terça-feira, 3 de julho de 2018

O imPACto do ‘Brexit’ na agricultura europeia


24.06.2018 às 12h00

 
EMMANUEL DUNAND/GETTY

Bruxelas, "we have a problem". Basta olhar para o gráfico de barras que aparece mais à frente para se perceber que há ali qualquer coisa de estranho na sexta barra a contar de cima. Está completamente em branco. Ou seja, há uma carta fora do baralho, chamada Reino Unido.


Na redistribuição do dinheiro da Política Agrícola Comum (PAC) pelos campos destes países há menos um a receber, mas o problema é que era também um dos principais contribuintes líquidos para o orçamento comunitário.


No final do dia estamos a falar de um cheque a menos, de mais de €12 mil milhões, nos cofres de Bruxelas — todos os anos. Este percalço, associado ao facto de a própria Comissão Europeia estar a querer canalizar menos dinheiro para o próximo pacote financeiro da PAC para o período 2021/2027, resulta numa perda de €58,6 mil milhões para os agricultores europeus.

PORTUGAL SAI A GANHAR, 
MAS TAMBÉM PODE PERDER
Em casa onde não há pão (no caso, euros) todos ralham e ninguém tem razão. Mas os países do Norte da Europa acham que têm toda a razão em querer cortar nos apoios à agricultura, para dar mais a outras áreas, como a da investigação, por exemplo. Todos os outros, do Sul e do Leste europeu, acham exatamente o contrário, e, no meio da confusão, há um que está a surpreender, mas já lá vamos.


Nesta luta de galos, que se repete de seis em seis anos, Portugal até fica numa situação que o ministro da Agricultura qualifica como nem má nem boa, antes pelo contrário. Ou seja, segundo contas fornecidas por Capoulas Santos ao Expresso, os agricultores portugueses até acabam por ficar a ganhar €279 milhões no pacote da PAC para 2021/2027.


"O problema, no nosso caso, é que o Estado — segundo Bruxelas — vai ter de aumentar a comparticipação de 15% para 30%" nos apoios a conceder aos agricultores. "Como é óbvio, é nessa frente que vamos lutar junto da Comissão, pois o que defendemos é que o Estado faça o mínimo esforço financeiro possível", sublinha o ministro.

Assim que se conheceu a proposta de Bruxelas para o período 2021/2027, Capoulas Santos criou um grupo de pressão com Espanha e França. A iniciativa foi tão cobiçada que em menos de um mês já conquistou mais 17 adeptos. E há ainda o tal — "inesperado e surpreendente", segundo o ministro — que esta semana se juntou ao grupo dos 20 para dizer que, realmente, seria melhor meter mais dinheiro no orçamento da PAC.

Foi Julia Klöckner, ministra alemã da Agricultura, que veio dar um contributo de peso à causa defendida por Portugal e restantes aliados. Aquela responsável defende que é necessária uma "posição mais construtiva" nas negociações que agora decorrem entre os vários países e a Comissão Europeia.

Note-se, porém, que ainda estamos no início de uma longa maratona de negociações entre os vários Estados-membros e Bruxelas, que se irá prolongar até maio do próximo ano — altura das eleições para o Parlamento Europeu.

Segue-se mais um ano de negociação das regras de aplicação da PAC, "que irão ser decisivas", segundo Capoulas Santos. O ministro admite que vai ter de haver cedências de parte a parte.

 Porque é que Bernardo Silva deve ser o nosso novo Ronaldo. Obrigações do Novo Banco têm a taxa de juro mais alta da Europa este ano. A hipótese de o Governo alemão poder cair neste momento político da Europa não deveria satisfazer nenhum democrata
Porque é que Bernardo Silva deve ser o nosso novo Ronaldo. Obrigações do Novo Banco têm a taxa de juro mais alta da Europa este ano. A hipótese de o Governo alemão poder cair neste momento político da Europa não deveria satisfazer nenhum democrata


segunda-feira, 2 de julho de 2018

Abre em julho novo concurso para jovens agricultores dotado com 43 milhões de euros


Capoulas Santos justificou os atrasos verificados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020) com o número de candidaturas excecionais recebidas devido aos incêndios


O ministro da Agricultura, Capoulas Santos© MIGUEL A. LOPES/LUSA
DN/Lusa
Costa quer dólares na agricultura: "Temos muita área por explorar no Alqueva"

GOVERNO
Estatuto da Agricultura Familiar aprovado. Abrange 100 mil agricultores
O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, anunciou esta quarta-feira, em Lisboa, que o Governo vai abrir um novo concurso para jovens agricultores, dotado com 43 milhões de euros.

Apesar de não adiantar mais pormenores, o governante, que falava durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar, referiu que o concurso será aberto em julho.

Durante a segunda ronda de intervenções, Capoulas Santos foi questionado sobre os atrasos verificados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), justificando a demora com o número de candidaturas excecionais recebidas devido aos incêndios.

"Entraram no PDR 48 mil candidaturas, só as excecionais [relativas aos incêndios] foram 25 mil, que foram passadas à frente e que já estão encerradas. Estamos, por isso, a tratar dos atrasos do programa", sublinhou.

EDIA deixa recado ao Governo sobre baixa do preço da água em Alqueva


02 jul, 2018 - 12:35

Deputados do PS visitaram a sede da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva numa altura em que esta se prepara para avançar com um projeto que promete reduzir substancialmente os custos da água na região.

 
Já arrancaram as jornadas parlamentares do Partido Socialista (PS) em Beja, com os deputados a visitarem, esta segunda-feira de manhã, a sede da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA), numa altura em que esta está a preparar-se para desenvolver um novo sistema de produção de energia para as estações elevatórias da barragem.

O projeto poderá fazer diminuir substancialmente o preço da água na região, com o presidente da EDIA a prever a expansão da rede de distribuição de água em mais 50 mil hectares, num total de investimento de 230 milhões de euros previstos no Plano Nacional de Regadio.

Pedro Salema diz que a empresa está a apostar num novo sistema de energia para alimentar as 47 estações elevatórias de alto consumo, estações essas que sempre fizeram disparar o preço da água em Alqueva. O objetivo deste novo sistema é diminuir custos, mas o responsável da EDIA tem receio de avançar números.

"Nós podemos ter economias interessantes mas que já foram acauteladas na última revisão do tarifário de Alqueva e, portanto, não quero prometer baixas de preço quando já baixámos o preço no ano passado em 25% a pensar em economias que íamos ter", disse aos jornalistas esta manhã.
Sobre a baixa de preços, Salema remete futuras decisões para os Ministérios da Agricultura, das Finanças e do Ambiente.

"Os preços em Alqueva são definidos pelo Governo, tem sido um despacho tripartido entre o ministro da Agricultura, o ministro das Finanças e o ministro do Ambiente, que fixa o tarifário de Alqueva e acho que vai continuar a ser assim, portanto cabe aos senhores governantes tomarem essas decisões. A nós cabe-nos encontrar as soluções que baixam o custo e depois apresentar resultados."

Recado dado com o líder parlamentar do PS a ouvir. Carlos César diz que o importante é garantir a expansão da rede de distribuição de água e o resto virá por acréscimo.

"Os lucros e os ganhos que, no domínio da produção agrícola, como aliás noutras áreas, como o setor energético, por exemplo, ou até no setor turístico, resultam deste projeto já são os ganhos que é preciso obter. Evidentemente que, à medida que este projeto se for consolidando, que as empresas se forem consolidando com base nos seus efeitos, teremos certamente menores custos para a produção e melhores ganhos para todos."

O projeto de energia fotovoltaica para as estações elevatórias de Alqueva está em período de concurso, havendo já um projeto-piloto no reservatório da cegonha.

Drones e aviões são solução para prevenir doença bacteriana que arrasa olivais


A bactéria em questão é a Xylella Fastidiosa e já foi responsável por destruir milhares de oliveiras um pouco por todo o mundo.

Os olivais são particularmente vulneráveis à doença RUI GAUDENCIO
A silenciosa bactéria Xylella Fastidiosa, responsável por devastar olivais um pouco por todo o mundo, poderá ser agora identificada antes de surgirem efeitos visíveis nas plantas infectadas. Esta identificação precoce será possível graças a imagens aéreas recolhidas através de aviões ou drones. A descoberta foi publicada, esta semana, na publicação científica Nature plants. "O nosso estudo descobriu que os efeitos da bactéria podem ser remotamente detectados, antes de ser visível qualquer sintoma nas plantas. Isto permitirá uma rápida identificação das oliveiras infectadas dentro de um olival", afirmou o professor Peter North da Universidade de Swansea, membro da equipa que efectuou o estudo.

A bactéria vive nos vasos que conduzem a água (xilema) das plantas e propaga-se através de insectos que se alimentam do xilema das árvores infectadas. Apesar das oliveiras serem particularmente vulneráveis a esta doença, a bactéria pode hospedar-se em outras espécies de plantas com impacto económico relevante, como por exemplo laranjeiras, pessegueiros e amendoeiras. A presença da Xylella Fastidiosa faz com que os ramos e galhos da árvore infectada sequem, causando, ainda, queimaduras na folhagem. 

PÚBLICO -Foto
Oliveira infectada pela bactéria Xylella Fastidiosa DR
A Xylella Fastidiosa apresenta uma taxa de crescimento reduzida e os sintomas revelam-se tardiamente, o que torna difícil a aplicação de medidas de controlo. Muitas plantas podem estar infectadas sem revelar sintomas, mas apesar de poderem ter a doença de forma dissimulada, esta é muito mortífera. Detectar precocemente a bactéria nas plantas infectadas permite que se crie um plano para combater eficazmente e atempadamente a doença, impedindo a propagação e reduzindo os impactos socioeconómicos de um eventual surto.

Não existindo nenhum medicamento que permita a cura da doença, a única forma de travar um alastramento da bactéria passa pela queima e consequente remoção das plantas que se encontrem infectadas. Para além desta medida, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária aponta para uma série de recomendações preventivas que passam pelo uso de cultivos resistentes e pela gestão dos insectos vectores nas zonas periféricas das plantações.

