações sem que estas tenham de deslocar-se a outras sedes.

Será disponibilizada informação sobre apoios sociais às populações afectadas pelos fogos, prestações sociais atribuídas pela Segurança Social, apoios disponíveis para empresas danificadas pelo fogo e também para empregabilidade. Estes serviços visam igualmente sinalizar necessidades de acompanhamento social ou médico e emitir certidões. Há também a possibilidade de agendamento.

Será possível requisitar documentos de identificação ou pedir uma segunda via do certificado de matrícula, bem como obter informação sobre a situação dos veículos ardidos. Renovação da carta de condução, emissão do registo criminal e entrega de despesas médicas para reembolso pela ADSE são alguns dos serviços disponibilizados.

Estará disponível informação de apoio a agricultores para reposição do potencial produtivo. No local, estarão técnicos dos vários serviços, nomeadamente da Segurança Social, do Instituto de Registos e Notariado, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas respectiva e da Agência para a Modernização Administração.

Agricultores sem conta bancária ainda não receberam verbas dos incêndios de 15 de Outubro

Uma associação de vítimas dos incêndios de 15 e 16 de Outubro acusa o Governo de ainda não ter disponibilizado o apoio de cinco mil euros a mais de 50% dos agricultores afectados. O Ministério da Agricultura diz que só falta pagar aos que não têm conta bancária.


Bruno Simões Bruno Simões brunosimoes@negocios.pt
04 de janeiro de 2018 às 19:10

Quase três meses depois dos incêndios que afectaram a região Centro a 15 e 16 de Outubro do ano passado, o Governo ainda não transferiu as verbas de apoio para "mais de 50% dos agricultores" que as solicitaram, denunciou ao final desta tarde o Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), no concelho de Tábua. A associação diz ainda que "foram cortados mais de 10 milhões de euros" dos pedidos submetidos. 


O Governo, por seu turno, nega que assim seja e diz que os mais de 13.782 agricultores (65% do total) que ainda não receberam são os que não têm conta bancária. Esses agricultores vão receber por vale postal 75% da verba que lhes foi atribuída até ao próximo dia 8 de Janeiro (cinco dias úteis após a emissão). O Ministério da Agricultura diz que é "completamente alheio" a este atraso dos CTT, até porque o dinheiro deveria começar a ser entregue desde que o pagamento foi desbloqueado, no final do ano passado.
 

Em comunicado, o MAAVIM sublinha que não concorda com o apoio de cinco mil euros que foi disponibilizado como "única alternativa" pelo Governo e nota que "muitos desses agricultores tiveram dezenas de milhares de euros de prejuízos", pediram os referidos cinco mil euros e retiraram das candidaturas "árvores, animais, equipamentos, e áreas de construção". Porém, terão existido outros critérios na avaliação dos pedidos, daí terem sido cortados os referidos 10 milhões de euros.

 
Ao Negócios, o fundador do MAAVIM, Fernando Tavares Pereira, queixa-se do tecto de cinco mil euros. "As pessoas não pediram ajuda para o montante total dos seus prejuízos. Imagine que um pavilhão teve estragos que custavam oito ou 10 mil euros a reparar: as pessoas reduziram os metros quadrados para os quais pediram apoio e o Governo, em vez de pagar a 180 euros o metro quadrado, pagou a 40 ou 50 euros", denuncia, acusando o Governo, as autarquias e as CCDR de "só dificultarem a vida de quem foi afectado pelos incêndios".


Actualmente, ainda segundo o comunicado, "80 dias depois dos incêndios", as casas de primeira habitação "ainda estão sem as obras adjudicadas" e as de segunda habitação "continuam sem qualquer apoio". Adicionalmente, "as empresas estão sem os apoios prometidos e a floresta está deserta de apoios ao seu funcionamento, com a ausência de parques de recepção de biomassa e de medidas de apoio à limpeza".