Doença "fastidiosa" do olival em Espanha está a assustar o Alentejo
A solução vem do céu

Durante décadas pensou-se que a bactéria estaria circunscrita ao continente americano. Os Estados Unidos da América — de onde a bactéria é originária — debatem-se com a doença desde a década de 1940 do século passado, altura em que surgiram os primeiros surtos. A doença foi detectada pela primeira vez na Europa em 2013, devastando milhares de oliveiras na região de Apúlia, em Itália. Para além de Itália, segundo dados da Comissão Europeia, no continente europeu já foram registados surtos da doença, igualmente arrasadores, na Alemanha, Espanha e França. Como forma de prevenção, a União Europeia impôs que todos os seus Estados-membros realizassem prospecções anuais às plantas passíveis de hospedar a bactéria.

Até ao momento, para além dos países já identificados com casos registados da doença, o restante território europeu encontra-se livre da bactéria. Porém, segundo a Unidade Estratégica de Investigação e Serviços em Sistemas Agrários e Florestais e de Sanidade Vegetal, Portugal possui vários factores que facilitam a entrada da bactéria. A posição geográfica, as condições climatéricas (Inverno pouco rigoroso), a presença de plantas hospedeiras da bactéria (oliveira, vinha, citrinos, sobreiros e amendoeiras) e ainda a presença de insectos vectores são factores que aumentam o perigo da bactéria surgir em Portugal.


A equipa liderada pelo investigador Pablo Zarco-Tejada instalou câmaras modificadas numa pequena aeronave. Estes equipamentos recolheram imagens hiperespectrais e termais, que permitem observar todo o campo electromagnético, apontando, desta forma, as plantas que já se encontram infectadas.

A equipa recolheu os dados das observações aéreas, e de seguida, comparou-as com as análises retiradas no terreno às árvores que tinham sido identificadas pela equipa como hospedeiras da Xylella Fastidiosa. Os resultados recolhidos através das câmaras corresponderam com os recolhidos no terreno. Com o recurso a esta tecnologia, os cientistas chegaram à conclusão que os efeitos infecciosos da bactéria podem ser detectados antes de surgirem quaisquer sintomas visíveis. 

PÚBLICO -Foto
Imagem aérea termal do olival retirada pela equipa de investigadores

Empresa pública de gestão florestal concluída “até ao final de julho”


29/6/2018, 16:59
O ministro da Agricultura disse que o processo de criação da empresa pública de gestão florestal deverá estar concluído "até ao final de julho", indicando que terá a designação de Florest Gest.

O ministro da Agricultura disse esta sexta-feira que o processo de criação da empresa pública de gestão florestal deverá estar concluído "até ao final de julho", indicando que terá a designação de Florest Gest e será sediada em Figueiró dos Vinhos.

Tem sido também orientação política do Ministério da Agricultura que todos os novos serviços, ou entidades dele dependentes a criar de novo, sejam criados fora de Lisboa e, preferencialmente, em zonas do interior do país", declarou à Lusa o ministro Capoulas Santos, após a reunião do Conselho Florestal Nacional, em Lisboa.

Neste âmbito, o titular das pastas da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural prevê que a empresa Florest Gest comece a funcionar "dentro de muito pouco tempo", já que "toda a tramitação burocrática está neste momento concluída".

"Penso que será uma solução que estará concluída até ao final do mês de julho", avançou o governante. Em março, Capoulas Santos anunciou no parlamento a criação desta empresa pública de desenvolvimento e gestão floresta, referindo que entraria em funcionamento dentro de semanas em Figueiró dos Vinhos.

Na reunião do Conselho Florestal Nacional, que demorou cerca de três horas, esteve em análise a reforma da floresta, que inclui 11 diplomas do Governo aprovados pela Assembleia da República em 2017 e que "estão em fases diferentes de aplicação", disse Capoulas Santos, considerando que o balanço é "francamente positivo".



"É uma reforma muito ambiciosa, que toca em muitos e diferentes aspetos, em que o exercício legislativo foi concluído há pouco mais de seis meses e que está agora a dar os primeiros passos de aplicação, de um modo geral dando uma expectativa de que são instrumentos que respondem aos nossos objetivos, que é ter uma floresta ordenada, uma floresta bem gerida, uma floresta que cumpra uma função económica, ambiental e social", afirmou o ministro da Agricultura.

Neste sentido, o governante defendeu que a floresta tem de produzir "rendimentos que garantam a continuidade das populações nos territórios", já que "são as pessoas os melhores guardiões da floresta".

Dos 11 diplomas em curso para a reforma do setor florestal, Capoulas Santos destacou o projeto-piloto do cadastro, que está a ser desenvolvido em dez municípios – Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Penela, Sertã, Caminha, Alfândega da Fé e Proença-a-Nova -, em que os resultados, até ao momento, são "muito positivos".

Estou certo de que esta operação será alargada a todo o país, porque é fundamental para dar resposta a outros aspetos da reforma da floresta", adiantou.

Sen identificação dos prédios, por exemplo, "não é possível, por exemplo, na pequena propriedade, entidades públicas ou privadas tomarem de arrendamento pequenas parcelas que garantiriam um rendimento a pessoas idosas, que não têm condições, nem pela idade, nem pela pequena dimensão da propriedade, de apresentar projetos florestais".

Assim, as pequenas propriedades florestais podem "incorporar áreas de gestão florestal, com valor económico para o país, bem geridas, reduzindo o risco de incêndio e, ao mesmo tempo, garantindo anualmente um rendimento às pessoas, que de outra forma teriam de esperar décadas para obter rendimento com o crescimento das árvores", apontou o ministro.

Questionado sobre o diploma para a criação do banco nacional de terras, que foi rejeitado pela Assembleia da República, Capoulas Santos referiu que é preciso encontrar uma solução que permita ao Estado assumir a posse dos terrenos sem dono conhecido, "ainda que transitoriamente até um certo período, para que possam ser valorizados económica e socialmente".

As alfaces sustentáveis do futuro


SOCIEDADE 30.06.2018 às 12h33


Mais do que plantar vegetais, a Grow to Green quer expandir uma nova tecnologia que põe a engenharia ao serviço da agricultura sustentável – e sem uma gota de pesticidas

Sónia Calheiros
SÓNIA CALHEIROS

Dentro do laboratório, em Castelo Branco, em que toda a produção energética autónoma deriva de energias renováveis, os técnicos usam máscaras, toucas e batas. Não para se protegerem a si próprios mas para resguardarem as plantas. O sistema de agricultura vertical da Grow to Green é estanque, daí que não se deva levar contaminações para dentro das câmaras climáticas. Ao contrário de outros laboratórios, neste, as luzes para a horticultura são magenta, pois a mistura de duas componentes (azul e vermelho) corresponde aos comprimentos de onda cuja energia é aproveitada com maior eficiência pelas plantas para o seu processo de fotossíntese. É num ambiente fechado, totalmente controlado, que estão a ser cultivadas alfaces, rúculas, couves, agrião e ervas aromáticas, entre outros vegetais de folha verde, sem qualquer tipo de preocupação com as condições climáticas – o "indoor farming", com a Holanda e o Japão à frente da tendência, marca o caminho de uma agricultura cada vez mais sustentável e de uma indústria agroalimentar com um pé no futuro.

Qual o agricultor que não desejou ter controlo absoluto sobre o sol, a chuva, a humidade e o vento, fatores naturais que interferem no cultivo dos produtos hortícolas? As primeiras saladas portuguesas provenientes do "indoor farming" já podem ser provadas no Mercado da Ribeira, em Lisboa, na carismática Manteigaria Silva. Tenras e firmes, as folhas de alface têm o tamanho certo e um gosto intenso, numa mistura de diversos verdes que são sinónimo de sabor à primeira vista.

CLIMA SEMPRE FAVORÁVEL
Será a Grow to Green uma tendência de engenharia ou da área alimentar? "É a engenharia a responder à alimentação", sublinha João Alves Pereira, responsável pela empresa, o mais recente projeto do Grupo ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade e da Aralab, um dos principais fabricantes europeus de câmaras climáticas.

A hidroponia, surgida em Portugal há meia dúzia de anos, já permitia o cultivo de morangos, por exemplo, uma flor invertida em altura, sem solo, cujos frutos são alimentados através de uma solução nutritiva aquosa. Agora, esta nova tecnologia possibilita controlar a temperatura, a humidade, a velocidade do ar, o dióxido de carbono, a nutrição e a luminosidade, mantendo a planta sempre em situação de conforto. "Passámos a não estar dependentes das condições climáticas, e aumenta-se a qualidade do vegetal, alargando-se também o seu prazo de validade para cerca de 15 dias", garante o engenheiro civil.

Esse domínio sobre o estado do tempo mantém afastadas dos vegetais bactérias como a E.coli ou a salmonella. "Um vegetal em campo aberto tem 300 mil bactérias por grama; esta alface tem menos de dez, sendo que o limite regulamentar em Portugal para um vegetal ser vendido pronto a consumir são 300 bactérias. Tudo acontece sem aditivar qualquer hormona, pesticida ou desinfetante. Não entrou qualquer contaminante no circuito de produção."

FALTAM LED MAIS BARATOS
Apesar de se apresentarem no seu estado mais puro, os vegetais da Grow to Green não são considerados biológicos. Na Europa, a empresa portuguesa não consegue certificar esta tecnologia como biológica, porque não faz uso integrado do solo. Mas, nos Estados Unidos da América já é possível. "Neste momento, a certificação dos biológicos incide no processo e não no produto", lamenta João Alves Pereira. "A Europa não está a acompanhar o desenvolvimento tecnológico. 
A legislação comunitária está atrasada face à tecnologia."

Tanto na agricultura convencional como no laboratório é usada água da rede. A diferença está nos litros gastos por alface: 50 na terra vs. menos de um litro no laboratório. Sem dúvida que está garantida a eficiência hídrica. O mesmo não se poderá dizer do consumo de energia. Se os campos de cultivo a céu aberto não têm quase nenhum gasto de energia, na Grow to Green a iluminação LED é um custo, logo, uma desvantagem. "Temos de aproveitar os tarifários com horas de vazio, por isso o ciclo de luz da planta é invertido", explica João Alves Pereira. "Conseguimos pôr um vegetal a crescer mais depressa se lhe dermos mais intensidade luminosa, mas isso só acontecerá se tivermos mais barras LED, e, por enquanto, estas também são muito caras", acrescenta. E as plantas germinadas em câmara são até três vezes maiores do que as plantadas em estufa.

Com o custo inicial de instalação superior, entre oito e dez vezes, ao de uma estufa equivalente (de €100 por metro quadrado passa para €1 000 por metro quadrado), só à medida que o preço do LED baixar se conseguirá otimizar a redução de custos. Outra das desvantagens é não poder aplicar a tecnologia de "indoor farming" em legumes sem serem de folha verde ou em frutos. Apesar de a Grow to Green já ter feito experiências de sucesso com rabanetes, cenouras e feijões, os frutos exigem polinização e, por enquanto, ainda não é possível pôr a abelha dentro da câmara. "Do ponto de vista da tecnologia, conseguimos produzir qualquer coisa, até eucalipto, mas, do ponto de vista económico, tudo o que demore muito tempo a crescer não é rentável."

CAMPO ABERTO 
VS. LABORATÓRIO
Um vegetal na terra 
tem 300 mil bactérias por grama, em laboratório tem menos de dez por grama
Na agricultura de campo aberto, facilmente 
se gastam 50 litros 
por alface, enquanto 
no laboratório é menos 
de um litro por cada alface

Em Portugal, a área 
de cultivo exclusivamente de alfaces corresponde ao concelho de Odivelas (26,54 km²), com a tecnologia da Grow 
to Green ocuparia apenas 
a área do Estádio da Luz

NÚMEROS
98% poupança de água 
99,4% menos bactérias
23% mais fibras alimentares

Empresários angolanos e brasileiros cooperam para desenvolver agricultura em Angola


27/6/2018, 20:03
A Confederação Empresarial de Angola e o consórcio Brasil-África assinaram um protocolo de intenções para o desenvolvimento do agronegócio, assumindo a captação de recursos financeiros.


A Confederação Empresarial de Angola (CEA) e o consórcio Brasil-África assinaram esta quarta-feira um protocolo de intenções para o desenvolvimento do agronegócio, assumindo a captação de recursos financeiros como o primeiro passo. O documento foi assinado entre o presidente da CEA, Francisco Viana, e o presidente do consórcio brasileiro, Omar Wagner, à margem do I Congresso da Produção Nacional.

Trata-se de um consórcio brasileiro, que integra quatro empresas ligadas ao negócio da agricultura, da lavoura à pecuária, passando pela agroindústria e pelo agronegócio.

Esse protocolo de boas intenções é o passo inicial para a gente continuar nos próximos degraus organizando um documento para a busca de recursos, temos que conseguir dinheiro para isso, porque só o petróleo não vai acabar pagando a conta, então vamos ter que buscar recursos externos", disse à imprensa o engenheiro agrónomo Omar Wagner.

O presidente do consórcio brasileiro, que é também presidente da Agência Brasil África para o Desenvolvimento Económico Social (ABADES), referiu que neste congresso veio partilhar a experiência brasileira de 40 anos e avançar as prioridades para desenvolver a cooperação com os empresários angolanos num curto espaço de tempo.

"Nós não tínhamos conhecimento nenhum. Hoje, a gente tem, e é esse conhecimento que a gente quer partilhar, não só o conhecimento cognitivo, mas aquele tácito, técnico, ou seja, a informação organizada para o desenvolvimento e é essa nossa proposta", referiu.

O empresário brasileiro apontou três níveis para que Angola consiga desenvolver a agricultura – organizar vontade política, as ações meio (pesquisa, assistência técnica, extensão rural, estradas e caminhos-de-ferro) e as ações produtivas, porque o resto – bons solos, água, clima e recursos humanos, Angola possui. "Os recursos estão aqui, é um pouquinho de organização e, claro, aproveitar as experiências dos outros", frisou.

Omar Wagner manifestou-se otimista relativamente à cooperação com a CEA, que "está mais efetiva do que há cinco, seis anos atrás", quando tentativa igual foi feita com o Governo. "Tropeços em cima de tropeços, deixa para amanhã, não sai, agora não, o empresariado parece que vai ser diferente", disse.

Por sua vez, o presidente da CEA, Francisco Viana, congratulou-se com o facto de integrarem o consórcio brasileiro aqueles que considerou como os dois mais importantes ministros da Agricultura do Brasil, frisando que os melhores especialistas do Brasil vieram até Angola e estão à sua disposição.

Governo e peritos reúnem-se para chegar a consenso sobre a nova política de agricultura


27/6/2018, 19:31

O ministro da Agricultura esteve reunido, em Lisboa, com um conjunto de peritos académicos e confederações para continuar a discussão e alcançar um "consenso" sobre a Política Agrícola Comum pós 2020.


O ministro da Agricultura esteve esta quarta-feira reunido, em Lisboa, com um conjunto de peritos académicos e confederações agrícolas para continuar a discussão e alcançar um "consenso" sobre a Política Agrícola Comum (PAC) pós 2020.

"Foi uma reunião onde o ministério explicitou as medidas em discussão, de forma a que, a partir de agora, haja debate segmentado sobre cada um dos pontos. São precisas muitas horas de debate para chegarmos a um acordo sobre as matérias", disse Capoulas Santos à Lusa, após a reunião da Comissão de Acompanhamento da Revisão da PAC.


Para o governante, apesar das diversas opiniões sobre o tema "nem sempre serem totalmente coincidentes", é importante fazer um esforço para alcançar um consenso. "Quanto maior consenso tivermos mais fácil é a tarefa do ministro na frente de batalha em defesa das posições sociais", vincou.

Segundo Capoulas Santos, o objetivo do Governo é manter o nível de apoio aos agricultores, apesar das consequências do 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia), "não aumentando o esforço orçamental nacional".

Tal só é possível se aumentarmos a comparticipação financeira da União Europeia", explicou. Segundo uma proposta apresentada em 01 de junho em Bruxelas, Portugal vai receber menos dinheiro no âmbito da PAC no próximo quadro financeiro plurianual (QFP), estando prevista uma ligeira subida nos pagamentos diretos aos agricultores.

A Comissão Europeia propôs uma verba de cerca de 7,6 mil milhões de euros no QFP 2021-2027, a preços correntes, abaixo dos 8,1 mil milhões do orçamento anterior, com uma ligeira subida nos pagamentos diretos e cortes no desenvolvimento rural.



A preços correntes, para o QFP 2021-2027, está prevista uma verba de 4,2 mil milhões de euros no primeiro pilar (pagamentos diretos) e de 3,4 no segundo (desenvolvimento rural). No arranque da PAC 2014-2020, Portugal recebeu 4,1 mil milhões de euros no âmbito do primeiro pilar e 4,082 mil milhões no segundo pilar.

De acordo com a Comissão Europeia, a PAC pós 2020 será dotada, globalmente, com um orçamento de 365 mil milhões de euros, prevendo uma nova forma de trabalhar, uma distribuição mais justa dos apoios, maiores ambições no domínio do ambiente e utilização intensiva dos conhecimentos e da inovação.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Estremoz: Grupo João Portugal Ramos inaugura centro de engarrafamento num investimento de 5 milhões e meio de euros

Estremoz: Grupo João Portugal Ramos inaugura centro de engarrafamento num investimento de 5 milhões e meio de euros (c/som e fotos)

Publicado em Reportagens  23 junho, 2018

Sexta-feira, dia 22 de junho, decorreu em Estremoz, na Adega Vila Santa, a inauguração do centro de engarrafamento do grupo vinícola João Portugal Ramos, na presença do Ministro da Agricultura, das Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

Em declarações à RC, o governante aponta que este surge como "um ato de modernização, de geração de maior competitividade, criação de mais riqueza e de mais emprego no Alentejo".

O grupo João Portugal Ramos, aponta, tem apresentado um crescimento sustentado ao longe de mais de 25 anos, sendo este investimento "um passo mais" numa trajetória de sucesso.

Capoulas Santos defende que "quando as empresas portuguesas são bem-sucedidas, é o país que é bem-sucedido", pelo que o ministério da Agricultura tem que "continuar a estimular e a incentivar este esforço de dinamismo e criação de riqueza no nosso país".

O produtor João Portugal Ramos, fala à RC deste investimento de cerca de 5 milhões e meio de euros, que assim concentra nada do grupo, em Estremoz, o engarrafamento de toda a produção de vinhos do Alentejo, Douro, Beiras e Vinhos Verdes.

Este surge como o "sexto investimento que fizemos em Estremoz", tendo o primeiro tido lugar em 1993.

O centro de engarrafamento vem permitir uma racionalização de recursos, concentrando o engarrafamento "das várias regiões onde estamos presentes", assim como a "melhoria de algumas condições de vinificação".

"O setor vitivinícola […] tem vido a desenvolver-se" tendo uma importância crescente para os produtores portugueses e para o país, aponta, tendo vindo "a ter um lugar na cena internacional dos vinhos que não tinha de há uns anos para cá".

A centralização do engarrafamento levou o grupo a «alinear» linhas de engarrafamento nas outras regiões em que está presente (Douro e Beiras), ainda assim, o produtor garante que foram gerados até cinco postos de trabalho.

Com um investimento de 5 milhões e meio de investimento, o projeto gera até cinco postos de trabalho.

O empresário concluiu apontando que a linha de engarrafamento existente requeria "algumas melhorias", surgindo este projeto "numa perspetiva de racionalização de economia".

Ministro destaca "notável trajeto" da agricultura. Hoje é setor "pujante"


O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, destacou hoje, no Alentejo, o "notável trajeto" da agricultura portuguesa, depois da adesão à União Europeia, "contra todos os profetas", que vaticinavam o seu fim após a integração.

 Ministro destaca "notável trajeto" da agricultura. Hoje é setor "pujante"
   
"O que os agricultores portugueses demonstraram, 30 anos depois, é que foi possível competir, estruturar, ajustar e tornar a agricultura, que era associada ao passado e a um certo fracasso, num setor que é hoje pujante e cresce duas vezes mais do que o resto da economia", afirmou Luís Capoulas Santos.

O governante falava na inauguração do novo centro de engarrafamento do grupo João Portugal Ramos Vinhos (JPRV), em Estremoz, no distrito de Évora, que representou um investimento de 5,5 milhões de euros, com comparticipação de fundos comunitários.

Observando que a agricultura tem atualmente "uma performance notável no campo das exportações", o ministro lembrou que o setor "evoluiu imenso do ponto de vista da tecnologia, da produção e do marketing" e que "venceu as barreiras da exportação", dando como o exemplo o facto de os vinhos portugueses terem conseguido "ultrapassar o estigma negativo" que tinham no estrangeiro.

"Sem os fundos comunitários, os caminhos, as eletrificações, os regadios e sem o investimento na agroindústria, na formação e na organização, não teríamos a agricultura que hoje temos", salientou o ministro, que tutela as pastas da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

Segundo o governante, "não teria sido possível fazer isso sem os fundos comunitários e sem a continuidade das políticas que a Política Agrícola Comum determinou".