 

É "quase impossível conduzir nas estradas locais sem se passar em terra ou bater em bocados de árvores espalhadas nas estradas", denuncia o referido movimento, que exige que as candidaturas sejam reabertas e que sejam abertas "imediatamente linhas de apoio para a floresta e para as habitações que não sejam de primeira habitação".

 

Governo garante que vai pagar 53,6 milhões até dia 8

Fonte oficial do Ministério da Agricultura garante ao Negócios que dos 20.629 agricultores que apresentaram candidaturas a este apoio, 6.844 já receberam o dinheiro nas suas contas bancárias. Faltam apenas os 13.782 que não têm conta no banco e vão, por isso, receber o pagamento pelo correio. No total serão entregues 53,6 milhões de euros a estes agricultores, sendo que a esmagadora maioria dos pedidos (14.604) foi para verbas entre 1.054 e 5.000 euros.


Os agricultores que pediram estes montantes de apoio receberão no imediato 75% da verba que lhes foi atribuída, com os restantes 25% a serem atribuídos após uma validação dos serviços no terreno. Os 6.025 agricultores que pediram um apoio até 1.053 euros vão receber o dinheiro na totalidade de uma só vez. A mesma fonte explica que existem valores tabelados para os bens para os quais é pedido apoio, sendo por isso "possível" que os agricultores tenham apresentado despesas que não foram aceites pelo Executivo.

Fernando Tavares Pereira, que falou com o Negócios após uma reunião com assessores do Presidente da República, reclama uma linha de financiamento para os prejuízos que não são abrangidos por qualquer tipo de apoio e pede a reabertura das candidaturas para esta linha.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Vai haver mais sobreiros em todo o país


01.01.2018 às 16h00

A indústria corticeira quer expandir a área de montado. O objetivo é produzir mais e importar menos

No dia de Natal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, plantou um sobreiro em Figueira, Pedrógão Grande, à espera de ter, dentro de uma década, "um símbolo bem frondoso" na terra marcada pelo incêndio de junho último. Por essa altura, a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) espera ter, também, mais sobreiros em território nacional, de norte a sul.

Hoje, 84 em cada 100 sobreiros estão no Alentejo, mas a fileira da cortiça olha atentamente para todo o país. Vê oportunidades em Arouca, afetada por incêndios em 2016, em Trás-os-Montes, na região centro. "Vemos o território nacional sem espartilhos. Estamos a falar de uma árvore autóctone que se adapta às diferentes zonas do país, e há trabalhos em curso para perceber quais são as melhores áreas de plantação, em que solos temos melhor nível de crescimento", afirma João Rui Ferreira, presidente da APCOR.


O objetivo a curto prazo é aumentar a fatia de 23% da área de sobreiro na floresta portuguesa. Não há um indicador de crescimento definido, mas existe um estudo sobre o futuro da fileira que fala em reforçar com 50 mil hectares a atual área de montado (737 mil hectares) usando novas técnicas de subericultura para aumentar a densidade da plantação e a produtividade. Há a convicção de que a reforma da floresta traz novas oportunidades, e esta é uma espécie em que faz sentido apostar num cenário de aquecimento global. E, com a popularidade da cortiça em alta, "seria mau não ter matéria-prima disponível para responder ao mercado", acrescenta o dirigente associativo, certo do potencial de crescimento dos sobreiros num país que produz cerca de 85 mil toneladas de cortiça por ano e tem de importar mais 66 mil toneladas.

No terreno, há já alguns sinais de mudança. Em 2016, a Corticeira Amorim anunciou uma parceria com 10 produtores para plantar 500 hectares de sobreiro em regadio. O projeto solidário Renascer, lançado no universo da cerveja artesanal, através das marcas Letra e Rapada, para ajudar na reflorestação, traz 10 mil árvores, sobreiros incluídos. O projeto Floresta Comum, que junta a associação ambientalista Quercus e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, envolve mais 211 mil plantas, 10% das quais são sobreiros. Através do programa de reciclagem de rolhas Greencork, o reinvestimento na plantação de árvores autóctones soma mais de 25 mil sobreiros em dois anos.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris

Pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará "consideravelmente" mais seco, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celcius como prevê o Acordo de Paris, revela um estudo divulgado esta segunda-feira.

Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris

01 de janeiro de 2018 às 18:55

Nos termos do Acordo de Paris, os estados comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.

No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° C.

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25% da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º C.

Por outro lado, o estudo aponta que, se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva, que é medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.

Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, partes do sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20% da população mundial) evitariam uma aridez significativa", disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China.

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.

Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.

No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8% a 10% da terra ficarão mais secos, disse Su-Jong Jeong.

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o CO2, responsável pelas mudanças climáticas.

Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.

domingo, 31 de dezembro de 2017

Agricultura vertical ganha terreno

 29.12.2017 17h50

A agricultura vertical está a ganhar terreno no Médio Oriente como forma de combater as alterações climáticas.

Este tipo de cultivo consiste na organização, de forma vertical, dos alimentos para um melhor aproveitamento dos espaços.

A temperatura e a luz são controladas e adequadas à produção, o que permite que se gaste menos água e evita o desperdício.

Surge como uma alternativa à agricultura tradicional, ameaçada pelas alterações climáticas e por terrenos cada vez menos férteis.

No Dubai, foi agora criada a primeira quinta vertical da região do Golfo, num país que, de acordo com os dados oficiais, só no ano passado importou 34 mil toneladas de comida.

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos


O ano de 2017 é o segundo mais quente dos últimos 86 anos e está entre os quatro mais secos desde 1931, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos

30 de dezembro de 2017 às 18:56

O balanço climático preliminar do IPMA adianta que o ano de 2017 classifica-se como "extremamente quente" e o valor de temperatura média do ar será de mais 1.1 graus superior ao valor normal, correspondendo ao segundo ano mais quente desde 1931.

De acordo com o IPMA, o ano mais quente foi 1997, tendo os cinco anos mais quentes ocorrido nas últimas três décadas.

Também este ano, a temperatura máxima, cerca de mais 2.4 graus superior ao valor normal, será a mais alta desde 1931, ultrapassando em cerca de um grau o anterior máximo (1997).

O IPMA destaca os valores de temperatura máxima e média do ar persistentemente acima do normal ao longo do ano, em especial nos meses de Abril, Maio, Junho e Outubro.

O balanço climático preliminar indica também que o ano de 2017 foi "extremamente seco" e estará entre os quatro mais secos desde 1931, tendo todos ocorrido depois de 2000.

Segundo o IPMA, o valor médio de precipitação total anual será cerca de 60% do normal.

"O período de Abril a Dezembro, com anomalias mensais de precipitação persistentemente negativas, será o mais seco dos últimos 87 anos", lê-se no documento disponível na página da internet daquele organismo.

 

O IPMA sublinha igualmente que Dezembro será o nono mês consecutivo com valores de precipitação mensal inferiores ao normal e, em 2017, apenas nos meses de Fevereiro e Março a precipitação foi superior ao normal.

O mesmo documento nota que, ao longo deste ano, a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência "a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo".

A 27 de Dezembro, apesar dos valores de água no solo terem aumentado em relação ao final de Novembro, são ainda inferiores a 40% nas regiões do interior centro e do sul do país, adianta o balanço, frisando, que no final de Dezembro mantém-se a situação de seca meteorológica ainda que, em relação à situação a 30 de Novembro, se tenha verificado uma diminuição da intensidade nas regiões do norte e centro.

O IPMA precisa que nas regiões do interior centro e do sul os valores de precipitação foram muito inferiores ao normal e insuficientes para se verificar um efectivo desagravamento da intensidade da seca.

De acordo com o índice meteorológico de seca – PDSI, em Dezembro verificou-se, relativamente a 30 de Novembro, um desagravamento da intensidade da seca meteorológica, com cerca de 60% do território (regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela) nas classes de seca severa e extrema, refere ainda o documento.