Para o futuro, o novo desafio que está pela frente, referiu o ministro, passa pela "negociação do novo ciclo".

"O Governo já disse que o objetivo é garantir o mesmo nível de apoios que temos atualmente, o que não é tarefa fácil", reconheceu.

Quanto ao novo centro de engarrafamento, o produtor e enólogo João Portugal Ramos disse que o investimento pretende contribuir para "uma série de melhorias e centralização de serviços do grupo", considerando que "o setor tem evoluído muito em Portugal e que o país começa a chegar a um nível inimaginável" na área dos vinhos.

O presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Luís Mourinha, congratulou-se com a inauguração do novo centro de engarrafamento do JPRV, afirmando que este grupo empresarial "é um dos principais a contribuir para o desenvolvimento do setor do vinho no concelho".

A sede do grupo JPRV, a Adega Vila Santa, nos arredores de Estremoz, foi a localização eleita para centralizar a maioria das operações, passando a engarrafar, no mesmo local, todas as produções dos vinhos do Alentejo, Douro, Beiras e Vinhos Verdes.

Empregando atualmente cerca de 140 pessoas, o grupo, que tem sido distinguido com prémios internacionais, exporta para mercados como a Suécia, Estados Unidos, Brasil, China, Polónia, Angola, Bélgica e Canada.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Exportações de frutas e produtos hortícolas aumentaram 26% em 2017


20/6/2018, 16:10
Segundo os dados revelados pela Informa D&B, Espanha é o primeiro país de destino das exportações de frutas e produtos hortícolas, assumindo uma quota que rondou os 40% em 2017.


O setor de frutas e produtos hortícolas apresentou uma tendência de crescente abertura ao exterior, o que originou um aumento de 26% das exportações em 2017, com um valor de cerca de 771 milhões de euros.

Segundo dados publicados pela Informa D&B, Espanha é o primeiro país de destino das exportações, assumindo uma quota que rondou os 40% em 2017. Também se destacam a Polónia, a França, a Holanda, o Reino Unido e a Alemanha.


Em 2017, as importações também aumentaram, até aos 853 milhões de euros, mais 11% do que em 2016, exercício no qual cresceram 22%. Relativamente à produção global portuguesa de frutas e produtos hortícolas, esta gerou um crescimento de cerca de 1,6%, situando-se em cerca de 2.250 milhões de euros.

A estrutura de oferta neste setor em Portugal integra cerca de 18.300 empresas.

Governo lamenta morte de Fernando Lobo Guedes



O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, lamentou, esta quinta-feira, a morte do presidente da empresa vinícola Sogrape, Fernando Lobo Guedes, que considerou ser uma "grande perda para o país e para um setor da maior relevância".

Em comunicado, a tutela informa que "o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, enviou hoje uma nota de condolências à família de Fernando Guedes, lamentando o seu desaparecimento".

Citado na nota, Capoulas Santos considera "a sua partida uma enorme perda familiar, mas também uma grande perda para o país e para um setor da maior relevância económica e social, através do qual deu um contributo inestimável para a promoção da imagem de Portugal no exterior".

O presidente do Conselho de Administração da Sogrape e filho do fundador da empresa sediada em Avintes (Vila Nova de Gaia), Fernando Lobo Guedes, morreu na quarta-feira aos 87 anos, disse à agência Lusa fonte da empresa.

Nascido a 29 de dezembro de 1930 em Penafiel, Fernando Lobo Guedes ingressou na Sogrape (então Sociedade Comercial dos Vinhos de Mesa de Portugal, fundada pelo seu pai) em 1952, tendo exercido os cargos de diretor técnico de produção e, mais recentemente, de presidente do Conselho de Administração, função que mantinha.

Entre as várias distinções que o empresário recebeu está a condecoração, em 2017, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Grupo de trabalho sobre gestão florestal deve apresentar relatório até ao fim de julho


O Governo criou um grupo de trabalho para elaboração de propostas sobre gestão florestal que deverá apresentar um relatório até 31 de julho, de acordo com um diploma publicado hoje no Diário da República (DR).

O grupo de trabalho "tem como missão promover uma análise do enquadramento e apoios à valorização do território florestal e à gestão florestal ativa atualmente existentes, e à elaboração de propostas de medidas complementares à recente reforma florestal", é explicado no diploma.

O diploma prevê a apresentação de "um relatório de diagnóstico e propostas de medidas de atuação até 31 de julho de 2018".

"Em particular, o grupo de trabalho deverá proceder à elaboração de propostas que estabeleçam regras e critérios para dimensionamento dos prédios rústicos, de benefícios e incentivos fiscais ao investimento no setor florestal", salientou o Governo.

Entre as medidas deverão estar "a criação de um sistema de contribuição sobre a limpeza das florestas, com o objetivo de incentivar a gestão de carga de combustíveis nos terrenos florestais, e a aprovação de um programa para estímulo ao financiamento da floresta e de fomento à criação de organismos de investimento florestal coletivos, visando a mobilização de meios financeiros".

De acordo com o diploma, o grupo é constituído por dois representantes do Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro, um dos quais coordena, um representante do ministro das Finanças, um outro do ministro do Ambiente e dois do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

A escolha de uma formação superior


Fontainhas Fernandes
19 Junho 2018 às 00:00


Os jovens que pretendem frequentar a Universidade estão em fase de preparação dos exames nacionais e, em breve, terão de escolher o curso e a instituição onde irão obter formação superior. Os indicadores comprovam que os diplomados pelas universidades têm maior capacidade de inserção no mercado de trabalho, pelo que a empregabilidade tem vindo a ganhar maior relevância como critério de escolha.

Nos últimos anos, temos assistido a conhecidas mudanças e a novas tendências na escolha do curso. Vejamos o caso particular do setor agroalimentar, cuja procura de formação superior deverá aumentar nos próximos anos.

A agricultura era considerada uma atividade económica pouco relevante e sem futuro, fruto de políticas públicas erradas. No presente, o posicionamento é diferente e o setor agroalimentar e florestal tem revelado dinamismo, propulsor de novas tecnologias, estratégico e com futuro sustentável.

As projeções sobre o mercado de trabalho na União Europeia até 2025 confirmam também novas oportunidades de emprego em Portugal no setor da agricultura. Segundo os dados da FAO, a população mundial deverá atingir 8 biliões em 2025 e 9,6 biliões em 2050, o que irá exigir um aumento significativo da produção alimentar.

Por outro lado, Portugal traçou como meta atingir o equilíbrio da balança agroalimentar, em valor, o que exige aumentar a competitividade e a sustentabilidade do setor. O aumento das exportações portuguesas neste setor sugere que há mais produção, mais gente a trabalhar, a inovar, a acrescentar valor e, acima de tudo, tende a ser competitivo numa economia cada vez mais global e aberta.

O alcance desta ambição exige uma nova visão para a agricultura, com mais incorporação de conhecimento, recorrendo a tecnologias inovadoras, novos serviços de informação e a sistemas de decisão que recorram a tecnologias de comunicação. Indubitavelmente, esta agenda exige recursos humanos qualificados com competências em soluções tecnológicas, envolvendo a robótica, a imagem assistida por computador, a sensorização e a monitorização ambiental, na linha da chamada agricultura de precisão.

Em suma, a decisão de escolher uma formação superior obriga a uma reflexão prospetiva sobre as tendências do mercado de trabalho e os desafios da sociedade.

REITOR DA UTAD

Já há massa 100% nacional com cereais de Beringel, Brinches, Beja, Ferreira e Elvas


20.06.2018 às 10h48


Fernando Carpinteiro Albino, dos Cereais do Alentejo, Capoulas Santos, ministro da Agricultura e Rui Amorim de Sousa, presidente executivo da Cerealis, juntos no lançamento das massas 100% alentejanas, ontem à noite, em Lisboa

No ano em que a cultura de cereais atingiu o mínimo histórico, os produtores uniram-se e convenceram a indústria de que o que se faz em Portugal pode ser pouco, mas é de elevada qualidade. A marca Nacional, que já tem 165 anos, acreditou e fez massa com cereais do Alentejo

Está já no mercado a primeira marca de massas alimentícias 100% nacionais, feitas à base de cereais exclusivamente alentejanos.

Uma edição limitada da Nacional que foi buscar trigo duro especialmente selecionado às searas de Brinches, Beja, Beringel, Ferreira do Alentejo e Elvas.

Na verdade, os pacotes de massas linguine e gemelli, em que a Nacional colocou a sub-marca 'Alentejo', são o resultado de 20 de investigação e organização de produtores, em estreita colaboação com o Politécnico de Beja e com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

"Começámos a pensar nisto ainda durante o primeiro governo de Cavaco Silva. Estamos a falar dos anos oitenta. Mas a organização mais sistematizada deste trabalho começou há 20 anos. É verdade que os alentejanos são lentos, mas isto também era nada fácil, pois nós, os produtores de cereais, não temos o hábito de nos juntarmos para trabalhar", explica Fernando Carpinteiro Albino, promotor da marca Cereais do Alentejo.

UM PASSO EM FRENTE EM ANO DE QUEBRAS HISTÓRICAS
Este passo em frente, na ligação entre a produção e a indústria, surge num momento em que a produção de cereais em Portugal bateu no fundo. Os últimos números do Instituto Nacional de Estatística revelam que este é já o quinto ano consecutivo de diminuição da área semeada, prevendo-se que nesta campanha se atinja um mínimo histórico de 121 mil hectares, a menor área dos últimos cem anos (desde que existem registos sistemáticos).

"Mas o lançamento destas massas, com cereais alentejanos, podem ser o ponto de viragem. Este é um dia muito importante para a produção", enfatizou ainda Carpinteiro Albino, no evento ontem realizado ao final da tarde no Convento do Beato, em Lisboa.

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, também marcou presença para lembrar que está para breve a aprovação da Estratégia Nacional para os Cereais, em Conselho de Ministros. Um documento que não é mais que a cobertura institucional e política a um dos sectores que tem vindo a perder relevância no panorama agrícola nacional.

Carpinteiro Albino lembrou ao ministro que a adesão de Portugal à União Europeia (na altura ainda CEE) teve efeitos muito maus nos cereais. "Aliás, até a última reforma da Política Agrícola Comum (PAC) foi altamente prejudicial para nós".

É 'REVOLTANTE' TER DE IMPORTAR PÃO
O representante da marca Cereais do Alentejo – que é também um dos maiores produtores nacionais – lamenta que "isto de viver num país que tem de andar a importar pão e massas revolta-me profundamente, mas isto a que agora estamos a assistir é um sinal de esperança".

Rui Amorim de Sousa, presidente executivo da Cerealis – empresa que detém a marca Nacional – disse que há uma recetividade extraordinária do mercado e dos clientes a este novo produto 100% alentejano. Lembra que "a cadeia de distribuição reconheceu o simbolismo e o valor acrescentado, garantindo assim a presença destas duas variedades de massas Nacional Alentejo na maioria das lojas do retalho alimentar em Portugal".

CEREALIS VENDE ALIMENTOS NOS CINCO CONTINENTES
O mesmo responsável acrescenta ainda que, "ninguém melhor do que a Nacional poderia dar corpo a este ambicioso e simbólico projeto. Uma marca Portuguesa com uma longa e riquíssima história que, uma vez mais, promove o que de melhor se faz no nosso país."

A Cerealis tem um volume de negócios anual da ordem dos 200 milhões de euros. Processa 440 mil toneladas de cereais todos os anos, para fazer mais de 160 produtos que distribui por 3000 clientes nos cinco continentes. Aliás, 25% da sua produção segue para o estrangeiro. Emprega 700 pessoas em cinco unidades de produção. A empresa não só transforma como, depois, comercializa os seus produtos alimentares à base de cereais.

Neste momento, e ainda segundo o seu presidente, a Cerealis tem em curso um investimento na República Checa que, assegura, "pode ser o embrião da nossa estratégia de internacionalização em termos de atividade transformadora".

Pinhal de Leiria vai ter mais 35 assistentes operacionais



Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas

Foto: Rui Manuel Ferreira / Global Imagens


19 Junho 2018 às 00:02

O Pinhal de Leiria, grande parte destruído pelos incêndios de outubro de 2017, vai ter mais 35 assistentes operacionais, disse, esta segunda-feira, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas.

"Abrimos já concurso para mais 35 assistentes operacionais para o Pinhal de Leiria. Significa um primeiro grande sinal de que vamos ter cá mais gente para trabalhar", declarou à agência Lusa Miguel Freitas, após uma reunião do Observatório Local do Pinhal do Rei e da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais, na Marinha Grande, distrito de Leiria.

Atualmente, o Pinhal de Leiria tem cerca de dez operacionais.

Reiterando que "as matas nacionais são uma prioridade do Governo", daí o reforço dos recursos humanos, o secretário de Estado reafirmou que "a receita que virá da venda da madeira" destas matas "será para ser aplicada nas matas públicas", ao referir-se ao financiamento.

"É esse o compromisso que foi assumido pelo Governo, é esse o compromisso que nós esperamos vir a cumprir", garantiu.

Sobre a reunião, Miguel Freitas destacou que esta abriu "um canal entre comissão científica e a população local", admitindo que esta "está com uma forte expectativa no trabalho que está a ser desenvolvido".

Segundo Miguel Freitas, o Executivo tem procurado neste âmbito "três ideias-chave" para o que está a ser desenvolvido no Pinhal de Leiria, exemplificando com a transparência.

"Tudo aquilo o que é feito é do conhecimento público, vamos ter um site onde vamos divulgar toda a informação que está a ser produzida permanentemente", referiu, acrescentando o conhecimento como outra ideia.

Neste âmbito, referiu-se à comissão científica, cujo trabalho "credibiliza as soluções a executar".

"O terceiro elemento é a avaliação", explicou, precisando que a execução do plano "requer meios financeiros e humanos para os pôr em prática e uma avaliação permanente por parte do observatório local".

O acordo de cooperação para a criação da Comissão Científica do Programa de Recuperação das Matas Litorais e o protocolo de criação do Observatório Local do Pinhal do Rei foram assinados em 22 de janeiro último, na presença do primeiro-ministro, António Costa.

O primeiro tem, entre outros objetivos, a recolha e sistematização da informação técnica e científica relativa à gestão das matas litorais, e a avaliação do procedimento atual de elaboração e implementação de Planos de Gestão Florestal e de estabilização de emergência, reabilitação e recuperação de longo prazo, apresentando propostas para o seu melhoramento.

Já o observatório visa, por exemplo, avaliar o plano de recuperação do Pinhal do Rei ou apresentar propostas de ordenamento para usos, atividades e serviços que possam ser nesta mata.

O Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria ou Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro bravo.

Nos incêndios de outubro de 2017 ardeu 80 por cento da sua área.

Gestor dos Cereais do Alentejo queixa-se. “Para fazer um ‘penico’ é preciso um estudo de impacto ambiental”


20.06.2018 às 15h54
 
ALBERTO FRIAS

"O ano até acabou por ser de chuva, mas o problema da falta de água é estrutural". Se nada for feito, vamos ter repetidamente problemas na agricultura. O gestor da marca Cereais do Alentejo, Fernando Carpinteiro Albino, deixa o alerta e diz que a burocracia esgota a paciência

Já se pode considerar 2018 como um ano de chuva mas, na verdade, continua a haver falta de água em algumas zonas do país – nomeadamente na região de Beja e Elvas - e Fernando Carpinteiro Albino, gestor da marca Cereais do Alentejo, diz que não se pode dormir sobre o assunto, pois é demasiado grave para ser ignorado.

"Precisamos de mais água nas barragens e de construir mais, muitas mais, pequenas barragens e charcas. Caso contrário vamos ser confrontados com graves problemas para a produção de alimentos", sublinha aquele gestor, que é também um dos maiores produtores de cereais do país, com mais de 1000 hectares cultivados.

ASSIM "NÃO VAMOS A LADO NENHUM"
O problema, porém, segundo o mesmo responsável, é que, "para se fazer um 'penico' é preciso um estudo de impacto ambiental e, senhor ministro, não há paciência para isto. Esta espécie de burocracia arrogante ou ignorante tem de acabar, pois assim não vamos a lado nenhum".

O gestor e empresário Carpinteiro Albino falava ontem ao início da noite, em Lisboa, perante uma plateia onde estava Capoulas Santos, ministro da Agricultura – num evento dedicado ao lançamento de massas alimentícias 100% nacionais, à base de cereais alentejanos.

"Eu sei que esta mensagem é mais para o seu colega do Ambiente mas, como não está aqui, por favor transmita-lhe o recado", pede o responsável da marca Cereais do Alentejo.

MINISTRO DIZ QUE OS JIPES COMPRADOS COM SUBSÍDIOS FORAM 'UM MITO'
Capoulas Santos ouviu, acenou que sim com a cabeça, e depois subiu ao palanque para discursar. Elogiou a atitude de luta e persistência dos produtores de cereais alentejanos, destacou a importância do produto 100% nacional que ali estava a ser lançado mas, sobre a questão da burocracia, nem uma palavra. Falou de água na agricultura, mas para dizer que vai continuar a haver apoios ao regadio – e que vêm aí mais de 500 milhões de euros para o efeito.

O ministro infletiu depois o discurso no sentido do que está a correr bem na agricultura em Portugal, que agora conhece níveis de investimento nunca vistos, com os pedidos de acesso aos fundos comunitários a ultrapassarem largamente as verbas disponíveis.

Regou abundantemente de números as frases que lhe foram saindo de forma solta mas enfática e recordou que, afinal, "o mito dos jipes que se compravam com os fundos comunitários e de que os apoios eram mal aplicados" não colhe. É que, "tendo em conta o que hoje se está a passar na agricultura – a crescer mais que o resto da economia – então é porque os fundos foram bem aplicados em Portugal".

Morreu Fernando Guedes, o histórico líder da Sogrape


20/6/2018, 19:381.419
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Começou como aprendiz de tanoeiro e ascendeu a presidente de uma das maiores empresas portuguesas de vinhos. Fernando Guedes faleceu esta manhã. Tinha 87 anos.

Fernando Guedes, um dos homens responsáveis pelo sucesso da Sogrape, morreu esta quarta-feira de manhã, aos 87 anos.

Fernando Guedes era o mais velho dos sete filhos de Fernando van Zeller Guedes e de D. Maria Amália Cabral Lopo de Vasconcelos van Zeller Guedes. Nasceu a 29 de dezembro de 1930, na Quinta da Aveleda, na região dos vinhos Verdes. O nascimento, segundo disse à Notícias Magazine em 2012, ter-se-á precipitado depois de a mãe ver "um ratito". Do susto veio um filho que, anos mais tarde, até viria a passar pela Faculdade de Economia de Lisboa. Longe dos números, foi no vinho que encontrou uma profissão e uma carreira para a vida.


A entrada na Sogrape acontece em 1952, já a empresa era conhecida por produzir o famoso vinho Mateus Rosé. O futuro presidente começou como aprendiz de tanoeiro. Lavava, apertava e pintava barris, tal era a vontade do pai. Um ano depois rumava para territórios franceses para tirar o curso de Enologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Dijon. Regressado, em 1956, assumia a direção técnica da empresa — coube-lhe a responsabilidade sobre novas tecnologias, compra de vinhos e desenvolvimento de infra-estruturas, incluindo a construção e o equipamento de novas adegas. "O curso em Dijon rasgou-me perspetivas", recordou em vida, para depois assegurar que fora com a ajuda do pai, juntamente com "alguns homens extraordinários", que aprendera a servir a empresa. Os elogios ao pai, fundador da empresa que Fernando serviu durante toda a vida, eram constantes. Repetidos com orgulho.



Fernando Guedes reformou-se aos 70 anos, tranquilo com a decisão de pôr o futuro da empresa nas mãos dos filhos — Salvador, Manuel Pedro e Fernando, atual CEO do grupo. Achou, então, que os filhos estavam à altura do desafio e melhor preparados tecnicamente. Uma década depois, somando 80 anos no BI e oficialmente afastado da empresa, fazia por manter a rotina de trabalho e, todos os dias pela manhã, marcava presença no escritório. As visitas às quintas e às adegas da empresa mantinham-se regulares, não só aquelas em território nacional, mas também as que ajudou a construir e a equipar no Chile e na Argentina. Fernando Guedes gostava de estar "por dentro das coisas", como ressalva uma nota biográfica enviada pela Sogrape à redação — empresa que não fará qualquer comunicado.

Em vida foi colecionador de títulos — em 2010, foi eleito "Produtor Europeu do Ano" pela revista norte-americana Wine Enthusiast; mais recentemente, foi considerado o "Sr. Vinho" pela revista Grandes Escolhas e recebeu o "Prémio Homenagem" da Revista de Vinhos. A Associação Empresarial de Portugal, que já lamentou a morte de Guedes, descreve-o como "um dos maiores empresários portugueses das últimas décadas".

Além do percurso já descrito, Fernando Guedes foi um dos três primeiros enólogos portugueses diplomado. Diploma esse que o permitiu, nas décadas de 60 e 70, contribuir para o crescimento "exponencial" das vendas em todo o mundo do Mateus Rosé. Foi o sucesso comercial deste vinho diferente, por vezes criticado, que permitiu à empresa liberdade financeira para criar e adquirir outros rótulos — incluindo o duriense Barca Velha, tido como o vinho português mais caro (valor que varia consoante o ano de colheita).



A revista Grande Escolhas, dedicada em exclusivo ao universo do vinho, assegura que Fernando Guedes, que assumiu a presidência da Sogrape em 1987, é um dos arquitetos daquela que é uma das maiores empresas de vinhos no país. Entre os muitos rótulos que facilmente se identificam no vasto espólio da empresa está o Legado, que resulta precisamente do desafio que o próprio incutiu à equipa de enologia em 2008. O vinho nascido nos socalcos do Douro — cuja colheita mais recente data de 2013 — pretende simbolizar a obra que o pai de Fernando Guedes, o fundador da Sogrape, iniciou em 1942. "Este vinho retrata tudo aquilo que aprendi e recebi de meu Pai", reforçou em tempos.

Ministério da Agricultura avalia estragos do granizo que caiu quarta-feira no norte


21/6/2018, 6:55

A queda de granizo nos concelhos de Lamego, Armamar e Resende provocou vários estragos na quarta-feira, pelo que o Ministério da Agricultura enviou técnicos para o terreno por forma a avaliar os danos

O Ministério da Agricultura anunciou que está a avaliar os estragos provocados pela queda de granizo na quarta-feira em vários concelhos da região norte. Vila Real, Armamar, Lamego e Resende são os locais onde os técnicos do ministério já estão no terreno, lê-se num comunicado da tutela, enviado à agência Lusa.

O Ministério acrescenta que "a queda de granizo e chuva são riscos cobertos pelos seguros agrícolas, que o Estado financia a 60%, o que significa que há mais de 11 milhões de euros para esses estragos".


Uma "precipitação anormal, sob a forma de granizo de grande calibre", registada às 15h00 de quarta-feira, provocou perto de 50 ocorrências no concelho de Lamego, metade das quais já estavam resolvidas às 17h45, anunciou a autarquia.

Segundo a mesma fonte, esta situação provocou "diversas inundações e infiltrações pelos telhados das habitações, bem como a queda de árvores e cortes de abastecimento elétrico". Segundo o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu, além de Lamego, foram também afetados pelo mau tempo os concelhos de Armamar e Resende.

Só os Estados-membros podem resolver cortes no orçamento da UE para a agricultura


O comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, disse este sábado que só os Estados-membros podem aligeirar os cortes previstos nas verbas para o segundo pilar da política agrícola comum no próximo orçamento da União Europeia (2021-2027).
Só os Estados-membros podem resolver cortes no orçamento da UE para a agricultura
Miguel Baltazar

16 de junho de 2018 às 18:51

A saída do Reino Unido deixa um "buraco" de 12 mil milhões de euros no orçamento da União Europeia que afecta as verbas para a agricultura, sendo Portugal abrangido com cortes no segundo pilar da política agrícola comum (PAC), que apoia o desenvolvimento rural em co-financiamento.

Para o comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan, há agora três hipóteses e todas dependem dos Estados-membros.

A primeira passa por "um reforço das transferências nacionais para o orçamento, sendo a agricultura um dos sectores que podem beneficiar com isso", mas o responsável lembrou que há seis países que se recusam a pagar mais.

As outras duas hipóteses levantadas por Hogan são o reforço, também pelos Estados-membros, das verbas para o segundo pilar ou ainda a transferência de verbas do primeiro pilar (os pagamentos directos aos agricultores) para o segundo (desenvolvimento regional).

"A nossa preocupação foi manter as verbas para Portugal no primeiro pilar, o dos pagamentos directos aos agricultores, que não terá cortes", adiantou, falando aos jornalistas na inauguração da sexta edição do evento "O melhor de Portugal", organizado em Bruxelas pela Confederação dos Agricultores de Portugal, com o apoio do eurodeputado Nuno Melo (CDS-PP).

 "Há seis anos, nas melhores e nas piores alturas, que por dois dias Bruxelas vê o que de melhor há em Portugal", acrescentou Hogan, referindo-se ao evento que reúne hoje e domingo cerca de 60 empresas do sector agro-alimentar.

No dia 1, a Comissão Europeia propôs uma verba de cerca de 7,6 mil milhões de euros no quadro financeiro plurianual (QFP) 2021-2027, a preços correntes, abaixo dos 8,1 mil milhões do orçamento anterior, com uma ligeira subida nos pagamentos directos e cortes no desenvolvimento rural.

A preços correntes, para o QFP 2021-2027, está prevista uma verba de 4,2 mil milhões de euros no primeiro pilar e de 3,4 mil milhões no segundo.

No arranque da PAC 2014-2020, Portugal recebeu 4,1 mil milhões de euros no âmbito do primeiro pilar e 4,082 mil milhões no segundo pilar.

terça-feira, 19 de junho de 2018

PAC. Alemanha apoia países que exigem mais dinheiro para a agricultura


18.06.2018 às 19h08


 
Julia Klöckner, ministra alemã da Agricultura, considera que o orçamento da Política Agrícola Comum (até 2027) está aquém das necessidades. Um apoio de peso aos países que exigem um reforço das verbas propostas por Bruxelas

ADAM BERRY

Portugal pode perder 500 milhões de euros no financiamento da Política Agrícola Comum até 2027. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, formou um grupo de pressão para exigir mais dinheiro a Bruxelas e hoje ganhou uma aliada de peso: a sua colega alemã Julia Klöckner

A Alemanha considera que o orçamento da Política Agrícola Comum (PAC) está aquém das necessidades. O Expresso sabe que Julia Klöckner, ministra da Agricultura alemã, está solidária com o grupo de países que hoje se juntaram no Luxemburgo para fazer pressão sobre a Comissão, quanto às verbas a atribuir ao sector, para o período 2021/2027.

No que diz respeito a Portugal, Bruxelas propõe-se efetuar cortes nos apoios que implicam uma perda de 500 milhões de euros, face ao Quadro Comunitário ainda em vigor. Ou seja €7,6 mil milhões contra €8,1 mil milhões, com uma ligeira subida nos pagamentos diretos aos agricultores mas incluindo cortes nos subsídios ao investimento.

Capoulas Santos, ministro da Agricultura, disse ao Expresso que ainda decorre no Luxemburgo (em conselho de ministros da Agricultura) a discussão de um documento que hoje foi apresentado por um conjunto de 15 Estados-membros, incluindo Portugal, em que é exigido uma maior dotação orçamental para o sector.

ALEMANHA DEFENDE "POSIÇÃO MAIS CONSTRUTIVA"
O ministro português insiste que é necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre os países que são contribuintes líquidos e os beneficiários líquidos – da PAC – que seja satisfatório para todos.

Explica que o grupo de 15 países (que arrancou com Portugal, Espanha e França) ganhou hoje mais cinco aliados e, para além destes, contou hoje com o apoio de peso da Alemanha, com a ministra Julia Klöckner a assumir publicamente que é necessário mais dinheiro para a PAC.

Para além disso, a responsável alemã defende que é necessária uma "posição mais construtiva" nas negociações que agora decorrem entre os vários países e a Comissão Europeia.

Recorde-se que até maio de 2019 – altura das eleições para o Parlamento Europeu - terão de ficar fechadas as negociações no que respeita ao próximo orçamento da Política Agrícola Comum (PAC).

Segue-se mais um ano de negociação das regras de aplicação da PAC, "que irão ser decisivas", nota Capoulas Santos. O ministro admite que ao longo de todo o período negocial vai ter de haver cedências de parte a parte, mas com a certeza de que, a longo prazo, os apoios serão encaminhados para os agricultores "cada vez mais para os serviços ambientais que acabam por prestar à comunidade em geral".

Internamente, o Governo tem sido acusado por quase todos os partidos da oposição de estar a ter uma posição frouxa na negociação das verbas da PAC com Bruxelas.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Incêndios: Cristas critica tratamento diferenciado de setor agroindustrial


A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, lamentou hoje que o setor agroindustrial pague impostos como se fosse indústria, mas receba os mesmos apoios da agricultura, concretamente no que respeita à reconstrução após os incêndios do ano passado.

Assunção Cristas visitou hoje duas empresas da zona industrial de Oliveira de Frades que foram afetadas pelos incêndios florestais de outubro, nomeadamente a Sopil - Sociedade Produtora de Pintos SA e a Revilaf - Construção Civil e Revestimentos, Lda.

"Não é compreensível o tratamento diferenciado entre uma empresa do setor da construção, que tem um apoio de 85%, e uma empresa do setor primário, da produção de galinhas, que só tem um apoio de 50%", afirmou aos jornalistas.

A líder do CDS-PP considerou que a situação ainda é pior quando se sabe que a Sopil "paga o mesmo tipo de IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] que os outros pavilhões industriais".

"Para uns casos, este setor paga como se fosse indústria, para outros, para ter apoios do Estado, já vale como agricultura, e aqui por opção exclusiva deste Governo, porque poderia ter aprovado outro tipo de apoios", criticou.

As chamas destruíram seis pavilhões da Sopil, tendo já sido recuperados dois deles.

Assunção Cristas frisou que "as pessoas perderam tudo com os incêndios" e "tiveram que começar a reconstruir com os seus recursos e com algum dinheiro que tinham de seguros".

"O Governo, quando tem oportunidade de apoiar mais, escolhe não apoiar e nós achamos que isso é inadmissível", lamentou, lembrando que o CDS-PP levou esta questão da desigualdade de apoios ao Parlamento, mas que a recomendação que foi aprovada "não foi seguida pelo Ministério da Agricultura".

Nas visitas que tem feito às áreas ardidas, a líder do CDS-PP tem constatado que "há muita reconstrução em marcha, nomeadamente na área industrial, há muitas coisas que poderiam andar mais rápido se os apoios também viessem mais rápido e há outras questões que são de grande injustiça, como esta de tratar de maneira diferente o setor primário, a produção de aves".

Assunção Cristas lembrou que esta atividade foi a base do tecido produtivo da região "e que permitiu que outro tipo de atividade económica se desenvolvesse", lamentando que, neste momento, esteja "a ser tão pouco acarinhada" pelo Governo.

sábado, 16 de junho de 2018

A fenotipagem de plantas de alto débito: um contributo para segurança alimentar


Ocupados com resolução das crises financeiras, concentrados na busca de cura para as doenças que nos afligem, esquecemos frequentemente aquele que é, porventura, o mais importante desafio para as próximas décadas: como alimentar uma população mundial que, atualmente com 7.2 biliões de habitantes, deverá atingir os 10 biliões em 2050. Um desafio que se afigura particularmente difícil, tendo em conta que as condições climáticas se tornarão progressivamente mais adversas para a atividade agrícola. Ao longo do século 20 observou-se já um significativo aumento da população mundial. Não obstante, foi possível evitar a escalada de crises alimentares graças a um aumento acentuado da produção agrícola. E esta aumentou, sobretudo, devido à introdução de inovações tecnológicas na agricultura: novas variedades de plantas agrícolas, mais produtivas e resistentes a doenças e stresses ambientais, além de produtos de síntese química (fertilizantes, herbicidas e pesticidas), aliados à mecanização da agricultura. Isto constituiu a chamada revolução verde, personificada no cientista norte-americano Norman Borlaug, que viria a ser prémio Nobel da Paz em 1970.

O efeito da revolução verde, porém, foi-se progressivamente esgotando. Hoje, os ganhos anuais de produtividade de algumas das principais culturas agrícolas (por exemplo, da soja e da cana de açúcar) estão substancialmente abaixo dos necessários para fazer face à procura crescente. Reconhece-se que é necessário um novo salto tecnológico na agricultura, em particular no que respeita à produção de novas variedades agrícolas. A engenharia genética de plantas cumpriu apenas parcialmente aquilo que prometia. Se é certo que produziu variedades eficazes na resolução de alguns problemas (por exemplo, na resistência aos insetos que atacam as culturas), tem-se revelado pouco eficaz na produção de variedades mais eficientes no uso da água, ou resistentes a stresses ambientais como as ondas de calor ou a salinização dos solos. A razão compreende-se: a adaptação a estes stresses exige um conjunto de respostas coordenadas, envolvendo muitos genes, que são difíceis de intervencionar por meio das técnicas de engenharia genética.

É certo que se estão a explorar vias alternativas promissoras, por exemplo, alteração de genes reguladores, que podem afetar simultaneamente múltiplos aspetos do metabolismo, ou a alteração de genes dos sistemas antioxidantes, que mitigam os danos causados por stress oxidativo, um stress secundário que decorre da maioria dos stresses ambientais. Mas é ainda do melhoramento convencional, agora apoiado por técnicas de genética molecular, que têm surgido as melhores soluções. É este tipo de melhoramento que importa, e muito, acelerar. As técnicas de sequenciação genética evoluíram grandemente nas últimas décadas, sendo possível, hoje, sequenciar genomas a uma velocidade muitíssimo mais alta, e a custos muito mais baixos. Ou seja, a capacidade que temos para conhecer o genótipo de uma planta - isto é, a informação que consta de um conjunto dos seus genes - está hoje muito facilitada. Porém, a capacidade de conhecermos o seu fenótipo - as caraterísticas do corpo da planta (número de folhas, dimensão das espigas, etc.), determinadas pela interação da informação existente nos seus genes com as condições ambientais de crescimento - evoluiu muito menos, e permanece largamente dependente de medições manuais morosas e dispendiosas, pela quantidade de mão-de-obra que envolvem.

Ora, nos processos de melhoramento genético das plantas, é necessário analisar um grande número de exemplares (milhares, frequentemente) à procura daqueles que melhor exprimem as características que nos interessam, de modo a selecioná-los para serem usados em cruzamentos subsequentes. A dificuldade na fenotipagem constitui hoje, portanto, o principal obstáculo ao aceleramento da produção de novas variedades de plantas agrícolas. Consequentemente, a comunidade científica internacional concentrou-se em desenvolver novas tecnologias capazes de acelerarem o processo de fenotipagem de plantas: as designadas tecnologias de fenotipagem de alto débito. Estas tecnologias assentam, principalmente, na captação de imagens digitais das plantas e no seu processamento informático automatizado, permitindo o cálculo preciso de parâmetros como as taxas de crescimento ou a biomassa produzida, de um grande número de plantas, num curto espaço de tempo. Adicionalmente, alguns dos equipamentos já construídos permitem obter informação espectral sobre as plantas, em diversas gamas do espetro eletromagnético, que fornece indicações, por exemplo, sobre a quantidade de água presente nas folhas, sobre a taxa de transpiração ou sobre a quantidade de clorofila. Outros, mais sofisticados, incorporam câmaras capazes de detetar a fluorescência emitida pelas moléculas de clorofila nas folhas, o que dá uma indicação da fotossíntese que estas estão a fazer. Este conjunto de sensores capta uma enorme quantidade de dados da planta, que têm que ser processados informaticamente (recorrendo a técnicas de inteligência artificial e / ou a análise estatística multivariada) e armazenados em segurança.

O desenvolvimento de sistemas de fenotipagem de alto débito é um esforço marcadamente interdisciplinar, envolvendo especialistas em ciências das plantas (biólogos, sobretudo fisiologistas vegetais, e agrónomos), em instrumentação e em robótica (físicos e engenheiros eletrotécnicos) e em processamento de informação (engenheiros informáticos). Envolve, portanto, investimentos avultados, que têm sido acompanhados por processos cooperativos a diversos níveis. A ação COST "Phenomen-ALL - The quest for tolerant varieties", prestes a terminar, desempenhou um papel extremamente importante neste contexto, tendo permitido a consolidação de uma comunidade científica europeia empenhada no desenvolvimento da fenotipagem de plantas. É de saudar o facto de a comunidade científica portuguesa ter sobressaído pelo número de investigadores - sobretudo jovens - que fizeram uso dos recursos disponibilizados, para participarem em encontros científicos, cursos de verão e missões científicas de curto prazo. Infelizmente, até ao momento, não dispomos em Portugal de nenhuma plataforma de fenotipagem de plantas de alto débito.

Os investigadores portugueses, se quiserem utilizar esta tecnologia, podem recorrer à European Plant Phenotyping Network 2020, que reúne um conjunto de equipamentos (plataformas) de diversos países, disponibilizadas a outros países com o apoio do Programa Horizonte 2020. Trata-se, portanto, de uma iniciativa temporalmente delimitada, que deverá tornar-se permanente através da iniciativa EMPHASIS.

A possibilidade de podermos aceder a esta tecnologia constitui, naturalmente, uma mais valia. Mas temos que nos questionar se nos desejamos remeter, numa tecnologia emergente com esta importância, ao papel de utilizadores, ou queremos ter um papel ativo no seu desenvolvimento. Sabemos bem que, no atual paradigma tecnocientífico, a liderança científica está fortemente associada à liderança tecnológica. E o desenvolvimento de uma tecnologia tão marcadamente interdisciplinar tem o potencial para transbordar para outras áreas, criando oportunidades difíceis de caraterizar a priori.

O facto de o mercado agrícola português ser de pequena dimensão - e, portanto, da procura interna de sementes melhoradas estar correspondentemente limitada -, não nos deve inibir: se o País optou por uma economia aberta, deve fazê-lo também na área da investigação e desenvolvimento agrícola. Existe um potencial mercado privilegiado: o da CPLP. Os países que a integram, em particular os africanos, têm necessidades crescente de novas sementes melhoradas, o sector de I&D agrícola português - dispondo de plataformas de fenotipagem de alto débito - pode contribuir para supri-la. Na Faculdade de Ciências da ULisboa, o Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) tem, desde há 3 anos, reunidos biólogos, físicos e informáticos em torno de projetos exploratórios de fenotipagem de plantas. O recente financiamento, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, do projeto INTERPHENO, que visa construir um protótipo de plataforma de fenotipagem de alto débito (semi-automatizada), coordenado pelo BioISI/FCUL e envolvendo o Instituto Superior de Agronomia, o ITQB-NOVA e o INESC-Inovação, pode constituir a porta de entrada da comunidade científica portuguesa para esta tecnologia.

Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas - BioISI

Massa de ar quente eleva temperaturas e traz noites tropicais a Portugal

Uma massa de ar quente vai chegar a Portugal no fim de semana e fazer subir as temperaturas, que se podem aproximar dos 40 graus no interior do Alentejo, e trazer noites tropicais.

Segundo a meteorologista Maria João Frada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no sábado o dia ainda terá temperaturas amenas, mas no domingo os termómetros vão começar a subir, sobretudo por causa de uma massa de ar quente, que vai entrar no território e fazer subir as temperaturas entre três a seis graus.

"Teremos no sábado ainda um dia com temperaturas amenas, em especial no litoral oeste, por causa do vento, que durante a tarde será de noroeste moderado e a soprar por vezes forte, com rajadas que podem chegar aos 65 quilómetros por hora", disse a meteorologista.

Nas regiões do interior, a partir do final de dia de sábado, vai chegar uma massa de ar quente, com temperaturas a atingirem os 30 a 34 graus em alguns locais, à exceção da Serra da Estrela, que terá valores mais baixos.

"No domingo e segunda-feira há uma mudança de cenário, com o vento a rodar para leste/nordeste (...) a trazer uma massa de ar tropical, ou mesmo equatorial modificada, e o que vai trazer é uma subida generalizada da temperatura a todo o território, mas que se vai fazer sentir essencialmente nas regiões do litoral oeste", explicou Maria João Frada.

A meteorologista sublinhou que as subidas de temperaturas no domingo "serão na ordem dos três a cinco ou seis graus no litoral oeste, em particular na região da Grande Lisboa" e, na segunda-feira, "a corrente de leste vai ser reforçada e as temperaturas máximas tendem a subir mais".

"Vamos chegar a segunda-feira e na generalidade do território as temperaturas máximas vão variar entre os 30 e os 35 graus, com exceção da zona da Serra da Estrela, onde serão ligeiramente mais baixas. No interior do Alentejo vão variar entre os 35 e os 39 graus, assim como no Vale do Tejo e Santarém. Serão estas as regiões mais quentes"

Na Grande Lisboa, a temperatura vai subir também de forma significativa na segunda-feira, podendo atingir valores próximos dos 35 graus, acrescentou.

Segundo a especialista do IPMA, também no fim de semana, "sobretudo a partir de domingo, vai subir a temperatura mínima e em alguns locais do território "poderá haver valores compatíveis com noites tropicais, com temperaturas mínimas na casa dos 20 graus, em particular no Algarve, no interior do Alentejo, na Grande Lisboa e Vale do Tejo".

A Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou, esta sexta-feira, para a previsão de temperaturas elevadas nos próximos dias e recorda que o calor pode ter efeitos negativos na saúde e que a população se deve hidratar e manter as casas frescas.

FIM DE SEMANA VAI SER QUENTE E A DGS ALERTA PARA OS CUIDADOS A TER

Numa informação colocada no seu 'site', a DGS sublinha que a exposição ao calor intenso pode ter efeitos negativos na saúde, como a desidratação e outras complicações que podem ser evitadas e que "a reação de cada pessoa à temperatura e os seus efeitos na saúde podem ser diferentes".

Para proteger a saúde, a DGS recomenda que, durante os dias mais quentes, a população se mantenha hidratada, se proteja do calor, mantenha a casa fresca e fique em contacto e atento aos outros.

Recomenda ainda especial atenção, entre outros grupos, aos doentes crónicos, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida e aconselha a população a evitar zonas de poluição elevada, lembrando que "as temperaturas elevadas e a poluição do ar estão muitas vezes associadas".

Aconselha ainda a que se evite a exposição direta ao sol, especialmente entre as 11:00 e as 17:00, e as atividades físicas no exterior, principalmente nos horários mais quentes.

No exterior, recomenda à população que procure locais à sombra e frescos, use roupas leves, claras e soltas, chapéu e óculos com proteção contra a radiação UVA e UVB.

Aconselha ainda o uso de protetor solar com índice de proteção igual ou superior a 30 sempre que se estiver ao ar livre, renovando a aplicação a cada duas horas.

Uso da canábis para fins medicinais aprovado no Parlamento

O diploma aprovado hoje resulta de projetos do BE e do PAN, com ajudas do PS. O autocultivo fica proibido

O Parlamento aprovou hoje, em votação final e global, com os votos favoráveis de todos os partidos menos o CDS (que se absteve), um projeto-lei pelo qual passará a ser legal o uso da canábis para efeitos medicinais.

Inicialmente, previa-se a possibilidade de doentes a quem fosse receitado o uso da canábis - um poderoso analgésico - pudessem obter a substância por via do autocultivo da plantas.

Contudo, a oposição do PSD, CDS e PCP fez cair essa hipótese, tendo em vista a aprovação de uma lei que passasse a permitir o uso terapêutico da canábis. Se os autores insistissem em permitir a possibilidade do autocultivo o projeto seria chumbado.

Assim, só poderá ser consumida de forma medicinal com receita médica e comprada em farmácias. Os medicamentos comercializáveis terão de ter autorização prévia do Infarmed. O Estado poderá ele próprio produzir medicamentos, através do Laboratório Militar. O diploma também diz que o Estado deve "estimular" a investigação científica neste campo.

A lei vai entrar em vigor no dia 1 de julho e o Governo terá 60 dias para a regulamentar.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Governo quer batata a contribuir para equilibrar balança comercial agroalimentar


O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, afirmou hoje que a campanha de promoção da batata produzida em Portugal quer sensibilizar os portugueses para o consumo e assim ajudar a equilibrar a balança agroalimentar nacional.

"Trata-se de uma campanha de promoção, que felizmente vem a par de outras que estão em curso para outros produtos [agrícolas], cujo objetivo é promover a produção nacional. É preocupação do Governo equilibrar no horizonte de uma legislatura a balança agroalimentar nacional", disse à agência Lusa o governante, que falava à margem do lançamento, em Lisboa, da campanha de incentivo ao consumo de batata portuguesa, cujo mote é "Batata Portuguesa -- Nasce à Sua Porta".

A Porbatata - Associação da Batata de Portugal e a APED - Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição apresentaram hoje, em Lisboa, a campanha de incentivo ao consumo de batata nacional que vai estar em cerca de 700 lojas do país, com o propósito incentivar o consumo.

O presidente da Porbatata, António Gomes, defendeu que os portugueses devem comer batata nacional, justificando que "chega mais rápido ao prato, porque é produzida próxima do local de consumo. É [ainda] fresca, tem muito boas características nutritivas e organoléticas e implica menos horas de transporte e menos gastos em energia de conservação que a batata importada".

E prosseguiu: "Não tem um grama de gordura, tem boa quantidade de vitaminas, com a vitamina C, e minerais, como o potássio. Sacia, graças ao amido que contém, um hidrato complexo e é também de fácil digestão. E é um alimento que faz parte da dieta Mediterrânea".

A campanha tem ainda como parceiro a Associação Portuguesa de Nutrição e conta com o apoio do Ministério da Agricultura e, segundo disse à Lusa António Gomes, "tem um impacto positivo para o ambiente, em comparação com a batata de outras origens".

Já a diretora-geral adjunta da APED, Mónica Ventura, explicou que o apoio à produção nacional tem sido "um dos focos do trabalho" da associação, pelo que realçou a importância deste tipo de iniciativas de cooperação.

"O objetivo é valorizar a batata nacional que se destaca pela sua qualidade e pela relevância no contexto da economia agrícola do país", disse.

Capoulas Santos referiu ainda à Lusa que se tem assistido a "um aumento crescente" das exportações portuguesas, e que o setor agrícola "tem vindo a contribuir para esse objetivo, se bem que nem sempre seja fácil de alcançar, porque quando melhora o rendimento das famílias aumentam também as importações".

Apesar disso, o ministro garantiu que "a agricultura portuguesa está a responder bem", e que existem "muitas e boas iniciativas" das diferentes fileiras do setor e, neste caso, com esta campanha, da fileira da batata.

"Existe em Portugal uma produção [de batata] de excelente qualidade que e necessário levar aos consumidores desde que devidamente identificada quanto à origem. E uma vez que muitos dos produtores são produtores de pequena escala, interessa que se estabeleçam circuitos comerciais curtos, porque os pequenos agricultores têm alguma dificuldade em ter volume de produção que garanta com regularidade o escoamento para as grandes superfícies", lembrou Capoulas Santos.

Portugal produz cerca de 45% a 50% da batata consumida, sendo que das 500.000 toneladas produzidas exporta anualmente cerca de 100.000 e no total consome cerca 900.000 toneladas por ano.

CAP alerta para "armadilha" da redução do orçamento europeu para a agricultura


O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou hoje, em Santarém, para a "armadilha" escondida na "linha descendente" do orçamento da Política Agrícola Comum (PAC), que poderá passar a representar 28% do orçamento comunitário.

Eduardo Oliveira e Sousa, que falava na conferência internacional "Os Grandes Desafios para a Agricultura do Futuro", no âmbito do Congresso Mundial do Azeite, hoje em destaque na Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, sublinhou a preocupação pela acentuada descida do financiamento para a agricultura, desde a primeira revisão da PAC, quando representava "60% ou mais do orçamento da União Europeia", e corre o risco de passar a ser de "apenas 28%" se vingar a proposta feita na revisão em curso (a sexta).

"Sempre que há uma revisão, há uma diminuição do orçamento", afirmou, alertando que "esta linha descendente esconde uma armadilha que a sociedade urbana não vislumbra, mas que encerra um enorme risco".

Para o líder da CAP, "no dia em que a PAC se torne 'desinteressante' para os agricultores", pela pouca expressão financeira, nomeadamente no apoio ao investimento, ou "por excesso de burocracia, controlos ameaçadores ou desajustados e complexos regulamentos", a viragem para o "mercado puro e duro" pode acarretar riscos.

Em particular, apontou a "menor qualidade dos produtos, menor segurança fitossanitária e dos alimentos, maior dependência de importações de países menos cuidadosos nas práticas culturais, perda de biodiversidade, abandono agrícola e mais desertificação, eventualmente mais fogos florestais, mais desemprego e maior concorrência com a sociedade urbana e metropolitana, maior pegada carbónica".

Falando para uma mesa de oradores que incluiu o primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e os comissários europeus da Agricultura, Phil Hogan, e da Ciência, Investigação e Inovação, Carlos Moedas, o presidente da CAP afirmou que a presença na sala, com 1.200 lugares, de agricultores vindos de todo o país é demonstrativa do "peso e da importância" da PAC "na vida e na continuidade" das explorações portuguesas.

Na sua intervenção, António Costa afirmou que os programas para o desenvolvimento rural -- vertente em que a proposta da Comissão Europeia aponta para um corte de 15% que passa para a responsabilidade dos orçamentos nacionais -- são "absolutamente essenciais" para o interior do país.

Na defesa da alteração da proposta da Comissão, que prevê um reforço no primeiro pilar da PAC (ajudas diretas) e o corte na ajuda ao investimento (segundo pilar), o primeiro-ministro reafirmou o argumento de que "não é por acaso que o peso que a PAC tem em Portugal entre o primeiro e o segundo pilar não é idêntico ao de outros países da União Europeia".

"Não é por acaso que 50% dos nossos recursos financiados pela PAC se centram precisamente no segundo pilar. Centram-se aí, porque o esforço de desenvolvimento rural que o país tem que fazer é um esforço enorme", disse.

Sublinhando que a repartição entre os dois pilares é de 50%/50% no caso de Portugal, ao contrário de outros Estados membros em que a relação é de 80% no primeiro pilar e 20% no segundo, António Costa frisou que cortar 15% no segundo pilar "não é igual" para todos.

Phil Hogan reafirmou que a proposta que está em cima da mesa foi "a melhor" dada a circunstância da saída do Reino Unido e a necessidade de responder à exigência "de muitos líderes europeus" de mais dinheiro para segurança, defesa e imigração, deixando a agricultura "sob pressão".

O comissário comprometeu-se a "trabalhar construtivamente para encontrar uma boa solução para a agricultura, particularmente para Portugal".

A 55.ª edição da Feira Nacional da Agricultura/65.ª Feira do Ribatejo, que tem por tema o olival e o azeite, decorre até domingo no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), que tem a CAP como acionista maioritário.